História Reliance - Romione - Austrália

Ron e Hermione chegaram a Austrália no início da noite. Essa viagem de portal foi feita exclusivamente para eles dois, e Ron tinha certeza que tinham aurores observando-os de perto. Não foi assim que ele imaginou que seria sua primeira viagem com Hermione, mas ele sabia que teria que ser o suporte dela.

Ele não poderia afirmar, com certa, qual seria a reação dos pais de Hermione, seria uma longa conversa e explicações e, com pouco de sorte, eles não teriam ódio do mundo bruxo e nem dele.

– Nós temos um quarto alugado em um hotel próximo à casa deles – Hermione disse tirando-o de seus pensamentos.

Eles estavam em um gabinete bruxo que ficava em uma área trouxa da cidade, e uma mulher deu todas as informações necessárias de endereço de estadia deles e da casa dos pais de Hermione, além do consultório. Eles teriam uma chave de portal de volta para Londres em dois dias. Muitos perigos ainda rondavam os bruxos, principalmente eles, que tinham sido diretamente responsáveis pela queda de Voldemort juntamente com Harry, eles sabiam que a fama deles tinha se espalhado.

– Lidere o caminho. Eu não tenho ideia de como andar ou me portar em um bairro trouxa – Ron disse segurando a mão dela e seguindo a direção que ela dava.

– É só você não parecer muito impressionado com coisas pequenas, e mesmo que tenha alguma dúvida é só me perguntar baixinho que ninguém vai perceber – ela disse sorrindo imaginando um Weasley todo curioso com o mundo trouxa.

– Mione é tudo tão colorido e com luzes que está me deixando tonto – ele disse esperando para atravessar no sinal e olhando os telões coloridos nos prédios.

– Daqui a pouco os seus olhos acostumam – ela disse dando um selinho rápido nele.

As pessoas se moviam tão rápido e as luzes eram tão fortes que Ron não sabia como conseguiam viver assim. A toca parecia a coisa mais confortável do mundo se comparado com a forma que essas pessoas viviam.

Eles chegaram a um hotel simples, tudo pra não chamarem muita atenção. Ron ainda estava parecendo encantado com tudo e Hermione teve que cuidar de pedir as chaves e ativar as suas reservas, que já estavam pagas pelo ministério, assim como as suas refeições.

Quando eles chegaram no quarto um rubor surgiu em suas faces quando perceberam que só tinha uma cama de casal. Hermione disse logo que iria tomar um banho e Ron não perguntou muita coisa, pois estava tão corado quanto ela.

Na hora de dormir, os dois estavam deitados um pouco distantes e apenas de mãos dadas. Ron sabia que Hermione estava apavorada com o dia seguinte, ele tomou coragem e a puxou para deitar no seu ombro. Ele não tinha segundas intenções com ela e não ficou surpreso quando sentiu o rosto dela molhado pelas lágrimas em seu peito.

– Eu vou estar com você independente de qualquer coisa – ele disse fazendo carinho no cabelo dela.

– Eu estou com medo da reação deles, acho que essa viagem está acontecendo muito cedo – ela disse em um fio de voz.

– Em algum momento você teria que encarar isso. Só quero que você se lembre que não está sozinha e que pode desabafar comigo sempre.

- Eu te amo – ela disse se agarrando mais a ele.

- Eu também te amo – ele disse sentindo os próprios olhos marejarem com o sofrimento dela.

No dia seguinte, Hermione não conseguiu tomar o próprio café da manhã de tanto que estava nervosa, e Ron esperou que tudo desse certo lá para que ela comesse comida caseira. Eles preferiram ir caminhando pra aliviar a tensão, o clima estava ótimo e ele tentava distrair ela dos pensamentos que ele sabia que não tinham parado.

Eles chegaram na porta da casa que receberam o endereço dizendo serem dos pais de Hermione, ela respirou fundo e bateu. Sua mãe atendeu e estranhou o casal que não conhecia. – Posso ajudar? – ela disse curiosa.

– Nós ouvimos que vocês são dentistas e gostaríamos de saber como vocês trabalham. Eu sei que hoje é domingo, mas é uma emergência para minha mãe que mora aqui perto e se vocês puderem atender nós vamos buscá-la – Hermione falou um pouco rápido.

