1. Spirit Fanfics >
  2. Remember Me >
  3. Miosótis (pt.2)

História Remember Me - Miosótis (pt.2)


Escrita por: ChoMinnie

Notas do Autor


Oi, eu voltei. Depois de muito tempo, mas voltei. Quero dizer que estamos, realmente, nos capítulos finais. Acho que só tem mais dois ou três, talvez... Não tenho muita coisa que justifique o meu atraso além do trabalho excessivo que tive no mês passado. Espero que entendam, de verdade.

Observações importantes:
- Capítulo não betado e sujeito a mudanças para correções.
- Fanfic de minha autoria, plágio é crime.
- Os trechos em itálico no começo dos capítulos se referem aos pensamentos ou sonhos que o personagem em foco do capítulo tem.
- A contagem do tempo, na fic, será realizada e demarcada por palavras em negrito.
- O símbolo /~/ representa uma memória, se o símbolo aparecer significa que o personagem está tendo uma lembrança de alguém ou de um ocorrido. O símbolo não aparece quando há lembranças de frases ou de vozes.
- A fic cita indiretamente a depressão, mas não é de forma muito explícita ou profunda. Sinta-se a vontade para não ler se isso o/a incomoda. Procure o CVV (Centro de Valorização a Vida), a sua vida é importante. Você pode conversar com um voluntário do CVV ligando para 188 (a ligação é feita gratuitamente por telefone fixo, celular ou orelhão/telefone público)(o número começou a ser válido para todo o país a partir do dia 1 de julho de 2018).

Boa Leitura.

Capítulo 24 - Miosótis (pt.2)


“Eu não sei se preciso realmente entrar em muitos detalhes sobre qualquer ponto da minha vida, nem ao menos sei se é justo abrir meu coração dessa forma para vocês já que mentiram e esconderam coisas importantes de mim. Sabem como eu me senti? Sabe como foi difícil descobrir que meus amigos mentiram para mim e afastaram da minha presença a única pessoa que realmente poderia me ajudar? Eu os digo que realmente foi o inferno, porque, por dias, eu não sabia se deveria realmente confiar em vocês.

Eu não os culpo por nenhuma merda que aconteceu antes do acidente, mas atribuo a vocês todas as merdas que ocorreram depois e nos últimos dias também.

Nenhum de vocês pensou em mim, ninguém pensou nos sentimentos de Hongseok quando o obrigaram a sair de perto de mim. Ninguém quis realmente saber a verdade. Vocês pensaram apenas em vocês mesmos e espero que se arrependam disso, porque, por mais que eu tente achar motivos viáveis para as suas atitudes, nenhum deles se encaixa. Hwitaek queria o “meu bem”, mas fora ele e suas ideias de idiota; quem tinha outros motivos?

Hyojong, Yuto, Wooseok, vocês sabem me dizer o que os levou a fazer o que fizeram?

Hyunggu, Changgu, Yan An, alguma explicação?

Shinwon, você foi o único que se mostrou arrependido… Era tudo realmente verdadeiro?

E você Hyuna? Quando ia me contar que também teve envolvimento? Quando ia me dizer que sempre soube onde Hongseok estava e que mentiu por medo de perder a minha confiança? Você age como nossa mãe, mas não chega nem perto disso sabia? Mães não mentem da forma que você mentiu, nem mesmo agem como se nunca soubessem de nada a respeito da nossa vida. Sua maternidade vem de um instinto falho de proteção, desculpe ser grosso, mas você precisa parar de sempre seguir o que lhe dizem e começar a seguir o seu coração.

Eu recordei algumas coisas, muitas na verdade e preciso de um tempo sozinho. Longe de todos e de tudo que possa me lembrar do acidente, eu preciso disso.

Preciso pensar.

Preciso perdoar.

E não me refiro apenas a vocês, me refiro a mim mesmo também.

Tem um pequeno frasco no escritório de Hongseok, por favor, não mexam naquilo. É uma essência muito cara e eu não quero que vocês a destruam como destruíram todo o resto, sem querer ser venenoso, mas já o sendo... Não quero que destruam as coisas mais do que já destruíram, então, por favor, me obedeçam dessa vez.

