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História Relativity - Larry - I - Caught up in a dream


Escrita por: alouisiocobra

Notas do Autor


Primeira fic nessa conta! Lembrando que é retratada num universo alternativo, portanto, não tem nenhuma ligação com a realidade.
Me inspirei em The XX, Oh Wonder, 11:11, H.E.R e Crywolf.
Direi o nome da música que me inspirou durante a escrita do capítulo aqui. Deixem tocando no repeat "Technicolour Beat - Oh Wonder".
Inclusive, uma das frases da música é o título desse capítulo.
Enjoy!

Capítulo 1 - I - Caught up in a dream


Fanfic / Fanfiction Relativity - Larry - I - Caught up in a dream

Ás vezes eu me perguntava se a vida de todos era assim como a minha. Monótona. Sem grandes eventos, sem grandes esperanças, sem grandes aspirações. Todo dia eu acordava de manhã e fazia tudo como um robô, sempre no piloto automático. A vida em Windsor & Eton era calma e pacata, assim como a cidade. 
Morar na faculdade não é ruim, mas é ao mesmo tempo. Quando você não tem afinação por ninguém em especial, a vida pode ser bem solitária, ainda mais quando sua família mora há quase três horas de você.
O primeiro passo para um dia comum é colocar minha playlist favorita para tocar enquanto procuro uma roupa na cômoda e no cesto de roupas sujas. Não contem para minha mãe, mas as vezes eu reciclo roupas.
Syd Matters toca ao fundo enquanto visto um moletom azul claro com desenhos de barcos em verde água, não é muito adulto, mas é confortável e é presente da minha mãe. Visto uma calça jeans preta e um all star surrado. Bagunço meu cabelo na frente do espelho e suspiro. Estou com cara de quem caiu da cama e está preparando um suicídio durante o caminho para a aula.
Meu quarto é pequeno como todos os outros quartos da faculdade, não temos muito luxo, mas é o suficiente. 
Parado na frente do espelho, consigo ver minha cama do outro lado do quarto, há quatro passos curtos de onde estou. Meus cobertor ameixa está amassado, metade na cama e metade no tapete turquesa. Só preciso levantar um pouco a cabeça para ver as fotos coladas no espelho e na parede da minha cama. Ao lado do espelho está uma cômoda de madeira escura, assim como minha cama, com roupas pulado para fora e gavetas abertas com roupas amassadas, em cima dela estão todos os globos de neve que tenho, um total de oito.
Um golfinho azul dando um pulo na água foi o presente que ganhei de seis anos quando meu pai decidiu que seria melhor abandonar nossa família para construir outra bem longe de nós. Um lobo uivando no meio da floresta foi o presente que ganhei de Natal da minha mãe, por ser o único homem da casa e da vida dela. Uma cesta cheia de gatinhos foi o que ganhei dos meus avós no Natal seguinte, um ano antes deles morrerem. 
Também ganhei globos de neves de cachorros, Ano Novo, aurora boreal e pinguins. 
Pela janela do quarto, logo atrás da minha cama, posso ver o verde envolta da faculdade, com suas grandes árvores e arbustos que dançam com o vento. É reconfortante olhar pela janela, e melancólico também. A cidade não é uma novidade para mim, depois que meus pais se separaram legalmente nunca mais vi meu pai e apesar de perguntar diversas vezes para a minha mãe, quando eu ainda me importava, lembro de ouvi-lá dizer há noite quando me colocava para dormir "estamos melhor sem ele, boo, e mesmo que não pareça ele te ama, onde quer que esteja", também lembro de sempre perguntar onde ele estava e porque havia desistido de mim ou se eu havia feito algo errado, ela falava com os olhos marejados enquanto mexia nos meus cabelos "você não fez nada de errado, boo, você é o melhor filho do mundo e qualquer um seria abençoado por ter você, mas lembre-se que ele te ama e não sinta raiva por ele ter ido, você é um garoto meigo e deve continuar assim, não mude quando as coisas ficarem difíceis, é isso que te diferencia dos outros". Depois dos dez anos de idade parei de perguntar.
Meus avós por parte de pai se mudaram para cá quando eu tinha onze anos, sempre vínhamos visitá-los nas férias escolares e feriados. Lembro que quando as coisas ficaram difíceis para a nossa família por falta de dinheiro para pagar escola, creche e o aluguel da casa e as outras contas, minha mãe disse que seria melhor se eu passasse um tempo morando com meus avós. Duas semanas depois nós perdemos a casa por falta de pagamento. 
