Hyuna foi a primeira a chegar, Hyojong e Hwitaek adentraram correndo e Jihyun apareceu logo em seguida. A seleção de Hongseok fora deveras estranha, ele não avisou a todos, muito pelo contrário. Os quatro eram os mais centrados e talvez os únicos que não fariam um escândalo. A enfermeira se aproximou e indagou o que os jovens queriam, Hwitaek mencionou o nome de Jinho e rapidamente a jovem pegou o pequeno aparelho eletrônico e chamou pelo médico responsável.
Hyunsik apareceu no corredor com a sua usual prancheta na mão, ele conversava com outro médico e mais uma funcionária. Os três se calaram ao ver que o quarteto os observava, o doutor Im fez uma pequena reverência para eles e foi respondido na mesma educação. Hyuna perguntou por Hongseok e teve como resposta a porta da enfermaria, a Kim saiu correndo e deixou a cargo dos outros três lidarem com as notícias.
A Kim abriu a porta e sentiu uma maldita nostalgia, foi como voltar no tempo e rever a cena de um Hongseok hospitalizado. O Yang encarava a parede como se ela estivesse pronta para lhe contar um segredo muito importante, as cortinas estavam fechadas e ele portava um pequeno curativo na curvatura do braço. Movendo o olhar pelo recinto ela pôde ver uma pequena bolsa de soro, isso indicava que o Yang tomara medicamentos.
– Hongseok?
O mais novo moveu o olhar e sorriu de canto.
– Como se sente?
– Cansado. – riu sem vontade. – Tive uma crise nervosa noona… Isso não acontece há anos!
– Hongseok…
– Depois que conheci o Jinho elas pararam, eram raras e quase nem aconteciam. – Hongseok sentiu os olhos arderem. – O que está acontecendo comigo noona?
– Oh meu querido. – aproximou-se do rapaz. – Vai ficar tudo bem, não se preocupe.
Hyuna deixou um abraço apertado no mais novo, fez um pequeno carinho nas madeixas escuras e sorriu de canto ao vê-lo abraçar seu corpo de forma tão assustada. Hongseok não crescera totalmente, no fundo ainda conseguia ser uma criança mais birrenta do que Hyunggu e por isso a Kim prezava tanto por sua vida, por sua saúde.
– O que aconteceu?
– Levei Jinho para passear e acho que ele se lembrou de algo.
– Do quê?
– De mim.
– Jinho teve uma reação natural a quantidade de informações que o cérebro teve que processar. – o doutor Im jogou a prancheta em cima de sua mesa e apontou as cadeiras disponíveis. – Eu administrei uma pequena quantidade de um medicamento que vai deixa-lo menos impactado com tudo isso, ele vai dormir por algumas horas, mas ficará bem.
– E onde está o Hongseok? – Hyojong indagou enquanto dava a cadeira para Jihyun sentar. – Ele está bem?
– Agora sim.
– O que quer dizer com “agora”? – a Nam fez aspas com as mãos.
– Ele teve uma crise nervosa, mas já está bem. – respondeu vendo Hwitaek ceder a outra cadeira para Hyojong, o Lee permaneceu em pé. – Pedi que ele fosse colocado em um quarto próprio para ele, não se preocupem.
– Isso é bom. – o Lee disse respirando de forma aliviada.
– Eu temo dizer que a possível lembrança que Jinho tenha recordado tenha relação com Hongseok. – o médico informou e viu todos adquirirem uma expressão mais séria. – Ele repetiu, inúmeras vezes, o nome do namorado e chegou a pedir perdão por algo.
– Não pode ser... – Hyojong disse enquanto levava a mão ao rosto. – Jinho não se lembraria de tudo justo agora.
– Eu não consigo entender mais nada. – Hwitaek disse de forma confusa.
– Se você que está metido nessa confusão há mais tempo não sabe, quem sou eu para saber de algo. – Jihyun disse e depois suspirou. – Doutor, quais as chances dessa lembrança ajudar o tratamento?
– Você quer sinceridade ou uma pequena chama de esperança? – o médico disse de forma séria.
– Eu quero a verdade. – Jihyun disse de forma séria.
– Eu não sei. – o medico confidenciou de forma séria. – Vai depender de como o Jinho vai lidar com essas informações, se for de forma boa, então não. Não atrapalhará em nada. Mas se ele ficar como das outras vezes, tentando a todo custo recobrar o que falta da memória, então sim. Vai prejudicar e muito todo o andamento do tratamento.
A porta foi aberta na hora que Hwitaek ameaçou abrir a boca, Hyuna entrou com uma expressão séria e parecia pensativa. Hyunsik fez um pequeno gesto para a jovem e ela sorriu de canto, explicou o que tinha ouvido de Hongseok e viu todos adquirirem uma expressão mais séria. Indagou se seria seguro confrontar o Yang e ouviu o doutor disse que não era necessário, Hongseok não era culpado de nada.