Com carinho,

Jo Jinho.”

 

Hyojong abaixou a folha e encarou os presentes, Hyuna estava com as mãos nos cabelos e parecia preocupada. Hwitaek e Changgu encaravam o nada, Yan An não sabia o que falar ou fazer. Os outros simplesmente entraram em pane, como se seus cérebros tivessem parado de funcionar. Jinho havia saído de casa muito cedo, sem comunicar a ninguém, quando Hyojong foi até sua casa ele encontrou apenas uma carta.

– Alguém tem ideia do que ele quis dizer? – Hyojong indagou de forma relutante.

– Miosótis. – Hyuna respondeu de forma séria, o olhar estava preso no chão. – É uma flor muito bonita, azul, significa recordação, fidelidade e amor verdadeiro. Foi a primeira flor com a qual Hongseok teve contato ainda na infância, foi a primeira que ele quis saber qual a cor e é uma das favoritas dele por esse mesmo motivo. Miosótis tem outro nome, um bem popular e é uma das frases que mais deixava os lábios dele...

– Não-me-esqueças. – Yan An completou vendo a Kim assentir. – Como sabe disso tudo?

– Hongseok dormia na minha casa e, às vezes, nós conversávamos. – suspirou derrotada. – Jinho confiou a mim alguns de seus segredos e eu me sentia no direito de guarda-los, mesmo que tenha feito merda depois, eu acho que fui o mais perto de confidente que ele teve.

– Eu não me referi à flor, me referi a todo o resto. – Hyojong jogou-se em uma das poltronas de forma irritada e acabou resmungando incomodado. – Eu quero saber o que vocês sabem sobre isso.

– Ninguém sabe de nada aqui. – Yuto disse de forma séria. – Não sabemos nada da vida um do outro e isso está destruindo a nossa amizade, estamos nos afundando e sequer estamos nos esforçando para melhorar isso!

– Yuto... – Wooseok chamou.

– Todos aqui sabem que estou falando a verdade. – começou seus argumentos. – Nenhum de nós olhou para nada além do próprio umbigo nos últimos anos e isso me irrita profundamente. Hongseok tinha problemas de saúde e nós nos cegamos para isso, Hyojong tem depressão e todos nós fomos cegos a respeito disso. – suspirou derrotado aos ouvir alguns murmúrios surpresos. – O maior problema não são os segredos, o problema está na necessidade que temos em escondê-los porque somos incapazes de confiar uns nos outros. O maior passo não é do Jinho ou do Hongseok, o maior passo é nosso.

Hyuna encarou Yuto e viu as mãos fechadas em forma de punho, viu o olhar compreensivo de Wooseok apesar do assunto delicado. Os presentes suspiraram aos poucos, entendendo gradativamente o poder das palavras do japonês. Hyojong foi o primeiro a falar sobre sua doença, ouviu algumas palavras de apoio e sentiu a mão de Hwitaek tocar a sua. Os dois se encararam e trocaram um rápido selar, onde, ao final do osculo, Hwitaek sussurrou um sincero “eu te amo”. A Kim sorriu de canto ao ouvir Yuto falar sobre seus pais e Yan An citar seu problema familiar, Wooseok sorriu para o namorado antes de murmurar algumas palavras reconfortantes. Changgu sorriu para o chinês e encarou os presentes, Shinwon sorriu e Hyunggu suspirou antes de começar a falar.

– Eu sinto muito por tudo o que aconteceu entre nós e eu queria muito que tudo voltasse ao normal, não com as mentiras ou qualquer coisa do tipo e sim com a sinceridade. – respirou um pouco mais fundo que o usual. – Somos uma família, sempre fomos e estamos passando por um momento delicado. Nós vamos sair dessa juntos...

– Vamos. – Hyuna sorriu de canto.

