1. Spirit Fanfics >
  2. Rejecting Love >
  3. Não pode ser ele.

História Rejecting Love - Não pode ser ele.


Escrita por: SleepingTriz

Capítulo 11 - Não pode ser ele.


Fanfic / Fanfiction Rejecting Love - Não pode ser ele.

Esse capítulo ficou um pouco grande, desculpem :/ Acho que me empolguei quando estava escrevendo heuheuehe 

Melissa

Os meus olhos abriram-se ao sentir uma luz penetrá-los. Coloquei uma palma da mão na frente do meu rosto tentando proteger-me contra a claridade e resmunguei assim que vi Jessy abrindo as persianas. 

- Espero que tenhas um péssimo dia. 

- Bom dia para você também. - Jessy disse com o mesmo sorriso de sempre. Eu me pergunto como alguém conhece permanecer com um sorriso na face mesmo acordando as seis horas da manhã?

- Muito bom dia. - respondi sarcástica.

- O que estava a fazer ontem a noite acordada tão tarde?

- Eu estava conversando com Bia pelo Skype. Você sabe, colocar as novidades em dia... - revirei os olhos. 

- Isso explica suas olheiras. - Ela riu. 

Levantei-me da cama e em passos lentos segui até o banheiro para olhar-me no espelho. Jessy tinha razão, minha aparência era assustadora. Meu cabelo estava despenteado e com vários nós nas pontas. Sem falar das olheiras que enfeitavam a minha pele abaixo dos meus olhos. Primeiro pensei em deixar para lá e ao invés de gastar minutos arrumando-me, aproveitar para cochilar alguns minutos a mais.

Porém quando voltei a focar meus olhos na garota em frente ao espelho decidi deixar a preguiça de lado e fazer um esforço. Despi-me e liguei o chuveiro a uma temperatura morna. Deixei a água cair por todo o meu corpo, e segurei meu cabelo no alto para não molhá-lo. Visto que este se encontrava liso e bastava eu penteá-lo e retirar os nós, para que ele ficasse bonito. Enrolei uma toalha ao redor da minha cintura e arrastei-me de volta para o quarto.

Vesti meu uniforme e por cima coloquei um agasalho roxo de algodão; um dos mais confortáveis que eu possuía. Estava demasiado frio e eu não iria usar por nada neste mundo o casaco capenga do uniforme escolar que além de feio não aquece nada. Penteei os meus cabelos castanhos e de seguida apliquei alguns produtos de beleza na minha face, com finalidade de disfarçar as olheiras. Suspirei e encarei-me de perto no espelho. 

- Eu me casaria com ti -  Eu gargalhei e fiz uma careta.

- Falando sozinha? - Jessy apareceu por trás, me fazendo tremer de susto. 

- JESSY! - quase gritei. - Quantas vezes tenho que dizer para bater na porta? Eu poderia estar nua. - Revirei os olhos e ela fez uma careta. 

- Eu vim te avisar para preparar tudo que você precisa levar para a escola. - Jessy parecia estar empolgada. - Nós vamos dormir na escola a partir de hoje. - ela sorriu. 

- Mas eles não avisaram! E nem ao menos nos informaram os dormitórios! - Resmunguei. 

- Minha mãe disse que vamos ter outra reunião hoje após o intervalo e vão nos informar exatamente isso. Relaxa, nós vamos ser colegas de quarto. - Jessy deu uma piscadela e mandou-me um beijo no ar.

- Não podemos deixar para preparar as malas na hora do almoço? - Questionei. 

Hoje nós vamos almoçar em casa e depois voltar para a escola para ter as aulas da tarde, visto que hoje é terça. Droga.

- Tem razão, é melhor nos apressarmos ou então chegaremos atrasadas.  

Assenti e peguei minha bolsa e coloquei nas costas, lembrando-me mentalmente de não esquecer de levar os livros para as aulas. Após Jessy e eu termos acabado com o café da manhã e ela ter brigado comigo por causa de um cereal, levantei-me da mesa e fui até a sala despedir-me do meu pai. Ele estava com as costas encostadas na poltrona e lendo o jornal da manhã. 

