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História Remember Me - Afiado Como Espinhos


Escrita por: ChoMinnie

Notas do Autor


CHEGAY, TÔ PREPARADA PRA ATIRAAAR!
Parei, e aí Stars? Como estão?
Bem?
Olha, eu tô bem até...

Observações importantes:
- Capítulo não betado e sujeito a mudanças para correções.
- Fanfic de minha autoria, plágio é crime.
- Os trechos em itálico no começo dos capítulos se referem aos pensamentos ou sonhos que o personagem em foco do capítulo tem.
- A contagem do tempo, na fic, será realizada e demarcada por palavras em negrito.
- O símbolo /~/ representa uma memória, se o símbolo aparecer significa que o personagem está tendo uma lembrança de alguém ou de um ocorrido.
- A fic cita indiretamente a depressão, mas não é de forma muito explícita ou profunda. Sinta-se a vontade para não ler se isso o/a incomoda. Procure o CVV (Centro de Valorização a Vida), a sua vida é importante. Você pode conversar com um voluntário do CVV ligando para 188 ou 141 (nos estados Bahia, Maranhão, Pará e Paraná).

Boa Leitura meus anjos.
LEIAM AS NOTAS FINAIS!!!

Capítulo 12 - Afiado Como Espinhos


Fanfic / Fanfiction Remember Me - Afiado Como Espinhos

Uma vez li um poema que fazia analogia ao quão afiados podem ser os espinhos de uma flor, ele dizia que os espinhos não serviam apenas para machucar quem ousasse tocar a planta. Mas também servia como uma proteção ao ser frágil que era toda a composição da flor. Os espinhos são como as muralhas de um castelo, como aquela cadela raivosa que protege os filhotes, são como as paredes grossas de uma casa, eles protegem algo frágil ou precioso demais e que não pode ficar em contato direto com o mundo. Eu vejo o coração humano dessa forma, ele é precioso e frágil, não pode ser machucado muitas vezes e nem tratado de forma indelicada. Os espinhos do coração são representados pela nossa personalidade, quanto mais arisca a pessoa é; mais frágil é o coração que ela carrega.

 

Três dias.

Os raios de sol iluminavam o quarto bagunçado, os olhos delicados e estreitos observavam atentamente o balançar das cortinas, em seu interior um bagunçar excessivo de pensamentos e sentimentos. Odiar ou não odiar as coisas que aconteceram? Perdoar ou não alguém que não precisa de perdão?

Tentar ou não tentar consertar erros cometidos por um número deveras grande de pessoas?

Ser ou não ser o amigo que esperam que seja?

Princípios ou ordens? Coração ou razão?

Decidir ou ignorar?

Opostos básicos que podem causar uma bagunça se usados em momentos de tensão, de medo, de indecisão.

O jovem suspirou baixinho e encarou o corpo ao seu lado, o pequeno ressonava baixinho em seus braços. Sabia que ele não estava mais entregue ao mundo dos sonhos, o pequeno sorriso em seu rosto entregava isso. Fez um carinho nas costas dele e sorriu de canto, em que momento de toda a sua vida ele se imaginaria preso a alguém daquela forma? Não que fosse um vagabundo galanteador, longe disso, ele só não conseguia imaginar a sua vida girando ao redor de alguém que não fosse ele próprio ou que fosse parte de sua família.

Mas aquele baixinho tinha poder, tinha encantos formidáveis e que prendiam a atenção de qualquer um. Inclusive daquele que o observava com bastante atenção.

“Será que é assim que Hongseok hyung se sente ao olhar para Jinho hyung?”, pensou antes de erguer sua outra mão e contornar os lábios alheio.

– Não gosto quando você pensa demais.

– Eu sei, desculpe. – sorriu de canto enquanto fazia um carinho no rosto alheio. – Faz tempo que está acordado?

– Um pouco. – deu de ombros enquanto sentava na cama. – No que estava pensando?

– Hongseok hyung. – murmurou de forma triste. – Conversei com ele dias atrás.

O mais velho se sentou na cama e encarou as costas nuas, as marcas da noite passada estavam visíveis e ele sorriu de canto enquanto passava o dedo por toda a linha da coluna alheia. O rapaz riu e virou-se para encarar o parceiro, sabia o que se passava na mente dele quando o assunto era Jinho e Hongseok.

– Você não me disse o que conversou com ele. – informou de forma delicada.