 

 

Hongseok guardava suas coisas em uma gaveta da cômoda quando sua mãe adentrou em seu quarto, os olhos da mais velha demonstravam uma felicidade que a expressão séria tentava esconder. O Yang pendeu a cabeça para o lado em um claro sinal de confusão, sua mãe adentrou no cômodo e pediu que o filho se sentasse. Eles precisavam e deveriam conversar por alguns minutos, Hongseok não entendeu, mas concordou e procurou por um lugar onde pudesse sentar. A senhora Yang optou por ficar na cadeira da escrivaninha, enquanto Hongseok sentava na cama.

– Eu e seu pai estivemos conversando... – ela começou vendo o rapaz piscar lentamente. – Achamos que é hora de você visitar o Jinho.

– Mãe...

– Por favor, me escute. – ela pediu vendo o rapaz bagunçar os cabelos.

– Isso não vai funcionar.

– Você precisa tentar. – suspirou. – Hongseok, sabemos o quanto o Jinho significa para você e eu simplesmente me recuso a acreditar que você está desistindo tão facilmente.

– Não estou desistindo de nada. – respondeu de forma séria. – Eu só não quero me machucar, nem mesmo quero insistir em um relacionamento que-...

– Se você disser que o relacionamento de vocês está fadado ao fracasso, eu juro por tudo o que me é sagrado que eu vou te bater Yang Hongseok! – ela disse elevando um pouco sua voz. – Seu namoro com Jinho nunca esteve fadado ao fracasso, nem mesmo esteve perto disso. Ele sempre te amou, sempre cuidou de você e sempre soube te respeitar mesmo que você fosse...

– Fosse o que? – Hongseok indagou encarando a mãe. – Fala. Pode falar... Eu nunca te vi admitir isso mesmo.

E ali estava mais um dos problemas na vida de Yang Hongseok, a negação ou a não concordância de seus pais com suas condições. Ele sabia que seu pai o ajudava com suas dificuldades, mas isso não significava que ele aceitava o fato de que o filho era cego. Nunca, em nenhum momento de sua vida familiar, Hongseok viu sua mãe lhe dirigir aquela palavra. Nem mesmo quando estavam conversando com especialistas, com os professores particulares ou com a diretora da escola em Seul, a senhora Yang utilizava palavras sinônimas ou até mesmo aquelas que omitiam as verdadeiras condições de seu filho.

“Hongseok tem problemas de saúde então pedimos que tenham cuidado com ele.”

“Meu filho possui uma pequena deficiência e preciso que certos cuidados sejam tomados.”

– Hongseok...

– Mãe, eu sou cego, para cores, mas sou. Você nunca aceitou isso, nunca admitiu que seu filho fosse assim... – sorriu de forma triste. – Eu me lembro da sua cara quando eu falei daquela flor, eu me lembro de como você chorou quando soube o diagnóstico, eu me lembro de casa mísero detalhe do que aconteceu depois que o médico deu aquelas benditas indicações... Porque acha que sempre prezei algumas recordações mais do que outras?

– O que você queria que eu dissesse? – ela perdeu um pouco de sua compostura. – Que eu espalhasse para os quatro cantos do mundo que meu filho é cego? Que ele nunca poderia viver uma vida normal? Que eu teria que praticamente viver em prol do único filho que pude ter?!

– Sim, eu queria isso porque você é minha mãe! – Hongseok gritou assustando a mais velha. – Por não ter apoio e carinho em casa, eu me foquei e me dediquei ao único que soube dar essas coisas para mim. Era uma coisa absurda porque ele me protegia excessivamente? Era, mas Jo Jinho sabia me amar e cuidar de mim de uma forma que ninguém soube cuidar!

– Hongseok...

– O que você realmente quer? – ele indagou de forma séria.

– Quero que você volte para a casa de Jinho, ele precisa de você mais do que nós. – a mulher disse antes de caminhar até a porta. – Você mesmo disse que ele se importa mais com você do que a gente.