-Pai. - sussurrei. - Eu já estou indo para o colégio.

Ele olhou-me com uma expressão estranha, pousou o jornal na mesinha ao lado da poltrona e sorriu. Estranhei suas feições carinhosas, mas estranhei muito mais quando ele aproximou-se de mim e beijou o topo da minha testa. Eu sentia falta destes gestos, admito.

- Eu vou voltar para o almoço. - sorri e afastei-me. 

- Então nos vemos na hora do almoço, agora vai pirralha. - Meu pai sorriu e bateu de leve no meu ombro. Sorri ao ver ele chamar-me de pirralha. Era o apelido que ele chamava-me quando eu era menor e nós ainda vivíamos como uma família, junto com a mamãe.

Apesar do meu relacionamento com Samantha estar fluindo bem e eu estar adaptando-me com a ideia dela ser o novo amor do meu pai, eu agradeceria muito se por obra do destino meus pais voltassem a ficar juntos novamente. 

- Melissa? - Jessy apareceu na sala, lançando-me um olhar de " Estamos atrasadas". 

- Já estou indo. - bufei ao escutar uma buzina vindo do carro de Samantha. - Tchau pai ! - Eu acenei e corri para dentro do carro. 

×

O caminho para o colégio foi longo e cansativo. A mãe de Jessy foi falando durante todo o caminho sobre as normas da escola e sobre como nós jovens devemos ser responsáveis e blá blá blá.

Jessy e eu apenas assentíamos com as cabeças. 

- Entenderam? - Samantha perguntou e nos encarou pelo retrovisor. 

Jessy e eu falamos ao mesmo tempo: "Sim!". O que em outras palavras quer dizer não.

Estávamos sentados na mesa de pingue pongue. Harry, Liam, Jessy, Niall, eu e Lilly. Eu estava no meio de Liam e Lilly, segurando uma tocha. Os outros estavam conversando sobre o que cada um havia escolhido fazer nas aulas de terça feira. 

- Melissa! Passa para cá! - Niall murmurou olhando na direção do casal e depois na minha. Ambos rimos. Pelo menos alguém importou-se comigo. 

- Obrigada. - Sussurrei sentando-me ao seu lado. Agora eu estava no meio de Niall e Harry. Este último tratou-se de desamarrar meu cadarço. Olhei para ele com uma expressão de raiva, mas por dentro eu estava rindo de tal infantilidade.

Conheço essas peças a menos de quarenta e oito horas e já me simpatizo com todos eles. Meus planos de manter distância de qualquer ser humano deste colégio foram por água a baixo. 

- E você Melissa, quais as aulas que escolheu? - Liam chamou-me a atenção.

- Laboratório, educação física e música. 

- Niall e eu também nos inscrevemos para aula de música, bate aqui. - Harry disse e levantou a mão para um Hi-five.

- O que tinhas na cabeça para inscrever-se para aula de laboratório? - Niall grunhiu. 

- Foi a única que eu me encaixei, além da aula de música ou educação física. 

- Porque não te inscreveu para Teatro? - Jessy questionou-me. 

- Porque eu não gosto de nada que tenha haver com leitura. - Encolhi os ombros.

- Música tem haver com leitura. - disse Niall e revirou os olhos.

- É uma exceção. - Falei me defendendo. Ambos riram.

- Então preferes matérias de exatas ao invés de humanas? - Liam perguntou-me enquanto enrolava os dedos nos cabelos de Lilly.

- Sim, é o que eu tenho facilidade maior. - Eu sorri. 

- Poderia nos dar algumas ajudinhas de vez em quando então. Pelo menos para mim que tenho dificuldade. - disse Harry com um sorrisinho. 

- Sem problemas. - Eu respondi e sorri. 

O som estridente da campainha tocou e fui obrigada a  tampar os meus ouvidos para estes não ficarem surdos. Peguei alguns cadernos na mão e coloquei a minha mochila no ombro. Despedi-me e fui andando para as escadas, empurrando alguns corpos que insistiam em ficar parados no meio do caminho para contar as novidades do final de semana para os amigos.

