Magnus tinha os olhos vidrados no modo em que Alec colocava a calça, desajeitado. Alec fechou o zíper e colocou as mãos na cabeça procurando algo, Magnus revirou os olhos para o ato.
- Sua camisa está ali! - Apontou preguiçosamente para o canto da sala.
Alec bufou e caminhou até o local para apanhar o tecido cinza, o colocando logo em seguida. Olhou para Magnus e o amaldiçoou por ser tão lindo daquela forma; apenas relaxado enquanto tragava um cigarro, vestindo apenas sua calça enquanto deixava totalmente a amostra o abdômen sarado.
- Olha, se você for me matar aproveite o momento porque a partir de agora não quero mais olhar na sua cara! - Alec exclamou e viu Magnus o desprezar.
- Se eu fosse te matar já teria feito. - Disse como se fosse óbvio - Agora você já se vestiu, te queria nu.
O olhar assustado de Alec foi visível.
- Isso é mórbido.
- Mato pessoas, eu sou mórbido. - Falou, soltando por fim uma piscada de olhos.
A porta se abriu com agressividade e Alec olhou assustado para Magnus. Como iria explicar o caos repentino para Will. Só que na real, se Magnus não ligava para que ele iria ligar.
Will entrou com uma bolsa nas costas e depois de uma trocas de olhares constrangedores ele jogou essa bolsa no chão.
- Tá tudo aqui. - Afirmou. - Dei uma olhada e esse filho da puta tinha provas a reveria! - Will praticamente gritou.
Alec engoliu a seco e ficou quieto ali no canto. Magnus suspirou e se levantou, pegando a mochila e a colocou no sofá sem perder o contato com Will.
- Ele enviou esses arquivos para Alguém.. - Will sussurrou. - O e-mail era de um tal de “[email protected]”
Magnus mordeu o lábio inferior e olhou Alec sem expressão alguma.
- Pra quem você enviou? - Will perguntou.
Alec abriu a boca e Magnus levantou o indicador para que se calasse.
- Ele não vai contar. - Falou Magnus - Mande o Simon sair dessa merda de encontro e vir rastrear esse e-mail. E até lá.. - Magnus pareceu pensar - Levem ele pra minha casa e não deixe ele ter contato com ninguém, muito menos Rafael.
Alec deu uns passos atrás e as cortinas do segundo cômodo se abriram, ele se virou e deu de cara com dois seguranças que com nenhum cuidado o seguraram.
- Me larguem! - Alec gritou e puxou seus braços com brutalidade, fazendo com que um de seus braços se solte.
Um dos seguranças não pareceu feliz com o ato e puxou uma faca do bolso e em questão de segundos rasgou o braço de Alec. O moreno gemeu de dor e o sangue pingou no chão como uma tinta vermelha numa tela branca. Magnus fechou os olhos brevemente e estralou os dedos.
O segundo guarda voltou a segurar o braço do Lightwood, pressionando o local do corte o que fez Alec contorcer o rosto.
Will observou toda a cena com um belo sorriso sobre o rosto.
- Vamos! - Magnus gritou - O tirem daqui! Vão pelos fundos mesmo.
Os guardas assentiram e arrastaram Alec para fora, um pouco depois do moreno trocar um olhar de raiva com o asiático que desviou os olhos para Will.
- Eu não acredito que transasse com ele. - Comentou o outro de olhos azuis.
- Ciúmes? - Magnus questionou sério - Sinto muito mas eu fodi muito bem ele pra me arrepender, então se poder se retirar e chamar o bosta do Simon, eu agradeceria.
Will bufou e saiu porta a fora.
Algumas horas depois
Alec estava preso em um quarto que parecia ser de Magnus pelas pinturas na parede e uma arma - descarregada pois ele conferiu - sobe à cabeceira perto da enorme cama de casal.
Seu braço - já enfaixado com um tecido qualquer que achou no cômodo - ardia porém ainda caminhava de um lado para o outro temendo que conseguissem encontrar o dono do e-mail e o matasse a sangue frio, o que já era de se esperar de Magnus Bane, filho de Dudael.
Em meio aos seus pensamentos a porta se abriu e a luz iluminou o local escuro como a lua ilumina as ruas. Magnus entrou rapidamente e fechou a porta por trás. Passou sua mão pela parede até que seus dedos encontraram o interruptor, fazendo a luz se acender, desta vez como o sol.
Magnus se encostou na parede e Alec relaxou os ombros.
- Jace está aqui e não quer dar as cópias. - Magnus falou naturalmente.
- Ele não é um garoto fácil. - Disse Alec - E disso eu sei muito bem.
Magnus cruzou os braços e respirou pesado.
- É uma pena, ele realmente é lindo.
Alec abriu e fechou a boca varias vezes porém não disse nada, apenas se sentou na cama e olhou fixo para o asiático.
- Por que vocês só não pegam o computador dele e destroem que nem fizeram com o meu? - Alec perguntou baixo.
- Porque não sabemos onde está o computador dele. - Magnus passou os dedos sobre o cabelo com a intenção de arruma-lo - Na verdade ele está dificultando bastante e Rodge não é do tipo de pessoa que gosta de dificuldade.
O silêncio se fez presente por alguns minutos. A tensão agora já não era mais uma tensão normal, era uma tensão sexual absoluta de ambas as partes.
- O, o, o que você quer comigo!? - Alec elevou a voz e Magnus arqueou a sobrancelha.
- O que eu quero de você?
- Você joga comigo. - Alec disse para ninguém em especial - É um jogo? - questionou mirando Magnus - Poderias ter me matado a muito tempo mas não fez, assim como não matou Jace que está aqui de bandeja.
