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História Remember me - Quando o sol raiar


Escrita por: Carol-ine-VN

Capítulo 11 - Quando o sol raiar


Chat Noir observava Marinette dormir, se sentia um verdadeiro stalker por tal ação, mas ele simplesmente não podia resistir. A azulada parecia um anjo dormindo. Talvez fosse por isso que passara doze dias apenas observando de forma zelosa à noite, por isso, e também pela sua covardia. Queria adiar o inferno que enfrentam o máximo que pudesse, mas é claro que isso não adiantaria para sempre.

Naquele momento, o felino se sentia dopado, era impressionante que mesmo depois do que acontecera na noite anterior uma simples ação de Marinette como dormir, poderia deixar sua mente inebriada e fazê-lo não pensar em mais nada. Aquele era o famoso efeito da Dupain-Cheng sobre ele.

O que às vezes era algo horrível para ele, sempre entregue a ela, bastava a garota piscar seus olhos azuis como se você fosse a pessoa mais inocente do mundo que ele ficava aos pés dela.

E mais uma vez, ele se encontrava naquele ciclo, mesmo que a mestiça no momento, não estivesse fazendo nada. Já era tarde demais para ele, havia caído nas garras daquela joaninha e não havia mais saída.

Não pode evitar de levar suas garras até as madeixas dela e lhe fazer um leve cafuné.

Estava no paraíso ali perto dela, mas infelizmente a realidade o chamava e ele tinha que ir embora.

Tentou se soltar da mestiça que usava seu peitoral como travesseiro, se levantou devagar tentando não acordá-la. E quando se soltou a fitou novamente. Não queria ir embora, pelo menos não sem se despedir.

Ficou um tempo ali a analisando, cada segundo que possuíam era precioso ele não tinha mais nada a perder. Se abaixou um pouco e beijou a testa dela de forma afetuosa e lenta.

– Até mais, Princesa. – Ele murmurou. – Eu te amo...

Se afastou lentamente e se encaminhou rumo à janela, parou na frente dela e deu um suspiro.

Rezava a cada instante para as coisas voltarem ao normal e ele pudesse ficar com ela, mas suas esperanças se acabavam a cada dia que se passava. E se ele não fosse a pessoa que deveria cuidar dela no final, apenas esperava que ela fosse feliz. Mesmo que fosse sem ele.

Logo ele não passaria de uma lembrança vaga, a qual ela jamais se recordaria.

Saltou em direção aos telhados enquanto o sol nascia no horizonte, correu o mais rápido que podia. Apostando uma espécie de corrida contra o astro a qual ele teve o maior prazer de perder.

Parou bruscamente vendo os raios de sol que iluminavam aos poucos cada canto de Paris. Deixou os ombros caírem e ficou a admirar o céu.

Pela primeira vez, desde que aquilo aconteceu com ele, se sentiu em paz.

O sol brilhava com intensidade, fazendo nascer outro dia. E então, parado no mesmo lugar pensou que a ideia de sumir já não parecia ser tão apavorante, e ali, encontrou conforto nos braços da incerteza.


(...)


Marinette formava e desmanchava seu sorriso numa frequência irritante. E pela décima vez naquela manhã, Alya revirou os olhos pela a azulada não lhe dar nenhum motivo para tal ação.

A ruiva, sem paciência alguma, segurou firme os ombros da amiga e lhe chacoalhou para frente e para trás. 

– Por que está fazendo isso, garota?! Já estou cansada de te ver felizinha e depois depressiva sem explicações.

Alya continuou a segurar a mestiça pelos ombros e a encarar em busca de respostas. A azulada passou o peso de seu corpo para o pé esquerdo e deu um sorriso amarelo. 

– TPM? – Falou em sua melhor cena. Infelizmente, Marinette era uma péssima atriz e Alya um radar ambulante de mentiras.

A ruiva deu um bufo de raiva e soltou a amiga para poder cruzar os braços sob o peito. 

– Pare de mentir! Reconheço seu sorriso falso a quilômetros de distância.

– Eu não estou mentindo Alya. Confia em mim! 

Alya deu outro bufo, sabia que a mestiça estava a enrolando, porém decidiu deixar isso de lado. Se Marinette não queria contar deveria ter alguma causa. 

Marinette suspirou. Em seu interior ocorria uma luta entre contar sua dúvida a melhor amiga ou ignorar aquele fato que a atormentava desde manhã cedo.

A blogueira não era o tipo de pessoa que pedia conselhos, era a do tipo que os dava. Contudo, sua incerteza a matava por dentro, ela era uma curiosa nata.

– O que foi? – A mestiça falou suavemente. Alya estava esquisita.

A blogueira permaneceu em silêncio durante alguns segundos, ponderando se contava seu problema ou não.

– Já teve a impressão de ter esquecido algo muito, muito importante mesmo? 

Um arrepio passou pela espinha da de olhos azuis e ela se petrificou no mesmo lugar. Por instantes, pensara ter sido descoberta. Mas tirou esse pensamento da cabeça ao notar o semblante da morena.

Marinette assentiu vagarosamente e lhe perguntou o por que de tal indagação.

– Acho que esqueci algo.

– Tipo o que?

Alya negou com a cabeça. – Eu não sei. 

Marinette franziu a cara, Alya não era do tipo que se esquecia de algo. – Talvez algo relacionado com uma pessoa?