Como eu sou uma pessoa normal e pessoas normais geralmente não tem o que fazer, subi as escadas concentradamente contando degrau por degraus.

42 degraus, para o caso desta informação ser útil em sua vida.

Entrei na sala de aula e recebi algumas cumprimentações. Sentei-me no meu amado lugar no fundo da sala e encostei a cabeça na mesa com a intenção de tirar um cochilo enquanto a professora ou o professor não chegasse. A conversa entre os alunos estava demasiada incomodativa e decidi prestar atenção ao que eles comentavam ao invés de dormir.

Levantei minha cabeça e controlei uma risada ao escutar uma garota murmurar para um grupo de amigas algo sobre Louis. Controlei-me ainda mais ao vê-lo entrar na sala e a garota se calar imediatamente.

Ele passou por entre o grupinho com um olhar desconfiado e sorriu quando me viu. Abanei a cabeça e fiz uma cara de inocente. 

- Bom dia Melissa. - Louis cumprimentou-me e sentou-se no seu lugar. - É impressão minha ou aquelas garotas estavam falando sobre mim quando eu cheguei? - Ele riu. 

- Primeiramente bom dia. - Eu sorri. - Deve ser apenas impressão tua. - Respondi sarcástica e Louis sorriu.

Coloquei os meus fones de ouvido e encostei novamente a minha cabeça na mesa, desligando-me completamente do mundo ao meu redor. Fui cutucada por Louis dez minutos depois, avisando-me que o professor de história havia chegado. Oh, História, droga.

Resmunguei e guardei meu telemóvel na mochila, voltando a minha atenção para o tal professor. Ele era um homem magro e alto. Bem alto. Tinha o cabelo puxado para cima, no estilo black power. O professor nos cumprimentou com um bom dia animado e de seguida um coro de bom dia formou-se na sala de aula.

- Como foram nas férias? - O professor perguntou-nos com uma expressão espontânea.

Vários alunos começaram a falar ao mesmo tempo, causando risos com cada história absurda que contavam.

- Vejo que temos mais duas carinhas novas este ano! - Ele falou sorrindo. Aproximou-se de Louis e perguntou-lhe o nome. Depois, perguntou o mesmo para mim.

- Melissa Becker. - Eu respondi.

- Bem, Louis e Melissa sejam bem vindos á Forks. - Ele sorriu e afagou meus cabelos. Depois voltou-se para sua mesa e bebeu um gole da sua garrafa de água. - Eu sou o professor Bille, mas podem me chamar apenas de Bill. - Ele sorriu e sentou-se.

- Melissa, eu creio que já te informaram que não é permitido usar outros casacos a não ser o casaco do uniforme. - Ele chamou-me a atenção.

- Mas o casaco do colégio não esquenta porcaria nenhuma. - Resmunguei e ele cerrou os olhos encarando-me. Só então percebi que eu estava em um ambiente escolar e não devia usar esse tipo de linguajar. - Desculpa, professor. - Murmurei e encolhi-me na cadeira.

- O casaco. - Ele sorriu. 

Assenti e retirei o meu casaco. Olhei para os jovens ao meu redor e vi que eles estavam fazendo o possível para conterem suas risadas. O professor fez a chamada e logo após começou a nos dar uma aula de revolução francesa.

Porque diabos eu quero saber sobre revolução francesa?  Faz parte do passado e já estão todos mortos mesmo.

Olhei ao meu redor e percebi que todos os alunos mexiam em seus celulares, dormiam ou faziam qualquer coisa, menos prestar atenção na explicação do professor. Abaixei a minha cabeça e a apoiei em cima dos meus braços pousados na mesa. Joguei o meu casaco por cima da minha cabeça e encolhi-me atrás da garota alta que sentava-se na carteira da frente. Se está pensando que eu sou aquela aluna que se senta de qualquer maneira sempre ao fundo da sala e sempre que pode cochila, você está absolutamente correto.

Eu estava tentando dormir, porém o sono não vinha. Então comecei a contar carneirinhos e de seguida comecei a contar os minutos para a aula acabar. 