Nem sequer fizera algo errado que o fizesse ser merecedor de culpa.
Hyunsik disse que seria melhor esperar Jinho acordar, até porque eles só teriam alguma resposta para suas dúvidas quando o Jo abrisse os olhos e dissesse o que faria a respeito das próprias lembranças. O pequeno grupo saiu da sala e seguiu pelos corredores de forma calma, o Im pediu que todos esperassem na recepção. Era o certo no momento.
Nenhum deles poderia ficar com Jinho, não do jeito que estavam.
Assim que chegaram à recepção, a primeira pessoa que viram foi Hongseok. Ele estava sentado em uma das cadeiras e parecia estar mais dormindo do que acordado. Hyuna deu uma risadinha e isso chamou a atenção do Yang, ele sorriu para os presentes e revirou os olhos ao ver que Jihyun se aproximava. Pensou que ela o encheria de perguntas, mas tudo o que a Nam fez foi verificar se ele estava bem. Aquilo aqueceu o coração do rapaz, sempre imaginou que Jihyun o culpava por todas as restrições na vida de Jinho, quando, na verdade, ela era uma das poucas que apoiavam o relacionamento.
Depois de uma breve conversa e de ouvirem o que Hongseok tinha a dizer, o pequeno grupo sentou-se nas cadeiras da recepção e ali ficou. Ninguém dizia nada, nem mesmo se moviam. As horas avançaram e com ela os pacientes daquele hospital iam e vinham, Jihyun estava com a cabeça encostada no ombro de Hyuna e dormia serena. Hongseok encarava um ponto especifico na parede enquanto Hwitaek e Hyojong pareciam perdidos em seus próprios pensamentos, como dito antes, ninguém se movia.
O estômago de Hongseok protestou a falta de comida e ele deu uma risadinha, Hyuna também riu e balançou a cabeça negativamente.
– Vá comer algo. – ela ordenou com o tom de voz sereno.
– Eu pretendia esperar até Jinho acordar, mas acho que meu estômago não quer concordar comigo. – riu de forma contida. – Acho que vou comer algo na lanchonete, vão querer?
Excetuando Jihyun que dormia e Hyuna que pediu um café, os outros dois apenas negaram com pequenos movimentos de cabeça. Hongseok ergueu-se de onde estava sentado e caminhou até a pequena lanchonete do hospital, pediu um lanche e disse que antes de sair queria um café. Ficou ali, sentado, esperando que seu pedido chegasse. Pensou em tudo o que acontecia, no que ainda iria acontecer, pensou em tudo.
O quanto ainda poderia mudar para que, em fim, tivessem paz.
Hongseok suspirou, dessa vez de forma derrotada. Estava cansado.
– Yang Hongseok? – a voz chamou sua atenção e ele acabou erguendo o olhar.
Era Sohyun a recepcionista da clínica onde Jinho se consultava, o rapaz sorriu para a jovem e ela fez um gesto para a cadeira a sua frente. Hongseok autorizou que a menina se sentasse e esperou que alguma das atendentes desse sinal de vida, encarou o rosto sereno da jovem enquanto ela mexia no celular. Sorriu de canto ao vê-la prender os fios longos e escuros, uma pequena cicatriz pôde ser vista na região abaixo da orelha alheia. Hongseok franziu levemente o cenho, encarou o rosto da jovem e procurou por algum sinal de outras cicatrizes.
Procurando com atenção, ele encontrou alguns finos riscos no queixo da garota. Um mais grosso no lado direito – visto quando ela virou o rosto para algo que lera no celular – próximo a sobrancelha, uma cicatriz no pulso esquerdo e uma que se estendia por uma parte do ombro exposto.
Hongseok sentiu que era encarado e acabou sorrindo constrangido com a forma com a qual Sohyun o encarava, ela sorriu de canto e largou o celular em cima da mesa.
– Pelo visto encontrou meus pequenos pedaços do passado. – ela suspirou. – Você não se lembra de mim não é?
Hongseok não se lembrava, mas tinha medo de dizer isso e acabar magoando a jovem.
– Primeiros dias do ano, tarde da noite... – ela abaixou o olhar. – Acidente...
O Yang não pode esconder a sua surpresa, todos os ocorridos no dia do acidente vieram em sua mente e ele se lembrou vagamente do rosto da jovem. Ela estava no outro carro, fora Sohyun a responsável por chamar a ambulância. Mas o que não queria calar em sua mente era: onde ela esteve esse tempo todo?
– Você... – Hongseok sussurrou. – Onde esteve?