Hongseok suspirou antes de ver sua mãe bater a porta com força, ele encarou a escrivaninha e viu um pequeno envelope em cima de sua mesa. Sabia que aquilo era ajuda financeira, sabia que seus pais estavam lhe dando uma escolha, mas ele não sabia o que fazer. Se voltava ou se ficava. Eram seus pais, era a sua vida ali ou o que restava dela. Não poderia deixar tudo para trás ao mesmo tempo em que era tudo o que queria naquele momento, Hongseok estava de mãos atadas. Suspirou novamente e encarou o envelope, ergueu-se de onde estava e o pegou. O envelope tinha um volume considerável e, por isso, Hongseok se perguntou o quanto tinha ali dentro. Ouviu passos e ergueu o olhar, seu pai apareceu na porta com um pequeno sorriso no rosto.

O senhor Yang tinha essa pequena mania de sempre saber quando o filho precisava de algo, dos dois, Yang Byungho era o que poucos conseguiam chamar de pai presente. Ele aproximou-se do filho e colocou o pequeno envelope em cima da escrivaninha.

– Eu ouvi a discussão, não queria, mas ouvi. – ele suspirou de forma derrotada. – Eu sei que é difícil Hongseok, de verdade, mas também sei que longe um do outro vocês não podem ficar.

– Como pode ter tanta certeza disso? – o mais novo indagou.

– Eu conversei com seus amigos, eles receberam uma carta de Jinho e ele disse nessa carta que tinha se lembrado de você. – informou vendo os olhos do rapaz se arregalarem. – Eu não sei o que houve depois disso, mas Seungwoo me ligou dizendo que você precisa voltar e, sinceramente, pelo bem de vocês dois eu espero que você volte.

– Pai-...

– A perca de memória do Jinho era o pontapé que faltava para vocês finalmente estipularem limites a esse relacionamento, para construírem suas próprias pontes e quebrarem barreiras. – os olhos do senhor Yang lacrimejaram. – Anos atrás eu desisti de alguém muito importante porque meus pais não me apoiaram, não estou dizendo que não sou feliz com a sua mãe. Eu sou. Mas, eu fui fraco de uma forma que não quero que você seja...

Hongseok encarou seu pai e depois abaixou o olhar para o chão, por um momento ele analisou a situação por fora.

Analisou seu relacionamento com Jinho antes do acidente, analisou o período na casa de seus pais onde tiveram um pouco de paz, analisou a discussão desnecessária no carro. Analisou o depois, analisou o que sentiu, analisou as palavras e atitudes de seus amigos, analisou onde a situação estava agora e acabou sorrindo de canto. Sua mente o recordou de todos os motivos que o fariam amar Jo Jinho cada dia mais e mais, não era só a gratidão ou o companheirismo. Era o cuidado, o carinho, as brigas que na maioria das vezes terminavam com pedidos sinceros de desculpa. Eram as palavras sussurradas, os olhares cheios de sentimentos, as pequenas coisas que faziam o coração de Hongseok acelerar de uma forma quase impossível de ser verdade.

O Yang encarou seu pai antes de sorrir abertamente, abraçou o mais velho e sussurrou no ouvido dele a sua decisão.

O mais velho sorriu, fez um carinho nas costas do filho e se afastou dele. Ficou ali no quarto, observando o rapaz arrumar as malas, sorrindo e realmente feliz. Quando as malas estavam todas prontas e organizadas, Hongseok encarou o pai e sorriu. Abraçou o mais velho e pela primeira vez em anos agradeceu por tudo, largou o seu orgulho e a forma egoísta com a qual agia para finalmente ser um filho que reconhecia os esforços de seus progenitores quando o assunto era a sua saúde. O Yang mais novo desceu as escadas carregando as malas, encontrou sua mãe sentada em uma das cadeiras da cozinha enquanto o olhar estava fixo em uma xícara de chá.

Hongseok chamou a atenção da mais velha e viu a forma magoada com a qual ela lhe encarou, o rapaz aproximou-se e a abraçou. Deixou um beijo na testa dela e sorriu, encarou a janela e pediu seu pai para fechar as cortinas. Assim que a cozinha atingiu uma iluminação considerada agradável, Hongseok tirou seus óculos e encarou a mãe.

– Obrigado. – ele sussurrou de forma doce. – Por tudo.

– O que...?