O sinal tocou avisando-nos que o primeiro horário havia acabado e o professor Bille despediu-se e retirou-se.

Assim que ele fechou a porta, a sala de aula virou uma algazarra total. Algumas pessoas riam e murmuravam entre si, outras ficavam zanzando pela sala e havia também aqueles que gritavam. Enquanto eu, continuava com a cabeça abaixada aguardando o próximo horário, que seria de literatura, começar.

- Bom dia classe. - A porta abriu-se de repente e todos se assustaram e sentaram-se rapidamente em seus lugares.

- Bom dia senhora Becker. - O coro de alunos respondeu.

Senti uma vontade incontrolável de levantar-me e gritar para todos não chamarem Samantha desta maneira. Esse sobrenome pertence ao meu pai e a mim. Somente a minha mãe pode ser chamada assim.

Apesar de querer fazer isso, continuei com a cabeça abaixada e fiquei somente escutando o que ela tinha para nos dizer.

- Como a turma já está ciente, vosso professor de literatura não é mais o senhor Wilson. Agora vocês terão um novo professor que também será o professor de redação. - Samantha falou e pude ouvir uma boa parte dos alunos reclamarem. - Eu gostaria da compreensão de todos para serem bons alunos e darem as boas vindas ao novo professor.

- Bem vindo à Forks professor. - O coro de alunos novamente entrou em ação. Um suspiro escapou por entre os meus lábios devido ao tédio que eu estava sentindo. Ouvi uns murmúrios de algumas garotas a comentarem sobre o novo professor.

" Ele é muito gato" 

" Fazia tempo que nós precisávamos de um professor assim"

No entanto a minha vontade de levantar a cabeça para enxergá-lo era zero. 

- Obrigada à todos. - A voz do novo professor soou e eu estremeci. Eu podia jurar que já havia escutado essa voz antes. - O meu nome é Zayn, Zayn Malik, eu... - O professor continuou a falar, mas meu cérebro parou de processar a partir de " O meu nome é Zayn, Zayn Malik".  

Não pode ser ele.

Não pode ser ele.

Definitivamente não pode ser ele. 

É ele.

Assim que ergui minha cabeça e o meu olhar encontrou-se com o dele, senti que meu coração ia parar. Arregalei meus olhos e fiquei cerca de dez segundos sem piscá-los para ter certeza que eu não estava sonhando ou vendo miragens. Em outras palavras, eu estava chocada. Eu não estava preparada para o que vi.

O último homem que eu gostaria de ver na face da terra, estava agora na minha frente à menos de dois metros de distância apresentando-se como meu professor de literatura. Que é por sinal a matéria que eu mais odeio e agora a odeio ainda mais.

Os seus olhos castanhos fixos em mim perfuravam os meus azuis e a única coisa que eu conseguia pensar era em desaparecer daquela sala de aula. E foi exatamente isso que fiz.

Num movimento brusco levantei-me da cadeira e corri em disparada para a porta, ignorando todos à minha volta. Ainda no corredor pude ouvir as vozes de Samantha e Zayn vindas da sala de aula, que comentavam algo sobre a minha reação. 

Agora tudo faz sentido.

Foi por isso que ele afastou-se de mim.

Ela sabia.

Samantha sabia o motivo pelo qual ele afastou-se de mim e mesmo assim não contou-me. 

Ela escondeu isso de mim, mesmo sabendo que eu estava sofrendo.

Eu não quero ter que encará-lo novamente, quero desaparecer. 

Corri o máximo que pude pelo extenso corredor e entrei no banheiro feminino mais próximo que havia. Tranquei-me em umas das cabines e me sentei no chão que se encontrava demasiado congelante.

Soltei um suspiro de nervosismo e decidi telefonar para Bia. 

- Droga! Eu esqueci a porcaria do meu celular dentro da mochila. - Resmunguei para si mesmo e esmurrei a porta do minúsculo cubículo. 

- Melissa? - Ouvi a voz de Samantha e encolhi-me. - Eu sei que você está aqui. 