Tudo que tínhamos era uma minivan e um ao outro, então todos fomos morar com meus avós. Apesar de meu pai ter desaparecido das nossas vidas, ele mantinha contato com seus pais, mas quando seus pais disseram que nós, seus filhos e ex-esposa, estávamos sem dinheiro e morando de favor com eles e meu pai não fez nada a respeito, eles pararam de falar com ele também.
Fui matriculado na escola de Windsor junto com Fizzy e Lottie que já tinham seis e sete anos. Minha mãe passou a trabalhar como empregada nas casas de famílias ricas para ajudar com as nossas despesas. Logo após meu aniversário de doze anos meus avós passaram uma casa com dois quartos para o nome da minha mãe, de inicio ela não quis aceitar já que aquela casa estava no testamento para o meu pai, mas após meus avós mostrarem o testamento com tudo que eles tinham no nome da minha mãe ela aceitou. Nos mudamos de volta para Doncaster na nossa nova casa, não era muito espaçosa, mas era nossa e ninguém nos tiraria de lá. Nunca senti raiva do meu pai, só pena.
Quando terminei a escola com 18 anos escolhi a faculdade Windsor que, apesar de ficar longe de casa, tinha um curso muito bom de fotografia e inglês. Como meus avós haviam morrido quando eu tinha catorze anos e a casa estava no nome da minha mãe, ela ficou alugada e o dinheiro pagava a mensalidade da minha faculdade. 
Pisco e me dou conta de que estou olhando fixamente para paisagem ao redor dos muros da faculdade de Windsor. Pego minha bolsa, as chaves, celular e câmera e saio apressadamente do quarto.
O corredor do dormitório dos garotos é cheio de testosterona, os garotos andam sem camisa e as vezes até só de boxer, conversando sobre festas e garotas gostosas. Eu não me encaixo no clube dos nerds nem dos cool e muito menos no dos populares. Sou quieto e tímido e não sei nem como responder um "oi" no corredor do dormitório sem corar e gaguejar. Para os garotos eu sou o gay inteligente que não oferece nenhum perigo ou concorrência, alguns deles me cumprimentam no corredor do dormitório ou da faculdade e me convidam para sociais e festas abertas no campus. As garotas são piores; elas me olham de longe e fofocam e cochicham como se eu não notasse, dizem que eu compro minhas roupas num brechó e me zoam quando eu digo algo inteligente na sala. Acho que os garotos me cumprimentam porque simplesmente não se importam com as minhas roupas ou se eu sou inteligente ou não. 
Taylor, um dos jogadores principais do time da faculdade me cumprimenta assim que saio do quarto, já que o seu quarto fica na frente do meu. Os garotos têm uma filosofia de vida que funciona, as portas dos seus quartos sempre estão abertas e eles sempre se ajudam e ficam conversando e jogando, se você simplesmente entrar no quarto de Taylor, o garoto que toda a faculdade conhece e as garotas amam, ele te oferece uma cerveja e pergunta "o quê ta pegando?" então vocês conversam e ele te passa um controle do videogame e vocês ficam jogando até amanhecer. Todos os garotos aqui são amigos e até eu que não tenho intimidade com nenhum deles, sou considerado um amigo. 
- E aí, Tomlinson? - Taylor me cumprimenta com um high five. Como o usual está de jeans, tênis e o moletom da faculdade. Ele anda com roupas simples, mas consegue parecer um modelo da Calvin Klein até com capa de chuva.
- Oi. - Consigo dizer sem corar ou gaguejar, então sigo andando pelo corredor enquanto Colbie, Kylie e os outros garotos me cumprimentam com tapinhas nos ombros.
Fora do dormitório dos garotos, o ambiente muda, a velha nuvem negra que me segue está em cima de mim enquanto caminho pelo campus.
Não tem sol e está tudo nublado, o pior dia de todos numa segunda-feira. De longe vejo Katrina brincando com seu drone, se ela me ouvisse falar isso provavelmente me bateria. Reconheço Alyssa por causa do seu cabelo lilás, é a coisa mais colorida no campus depois da árvores verdes. Não falo com nenhuma das duas apesar de ambas saberem meu nome e sobrenome, apenas as observo andando pelo campus antes das aulas.
Está estranhamente abafado para um dia nublado, mas todos estão usando moletons e casacos com seus jeans. No final das contas é apenas outra segunda-feira.