– Você cuidou de mim, me deu amor e carinho mesmo que não gostasse da ideia de ter um filho com problemas de saúde. – tocou o rosto da mais velha beijou a testa dela. – Obrigado por tudo mesmo.

A mais velha sorriu antes de deixar algumas lagrimas escorrerem, seu filho havia crescido e a maior prova estava ali diante dos seus olhos. Ela despediu-se do filho com a promessa de visita-lo sempre que possível, beijou os lábios do marido e viu os dois saindo de casa em direção a Seul.

 

Hyuna estava passeando pelo pequeno bloco quando viu o carro parado na frente da casa de Jinho, aproximou-se devagar e viu o pai de Hongseok adentrando no automóvel e saindo de forma lenta. Hyuna caminhou até a casa e arregalou os olhos ao ver Hongseok colocando as malas no chão da sala, olhando ao redor de forma cuidadosa e atenciosa.

– Hongseok? – ela chamou de forma confusa, o rapaz se virou e ela sentiu o coração acelerar de felicidade. – Meu Deus, eu não acredito que é mesmo você! Onde esteve? Como está?

– Calma, calma. – sorriu para a mais velha. – Eu estava com meus pais e sim, eu estou bem.

– Eu posso falar com você? – ela indagou de forma nervosa.

– Pode. – apontou para o sofá e depois fechou a porta. – Sobre o que seria?

– Sobre tudo o que aconteceu. – ela sentou-se e esperou que o rapaz se sentasse no sofá, quando Hongseok o fez, Hyuna prosseguiu. – Eu sei que errei muito com você, que demonstrei apoiar todo o relacionamento, que te protegi no hospital e que no fim de tudo me voltei contra você. – ela encarou suas mãos. – Eu te levei até Daejeon, te deixei lá e saí sem olhar para trás. Sem me despedir, sem me arrepender no momento.

Ela ergueu o olhar para o mais novo e sorriu de forma triste.

– Semanas depois eu estava morrendo de remorso, tentando voltar atrás, mas não conseguia. Eu não tinha coragem e nem mesmo conseguiria. – a primeira lágrima escorreu. – Eu fui o seu maior apoio quando as coisas deram errado no relacionamento e deveria continuar com isso, mas não o fiz. Eu cedi as palavras de Hwitaek e deixei que a emoção sobrepusesse a minha razão, eu não pensei nas consequências de meus atos, não me lembrei da sua doença...

– Você só queria, de alguma forma, colocar seus sentimentos para fora.

– Isso não justifica nada. – ela suspirou de forma trêmula. – Assim como Yan An que simplesmente jogou toda a culpa e a raiva que ele tinha acumulado em você, eu fiz isso antes quando te deixei naquela casa e continuei fazendo isso quando não contei a verdade ao Jinho sobre tudo o que eu sabia. – encarou o Yang de forma arrependida. – Eu me escondi nas sombras dos meus atos e continuei fazendo isso quando você voltou, me perdoe.

Hongseok suspirou.

Teoricamente perdoar era a coisa mais fácil do mundo, mas na prática era muito mais complicado. Ele encarou suas mãos e depois a mais velha, tentando de alguma forma encontrar a força que ele queria para tentar seguir adiante. Encarou Hyuna mais uma vez, via o arrependimento, via a dor no olhar dela. Via naquele olhar a sinceridade de quem realmente estava arrependida, Hongseok suspirou de forma triste e assentiu, se não perdoasse agora; não o faria nunca. Tocou a mão de Hyuna, sorriu para ela e murmurou um simples e singelo “está tudo bem” como resposta para o que lhe fora dito.

Seria difícil aceitar cada uma daquelas versões, seria difícil conviver com o sentimento de que ele poderia ter recusado cada uma daquelas palavras e ações.

Mas seu coração era bondoso demais para ficar quieto, para deixá-los convivendo com a culpa que alegavam sentir. Hongseok estava fazendo a sua parte, estava seguindo seu coração e deixando que as coisas ficassem tranquilas em seu interior. Se seus amigos estavam sendo sinceros ou não, já não era mais assunto seu. Era deles, era parte da consciência deles e não da sua ver se aquilo era aceitável ou não. Uma parte sua dizia que ele estava cedendo cedo demais, que estava se deixando levar por pouca coisa e poucas palavras.

