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História Reflexos de uma Injustiça - Liberdade


Escrita por: Mumble

Capítulo 4 - Liberdade


Fanfic / Fanfiction Reflexos de uma Injustiça - Liberdade

 

Capítulo 4

Seis anos e dois meses depois

SEIS LONGOS ANOS SE PASSARAM, seis malditos longos anos onde permaneci privada de minha liberdade, privada de ver o crescimento de minha filha Arabella, privada de saber o que é ser mãe, privada do direito de ir e vir.

Com o tempo consegui me adaptar, nos cinco anos seguintes arrumei tantos empregos aqui dentro, comecei sendo artesã, como todas, mas pouco a pouco fui arranjando outros melhores até conseguir uma vaga de auxiliar na ala da enfermaria, que era de longe um dos melhores cargos que uma detenta pode conseguir.

Obtive, com meu esforço e empenho, muitas conquistas.

Com o passar do tempo garanti também meu espaço e o respeito das outras reeducandas, consegui algumas inimigas, algumas amizades, apanhei e bati, porém nunca consegui me sentir parte dali, umas conseguiam se conformar, no entanto, eu não, me adaptar sim, mas me conformar jamais, não pelo fato de ser inocente, mas por parte de mim estar conectado a algo lá do lado de fora.

O tempo é relativo, de modo que as horas demoravam a se arrastar fazendo com que uma hora equivalesse há um ano, perdi a noção do tempo, mas não me permiti perder a noção de mim mesma.

Me recusei a me apegar a qualquer vício, mesmo quando tudo parecia escuro demais. Me recusei a usar o mesmo linguajar sujo de muitas de minhas companheiras, pois a repetição de tal palavreado faria com que meu vocabulário mudasse. Não quis isto. Me recusei a ser uma selvagem, no princípio fora difícil e tive de aprender a me defender, no processo apanhei muito, mas consegui ser respeitada através do diálogo. Me recusei a mudar quem sou me mantendo intacta, sempre sendo a mesma, e por mais que tivesse sofrido não permitiria que os efeitos negativos de estar em um presídio me derrubassem, de modo que o único motivo que me fez chorar ao longo desses anos, que para mim pareciam décadas, foi a saudade de minha filha e o abandono de Eliabeth, essas dores sim me dilaceraram pouco a pouco, mas resisti me forçando a ser forte, por mim, e por Arabella.

Me habituei a este inferno e conheci o que é a solidão.

Depois que Liz levou minha filha não voltou a dar mais notícias, bem como meu pai que já não era muito presente. Nenhum deles retornou ao presídio para me visitar, tão pouco trouxeran notícias. Tentei da maneira que pude contatá-la, enviei cartas, telefonei, mas tempo depois houve o cancelamento do único número que tinha contato com minha mãe.

Só não me sentia mais só, pois tinha Bonnie Bennett.

Bonnie é prima de Lucy Bennett. Nos conhecemos na visitação, a jovem sempre ia ver a prima que considerava como sendo sua irmã e não demorou para nos entrosarmos, ambas temos muito em comum e nos tornamos amigas e mesmo depois que Lucy foi posta em liberdade Bonnie prosseguia a vir me visitar para que não me sentisse só. Através dela soube, três anos mais tarde, que Liz havia entregado Arabella ao pai algo que eu não compreendia ela foi atrás dele, em sua empresa, mas se recusou a recebe-la.

A liberdade parecia algo impossível para mim, mas em uma sexta-feira como qualquer outra, após as trancas da galeria a qual ficava serem batidas e a contagem feita uma das muitas carcereiras me informou que me requisitaram na direção do presídio, a princípio estranhei, tentei vasculhar em minha mente se havia feito algo errado, pois sabia que geralmente quando o diretor chamava alguma detenta em sua sala boa coisa não era, no entanto não me recordava de nada.

Resignada fui a seu encontro e ao chegar bati à porta, pediram para que eu entrasse e eu entrei, pediram para que eu me sentasse e assim o fiz, e foi então que o inesperado ocorreu.

— O que você está me dizendo? — questionei novamente sem acreditar nas palavras do diretor do presídio, estranhamente elas pareciam tão absurdas.

Fiquei em estado de choque. Não esperava por aquilo, afinal não havia passado os 7 anos ainda.

— Vai abrindo suas asas e prepare-se para voar loirinha — repetiu e meus olhos se encheram de lágrimas. — Por ter sido uma detenta exemplar seu alvará de soltura está em andamento e a qualquer momento será expedido e você estará livre.

[...]

Menos de um mês depois meu alvará de soltura foi expedido.

Após aquela conversa com o diretor lembro de ter retornado ao pavilhão D e ter chorando como uma criança, a diferença, desta vez, era que minhas lágrimas eram de pura felicidade. Inquietude e ansiedade me dominaram nas semanas seguintes. Cada vez que ouvia meu sobrenome proferido por uma das carcereiras meu coração disparava acreditando que o momento havia chegado tanto que quando uma delas me chamou na tarde de uma sexta eu já sabia do que se tratava.

Só tive tempo de recolher alguns dos meus poucos pertences que não passavam de um punhado de cartas que havia recebido de Bonnie, os sapatinhos de minha filha e só.

Me despedi rapidamente das reeducandas que tinha mais afinidade. As carcereiras me redirecionaram à administração e lá me devolveram as roupas, sapatos ao qual cheguei ao presídio, porém como o vestido era demasiado largo – já que cheguei ainda grávida – optei por escolher uma roupa no “achados e perdidos”, que eram de presas que saiam e não levavam todos seus pertences, por sorte consegui uma calça jeans e uma camiseta que me servissem. Também me devolverem todo o dinheiro que a eu havia economizado em uma conta administrativa referente ao meu trabalho no cárcere, dinheiro este que juntei depois de saber que Arabella estava com o pai, deixando assim, de pedir para Bonnie depositar na conta de minha mãe Liz.