Nos armários dos estudantes reconheço vários dos meus colegas de classe, mas não cumprimento ninguém, a maioria são garotas e sei que elas me evitam, então evito elas também. Há panfletos de clubes e festas colados nos armários e jogados no chão, todos coloridos com letras garrafais. O mais popular é o do clube Vortex, um clube fechado para os alunos mais ricos e populares da faculdade, nunca fui convidado para uma festa deles e não iria se fosse. Há uma linha invisível entre mim e os outros alunos, os garotos me cumprimentam, mas sabem que o meu lugar é atrás da linha deles e todos parecem concordar com isso silenciosamente.
Tenho que suspirar quando abro a porta da sala de aula e ela está vazia, sempre sou o primeiro a chegar e o último a sair, gosto de pensar enquanto a sala ainda está quieta e escura com todas suas janelas cobertas e fechadas. Sento-me na última mesa da fileira do meio, é uma mesa espaçosa, pois eu devia dividi-la com alguém, mas gosto de trabalhar sozinho e ficar com os meus pensamentos para mim mesmo. Distribuo meu material pela mesa, primeiro a minha câmera instantânea e depois o portfólio, caderno e caneta. 
Olho para a tela do celular e tenho cinco minutos antes que a sala comece a zumbir de alunos. Tenho uma mensagem da minha mãe e uma de Pamela.
"Hey, boo, como vão as coisas por aí? Você não manda noticias com muita frequência, pensei que já tivéssemos resolvido isso. Sou sua mãe, você pode falar comigo sobre qualquer coisa. Espero que não tenha gastado toda a mesada no fim de semana em festas, não tenho muito mais do que já coloquei na sua conta, então administre com o que precisar comprar para as aulas. Daisy e Phoebe estão com saudades, dizem que mal podem esperar para ter você contando histórias para elas antes de dormir. E Fizzy e Lottie já estão tão adultas, vejo-as crescendo e se tornando cada vez mais diferentes, nenhum de vocês três são iguais, mas desconfio de que Fizzy sempre tente ter mais paciência quando se trata das gêmeas, e é a que mais pergunta de você. Lottie arranjou um passatempo na internet, não sei como se chama, mas agora ela também tem uma câmera que faz vídeos, dificilmente pergunta de você, mas posso ver nos seus grandes olhos azuis, sempre que mencionamos o seu nome, que ela sente saudades tanto quanto cada uma de nós" - Jay.
"Oi Louis! Você sumiu o fim de semana inteiro, fiquei preocupada, teve uma festa no dormitório das garotas e eu provavelmente fiquei bêbada demais para conseguir andar até o dos garotos. Acho que nos vemos pelos corredores ou pelo campus se você não continuar fugindo de mim ;)" - Pam.
Tenho que pensar bastante no que responder para minha mãe, sempre tento não parecer distante ou desesperado por contato maternal, ela precisa focar nas garotas que são novas e precisam de uma base para crescer, a última coisa com que ela precisa se preocupar é com um garoto de dezoito anos.
"As coisas vão bem por aqui, tenho aula de segunda à sexta e tenho que estudar nos fins de semana, não tenho muito mais tempo para fazer qualquer outra coisa. E como vão as coisas aí? Sinto saudades todos os dias, inclusive de Fizzy e Lottie, mesmo que elas finjam que não me veem quando estou aí. Diga para as gêmeas que eu prendi muitas histórias novas nas aventuras aqui em Windsor & Eton, e que também mal posso esperar para contar há noite. Espero que você também esteja bem, e não se preocupe com o dinheiro, tenho mais do que consigo gastar. Fique de olho em Lottie, talvez ela esteja postando nudes nas redes sociais, e, acredite em mim, nudes são coisas muito ruins, se tiver dúvidas pergunte à elas e monitore os computadores e celulares. Elas não são confiáveis." - To Jay.
";)" - To Pam.
Pam é uma garota legal, acho que ela gosta de mim, mesmo que eu não tenha nada para ser gostado de forma... Hmmm... Sexual?
Enrubesço só de pensar em mim e Pam em uma situação sexual, e deito a cabeça na classe com os braços envolta.
O sinal toca e junto dele os alunos entram na sala. Viki é a primeira a entrar com suas fiéis escudeiras: Samantha e Judith. Está bem vestida como o usual, com roupas mais caras do que a conta bancaria de toda a árvore genealógica da minha família junta.