O que acontecia de verdade era que ele estava cansado disso tudo, de toda essa confusão e de todo esse problema causado por pessoas se metendo em assuntos e problemas/dilemas que não lhes envolviam. Mas, ao mesmo tempo, se essas pessoas não tivessem enfiado seus narizes onde não eram chamados, nenhum deles estaria ali. Aquilo tudo não teria acontecido e hoje Hongseok não valorizaria tanto tudo o que Jinho fizera por ele.

Quando o acidente aconteceu, Hongseok chegou a crer que alguma entidade o queria longe de Jinho. Queria os dois separados. Mas depois de ver tudo o que aconteceu nos últimos dias, de ver os esforços de Jinho para se lembrar de momentos deles dois juntos, de ver o quanto seus amigos estavam tentando ajudar – mesmo que tenham duvidado no começo – e saber que todos se arrependiam; tornava tudo ainda mais turbulento na mente do Yang.

Mas ao mesmo tempo dava a ele a certeza de que, não importando quantas vezes o destino tentasse separar os dois, eles sempre voltariam.

Porque o lugar de Hongseok era ao lado de Jinho.

 

Hongseok andava sem camisa pela casa, segundo Hyuna; Jinho estava na casa dos pais e passava mais tempo lá do que no condomínio com os outros. Então o Yang tomou liberdade para simplesmente se vestir e ficar como queria, andava e conversava sozinho. Ouviu música, limpou os móveis da melhor forma que pôde e quando a noite caiu; ele simplesmente deixou as luzes em um tom agradável. Que não lhe incomodasse ou causasse dor.

O rapaz deitou no sofá e deixou que uma música qualquer tocasse de sua playlist, sentindo um sorriso surgir em seus lábios. Um fato engraçado sobre aquele grupo estava na qualidade em comum que todos tinham quando o assunto era música, uma vez, durante os poucos dias de paz que compartilhavam, Hwitaek sugeriu que gravassem uma das composições de Hyojong. Nesse dia todos descobriram que o até então estudante de música – o Kim trocou de curso meses depois – tinha como hobby escrever canções, Jinho, Wooseok e Yuto até mesmo o ajudavam quando não estavam ocupados e por isso aquela canção era realmente especial.

Falava sobre pensar sempre em alguém, sobre essa pessoa não sair de sua cabeça em nenhum momento do dia. Parecia muito com as coisas vividas pelos rapazes, cada um com seu relacionamento, amando a sua forma.

Hongseok sentia um sorriso alegre surgir em seus lábios era incrível a forma como aquela música conseguia ser nostálgica, mas ao mesmo tempo feliz. A harmonia nas vozes, a conexão dos raps, tudo se encaixava perfeitamente e de uma forma tão linda que o Yang quase chorou. Fechou seus olhos e acompanhou a música, deixando sua voz ganhar volume com o passar das notas. Não soube quando uma voz se juntou a sua, mas ao abrir os olhos ele soube que não estava sozinho.

Conhecia aquele timbre a quilômetros de distância e por isso deixou que um sorriso surgisse em seu rosto, sentou-se e encarou o Jo. O mais novo se levantou de onde estava sentado e sorrio de canto, Jinho o encarou com algumas lágrimas presas nos olhos enquanto um sorriso brincava em seus lábios.

A mochila que o mais velho carregava teve o chão como destino final, Jinho praticamente correu percorrendo a pouca distância que existia entre eles e pulou nos braços de Hongseok. O abraçando, encontrando seu conforto nos braços daquele que ele tinha certeza amar. Que apesar dos pesares, das perdas de memória, ele aprendera a respeitar e a valorizar. Arrependia-se imensamente por ter o tratado como um inválido, por ter agido como um egoísta e por ter privado o Yang de viver a vida que ele queria e precisava viver. Hongseok beijou o alto da cabeça alheia e sorriu, sentia naquele abraço que independente do que aconteceu no passado, eles eram um casal novamente agora.