- Vai embora! - Eu gritei. 

- Nós precisamos conversar. 

Eu não queria conversar com ninguém, eu só queria chorar mesmo que não houvesse motivo para tal ato. Aliás, existe motivo sim. Eu fui enganada pela minha própria madrasta fingindo-se de boazinha e abandonada por um cara que eu pensei gostar de mim.

- Conversar sobre o quê? - Abri a porta com força e encarei Samantha encostada no balcão do banheiro. - Sobre você ter se fingido de boazinha quando eu estava triste, mesmo sabendo os reais motivos por ele ter afastado-se de mim? Você é a culpada por isso! - Eu quase gritei. 

- Não diga que eu sou a culpada, porque eu não sou Melissa. Eu realmente sabia, porém eu não me fingi de boazinha em momento algum. 

- Você poderia ter me contado, no entanto preferiu esconder isso de mim. 

- Você ia acabar descobrindo de qualquer das maneiras. E além do mais ele é o seu professor agora e qualquer um no lugar dele teria feito o mesmo. - Samantha ripostou. 

- O quê?- A minha voz saiu embargada e eu limpei uma lágrima que escorreu no canto da minha bochecha. - Está me dizendo que ele fez certo em ter se afastado de mim? 

- Exatamente Melissa. Você é madura o suficiente para saber que essa relação não daria certo. - Ela tentou se aproximar de mim e eu impedi. - Eu falo isso pensando no seu próprio bem, não quero que você se magoe. 

- Devia ter pensado nisso antes, hipócrita! - Falei mais alto do que deveria e recebi um olhar incrédulo da parte de Samantha. 

É impressionante a facilidade que eu tenho para ser feita de trouxa. É sempre assim, as pessoas aproximam-se de mim apenas para me magoar e no final eu sou a única que sai perdendo na história. 

Desta vez eu não quero que seja assim. Se o Zayn quer manter-se afastado de mim, é assim que vai ser. Vou voltar para aquela sala de cabeça erguida e tratá-lo apenas como o meu professor, agindo como se nunca o tivesse conhecido antes. 

Aproximei-me de Samantha e a encarei séria. 

- Tenho que voltar para a aula. Passar bem. -ironizei. Mostrei-lhe um sorriso falso e saí do banheiro.

Dirigi-me para a sala de aula, retirei o meu casaco que estava envolto da minha cintura e o vesti. 

  Estou pouco me lixando se este não é o casaco do uniforme. 

Subi as escadas vagarosamente e me arrependi de ter ido tão longe quando corri da sala de aula. Assim que cheguei ao topo da escada uma mão agarrou o meu braço, fazendo-me virar de costas. Levantei o olhar e vi Zayn que encarava-me com um tom sério. Desviei o olhar para o lado e afastei o meu braço do seu toque. 

- Não havia de ter se retirado da sala daquela maneira. - Zayn disse.

Continuei a olhar para o lado, ignorando o seu comentário. 

- Eu estou falando com você, não me ouviu? 

- Ouvi, mas acontece que nada que você fala me importa. - Cruzei os braços e o encarei.

- Tem certeza? - Ele aproximou-se de mim. Permaneci imóvel. - Então porque correu da sala assim que me viu? 

- Porque eu não suporto ter que olhar na sua cara. - Ele agarrou o meu braço novamente e olhou-me no fundo dos meus olhos.

- Pois vai ter que suportar. - Ele pausou por alguns instantes dando suspense ao que ia falar em seguida. - Eu sou o seu novo professor e não permito que me falte com respeito. 

Os meus olhos abriram-se de espanto e os meus lábios separaram-se um do outro deixando-me boquiaberta. Eu não esperava que ele me dirigisse a palavra desta maneira. Confesso que estou assustada, este Zayn não é o mesmo que me levou para andar a cavalo a alguns dias atrás.

- Me diz só uma coisa. - Pedi. - Porque afastou-se de mim sem ao menos me dar uma explicação?

Em meros segundos, vi sua expressão facial mudar bruscamente.

