Planejava passar toda a viagem ouvindo música, assistindo filme e dormindo, porém, as coisas não saíram como o planejado, para variar um pouco.
Havia conseguido um lugar na janela, como eu gosto, e minha vizinha de assento era uma senhora coreana. Achei que ela não fosse conversar comigo, uma vez que a cultura deles é mais fechada, mas me enganei feio. Moral da história: não julgue as pessoas baseado em aparência e em nacionalidade. No tempo em que conversamos ela me contou toda sua vida, e eu como boa ouvinte, dei-lhe minha atenção.
Ela comentou comigo que havia morado no Brasil por mais de 10 anos. Ela havia se mudado graças ao emprego do marido. E estava voltando, uma vez que seu marido havia falecido ano passado e seus filhos moravam na Coréia. Era uma senhora muito simpática.
Quando comentei com ela o fato de estar indo morar na Coréia a mesma me deu um papel com seu número de celular anotado, caso eu precisasse de alguma coisa. De acordo com suas palavras, ela sabia como era ser “a estrangeira” e disse que ajuda ter alguém com quem você possa contar. E como eu parecia ser uma garota muito educada, eu poderia procura-la em caso de necessidade, ou quando apenas quisesse conversar. Uma viagem de quase 24 horas realmente une as pessoas, é impressionante.
Depois que o avião já havia pousado e eu já havia pego minhas malas, lembrei-me de algo crucial. Eu esqueci de perguntar o nome dela! Procuro por ela na área de desembarque e visualizo a mesma do outro lado da sala, corro até ela antes que vá embora.
- Senhora! – Chamo-lhe. Ela se vira em minha direção e abre um sorrisinho.
- Filho essa é a garota de quem estava lhe falando. – Ela fala com um homem que provavelmente havia ido busca-la, e que eu só percebi a existência agora, quando consigo alcança-la.
- Oi, meu nome é Oh Chunghee. – Ele me cumprimenta, surpreendentemente na minha língua e estende sua mão.
- Prazer em conhece-lo, me chamo S/n. – Ele sorri para mim, e vejo suas bochechas ficarem vermelhinhas quando aperto sua mão.
- Aconteceu alguma coisa, querida? – A senhora me pergunta. Provavelmente estranhando o fato de eu ter corrido até ela.
- Ah sim, quer dizer, não, não aconteceu nada. – Me enrolo ao falar. - Só esqueci de perguntar seu nome. – Sorrio para ela, vendo o filho dela rir de mim disfarçadamente, nem parece que ele ficou vermelho segundos atrás por simplesmente apertar a mão de uma desconhecida.
- Oh, você correu até aqui por isso? – Ela parece surpresa.
- Bom, sabe como é..... Nós conversamos por tanto tempo, e eu nem perguntei seu nome... – Digo constrangida.
- Ela não é uma gracinha filho? Vocês têm a mesma idade, isso não é ótimo?! – A senhora fala com ele, fazendo com que nós dois fiquemos sem graça. Mas logo volta a sua atenção para mim. – Já que você correu até aqui por isso, meu nome é Oh Chinsun. Agora eu preciso ir, já não tenho idade para ficar tanto tempo fora de casa, preciso descansar. – Ela diz.
- Ah sim, claro, foi um prazer conhecer você, senhora Oh. – Digo me despedindo dela. – Você também, Chunghee.
- Ora essa, não precisa de toda essa formalidade, pode me chamar pelo meu primeiro nome! – Ela me corrige, com muito bom humor. – E não se esqueça que você pode entrar em contato quando quiser. – Ela me deu uma piscadela. – Até mais querida! – Ela acena e se vira, se distanciando.
- Tchau, foi um prazer te conhecer, S/n. – Ele se curva e segue a mãe, que já estava perto da saída do aeroporto.
Depois que eles foram embora, me dirijo para o lado de fora do aeroporto, procurando a minha amiga, que havia dito que viria me buscar, mas que até agora não apareceu.
Assim que piso na área externa do aeroporto vejo Aly com o corpo projetado para fora do carro pelo teto solar, segurando um cartaz enorme e extremamente colorido com os dizeres:
“Bem-vinda de volta, S/n!!”
Como se só isso não bastasse, ela começa a gritar meu nome assim que me vê. Várias pessoas que estão passando olham em nossa direção, rindo. Ela realmente sabe como fazer uma entrada.
Sigo até o carro e ela desaparece, voltando para dentro do carro. Assim que paro ao lado da porta, ela se abre e minha amiga pula em cima de mim me sufocando com seu abraço.