Em seguida, Dereck e Terrance entram, os únicos outros garotos da minha sala, o que não conta muito já que Terrance é o gay mais popular da faculdade.
- A ideia é desconstruir os pensamentos arcaicos da sociedade… - Viki fala como uma candidata a prefeita de Windsor & Eton, sempre com o queixo e nariz empinados, as costas retas, roupas caras e gestos sutis. 
Samantha e Judith começam a uma discussão calorosa sobre os pensamentos arcaicos ainda presentes no século XXI, sempre tomando o devido cuidado de não contrariar Viki. Rapidamente fico entendiado, com Terrance e Dereck conversando sobre arte moderna na mesa ao lado.
Não tenho opinião sobre nenhum dos assuntos. Tenho pensamentos regulares sobre preconceito e liberdade de expressão, mas nada que possa falar em voz alta com palavras difíceis e impressionantes. Não sou fã de arte, na verdade não entendo a filosofia por trás de esculturas e quadros, mas admiro de longe sem grandes comentários.
O sinal toca e magicamente a sala enche de alunas, as classes são preenchidas e a sala fica zumbindo cheia de tons de vozes e nuances. Conheço quase todos meus colegas por seus nomes e sobrenomes, mas duvido que eles se lembrem de mim, se lembrarem serei apenas o esquisito do fundo.
Joseph Maxwell entra na sala com sua pasta de couro e seu perfume forte e masculino preenchem a sala rapidamente. 
Joseph está com seu usual paletó de alguma marca francesa, óculos de grau, barba rala e sapatos lustrosos. É o professor mais bem vestido da faculdade e o mais cobiçado por garotas como Viki que sonham em casar com homens ricos e de sucesso.
Joseph veio de Paris após subir na carreira de fotografia, sendo um dos fotógrafos mais conhecidos de lá, e voltou para Windsor & Eton, onde estudou, para dar aula de fotografia. 
- Vamos começar hoje falando sobre onde surgiu a mundialmente conhecida e popularizada selfie. Muitos acreditam que foi inventada por Hippolyte Bayard, em 1840. Algum de vocês arriscaria dizer que tirou seu primeiro auto-retrato? - A sala mergulha em silêncio e tudo que consigo ouvir são as nossas respirações. Terrance murmura tão baixo que mal posso ouvir e Dereck ri. 
Prof. Joseph arqueia a sobrancelha e sorri, no entanto não consigo desvendar que tipo de sorriso ele tem, é malicioso, superior e escuro, mas não consigo decifrar. Viki levanta a mão cheia de pulseiras de ouro, uma delas tem um pingente da Dolce & Gabbana, a única marca famosa que conheço. Ela tem uma caneta rosa com uma espécie de pompom na ponta, logo acima de um caderno. 
- Robert Conelius foi a primeira pessoa a retratar a si mesma em uma foto nos EUA. - Seu tom limpo e alto, sempre imponente, mostra como ela está convicta e se sente superior em todos os aspectos. 
Prof. Joseph sorri novamente, a mesma mistura sombria, e balança a cabeça.
- Alguém saberia o ano? - Sua sobrancelha se arqueia ele olha para cada um de nós. Abaixo o olhar rapidamente, com medo de que ele me note aqui no fundo da sala. Mal respiro, com medo de que ele ouça o barulho da minha respiração ruidosa e irregular e me chame.
- Louis? - Quase posso ouvir o barulho de meus colegas virando suas cabeças para mim e me observando, com seus pensamentos e julgamentos.
Levanto a cabeça e encaro Mia e Sophie, que sentam na minha frente, os olhos azuis de Mia estão arregalados, mal pisca com seus cílios claros, e Sophie tem um sorriso malicioso e divertido enquanto mastiga a ponta de sua caneta azul.
- Eu… Eu não sei. - Minha voz falha, gaguejo e sinto minhas bochechas ganharem um fluxo incrível de sangue. 
- Pois deveria saber, Sr.Tomlinson. Essa é uma aula sobre fotografia e você deveria estudar sobre. - Joseph me olha atentamente enquanto espera uma resposta, mas mal posso respirar com o olhar de todos sob mim, então apenas assinto.
- Alguém saberia me dizer em que ano foi tirado o primeiro auto-retrato?
Viki levanta a mão, com um sorriso discreto que mal percebo, e ela responde: - Em outubro de 1939.