- Melissa, eu tive que fazer isso. É o meu emprego que estava em jogo. Eu não podia colocá-lo em risco por causa de uma simples garota que acabei de conhecer. 

Limpei a minha garganta e contive algumas lágrimas. Senti uma pontada de dor espetar o meu coração. Zayn parece não se dar conta do peso que suas palavras me causam. Então é isso que eu sou? Uma simples garota que não passa de mais uma que ele conheceu? 

- A verdade é que você só pensou em si próprio. Você é um egoísta.

- Já chega senhorita Becker. - Zayn quase gritou. - Vá para a sala, conversaremos sobre isso no intervalo. -  Fiquei incrédula com a formalidade com que ele me tratou e decidi tratá-lo exatamente igual. 

- Não temos nada para conversar, senhor Malik. - Lancei-lhe um sorriso sarcástico e fui sozinha para a sala de aula. 

Entrei na sala e todos os olhares voltaram-se para mim. Olhei para Louis que encarava-me com uma cara de " Que merda foi esta? ". Apenas fiz sinal com as mãos que depois eu lhe contaria e sentei-me na minha cadeira. Zayn chegou logo depois e os olhares de todas as garotas estavam sob ele.

Ele começou a fazer a chamada e de seguida foi ao quadro emitindo um som irritante com o giz. 

- Copiem as anotações no caderno. - Ele ordenou. Bufei e peguei no meu celular  para mandar um sms para Bia.

Para: Bia

 Preciso falar com você >> urgente <<

Meti de novo o meu celular na bolsa e peguei um caderno para fazer as anotações. Antes de eu copiar a primeira palavra o meu celular vibrou. 

De: Bia

 Eu também preciso falar com você, entra no skype hoje. 

Para: Bia

Okay. Vou em casa hoje no horário do almoço buscar as minhas malas e aproveito para pegar o notebook. 

De: Bia

Malas? Está de mudança de novo? haha

Para: Bia

Sim, para a escola. -_- Te explico depois... 

Assim que apertei no botão de enviar a mensagem, uma mão alcançou o meu telemóvel retirando-o bruscamente das minhas mãos. Levantei a cabeça e dei de cara com um Zayn antipático. 

- Onde estão as anotações que eu ordenei que copiasse? - Ele perguntou-me.

- Ainda não terminei. - Menti. Eu nem ao menos comecei. O meu celular vibrou, indicando uma nova mensagem de Bia. - Pode me fazer o favor de devolver-me o meu celular? - reclamei e arqueei uma sobrancelha. 

- Claro, assim que terminar com as anotações. 

- Isso não é justo. - bufei e tentei alcançar o meu telemóvel assim que este vibrou novamente. 

- Oh, uma nova mensagem.  - Zayn recuou e analisou a tela. - Acho melhor terminar de copiar, antes que a dona da mensagem fique impaciente pela sua demora de resposta. 

Dito isso ele caminhou até o quadro, levando o meu celular consigo e voltou a escrever. Não vi outra escolha a não ser copiar as anotações. 

Ele vai fazer da tua vida escolar um inferno. - o diabinho no meu ombro alertou-me. 

Desviei o olhar para o relógio de parede, desejando que a aula acabasse.

Faltando cinco minutos para a aula acabar, tive a ideia de pedir para que Louis esperasse-me na porta a fim de sairmos juntos para o intervalo. Visto que, com certeza Zayn iria querer conversar comigo e eu não queria ficar a sós com ele. O rapaz assentiu e mostrou-me um enorme sorriso. 

- Para a próxima aula que será amanhã...- Zayn falou analisando o papel na parede, onde havia os horários das aulas.  - Nós iremos fazer uma atividade em dupla, por tanto já escolham seus parceiros e venham preparados. 

O sinal tocou e todos os outros alunos retiraram-se da sala de aula, restando apenas Zayn, Louis e eu. Aproximei-me da mesa do professor e murmurei para que Louis viesse comigo. O seu olhar era de alguém que não estava entendendo nada, mas logo eu irei contar-lhe o que se passa. 