Finalmente caminhei, escoltada por guardas, até a saída do presídio me despedindo terminantemente daquele lugar onde jamais regressaria.

Havia sido informada também que alguém viria me buscar, pois quando uma detenta é posta em liberdade a administração liga para os números registrados no sistema, no meu caso só havia dois, que era o ex de Liz e o da Bonnie, mas acreditei que quem estivesse me esperando do lado de fora fosse Bonnie, já que minha mãe não aparecia há anos.

Dito e feito!

Assim que ultrapassei o último portão e coloquei os pés para fora da penitenciária, a princípio fiquei consternada, totalmente perdida, afinal foram longos seis anos privada a três paredes e uma grade.

Admirei o céu tomado pelo crepúsculo.

A sensação foi de medo, era tudo igual e ao mesmo tempo diferente. As luzes eram tão brilhantes, já havia me acostumado a cor das paredes do presídio e quando vislumbrei outras elas pareciam tão vivas, bonitas.

Finalmente estava livre.

Não me surpreendi ao avistar Bonnie do outro lado da avenida me aguardando. O reencontro de ambas parecia cena de filme onde a mocinha corre em câmera lenta para alguém a quem ela ama, de fato, parecia em câmera lenta mesmo já que ainda descrendo em minha liberdade eu corria que nem uma tartaruga, com as pernas tremendo de medo de tudo não passar de um sonho e eu acordar e estar encarcerada novamente.

Felizmente não era sonho e sim a mais pura realidade.

Nos abraçamos e choramos muito, pois ambas esperavam este momento há anos. Bonnie acredita em inocência, ela foi à única. A única.

Já estava decidido até mesmo antes de ser posta em liberdade. Ambas dividiríamos seu apartamento.

Bonnie também vive em Seattle e se sentia só depois que sua prima mudou-se para Nova Orleans para viver com seu namorado, então fez a proposta da divisão e eu concordei desde que eu pudesse levar Arabella para viver com nós duas.

A vontade que tinha após sair do presídio era correr e procurar por sua minha menina, tinha pressa em resgatar o tempo perdido, contudo, Bonnie me convenceu a procurá-la somente quando me reorganizasse e colocasse minha mente e emoções em ordem.

Tinha tanto para pensar, tantos planos, me sentia tão viva e minha filha sempre em primeiro lugar, sempre.

Mesmo contra minha vontade acatei as de Bonnie, ela tinha razão, mas o desejo de ver minha filha, conhecê-la era tão grande que não me permitiu raciocinar com lógica.

Oregon não era a mesma.

Ao passo que seguíamos rumo ao hotel que passaríamos a noite pude vislumbrar pela janela do táxi a cidade que deixei anos antes, havia se expandido, ficado mais moderna, reparei que até o modo ao qual os pedestres se vestiam havia mudado, com toda certeza se usasse minhas roupas de seis anos atrás me destacaria em meio as demais pessoas. Lembrei-me de Rbekah, e dos Mikaelson's, a família do pai de minha filha e pensei que logo os veria novamente.

Já tinha um cronograma arquitetado, por aquela noite cederia as instruções de Bonnie, mas na manhã seguinte regressaria a Seattle para ir a casa de Liz – a minha antiga casa – decidida a saber o que havia se passado e depois procuraria por Klaus, com toda certeza ele ainda administrava a construtora C&I Mikaelson's com o pai.

Ao chegarmos ao hotel a princípio estranhei, afinal tinha me habituado a cela do pavilhão D, mas sabia que também se habituaria ali. O quarto não era grande, no entanto, bem confortável, tudo parecia estar se encaixando.

Naquela noite matei minha vontade de comer algo que há anos não comia, pizza, foi o que jantamos, saboreei cada mordida que dei.

Rimos, choramos e conversamos durante horas, e essas mesmas horas passaram rapidamente, coisa que estranhei, já que, no presídio às horas não passavam.

Estava voltando a viver.

Deitada na cama do quarto, não conseguia dormir, ainda estava em êxtase e pensava em como seria minha Arabella e muitas perguntas se formavam em minha mente. Me questionava internamente se minha filha ainda era parecida com o pai ou se sentia tanta minha falta quando eu a dela, sobretudo me perguntava se o laço de sangue que nos unia falaria mais alto.

Tantas perguntas… mas logo eu teria minhas respostas. Estava repleta de sonhos e fantasias novamente.

Voltei a pegar o único pertence que pude ter de Arabella durante todos esses anos, seu par de sapatinhos minúsculos que eu mesma tricotei. Passei a brincar com os mesmos colocando meus dedos dentro deles e fazendo movimentos como se caminhassem no ar. Voltei a cantarolar sua canção de ninar que muitas vezes cantarolava para o vazio e, como sempre, acabei me emocionando, mas desta vez era de alegria, alegria ao saber que logo minha filha poderia ouvir de meus lábios.

Acabei adormecendo desejando que o amanhã viesse logo.


Notas Finais


Música para o Capítulo: https://www.youtube.com/watch?v=fDqDEY1fEz8

Meio que foi um resumão introdutório até aqui, não teve tantos diálogos, mas foi preciso para que vocês compreendessem a complexidade dessa situação ao qual a personagem Caroline teve de encarar. Não foquei tanto dela na prisão, pois achei desnecessário, visto que da forma ao qual narrei já deixa claro que não foi uma boa experiência, mas futuramente algumas cenas dela no presídio poderá ser revividas.
Cheguei ao ponto ao qual a história em si se iniciará.
Postagem no máximo ocorrerá na próxima quinta, mas posso atualizar antes.
Até o próximo!


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