– Hongseok desabafou comigo. – murmurou de forma séria. – Ele disse tudo o que está entalado e acho que ainda não foi o suficiente.

– Por quê?

– Você já parou para analisar tudo o que fizemos? – indagou se sentindo frustrado. – Somos os vilões no meio dessa história e por mais que estejamos arrependidos, eu sei que metade de nós não pediu perdão por simples birra.

– O que quer dizer com isso?

– Que além de mim, não há mais ninguém que queira realmente conversar com Hongseok. – disse de forma sincera e notou quando o mais novo desviou o olhar. – Eu não estou te acusando de nada Hyunggu e nem mesmo apontando o dedo na sua direção, só quero que entenda que essa situação toda é frustrante para todos nós.

– Não é fácil pedir perdão. – Hyunggu disse de forma séria. – Não é fácil simplesmente esquecer tudo o que aconteceu.

– Jinho se lembrou do acidente. – Shinwon elevou um pouco a voz. – Ele afirmou que Hongseok não teve culpa de nada, custa acreditar no que ele disse? Eu não estou pedindo que esqueçam tudo, estou pedindo que tenham um pouco mais de consideração por ele e que acreditem que Hongseok é inocente.

– Jinho está com a memória danificada, o que te leva a crer que ele não está simplesmente confundindo as coisas? – indagou enquanto levantava da cama. – Que não está criando as memórias se baseando em um maldito diário? Olha, eu não quero parecer um hipócrita depois de ter chorado pelo retorno dele, mas saudade é bem diferente de pedir perdão.

– Você está se ouvindo?

– Eles se amavam! – Hyunggu gritou de forma exaltada. – Jinho sempre moveu o mundo por Hongseok, sempre sacrificou toda a sua vida por uma pessoa que possivelmente tenha uma cegueira. Porque ele não mentiria sobre isso?

– Porque o Jinho que estamos lidando hoje é completamente diferente do Jinho que conhecíamos meses atrás! – Shinwon gritou e viu o menor se encolher.

– Shinwon...

– Eu odeio discutir com você, com todos na verdade, mas eu não consigo mais fingir que estou certo quando na verdade não estou. – suspirou derrotado. – Nós destruímos uma união, separamos um casal que não precisava da interrupção de ninguém! Sabe o que isso nos torna? Monstros. – passou as mãos pelo rosto. – Me sinto impotente, quero fazer algo, mas não sei o quê e nem como porque eu tenho medo de simplesmente deixar tudo pior. Eu só... Só preciso que me escute, que me ajude a colocar juízo em todos. Que entenda o ponto de vista de outra pessoa além do seu próprio...

Shinwon observou enquanto o companheiro cobria o rosto e chorava baixinho, suspirou derrotado e se aproximou do menor. Tocou sem ombro e o puxou para um abraço, sabia que as coisas ficariam mais complicadas ainda com a presença de Hongseok, mas ele havia sido o único – tirando Hwitaek e Jinho – que sabia dos sentimentos do Yang.

– Eu não aguento mais... – Hyunggu murmurou enquanto escondia o rosto no peito do mais velho. – Não suporto mais viver tendo cuidado com tudo o que falo, com as coisas que posso ou não fazer... Eu quero que tudo volte ao normal, que as coisas deixem de ser essa confusão toda.

– Eu também... – respondeu de forma calma. – Desculpe por gritar com você.

Hyunggu sorriu de canto e puxou o mais alto para um beijo doce, delicado e que demonstrava todo o amor que sentiam.

 

 

Hwitaek suspirou derrotado enquanto encarava a xícara de café a sua frente, Hyojong estava dormindo e pelo jeito ainda demoraria muito para acordar. O Lee estava pensando em tudo o que ouvira de Hongseok, de como ele parecia frustrado e ao mesmo tempo feliz. Estava em casa sem realmente estar.

O Lee pensou por alguns minutos, se colocou no lugar de Hongseok e tentou imaginar a sua vida com um Hyojong desmemoriado. Tentou entender como era lidar com alguém que sequer poderia dizer o próprio nome com total convicção, colocou-se – em pensamentos – no corpo de Hongseok no dia em que fora forçado a sair de casa, a sair da vida de todos. Tentou imaginar como seria a sua reação vendo seus amigos destruindo tudo o que era seu e de Hyojong, dos porta-retratos aos presentes, dos objetos favoritos as roupas. Das – no caso de Jinho e Hongseok – flores que agora tinham o dobro de importância até as essências caras e importadas, apagando de forma brutal a existência de alguém importante.

