História Reinado - O beijo

Serena:

Ouvir tudo aquilo da rainha estava fazendo a minha cabeça parecer que iria explodir. Como o meu pai pode ter se envolvido com a rainha e ainda manter contato com ela? Ela é uma mulher tão rígida.

Rainha Lanna: “-Você acha que eu estou mentindo? Posso te provar que é verdade.”

Serena: “-Como?” –eu precisava de provas,eu não acreditaria na palavra dela.

A rainha chamou uma de suas servas e sussurrou no ouvido dela. A serva se retirou e depois de alguns minutos apareceu com uma caixa de madeira. Mas quando a serva foi lhe entregar a caixa ela mandou a serva entregar a mim então eu peguei a caixa sem hesitar.

Rainha Lanna: “-Se tem uma coisa que você precisa saber sobre mim é que eu não sou uma mulher de mentir,bem...a menos que seja para o meu bem e o da minha família, e eu também não deixo de cumprir uma promessa. Rainhas tem que ter palavras. Abra a caixa Serena, são cartas que o seu pai me enviou durante todos esses anos. Só você,eu e minhas servas leais sabem sobre isso,senão eu e seu pai seríamos mortos por traição.”

Serena: “-Como eu vou saber que não são cartas antigas de antes de você se tornar rainha?”

Rainha Lanna: “-Porque todas elas tem o dia em que foram enviadas. E se você quiser saber de outro segredinho....sempre que eu podia eu escapava do castelo para encontrá-lo em um chalé que possuo,não muito longe daqui.”

Eles se encontravam pessoalmente? Não acredito! Quantas mais coisas irão acontecer comigo? Desde que eu cheguei nesse palácio a minha vida virou de cabeça para baixo!

Serena: “-Você está querendo insinuar que o meu pai esse tempo todo traiu a minha mãe com você?”

Rainha Lanna: “-Não estou insinuando, estou confirmando.”

Nossa...eu sempre soube que não havia amor no casamento dos meus pais mas jamais podia imaginar que o meu pai seria capaz de adulterar. Eu levanto da cadeira e viro as costas criando coragem para ir embora e sair de perto daquela mulher.

Rainha Lanna: “-Ué você não vai comer?”

Serena: “-Perdi a fome.” –eu digo ainda andando sem parar.

Ando pelos corredores apertando o passo,andando o mais rápido que podia com a caixa de madeira em mãos. Eu só queria ir para o meu quarto,ler todas as cartas e chorar...chorar pela minha mãe que é tão inocente nessa história.

Hian: “-Hey.. está tudo bem?”

Eu nem havia percebido que havia passado por ele.

Serena: “-Ta..está sim.”

Hian: “-Não parece. Olha se você quiser podemos adiar o nosso encontro.”

Serena: “Encontro?” –eu digo sem entender.

Hian: “-Você se esqueceu? Marcamos de passar a tarde juntos no jardim.”

Serena: “-Ai meu Deus eu esqueci, desculpa. Olha,eu vou só colocar essa caixa no meu quarto e nós vamos.”

Hian: “-Essa caixa é familiar pra mim, parece que já vi ela em algum lugar.”

Serena: “-Na verdade é da sua mãe. Ela guarda histórias aqui dentro e emprestou para dar uma olhada nelas. Eu estava com ela na sala de jantar a poucos minutos atrás.”

Hian: “-Ah claro. Posso te acompanhar até o seu quarto?”

Serena: “-Claro.”

Fomos juntos ao meu quarto e infelizmente o guarda que estava tomando conta do corredor em que o meu quarto ficava era o Allen.

Hian: “-Guarda.” –ele sorri para o Allen o cumprimentando. Eu apenas baixo a cabeça.

Eu entro no meu quarto e coloco a caixa de baixo da minha cama para as minhas servas não fuxicarem sem querer.

Serena: “-Pronto, podemos ir agora.”

Ele estende o braço em minha direção e eu sorrio para ele, e assim vamos andando de braços dados.

Serena: “-Muito contato você não acha?”

Hian: “-Só estou sendo um cavalheiro.”

Eu sorrio com o comentário dele mas não posso deixar de perceber a cara de infelicidade do Allen ao meu ver tão próxima do príncipe.

Mas antes de dobrarmos o imenso corredor vejo guardas indo em direção ao Allen. O meu coração congela e logo penso que descobriram que ele matou o servo desaparecido.

Serena: “-O que está acontecendo?”

Hian: “-Calma,eles devem ir falar com aquele guarda.”

Serena: “-Mas será que aconteceu alguma coisa? Espera...eu quero ouvir o que eles vão falar senão eu vou ficar pensando nisso.”