Magnus abriu a boca e a porta se abriu, era Will.
- Ele está apreensivo e eu não quero nem descrever como Rodge está. - Comentou Will antes mesmo da porta se abrir por completo. - Vamos.
Alec sentiu a tensão no ar e então notou: Jace está fodido.
Magnus assentiu e Will saiu depois de trocar um olhar apreensivo com Alec.
- Alec, isso aqui não é um livro de romance - Disse Magnus - Você não é Simon Snow e eu com toda a certeza não sou o Baz. Isso - ele aponta pra si mesmo e então para Alec - não dará certo. E eu irei provar.
Magnus saiu batendo os pés. Alec tentou ir atrás mas a porta fechou diretamente em sua cara, que agora era de medo. Ele mexeu com a fera.
Alec então decediu voltar para a cama e orar, orar para seja lá quem o escutasse. Ele só queria que alguém ajudasse Jace, que Magnus seja bom pelo menos uma vez em sua vida porque afinal ele tinha acabado de dar referência de Carry on, um livro nada brutal como o feitio de quem o leu.
Sua mente devagou e Rodge entrou no local o puxando sem delicadeza nenhuma. Machucando ainda mais o ferimento.
Alec andou por quase toda a casa, descendo escadas até chegar no sótão, onde Jace se encontrava amarrado em uma cadeira no meio da sala. Pessoas o rodeavam e Magnus estava relaxado no sofá em frente.
Quando Alec foi jogado para perto de Jace ele pode ver o sangue que escorria pelo canto da boca do loiro. Alec não entendia, não entendia por que Jace não dizia onde estava o bendito notebook, não falava de uma vez por todas que nem o arquivo ele tinha batido ainda, por que não se safava e saia correndo dessa situação.
- É a sua última chance. - Rodge anunciou, puxando uma arma do bolso da calça moletom.
Será que eles tinham arma guardada até no cu?
Alec arregalou os olhos e tentou correr até a frente de Jace, porém dois guardas o puxaram o mantendo preso.
Magnus serrou os olhos e admirou a ousadia do moreno. Alec daria a vida pelo amigo. Magnus sempre conviveu com egoistas e pessoas sem compaixão nenhuma mas Alec era diferente. Não tinha medo, e colocava todos acima de si mesmo.
- Eu não vou dizer onde está! - Jace gritou - Já disse que essa merda tá bem guardada como uma bomba pronta pra explodir.. - Jace olhou no fundo dos olhos de Magnus e sorrio - Na cara de vocês.
Alec sentiu uma lágrima escorrer ao ver o homem tatuado apontar para Jace com uma grande fúria evidente.
- Jace.. - Alec sussurrou. - Por favor.. diga onde está.
Jace virou a cabeça o bastante para conseguir olhar Alec e aproveitou para limpar o sangue com o ombro.
- Eu não sei onde está. - Jace admitiu baixo.
E então sem a permissão de Magnus a arma foi acionada.
Um grito estrondoso saiu da boca de Alec, um grito seco e alto. Magnus se sentou no sofá e o olhar era indistinguível.
- NAAAAAO - Foi tudo que conseguiram escutar de Alec antes de ser arrastado a força para um cômodo pequeno e estreito no canto no sótão - ME LARGUEEEEEM! JACEEEE!
E então Alec foi largado, como um animal em seu celeiro.
- Eu não dei permissão! - Magnus gritou, Alec conseguiu escutar em meio ao choro.
- Tens que aprender que não trabalhas sozinho, a gente também quer ter parte nesse merda! - Indagou Rodge.
- Quem paga essa porra toda sou eu então ponha-se em seu lugar!
Rodge serrou o senho e saiu enfurecido do lugar.
Magnus desviou o olhar e mandou limparem a bagunça enquanto subia as escadas e corria para o quarto. Subindo na cama pode sentir o cheiro de Alec, como se ele fosse o animal. Um animal que sentindo o cheiro de sua presa.
Anos atrás
Alec chorava de dor, era como se todos seus ossos tivessem se partidos como gravetos frágeis em uma brincadeira de criança. A bicicleta estava em seu lado e as mãos em volta do joelho ralado.
Jace veio correndo em sua direção e sentou em seu lado com uma calma repentina.
- Ah, Alec.. - resmungou - É só um machucadinho
- Não é só um machucado, Jace, eu to morrendo! - Alec alertou enquanto as lágrimas desciam.
Jace sorrio de lado e com o dedão limpou a lágrima.
- Alec, é assim que você quer arranjar meninas?
- Assim como? - Questionou inocentemente
Alec passou as mãos no rosto secando totalmente o rosto.
- Frágil. - Jace disse simplesmente.
- Não sou frágil. - Alec rosnou olhando o machucado.
Jace passou os dedos nos cabelos negros de Alec e respirou fundo, ficando muito tempo ali, só esperando Alec parar de chorar por completo.
- Você tá sempre caindo, pensei que já tinhas se acostumado com a dor.
Alec ergueu os olhos azuis e encarou os castanhos de Jace com desconfiança. Só tinha 7 anos mas sabia que Jace era lindo, ele era lindo. Jace chamava a atenção de todos que passassem, porém Jace com seus 12 anos sabia que chamava a atenção, era isso o que o tornava tão esnobe para os outros - para os outros, porque para Alec, Jace era o herói da história em que lia nos quadrinhos. Era um homem/menino indestrutível, e isso era fato.
- Você já se acostumou? - Perguntou.
Jace torceu o lábio e parecia pensar.
- Eu acho que não. - Admitiu - Mas acho que cada vez doi menos e talvez um dia.. não vá doer mais.
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