Hwitaek suspirou de forma dolorosa ao notar que não conseguiria ter a mesma imparcialidade que Hongseok teve, que não conseguiria lidar com a pressão. Com a solidão. Com nada disso.

– O que faz acordado tão cedo? – a voz de Hyojong preencheu o cômodo.

Hwitaek se virou e sorriu ao ver o mais novo o encarando com os olhos quase fechados, a barriga lisinha estava com algumas marcas, os cabelos desgrenhados enquanto a mão direita coçava um dos olhos. A calça de moletom ajudava a compor todo o conjunto deveras fofo que Kim Hyojong era, admirável e completamente único.

– Acordei e não te vi… – aproximou sendo recebido pelos braços alheio. – Aconteceu algo?

– Não, eu só perdi o sono.

Hwitaek não queria acumular pensamentos, nem mesmo preocupações na mente de seu companheiro. Já havia feito o bastante quando eram mais novos, não queria que o Kim sofresse mais do que o considerado necessário. As palavras de Hongseok rondavam a sua mente dia e noite, sofrer ao lado de pessoas que te amam é uma coisa.

Sofrer sozinho é outra coisa completamente diferente.

Tudo o que Hongseok descrevera se encaixava quase tão perfeitamente em Hyojong que chegava a incomodar, não ter em quem buscar apoio, ter sido abandonado por todos ao seu redor, era sufocante saber sobre isso e ainda ter certeza que fora. Hwitaek não queria associar solidão, dor e o sentimento de abandono ao Kim. Mas o fato de que Hyojong estivera a um passo de morrer não ajudava, em nada, a mente do Lee a pensar direito.

“Você sabia que Hyojong tem depressão?”

– Está fazendo de novo… – Hyojong informou com um sorriso. – No que está pensando?

– Hongseok. – suspirou ao notar que mentira. – Ele não está se sentindo em casa.

– Ele 'tá morando com a Hyuna noona, aquilo não pode ser considerado casa. – deu uma risadinha. – Precisamos convencer os dois, Jinho e Hongseok, a morarem juntos de novo.

– Isso não vai ser fácil Hyo.

– Não precisa ser… – roubou um selar do mais velho. – Eu falo com o Jinho, você fala com Hongseok… Podemos até mesmo organizar uma reunião entre amigos, quem sabe assim as coisas não se resolvem?!

– Talvez você tenha razão. – sorriu. – Mas agora eu preciso ir, o dever me chama.

Hyojong riu, sabia que a vida de universitário não era fácil e agradecia aos céus por sua universidade ter optado por uma reforma sem prazo para término. Observou atentamente enquanto Hwitaek se arrumava e pegava suas coisas, abraçou e beijou o mais velho antes que ele saísse. Tinha esse costume, gostava de demonstrar seu carinho por Hwitaek. Mas naquele dia as coisas mudaram, o mais alto insistiu em mais beijos. Em mais abraços, em um carinho maior que o usual. O Kim estranhou, claro que o faria.

O Lee não agia assim com frequência.

– Hyo. – Hwitaek chamou da porta. – Eu te amo.

– Eu também te amo.

A porta foi fechada e Hyojong sentiu-se confuso, preso em milhares de perguntas que não tinham respostas.

O que Hwitaek ouvira de Hongseok?

Porque ele estava tão aéreo?

O que Hongseok tinha a ver com essa mudança toda?

Porque ele gostava e ao mesmo tempo achava estranha essa mudança?

Suspirou. Tinha que fazer algo para ocupar a mente, talvez visitar Jinho fosse uma boa ideia. Subiu as escadas e correu para o quarto, tomou um rápido banho. Vestiu-se e saiu fechando apenas a porta da frente, não correria perigos naquele condomínio. Hyuna era paranoica com a segurança e por isso todos os que moravam ali tinham um vasto histórico de bom comportamento, talvez a única exceção tenha sido Hwitaek.

Hyojong cumprimentou Elkie e Sorn, as novas moradoras, elas estavam caminhando pelo condomínio enquanto conversavam. Eram garotas ativas e que sempre estavam sorrindo, ambas estrangeiras e com uma aura muito delicada. Seriam ótimas companheiras para as meninas do bloco Crystal.

O Kim tocou a campainha da casa de Jinho e esperou, minutos depois ele foi atendido por um rapaz de expressão sonolenta. Hyojong sorriu de canto, algumas coisas nunca mudavam.