– Fugindo. – ela admitiu sem sequer pestanejar. – Eu sei que não causei o acidente, mas a minha vida estava tão... Fodida, que eu não queria mais problemas. Meu carro bateu na parte traseira do seu carro, por isso ele girou e depois capotou. – suspirou. – Os vidros do meu carro quebraram porque eu bati em um poste depois de atingir vocês, eu precisei resolver os problemas do acidente primeiro para depois buscar ajuda. Como deve notar, meus machucados não são tão graves quanto os seus e por isso eu não tive pressa em procurar por socorro.
Hongseok encarava a jovem de forma curiosa, mas Sohyun sequer parecia incomodada com o assunto.
– Quando eu cheguei ao hospital, você ainda estava lá. – a jovem sorriu para a atendente quando ela se aproximou e depois encarou o rapaz. – Eles discutiram dentro e fora do seu quarto, eu ouvi tudo e vi tudo também. Mas fui incapaz de me pronunciar, de te ajudar, de te defender.
– Não ia mudar nada. – sorriu de canto. – Eles só acreditaram em mim depois de ver o laudo médico.
– Sinto muito. – disse e viu o rapaz balançar a cabeça negativamente. – Eu visitei Jinho por alguns dias, eu vi o estado dele e vi que as coisas saíram do seu controle. Que você foi afastado e que eles se arrependiam disso, eles nunca te disseram não é?
– Não?
– Todos, inclusive aquele meio irritadinho, todos eles pediram perdão por algo. – sorriu pequeno. – Como eu sei disso? Em algumas vezes eu consegui ouvir algumas palavras, eles fizeram coisas absurdas e isso os afastou de você?
Hongseok assentiu.
– Vai dar tudo certo para você Hongseok, mas para isso vai precisar perdoar. Não falo de apenas palavras, falo de sentimentos. De perdoar com o coração e não com a razão. – ela disse enquanto pegava seu café e deixava o sanduíche. – Entregue isso a Hyuna unnie, eu sei que ela gosta.
– Vocês-...
– Colégio. – respondeu a pergunta implícita. – Preciso ir, até a próxima Hongseok-ah.
Hongseok ficou alguns minutos ali ainda, comendo seu lanche e pensando em tudo o que ela dissera. Ergueu-se da cadeira quando já havia acabado e quando foi pagar a conta descobriu que Sohyun assumira essa despesa, sorriu de canto e caminhou até a recepção. Entregou o sanduíche a Hyuna e viu a expressão surpresa dela, em seguida a mais velha sorriu de forma contida e agradeceu. Não precisaria de muitas palavras para saber de quem se tratava, nem mesmo para saber que sim, Sohyun estivera ali. Hongseok moveu o olhar pelo local e encontrou os pais de Jinho sentados, afastados e o encarando de forma séria. O Yang engoliu em seco, mas não temeu se aproximar e cumprimentar os mais velhos. A mulher sorriu e lhe abraçou, perguntou como tudo aconteceu e como resposta obteve uma explicação detalhada do ocorrido.
– Hongseok, nós podemos conversar?
O Yang assentiu e foi guiado pelo mais velho até o lado de fora, sentiu o vento acariciar seu rosto e acabou sorrindo de canto. A noite já dava claros sinais de que estava começando e Hongseok se perguntou há quanto tempo não via um pôr-do-sol. Sentiu a mão do senhor Jo tocar seu ombro e o encarou, o homem não estava de terno, nem mesmo tinha todo aquele ar profissional.
Parecia apenas um homem comum.
– Estou de férias. – ele respondeu a pergunta implícita no olhar alheio. – Mas não é sobre isso que quero falar.
– E sobre o que seria?
– Eu quero te fazer uma proposta. – começou vendo a atenção do rapaz se voltar totalmente para si. – Você ainda manca de uma perna, certo?
Hongseok assentiu.
– Eu quero que você faça o tratamento com o fisioterapeuta, quero que recupere a sua qualidade de vida e que tire um tempo só para você. – ele começou vendo o mais novo franzir o cenho. – Eu conversei com os médicos anteriores, os que cuidavam de você e consegui que te encaixassem em seus horários.
– Porque-...
– Eu também falei com seus amigos e eles concordaram, todos vão tirar seus preciosos momentos enquanto Jinho ficará em observação médica por um tempo. Pedi que o doutor Im tomasse as rédeas do tratamento de meu filho e também pedi que todos me ajudassem a tornar a vida dele melhor. – suspirou. – O acidente e a perda de memória só tornaram tudo ainda mais delicado, eu não quero que essa ligação se desfaça e sei que não sou o único. Quero que cuidem de suas vidas, que se dediquem a vocês e deixem a cargo de Jinho cuidar da dele. – encarou o mais novo de forma séria. – Então, queria te perguntar Hongseok, você aceita passar algumas semanas cuidando da sua perna e da sua saúde?
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