– Eu senti tanto a sua falta. – Jinho confidenciou escondendo seu rosto no peito do mais alto. – Céus, onde você estava?

– Com os meus pais, em Daejeon. – disse vendo o outro o encarar. – Eles se mudaram, por isso ninguém conseguia me achar.

– Eu sinto muito por tudo o que aconteceu... – sussurrou de forma triste.

– Não precisa pedir desculpas, as coisas sempre acontecem por um motivo. – o Yang respondeu e viu o Jo o encarar curioso.

Jinho vinha pensando as mesmas coisas nos últimos dias, isso incluía não só o seu ponto de vista como o daqueles que lhe ajudavam com tudo o que ele passava. Ele sabia que sua vida não era perfeita e sabia que errara muito, mas também tinha certeza que amava Hongseok e por isso mantinha aquilo em mente. Independente do quão ruim ele fora antes, ele agora tentaria mudar. Seus princípios ainda eram os mesmos, mas seu ponto de vista estava diferente e por isso ele sabia que não poderia vacilar.

– Hongseok, eu não quero ficar sem você. – o Jo começou de forma calma. – Eu sei que tudo parece muito confuso nos últimos dias, que eu fui um idiota nos últimos anos, mas eu realmente queria que você soubesse que eu me lembrei.

Ouvir aquelas palavras dos lábios de Jinho era mil vezes melhor do que imaginar.

– Eu me lembro de cada mísero detalhe que fez com que eu me apaixonasse por você, me lembro de cada mísero momento onde ficamos juntos apesar dos pesares. – ele sorriu e depois tocou o rosto do mais alto. – Me lembrei de cada detalhe da sua vida comigo, da nossa vida juntos e sei que fui um péssimo namorado na maior parte do tempo. Não, eu sei o que estou dizendo. – cobriu a boca do outro com a sua mão quando ele ameaçou falar algo. – Eu vejo, por outro ponto de vista, o quanto eu estava errado em querer que você fosse normal quando na verdade nem eu agia assim com você. Ainda estou aqui, ainda sou eu, mas eu percebi nesse período que o errado era eu. Em não querer que as pessoas soubessem, mas ao mesmo tempo querer que elas adivinhassem o que se passava em minha mente. Por viver em uma indecisão sobre achar que conseguia lidar com tudo sozinho e ao mesmo tempo ter certeza que não conseguia, as consultas com o psicólogo não era sobre você; eram sobre mim.

O que Jinho queria dizer?

– Era o meu medo, a minha insegurança... – sorriu de canto e selou seus lábios com os do mais novo. – Eu não sabia o que acontecia aqui. – apontou para a sua cabeça. – Mas sempre entendi o que acontecia aqui...

Jinho levou a mão de Hongseok ao seu coração e viu um sorriso surgir nos lábios do mais novo, os olhos do mais velho continham lágrimas que ele se recusava a liberar. O Jo fez um carinho naquele rosto que tanto amava e sorriu de canto, queria tanto que o Yang entendesse o que acontecia no seu coração como ele mesmo entendia.

Hongseok sorriu antes de abraçar o mais velho, sorrindo como um idiota.

Ele estava com a sensação de que tudo estava de volta aos seus eixos, mesmo que houvesse ainda algumas coisas pendentes ou sem muita explicação; ele queria muito voltar a ter com Jinho o que sempre teve. E ele sabia que através daquele contato, estavam reatando muito mais do que apenas um relacionamento. Estavam reatando a cumplicidade, a intimidade, a amizade e, acima de tudo, o amor. O rapaz deixou um beijo no alto da cabeça alheia, depois na bochecha e por ultimo encarou os lábios do mais velho antes de junta-los aos seus. Um beijo cheio de sentimentos, de demonstrações de carinho.

De amor.

Um beijo cheio de Hongseok e Jinho.


Notas Finais


E aí, gostaram?
Espero que sim. Comentem o que acharam.

Obrigada a todos os que estão lendo e os que chegaram agora também.

Kyusses.


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...