– Bom dia hyung.

– Dia… – bocejou. – O que faz aqui tão cedo?

– Vim te visitar. – sorriu enquanto adentrava na casa.

Hyojong encarou a bagunça que estava a sala de estar, fotos e papéis espalhados pela mesinha de centro, alguns com emblemas de clínicas enquanto outros estavam organizados de forma possivelmente cronológica. Um caderno rabiscado, fotos de flores, uma pulseira.

Espera aí.

– Jinho, onde conseguiu essa pulseira?

– Estava no bolso da calça que eu usei no dia do acidente. – informou enquanto sentava no sofá. – Estou tentando descobrir o nome da flor cuja essência está presa aqui…

Hyojong respirou fundo algumas vezes antes de aproximar-se, ele sabia que aquela pulseira era presente de Hongseok. Só não tinha ideia de que Jinho fosse ter acesso a ela justo em um momento tão delicado.

O Kim sentou-se no sofá e em seguida sorriu, chamou Jinho com um movimentar de mão e começou uma conversa amena com ele. Queria saber o que acontecera dias atrás, Hwitaek estava pensativo demais e Hongseok estava calado demais. Isso não fazia o feitio deles. O Lee era animado, sorridente, gostava de conversar com todos. Enquanto o Yang falava pelos cotovelos, sempre de forma animada e carismática. Ambos eram diferentes, mas se completavam. E era justo nesse quesito que Hyojong não conseguia encontrar lógica, eles seriam ótimos amigos.

Então porque agiam como inimigos mortais?

O que causava essa confusão toda?

– Hyojong, eu ‘tô falando com você.

– Desculpe hyung. – sorriu constrangido. – O que dizia?

– Tenho que voltar ao médico daqui a dois dias, acha que pode ir comigo?

– Claro, porque não?!

Por fora o Kim havia aceitado, mas por dentro ele só queria saber o que se passava na cabeça de Jo Jinho.

E, acima de tudo, o motivo dos retornos frequentes ao médico.

 

 

A noite caía serena, lenta e calma. Hongseok lia um livro qualquer que Hyuna imprimira para ele em uma fonte acima da considerada normal, a história não era ruim. Falava de um garoto que viajava o mundo inteiro só com uma caneta e um caderno na mochila, a cada parada ele escrevia suas opiniões sobre o lugar. Sobre os estabelecimentos – que lhe rendia alguns trocados dos donos – e sobre as pessoas, uma história bonita, calma e pacífica. Hongseok gostava disso, da calmaria e da beleza das coisas. Não enxergar as cores era um ponto triste em sua história, mas também abria seus olhos para as qualidades e para os detalhes.

Você, em algum momento, já parou para analisar como as cores influenciam o nosso dia-a-dia?

Desde uma roupa ao tom de pele?

Hongseok sabia que se ele visse uma blusa, gostasse do modelo e notasse que ela se adequava ao seu porte físico; ele não se importaria em perguntar qual a cor dela. Se ele gostou de como ficou usando aquela peça, a cor era o de menos. Conforto era o ponto forte, a tonalidade do tecido ou a forma como as estampas eram agregadas não era algo a se analisar com afinco. O que você prefere: uma blusa confortável em uma cor diferente ou uma blusa completamente desconfortável em uma cor considerada comum? Quantas vezes, em suas poucas saídas diurnas sem Jinho, ele entrara em uma loja e vira várias pessoas desistindo de roupas confortáveis por status. Mulheres que abdicavam de calças confortáveis para usarem jeans apertados, desistiam de um tênis que não machucava seus pés para comprar saltos com alturas absurdas e que com certeza machucavam. Homens que compravam roupas desproporcionais apenas para agradar um público alvo. Hongseok se esquecera de contar quantas vezes ele via homens se enfiando em ternos caríssimos enquanto tudo o que queriam era algo mais confortável.

Quantas pessoas ele vira sofrer no meio da rua, até mesmo em vários sites pela internet. Fosse pela cor, idade ou peso, opção sexual ou classe social. Todos sofriam. Muitos pelos mesmos motivos, outros por razões diferentes. Mas a grande verdade era que, independente de onde você está ou de como a sua vida segue, você sempre vai ter alguma dificuldade. Alguém sempre vai apontar o dedo para você, seja por causa da roupa, do cabelo, do jeito que anda ou fala.

Pessoas vivem de rótulos.