Ele me olha curioso sem entender o porque eu disse isso mas concorda com a cabeça e apenas diz.

Hian: “-Vamos precisar de uma desculpa para ficar parados aqui ou então eles vão pensar que estamos bisbilhotando e o meu pai odeia isso.”

Eu não sabia ao certo que desculpa daríamos mas concordei com ele.

Um soldado loiro chamado Alex, que estava com resto se direcionou ao Allen e o disse:

Alex: “-Sinto muito soldado mas você terá que se retirar do castelo.”

Allen: “-O que? Por que?!”

Alex: “-Acabamos de ser informados que a sua mãe está muito doente e que você é o único que pode ficar ao lado dela.”

Allen: “-O que a minha mãe tem?”

Alex: “-Ninguém sabe. Mas quando as coisas se acalmarem se você quiser pode voltar a ser um soldado, nós admiramos muito o seu trabalho no pouco tempo em que ficou aqui.”

Allen: “-Ah claro. E quando eu posso partir?”

Alex: “-Se quiser agora mesmo. Vou deixar o James no seu lugar.”

Quando eles estavam prestes a se virar o príncipe Hian me diz para não revidar e entrar na encenação e então me beija.

Quando os seus lábios se encontram aos meus eu arregalo os olhos e penso em empurrá-lo mas se eu fizesse isso os soldados contariam ao rei que estávamos espionando eles e isso nos causaria problemas então eu revido o beijo e nós continuamos a nos beijar.

Por um momento eu senti o meu corpo latejar e pensei em como ele beija bem, na verdade tanto que senti como se estivesse ficando corada e meu corpo já estava começando a ficar quente.

Eu estava realmente gostando de beijá-lo? Não deveria ser apenas uma encenação? O príncipe afasta as nossas bocas sorrindo pra mim  e eu ainda corada, sorrio para ele também. Logo ele olha para o lado.

Hian: “-O que estão olhando?” –ele diz para os soldados e logo os soldados continuam a andar.

Mas eu pude ver o Allen me olhando, ele me olhava triste....pode ter sido um vislumbre mas parecia que ele queria chorar. Depois a sua feição de tristeza se transformou em uma feição de raiva até que ele e os outros desapareceram de nossas vistas.

Hian: “-Vamos...já perdemos muito tempo. Embora um beijo não seja uma perda de tempo.”

Serena: “-Se continuar a falar assim vou achar que está tentando parecer com o seu irmão.”

Hian: “-Ah não me compare a ele, por favor. Eu sou um cavalheiro.”

Serena: “-Cavalheiros não saem por ai beijando moças sem nem avisar a elas.”

Hian: “-Eu te avisaria mas não tínhamos tempo.”

Estávamos andando e finalmente chegamos no jardim. Então, sentamos em um grande banco que ficava ao lado de um pé de rosas vermelhas.

Serena: “-Não havia percebido essas rosas aqui. Elas são tão vermelhas como sangue.”

Hian: “-São da minha mãe. Ela diz que vermelho é sua cor favorita e que rosas são suas flores favoritas.”

Serena: “-Ah...a sua mãe é um pouco intimidadora.”

Hian: “-Ela é sim, mas ela parece gostar de você mas do que das outras candidatas.”

Serena: “-É...ela foi bem gentil comigo em me emprestar suas histórias.”

Hian: “-Mas me diga...lá no corredor quando eu te encontrei você parecia aflita. O que estava te incomodando?”

Eu deveria ser sincera com ele? Eu jamais poderia lhe contar que a sua mãe traia o seu pai com o meu pai. Seria um caminho que não haveria mais volta, sem contar que se eu mantesse esse segredo pouparia muitas pessoas da dor. Mas com ele me olhando nos olhos...os olhos dele fazem eu me sentir segura. Quando eu estou com ele eu me sinto calma e segura, de um jeito que eu não me sentia a muito tempo.

Serena: “-É que eu recebi uma carta e descobri que o meu pai traiu a minha mãe durante todo o casamento.”

Hian: “-o que? Traição? Serena isso é horrível!”

Serena: “-Eu sei! E o pior de tudo é que a minha mãe nem desconfia. Eu sinto tanta pena dela, aliás eu sinto tanta pena de nós duas que vivíamos na inocência. “ –as lágrimas começam a cair do meu rosto.

Quando ele vê que eu estou chorando limpa as minhas lágrimas com as mãos de uma forma delicada e aconchegante.

Hian: “-Mas você tem certeza que essa informação é verdadeira?”