- Eu gostaria de ter uma conversa com a senhorita Becker. - Zayn pausou um pouco e encarou o rapaz que estava ao meu lado. - A sós. 

Louis e eu nos entreolhamos e eu assenti para que ele soubesse que estava tudo bem. Ele arregalou a suas pálpebras e encarou Zayn por uns dois segundos antes de virar-lhe costas e se retirar da sala. 

Desviei o meu olhar para baixo e comecei a brincar com os dedos. Um silêncio pairou sobre a sala e eu soltei um suspiro baixo.A primeira vez que nós ficamos a sós desde o dia em que saímos juntos e provavelmente a conversa não será nada agradável. 

Zayn foi andando com passos largos até a porta e a fechou. Meus olhos acompanhavam cada um de seus movimentos. Observei discretamente para a figura do homem a minha frente. Este homem que um dia tratou-me como se eu fosse uma princesa para depois abandonar-me por causa de um motivo que para mim é desnecessário. Por mais que Zayn me tenha magoado, por mais que tenha saído com outra e me descartado no lixo, eu acho que estou completamente apaixonada por ele. 

É a primeira vez que tenho esse sentimento e lamento por senti-lo por alguém que não se importa comigo.  

- Aquele rapaz é seu namorado? - Zayn questionou-me se referindo a Louis. 

- Não te interessa. - respondi seca. 

- Claro que me interessa. 

- Devia se preocupar com a sua namorada. A garota do cinema, não é? - Perguntei-lhe com ar irônico. 

-Você estava lá? - Zayn perguntou-me com os olhos arregalados e eu assenti. -Ela não é a minh-

- Eu suponho que não tenha me chamado para falarmos sobre nossas vidas amorosas. - Eu o cortei.

- Tem razão. - Ele suspirou e sentou-se numa das cadeiras da frente. 

- Eu te chamei porque eu queria te explicar o porquê de ter me afastado. Apesar que eu imagino que você já saiba. 

- É, eu sei. Mas não acha que agora é tarde para explicações? - Eu revirei os olhos. - Você poderia ter contado, até mesmo por telefone e eu até poderia ter entendido. Mas nem isso você fez. Você agiu como se não me conhecesse e ignorou todas as minhas ligações. 

- Não pense que foi fácil. Foram várias as vezes que eu tive que me controlar para não te atender. - Zayn levantou-se e aproximou-se de mim. - Eu queria ter te contado antes. 

- Mas como você é egoísta, preferiu se afastar de mim. - Eu argumentei. - Você não pensou uma vez sequer se isso poderia magoar-me.  

- Eu pensei e foi exatamente por isso que me afastei de você. Eu só não imaginei que você fosse ficar assim  já que nós não tivemos nada demais. 

- Nada demais, Zayn? E aquele beijo? Também não significou nada?

- No momento sim. Depois eu percebi que estava fazendo errado e que o certo era me afastar. 

- Está vendo como você só pensa em sí próprio? Você não pensou uma vez sequer na possibilidade de eu me apaixonar por você?  

Zayn permaneceu calado e eu vi um brilho se formar nos seus olhos. Eu não acredito que ele teve a coragem de me dizer que nós não tivemos nada. Para mim significou muito. Será que ele não percebe que é exatamente por ele ter se afastado de mim que eu fiquei magoada? 

- Não precisa dizer mais nada. - Minha voz saiu embargada e eu engoli o choro.- Você queria se afastar de mim e conseguiu. - Sorri de lado, tentando disfarçar a minha dor. 

- Melissa, eu nunca pensei que pudesse apaixonar-se por mim. 

Ignorei o seu comentário e recuei. -  Poderia por favor devolver o meu celular, senhor Malik? 

- Senhor Malik? É assim que vai ser agora? - Zayn  aproximou-se de mim e me puxou pela cintura. Nossas barrigas encostarem-se devido a proximidade. Me aproximei de seu ouvido e sussurrei:

- Acho melhor me soltar. A diretora não gostaria nada de pensar que um dos professores está paquerando uma de suas alunas. 