Sejam os feitos por elas ou os que elas são obrigadas a se ajustar.

E era isso que Hongseok mais odiava. Ser obrigado a se encaixar, a fingir. Mas também odiava ser digno de pena, de ser encarado como se não pudesse fazer nada. Claro que qualquer coisa era perigosa em suas mãos, de remédios a utensílios domésticos. Ele em si era um perigo.

Mas ninguém parou para pensar que talvez, o garoto considerado perigoso, também tivesse sentimentos.

Toc toc.

Hongseok ergueu o olhar e sorriu ao ver Hyuna, fechou o livro e se ajeitou na cama de solteiro. Agradecia imensamente a hospitalidade da mais velha, mas não conseguia lidar com a sensação de solidão.

– Os rapazes estão aqui, querem te levar para passear.

– Com rapazes você quer dizer…

Todos.

Hongseok desceu as escadas de forma receosa e lenta – a perna machucada dificultava tudo –, encarou os amigos sentados no sofá e sorriu de canto. Hyojong contava alguma coisa que causava uma crise de risos absurda em Hyunggu e Yuto. O Yang anunciou sua presença e foi recebido com sorrisos por quase todos os presentes, Yan An ainda estava com aquela mesma expressão de antes. Hwitaek informou que o grupo sairia em um passeio, indagou se isso incomodaria Hongseok e recebeu um aceno negativo com a cabeça.

– Precisa de alguma coisa antes de sair? – Hyuna indagou docemente.

– Os comprimidos para dor de cabeça e talvez os óculos escuros.

Hongseok virou o rosto rapidamente e de forma surpresa, Jinho o encarava tão surpreendido quanto o mais novo. Haviam respondido ao mesmo tempo, de forma conectada e quase automática. Um arrepio correu pela espinha de ambos, o Jo sabia que aquilo não sairia tão espontâneo se não fosse real. Ele não se lembrava de ter lido qualquer coisa do tipo em seu diário, não era algo completamente novo e nem mesmo aprendido em suas pesquisas diárias sobre Acromatopsia.

Era natural para ele dizer aquilo porque era relacionado à Hongseok.

– Okay… – Shinwon começou vendo todos se encararem. – Que tal sairmos antes que fique mais tarde ainda?

O grupo assentiu e começou a se movimentar, Hongseok despediu-se de Hyuna como um filho se despede da mãe e em seguida saiu. Divididos em dois carros, o grupo desbravou a cidade em busca de um lugar tranquilo para ficarem. No carro de Hwitaek estavam Jinho, Shinwon, Hongseok e Hyojong. Todos conversavam alegremente e apesar de estarem separados – Shinwon estava entre eles –, Hongseok e Jinho conseguiam de alguma forma interagir sem muitas dificuldades. Hwitaek estacionou em um boliche, Hongseok disse que ficaria na contagem de pontos e todos concordaram. Três times foram formados e o jogo começou.

Depois de meses sem sequer abrir a boca para falar, sem comer direito e sem esboçar nenhuma reação; Hongseok conseguiu deixar uma risada escapar quando Shinwon escorregou na pista de boliche e se encolheu como se fosse uma bola. Todos riram e esqueceram seus problemas naquela noite, o Yang notou que Jinho levava uma das mãos à cabeça em intervalos curtos de tempo. Quando indagado, o Jo apenas disse que não era nada demais.

Era por volta das dez horas quando todos pararam para comer, Hongseok comeu pouco, estava sem muita fome. Ele encarava Jinho de forma disfarçada e notava que não era o único sem apetite, mesmo querendo falar algo, Hongseok não se manifestou. O caminho de volta para casa foi feito em silêncio, Shinwon dormia apoiado em Jinho. Hyojong dirigia enquanto Hwitaek observava a paisagem, Jinho e Hongseok estavam presos em seus pensamentos. O carro foi estacionado em frente à casa de Hwitaek pontualmente as onze e meia, Hongseok se despediu e seguiu a pé para a casa de Hyuna. Não era distante, alguns passos pela calçada e mais alguns até o outro lado da rua e pronto; estava na casa dela. Não pôde evitar que acabasse esbarrando na parte do grupo que estava no carro de Changgu – e que fora estacionado no meio-fio–, sorriu para o Yeo e desejou uma boa noite a todos.

– Porque eu não consigo acreditar em você?

A voz do chinês pôde ser ouvida em alto e bom som, Hongseok parou de andar. Mas não se virou.