– Tudo bem, mas emergências são um pouco mais caras – ela disse abrindo passagem. – Qual é o problema de sua mãe? – ela parecia um pouco desconfiada.

- Ela parece sentir alguma coisa, mas não fala nada.

– Acho que o problema da sua mãe não é resolvido com um dentista.

Hermione que já estava com a varinha na mão, realizou um feitiço que foi orientada no ministério. Sua mãe ficou um pouco tonta e se segurou na parede. Seu pai apareceu logo em seguida e Hermione usou o mesmo feitiço sem explicar nada. Ele se recompôs rapidamente e foi de amparo a esposa que olhava atônita para a menina a sua frente.

– Hermione o que aconteceu? – sua mãe disse. E a menina apenas saiu correndo e abraçou a sua mãe forte enquanto chorava. Seu pai olhou pra Ron de um jeito estranho e não se mexeu.

Hermione pediu para eles se sentarem e contou tudo, sobre a guerra, o tempo que ficaram fora, sobre o feitiço e como as coisas estavam tudo bem agora. Ela olhava para os pais em antecipação.

– Então quer dizer que você simplesmente interviu na nossa vida dessa forma, com que direito? – o pai dela disse parecendo furioso.

– Eu tentei proteger vocês – ela disse assustada. Ela sabia que a reação deles não seria a melhor do mundo, mas a agressividade de seu pai era algo novo pra ela.

– Esse maldito mundo bruxo fez você tentar contra os seus pais – o pai de Hermione disse levantando do sofá. – Eu sempre soube que essa ideia de brincar de bruxaria era péssima – ela disse para a esposa.

– Pai, mãe, vocês estão vivos agora, vamos voltar pra casa – ela disse chorando.

– VOCÊ NÃO SABE DE NADA. VOCÊ NÃO TINHA O DIREITO DE DECIDIR POR NÓS. SUA ABERRAÇÃO – o pai de Hermione disse indo pra cima da menina e Ron entrou na frente impedindo que o pai a agredisse.

– Essa é uma questão de pais e filho, mas você nunca vai bater na Hermione, nunca. Tenha isso em mente antes de pensar em chamar ela de aberração de novo – Ron disse olhando no fundo dos olhos do homem que voltou para o sofá com a esposa.

– Mãe por favor – Hermione disse.

– É melhor você ir Hermione – a mãe da menina disse sem olhar pra ela. Ela não parecia tão brava quanto o seu pai, e Hermione esperava que ela tentasse fazer ele perceber o erro que estava cometendo.

Ron segurou a mão dela e saiu da casa, ele odiava esses ingratos. Não pensaram por um segundo nas coisas que a filha tinha passado. Não pensaram no quanto a filha estava sofrendo.

Eles tinham o direito de ficarem com raiva dela, mas agredi-la já era insano. Ron imaginava o que teria acontecido se ele não estivesse com ela. Ele tinha certeza que ela não conseguiria levantar a varinha para eles novamente.

Naquela noite ele a segurou fortemente enquanto ela chorava sem parar, ela gritava para que aquilo aliviasse a dor que ela estava sentindo. Ron queria fazer a dor passar, mas ele sabia que o melhor jeito era colocando tudo pra fora.

Ele fazia carinho no cabelo dela e dizia que tudo ficaria bem, e que ele sempre estaria com ela. A toca era a casa dela, então ela sempre teria um lugar para voltar e a família dele também era a família dela.

– Você acha que eles vão me odiar pra sempre – Hermione disse agarrada a ele depois que tinha acalmado e parado de chorar.

– Pensa que eles estão vivos para te perdoarem quando se sentirem prontos, Mione – ele disse sincero.

– E se eles não me perdoarem? 

– Eles vão perdoar sim, só precisam de tempo. E nesse tempo você não estará sozinha.

– Obrigada por tudo, Ron – ela disse quase dormindo de exaustão.

– Eu sempre estarei aqui por você – ele disse sem saber se ela tinha ouvido ou já estava dormindo. Ele sentia a necessidade de afirmar, o tempo todo, o quanto ela tinha suporte dele e dos amigos.

Ele queria sair daquele lugar o mais rápido possível. A viagem que ele imaginou terminando com uma Hermione feliz e sorridente com a volta dos pais tinha sido um pesadelo. Ele odiava vê-la sofrer desse jeito, ele só esperava que os pais dela tomassem consciência e que entrassem em contato com ela algum dia.