Serena: “-Infelizmente a pessoa que me contou é bem confiável.”

Hian: “-E o que você vai fazer?”

Serena: “-Bem...eu não sei. Mas eu sei que quando eu ver ele  novamente ele vai me ouvir!”

Hian: “-E eu te dou toda a razão.”

Serena: “-Nossa isso é uma coisa tão pessoal...eu não deveria ter te contado.”

Hian: “-Deveria sim, porque você estava nervosa e precisava compartilhar isso com alguém e Serena...eu sempre estarei aqui para te ouvir.”

Eu sorrio para ele da forma mais verdadeira.

Serena:” –Obrigada.”

Hian: “-Então...como você sabe, eu e sua amiga Lauree fomos andar a cavalo hoje de manhã depois de você empurrar ela pra cima de mim. E você tinha razão...ela é uma ótima garota.”

Serena: “-Sério? Que bom, pra mim ela é a melhor garota que tem por aqui...as outras são muito superficiais sabe.”

Hian: “-Concordo...e acho que deveríamos empurrar ela para o meu irmão,ele está precisando de uma garota assim.”

Serena: “-O seu irmão? Mas achei que você tinha gostado dela.”

Hian: “-Eu gostei de outra garota.” –ele diz me encarando no fundo dos meus olhos.

Por um momento,me senti intimidada e achei que ele iria me beijar. Quase me entreguei ao desejo mas fui forte.

Serena: “-Príncipe Hian não posso. Você precisa saber de uma coisa, eu não estou aqui pra isso...eu vim pra cá obrigada pelos meus pais.”

Hian: “-Muitas vem, você não é a única. Mas isso não quer dizer que as coisas não podem mudar. Você sabe que sentiu algo quando nos beijamos. Nós dois sentimos, nós dois gostamos.”

Serena: “-Não posso.”

Hian: “-Serena eu não sou como o meu irmão, você não precisa ter medo de se achegar a mim.”

Serena: “-Então me dê um tempo, porque eu não posso fazer isso pelo menos agora. Eu estou confusa.”

Hian: “-Eu até posso te dar um tempo, mas você sabe que até lá vou ser obrigado a continuar conhecendo as outras moças né?”

Serena: “-Tudo bem pra mim. É que...eu quero saber se te vejo apenas como um amigo ou algo a mais. Sabe, eu não quero confundir as coisas.”

Hian: “-Entendo.”

Nós deixamos o assunto de lado e continuamos a conversar sobre outras coisas até anoitecer. Ele ficou me contando histórias sobre as aventuras que ele e o irmão dele já passaram e eu o contei sobre as minhas escapatórias de casa para brincar com crianças plebeias. Ele ficou curioso em por quê eu fazia isso e então eu o expliquei.

Ao anoitecer ele me levou até o meu quarto e quando abri a porta dei de cara com as minhas servas que ficaram completamente constrangidas ao darem de cara o príncipe futuro rei. Elas se desculparam por estarem conversando, comendo uns bolinhos e rindo no meu quarto.

Serena: “-Está tudo bem...o príncipe Hian sabe que vocês são minhas amigas.”

Hian: “-Fiquei bastante surpreso mas jamais a criticaria. Parece algo novo pra mim.”

Serena: “-É mesmo? Então Vossa Majestade não se incomodaria em entrar e comer alguns bolinhos comigo e com minhas servas?”

Hian: “-Há alguns dias atrás me incomodaria sim...mas depois que te conheci não me incomodaria nem um pouco.”

Eu sorrio para ele e o puxo pelo braço para entrar no meu quarto. Eu e ele sentamos na cama e as servas no chão.

Logo puxo conversa com todas elas e quando vamos ver estávamos todos sorrindo alegres e conversando uns com outros. Como se  não houvessem diferença de classes...como se não houvessem futuro rei e servas....como se todos fossemos apenas seres humanos iguais uns aos outros. Sem preconceito e sem discriminação.

Antes de vir para cá achei que os príncipes seriam meros garotos mimados que tinham tudo o que queriam mas o príncipe Hian não é nem um pouco assim. Ele é o futuro rei da Escócia que está sentado em uma cama simples comendo e conversando com meras servas. Ele é diferente, e ele me transmite uma luz que eu não sei explicar.

Quando dou conta de mim percebo que estava encarando ele sorrindo,sem que ele me visse...o admirando.

Quando estou com ele eu esqueço de todos os problemas e mentiras que me cercam, eu esqueço até do Allen que o homem que eu amo. Mas...o que isso significa? Será uma extensa amizade ou....

Será que estou me apaixonando?

                                                           ~ continua ~