– Yan An, pare. – Changgu repreendeu.

– Responde. – o chinês disse elevando o tom de sua voz. – Porque eu não consigo acreditar que esse seu teatro possa ser verdade?

– Hyung. – Wooseok segurou o braço do chinês ao vê-lo dar um passo a frente. – Pare com isso.

– Yan An pare com isso. – Hwitaek aproximou-se do rapaz. – Você não acha que está exagerando?

– Não acredito que todos vocês vão agir como se as coisas estivessem de volta ao normal. – ele disse descrente. – Ele quase matou Jinho!

– Eu já te disse que Hongseok não estava no volante! – Jinho se manifestou.

– Nós passamos as últimas semanas vivendo de fragmentos da sua memória, fatos podem ser manipulados assim como imagens em um editor! – o chinês praticamente gritava. – Não quero lhe acusar de ser mitomaníaco, mas toda essa história parece fictícia demais para mim!

– Espera aí… – Shinwon deu um passo à frente. – Hyunggu disse, hoje de manhã, quase as mesmas coisas que você está dizendo agora.

– E-Eu… – o Kang engoliu em seco. – Desculpe.

– Hyunggu! – Shinwon gritou descrente. – Não acredito que fez isso!

– E eu não acredito que você quer mesmo nos convencer de que esse cara é “cego”. – Yan An se virou para o mais velho. – Não temos provas concretas de que ele é realmente assim, as palavras de idiota apaixonado do Jinho não contam como prova! Pelo menos não mais!

– Yan An você está se ouvindo? – Changgu gritou irritado. – Pelo amor de Deus cala essa boca!

– Você viu o estado que Jinho chegou ao hospital, nós dois vimos. – o chinês gritou. – Eu estava lá quando a médica deu a notícia de que a única pessoa que cuidou de nós estava em coma enquanto esse cara não sofreu quase nada, ele sequer lutou contra as nossas decisões! Tudo isso não parece suspeito demais? Que por ser a única pessoa inapta a estar ao volante, ele também seria o menos machucado e o que menos reclamaria de nossas decisões? – riu sem vontade. – Estão se deixando enganar por um vislumbre bobo de como era a nossa vida antes! Se ele espera que eu vá pedir perdão por tudo, está enganado. Eu não destruí todos aqueles vasos e todas aquelas flores em vão, não é justo que-...

O soco que acertou o rosto de Yan An causou surpresa em todos, o chinês levou a mão a face e encarou o seu agressor. Hongseok estava com o rosto coberto em lágrimas, a respiração acelerada enquanto a mão estava fechada em forma de punho. Só o Yang sabia o quanto aquilo estava o magoando mais do que ao mais novo, só ele sabia o quão difícil foi tirar força de onde não queria para acertar aquele soco. Changgu cobriu a boca com as mãos ao ver que Hongseok havia esmagado os óculos escuros na única mão livre, quanta raiva e rancor haviam guardados dentro dele?

– Isso foi por ter destruído os meus vasos, aquelas flores custaram uma fortuna. – Hongseok soltou os óculos escuros e segurou a gola da camisa de Yan An, manchando-a com um pouco de sangue, ergueu o pulso e acertou mais um soco. – Esse foi por ter gritado comigo, seu moleque atrevido.

Mais um soco.

– Esse daqui é cortesia, por ser um babaca mimado que só olha para o próprio umbigo e tá cagando para a felicidade dos outros!

Outro soco, dessa vez mais forte.

– Esse aqui é por duvidar das palavras do Jinho. – soltou a blusa do rapaz. – Nunca ofenda o meu namorado na minha frente, entendeu?

– Ele não é seu namorado. – Yan An riu. – Não sei se te contaram hyung, mas Jinho não se lembra de você. – ergueu-se de forma lenta. – E se depender das minhas preces, ele nunca vai se lembrar de um estorvo como você.

Hongseok ergueu a mão para, novamente, acertar Yan An quando o som de algo caindo no chão o impediu.

– Oh meu Deus, Jinho!


Notas Finais


A fic chegou na fase da transição, as coisas começam a mudar a partir de agora.
Só isso o que posso dizer.

O que acharam? Espero que tenham gostado.
Comentem!!
A tia ama vocês.

Relembrando: Você pode conversar com um voluntário do CVV ligando para 188 ou 141 (nos estados Bahia, Maranhão, Pará e Paraná).

Kyusses!


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