E dito isso ele me soltou. Observei a sua expressão facial mudar bruscamente. O seu olhar agora era de um homem sério e ele parecia ter voltado a posição de professor. No entanto um sorriso trocista apareceu no canto dos seus lábios o que me fez sentir um frio na barriga. O seu olhar percorreu todo o meu corpo e ele soltou uma gargalhada. 

- Do que está rindo? - Perguntei-lhe sem entender. 

- A diretora nunca pensaria isso, porque eu nunca paqueraria uma de minhas alunas. Principalmente se tratando de você. - Ele disse num tom seco e arrogante, deixando-me sem reação.

Senti meu coração bater em ritmos mais acelerados e desta vez não consegui segurar as lágrimas que se formaram no canto dos meus olhos. Não há palavras para descrever o quão humilhada e insignificante estou me sentindo agora.  

- Está chorando senhorita Becker? - Ele voltou a dirigir-me a palavra com formalidade e em tom de sarcasmo.

Sem hesitar, dei um passo para trás me mantendo o mais afastada possível. Eu tenho nojo e ao mesmo tempo raiva deste homem. 

- E-eu só quero o meu telefone de volta. - Um suspiro saiu por entre os meus lábios. 

- Isso não será possível, só vou devolvê-lo nas mãos do seu pai ou da tua madrasta. 

- Você não tem esse direito, o celular é meu.

- Uma vez que estava usando-o na minha aula, eu tenho todo o direito. - Zayn falou com ar de autoritário e sentou-se novamente na cadeira. Começou a mexer em alguns papéis em cima da mesa e fazer anotações, enquanto eu fiquei parada observando-o igual uma idiota.

Ele levantou a cabeça e me fitou com um olhar confuso, reparando que eu ainda estava presente na sala. 

- A conversa acabou Melissa, pode sair. 

Não tiva coragem para retrucar mais nada, apenas virei-me de costas para ele e andei até a porta, batendo esta com bastante força. 

Encontrei Louis encostado na parede do corredor, apoiado a esta com uma de suas pernas. Agradeci mentalmente por ele estar distraído com o seu celular, caso contrário ele teria escutado toda a conversa. 

- Obrigada por ter me esperado. - Sorri fracamente e em troca recebi um olhar desconfiado da parte de Louis.

- Seu olho está vermelho. - Ele disse apontando-me. -Por acaso você estava chorando?

- Não, foi só um cisco que caiu e eu acabei coçando. - Respondi, mesmo tendo a leve impressão que ele não acreditaria em mim.

- Tem certeza? - Ele arqueou uma sobrancelha.

- Tenho Louis. Obrigada. - Beijei-lhe o canto da face e Louis afagou o meu cabelo, deixando neste um beijo carinhoso.  

- Você não precisa me contar se não quiser, mas não use a desculpa do cisco. - Ele sorriu de lado e eu assenti. A minha intuição estava certa, sou péssima com mentiras. 

-Até que enfim te encontrei Meli- Jessy apareceu, não sei como, no corredor procurando-me. Com o susto afastei-me rapidamente de Louis, piorando ainda mais a situação. - Opa, eu posso voltar outra hora se quiserem. - Ela disse sorrindo maliciosamente e encarando Louis e eu. 

- Jes-sy. - Gaguejei. - Este é o meu amigo que eu havia te falado, o Louis. 

- Jessy? A melissa fala muito de você. - disse Louis piscando um olho para mim e abraçando Jessy. 

- Fala? - Ela perguntou espantada. Até eu me espantei, eu nunca falo da Jessy.

Ri mentalmente vendo a cara da Jessy de bestificada. Na certa deve estar pensando mil maravilhas sobre o rapaz de olhos azuis. 

- É, eu falo muito de você. Mas só coisa boa. - Ri e Coloquei um braço ao redor do ombro dela. 

Nós três fomos conversando e andando juntos para o pavilhão da lanchonete. A forma como Jessy é rápida em fazer amizades deixou-me encucada. Em menos de poucos minutos ela e Louis conversavam como se fossem velhos amigos. 

○○○

Tadinha da Mel <\3


Notas Finais


Tadinha da Mel <\3


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...