- S/n! Nem acredito que você está aqui de novo! Ah, como eu senti sua falta! Nunca mais me abandone, ouviu?! Você está aqui! Realmente aqui! Eu consigo encostar em você! – Ela ri enquanto aperta os braços ao meu redor.
- Eu sei! Eu sei! Mas eu preciso de um pouco de ar aqui! – Digo, e ela me solta, mas logo volta a me abraçar, dessa vez com menos força.
- Desculpa, acho que me empolguei um pouco...
- Relaxa, eu também estou muito feliz em te ver! – Olho atentamente para minha amiga e deixo uma exclamação escapar. – Seu cabelo está maravilhoso! – Falo, segurando seus ombros.
Na última vez que havia visto minha amiga seus cabelos eram castanhos e compridos. A pessoa a minha frente, no entanto, tinha cabelos loiros com mechas cor de rosa e curtos, uma mudança e tanto.
- Gostou? – Ela pergunta balançando a cabeça fazendo seu cabelo acompanhar o movimento.
- Está maravilhoso! Combina perfeitamente com a sua personalidade! Mas de onde você tirou coragem pra mudar tanto? – Pergunto.
- Ah, sabe como é..... Sei lá, eu sempre tive vontade de fazer alguma coisa assim. – Ela ri, me fazendo acompanha-la. – E eu convivo tanto com idols que acabei por me deixar influenciar. Acabei acostumando com tanta gente de cabelo colorido ao meu redor, se tornou até que natural. Quem sabe, agora que você vai trabalhar lá na empresa, você também não se deixa contagiar pelo “vírus do cabelo colorido”? – Ela faz aspas com as mãos enquanto fala.
- Entendi, mas acho pouco provável que eu mude meu visual tão radicalmente. Não se esqueça que eu sou da parte administrativa da empresa. Tenho que manter a seriedade. – Brinco, arrumando meu casaco como se fosse um terninho. O que arranca uma gargalhada da minha acompanhante.
- Vamos ver... – Aly fala, esfregando as mãos e com a cara de alguém bolando um plano maquiavélico. Dessa vez quem ri sou eu. – E então, vamos andando, ou você quer passar o resto do dia aqui no estacionamento do aeroporto? – Ela pergunta. E eu nego. – Então entra logo ai!
Ao seu comando entramos no carro e ela dá a partida. Pouco tempo depois já estamos à caminho da minha nova casa.
- E aí, tá animada pra conhecer sua casa?
- Você não tem ideia! – Respondo. – Nem dormi direito pensando em tudo que está acontecendo.
- Ah que fofa! Você vai ver, seu apartamento é uma gracinha! – Aly já havia ido até meu apartamento para receber os móveis e arrumar as coisas para quando eu chegasse. Eu tenho a melhor amiga do mundo ou não? É óbvio que sim!
- Ah, eu quero chegar logo lá pra ver como é! – Falo, não conseguindo conter a ansiedade.
- Calma mocinha, temos uma hora mais ou menos até chegarmos lá. – Ela tenta controlar minha agitação. – E quanto ao trabalho, deu uma estudada no material que eu te mandei? – Ela me pergunta, mudando de assunto.
Assim que fiquei sabendo da vaga pedi para Aly me ajudar a recolher algumas informações sobre a empresa e os artistas, para ficar bem informada caso eles entrassem em contato e fizessem perguntas. Porém, ela só se lembrou do meu pedido depois que já havia sido aceita, ou seja, semana passada.
- Eu li tudo, e até pesquisei algumas músicas dos artistas. Até que eles são bons... – Falo, lembrando da minha pesquisa.
- Bons?! Eles são incríveis! E são uns amores também. Sério, não tem como não gostar desses meninos! – Ela parece ser realmente fã deles, é fofo ver ela falando deles.
- Talvez por que você conhece eles pessoalmente você tenha essa visão... eu não conheço eles, então pra mim eles são apenas pessoas talentosas que fazem boa música. – Dei de ombros. Depois de tudo que passei, quando voltei para o Brasil, me afastei um pouco da cultura coreana. Não conhecia os novos grupos de kpop, nem suas músicas. As únicas coisas que continuei a usufruir foram os doramas.
- Você vai ver, daqui uns meses você vai estar apaixonada por eles e com o cabelo colorido! Essa é a previsão do futuro feita pela grande e magnífica Alisha! – Ela fala forçando a voz para que soe como um apresentador de circo.
Passamos o resto do caminho até minha nova casa conversando sobre o que fizemos nesse tempo que estive fora, e sobre o que me aguarda na minha nova vida. Mal posso esperar para começar a trabalhar! Big Hit, me aguarde que eu estou chegando!
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