- Parece que alguém fez o tema de casa. Muito bem, Viki. - Seu olhar passa por mim e por fim em Viki, e ele sorri.
Tenho vontade de enfiar minha cabeça embaixo do chão. Não estudei o suficiente e agora fui humilhado em sala de aula pelo professor e fotógrafo que mais idolatro no mundo.
Movo minha mão para pegar o estojo e começar minhas anotações com uma caneta vermelha exageradamente brilhante, mas o tempo para e não sei o que estou fazendo.
Sinto uma pressão estranha e esmagadora, como quando ficamos acima das nuvens, e um zumbindo ensurdecedor invade meus ouvidos e minha cabeça. Meu corpo inteiro formiga e sinto que estou enlouquecendo.
Olho ao redor e todos estão parados feito estatuas, não ouço suas vozes nem seus peitos se mexendo. Nada.
As coisas começam a rodar na minha frente e sinto uma pressão insuportável até que tudo para.
Puxo o máximo de ar que consigo e olho para frente novamente. 
- Alguém saberia o ano? - A sobrancelha de Joseph se arqueia e ele para meus colegas, um por um. Demoro tempo suficiente olhando para seu rosto para que seus olhos me enxerguem.
- Louis? - Me sobressalto na cadeira e tenho certeza de que pareço patético aqui, sentado com as bochechas vermelhas e os olhos arregalados.
Vejo Mia e Sophie me encarando do mesmo modo e o mesmo olhar do professor Joseph. 
Estou enlouquecendo, tenho certeza disso. Essa cena parece estar se repetindo, tudo parece muito igual, são as mesmas palavras, mesmas feições, mesma sequência e tenho vontade de gritar. 
Será que o problema sou eu? Devo estar vendo coisas, imaginando coisas. Devo estar em um mundo paralelo, onde esse tipo coisa aconteceria comigo.
Essa cena não pode estar se repetindo de novo. 
Será que peguei no sono? Devo ter cochilado e sonhado com essa cena, então quando acordei ela de fato aconteceu.
É a única explicação plausível que encontro, mas mesmo assim não acredito muito.
Se isso está realmente acontecendo, então tenho que me forçar a lembrar da resposta que Viki deu no meu lugar. Se me forçar o bastante sei que vou lembrar, então não vou ser humilhado na frente da turma e pelo Joseph Maxwell.
- Hã… Acho que… 1949? - Chuto, sentindo minha cabeça ainda zumbir. Não lembro da resposta de Viki, não prestei muita atenção. Só liguei para o fato de ter sido humilhado.
- Passou perto, Sr. Tomlinson. Deveria estudar um pouco mais da próxima vez. Essa é uma aula de exatidão e não de chute. - Ele sorri e pisca para mim, e instantaneamente me retraio na cadeira. Aconteceu de novo. Fui humilhado duas vezes na mesma aula pelo mesmo professor e pela mesma pergunta. Um novo recorde para a minha estante de fracassos.
- Alguém sabe me dizer exatamente o ano? - Seus olhos passam por mim, mas param em Viki quando ela levanta a mão. O mesmo sorrisinho discreto está lá.
- Em outubro de 1939. - Ela se vira o bastante para me lançar um olhar divertido, sorrindo e levando a sala e, inclusive, Prof. Joseph a risada.
Isso foi pior do que responder a perguntar e errar. Não deveria ter chutado. Fui burro e espontâneo, quase desesperado, e isso nunca levou ninguém a lugar nenhum. 
Tenho que respirar fundo diversas vezes para não cair no choro no meio da sala e ficar ainda mais humilhado.
Minha cabeça dói e lateja, e tenho que segurar dos lados porque parece que meu cérebro vai explodir. Estou grunhido e me retraindo e tudo gira demais, mas tudo está silencioso. Estou confuso, mas não consigo me mover, mal consigo abrir os olhos para ver que tudo está girando, mas todos estão parados. Parece que só eu consigo me mexer e emitir sons, pareço o único vivo aqui, e não sei se isso é bom.
A pressão para e a dor somem. Ouço a voz do Prof. Joseph quando ele diz: - Alguém saberia o ano? - E então ele repete as mesma feições, sobrancelha arqueada e olhar interrogativo para todos. 
Estou louco. Estou louco de pedra. Não sei mais o que é real, o que é sonho e o que é paralelo. Não sei de mais nada. Tudo se repete e eu me sinto em um ciclo infinito. Isso não faz sentido.
Respiro devagar para não enlouquecer de vez, então ouço a voz grossa de Joseph Maxwell: - Louis? - Levanto a cabeça devagar dessa vez, pois já sei o que vem em frente. Mia e Sophie primeiro, mesmas expressões. 
Suspiro alto, piscando lentamente. Sinceramente não sei o que estou fazendo ou o que está acontecendo. Minha cabeça não funciona direito, sinto como se uma caminhão tivesse passado em cima da minha cabeça, porque ela pulsa e dói. 
Lembro da resposta de Viki. Se estiver certo não vou ser humilhado, não vou ficar envergonhado e me sentir diminuído.
- Outubro de 1939. - Fala quase rápido e baixo demais para ser ouvido, mas Prof. Joseph ouve e sorri. O peso dos meus ombros somem e eu consigo respirar fundo, dessa vez de alívio. 
- Muito bem, Sr. Tomlinson. Parece que fez o dever de casa. - Ele sorri e pisca. Vejo de relance a carranca de Viki quando ela me lança um olhar, de incrédulo a raivoso. 
A aula segue. Prof. Joseph pega a caneta para usar no quadro negro e segue a explicação sobre a selfie e como ela surgiu em 1939 por Robert Cornelius.
Não presto atenção, mas realmente não me importo. Posso estudar o final de semana inteiro sobre o surgimento da fotografia.
Minha cabeça está zumbindo e sinto meus olhos pesados. Não sei o que acabei de fazer ou o que acabou de acontecer, mas isso me cansou, e de repente me sinto pesado de uma forma estranha, como se fosse a força da gravidade pesando em cima de mim.
Fico preso em minha própria mente durante o resto da aula, sequer ouço a voz dos outros a minha volta. O sinal toca e todos se levantam, tenho que me forçar a levantar. 
Junto meu material e sigo até a porta, mas sou interrompido pela voz do Prof. Joseph. Sequer havia notado sua presença, e isso mostra como estou alheio a tudo e a todos.
- Louis, já tem a foto? - Demoro alguns segundos para entender do que se trata.
Prof. Joseph quer que tiremos uma foto que melhor mostre quem somos como artista, que mostre a nossa essência. Mas ainda não tenho nenhuma. 
Tiro muitas fotos todos os dias, mas nenhuma parece mostrar quem eu sou e quem eu quero ser como artista. Sinceramente não faço a menos ideia de como vou conseguir uma foto que reúna tudo isso.
- Hã… Ainda não. - Sem enrubesço perto do Prof. Joseph. Ele sempre foi um ícone para mim, e agora estar de frente para ele, falando com ele, sempre me deixa intimidado.
- Tudo bem. Você ainda tem tempo. Acredito em você como artista, você é muito estudioso e é diferente de todos os outros aspirantes a fotógrafos que conheço. Você tem algo especial, Louis. - O jeito como ele fala me deixa ainda mais intimidado. Não sei o que pensar ou como agir. 
Nunca reagi bem a elogios, mas também nunca recebi muitos deles. Entretanto, receber um elogio do professor e artista que mais admiro e que me fez vir estudar aqui em Windor & Eton, parece demais. Quase surreal.
- Obrigado, Sr. Maxwell. - Sorrio, mas tenho certeza de que sai parecido com uma careta.
Ouço um pigarreio atrás de mim, então noto que Viki estava aqui durante todo esse tempo. Ela passa por mim e vai até o professor Joseph, sorri e conversa sobre algo que não interessa. 
Ignoro a conversa particular de Viki com o professor e sigo para os corredores.
Vejo rostos conhecidos, mas tudo parece ligeiramente borrado para mim. Minha cabeça está focada no que acabou de acontecer na sala de fotografia. Quase não acredito na experiência que acabou de acontecer. Me sinto estranho. E confuso. E desfocado.
Não consigo expressar o que sinto ou a magnitude do que penso ter vivido. Devo ter delirado, devo estar delirando ainda.


Notas Finais


Espero que tenham gostado e lido as notas inicias lá no topo. É importante.
O primeiro capítulo se trata apenas de Louis descobrindo seu novo "poder".
PS: Harry aparece no próximo capítulo.
Prometo não demorar para atualizar e revisar, tenho capítulos prontos, por isso não demorarei muito mais.
Qualquer dúvida, só me chamar em um dos links do perfil, estou sempre online, ou por mensagem no perfil mesmo.


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