Alya paralisou, e focou sua visão em um ponto fixo no chão. Talvez fosse isso o que ela esquecera. Deu de ombros se sentindo tensa, rezava a Deus para lhe ajudar a encontrar respostas logo ou não descansaria até achá-las.

– Acho que faria sentido. – A morena suspirou. 

Ambas ergueram o olhar para as escadas, no topo delas Nino chamava Alya. Provavelmente queria aproveitar o restante do intervalo ao lado da namorada.

– Quer ficar com a gente? 

– E segurar vela? – Marinette sorriu de lado. – Nem pensar. Vai lá, vocês merecem um tempo juntos.

– Obrigada, Mari. – Alya saiu correndo em direção ao namorado. – Prometo te recompensar depois!

Marinette deu uma pequena risada. E em seguida, sentiu seu estômago se revirar com fome. Decidiu andar até o refeitório.

Conforme andava, sentiu seus passos pesarem. Suas pernas pareciam ter virado chumbo. Levantou sua cabeça para chamar ajuda, mas surpreendentemente não encontrou ninguém.

A escola estava deserta. Todos os alunos e professores haviam desaparecido. As luzes estavam apagadas, deixando o corredor escuro e assustador. 

Marinette sentiu o coração palpitar. Aquilo não era normal. – Oi? Tem alguém aqui? – Ela gritou para os corredores vazios.

Ouviu uma movimentação dentro da sala de artes, ela estava com a porta entreaberta. Engoliu em seco e caminhou até ela.

Parou cerca de dois metros longe dela. Quando a movimentação pareceu piorar. Olhou para o vão da porta, queria ver o que se mexia lá dentro.

Sua espinha gelou ao notar sangue escorrendo. Aos poucos o vermelho formava uma poça embaixo da porta.

Queria andar até lá. Talvez alguém precisasse de ajuda… mas seu corpo estava paralisado de medo.

Subitamente, a movimentação parou. O único som que ouvia-se era do sangue pingando. Marinette permitiu andar mais um passo, mesmo que todos os seus instintos mandassem ela correr.

Ouviu a porta ranger, e aos poucos ela se abriu. De dentro saiu uma criatura de pele negra escamosa, olhos vermelhos e cruéis e com garras enormes que pingavam sangue.

Marinette sufocou um grito. O que era aquilo?! Não se permitiu pensar demais, pois a criatura rosnou e se aproximou dela.

Corra. Foi o único comando que seu cérebro deu. Suas pernas destravaram, e ela correu como nunca antes. A criatura grunhiu de forma animalesca atrás dela, e a mestiça tremeu. Seu coração batia acelerado. Não queria morrer.

Marinette olhou para trás, aquele bicho estava perto, e cada vez se aproximava mais. Seu corpo colidiu com o de alguém.

– Se acalme. Está tudo bem. – Alguém sussurrou ternamente.  E ela finalmente olhou para frente. – Ele não é real. 

Sentiu um alívio enorme ao ver Chat Noir em sua frente. O abraçou com força. E seus músculos todos tremerem. Finalmente olhou à sua volta, estava dentro da sala de artes e do lado de fora, os alunos moviam-se de um lado para o outro.

Sua mente estalou ao perceber o que havia ocorrido. Era outra alucinação. Tudo estava normal como sempre era.

– O que era aquela coisa? – Ele tremeu e abraçou-o com mais força.

Chat Noir passou uma madeixa de seu cabelo para trás de sua orelha. Era um ato afeto, mas também de reconforto. Os olhos verdes se escureceram.

– Criaturas das sombras… – Ele sussurrou. – Mas se quer um conselho, não faça questão de se lembrar dessas coisas. 


(...)


Nathalie perambulava de um lado para o outro, parecia que teria um colapso nervoso a qualquer instante, estava apreensiva.

Desde que Emilie contara a ela como fora o encontro com Marianne, a mulher não conseguia sossegar. Esperava ansiosa pela ligação que a Lenoir ficou de dar. Mas até o momento nada.

Suspirou frustrada e se descabelou um pouco, antes de abrir a porta e entrar no cômodo.

– Nathalie! – Emilie se levantou do chão. – Recebeu a ligação?

A Sancoeur sacudiu a cabeça em negação, o que fez a loira voltar a se sentar no chão e suspirar.

Emilie Agreste não saía do quarto para mais nada, apenas ficava ansiosa e matutava pensamentos o tempo todo.

E além de não sentir vontade alguma de fazer algo, também se trancou ali pelo o bem de seu plano.

Seria incrivelmente estranho sair do quarto de uma hora para a outra. Então, ficaria ali, usando todo o seu dom da atuação para ajudar seu filho. Gabriel não poderia nem desconfiar que as duas tramavam contra ele.

– Trouxe seu café. 

Nathalie depositou  uma bandeja ao lado da atriz.

– Obrigada...

A loira se ajeitou melhor no lugar e bebeu um gole do café com leite contido na xícara. – Acha que ele já se deu conta?

A secretária mudou o peso do pé para o outro de forma desconfortável. – Creio que ainda não, o senhor Agreste já teria feito uma anarquia se desconfiasse que os brincos sumiram.

A atriz assentiu voltando a tomar um pouco mais do líquido fumegante, e então, ela suspirou.

– A culpa é minha, não é? – murmurou fitando o chão.

A Sancouer franziu a cara e se aproximou da loira se sentando ao lado dela. – Culpa de que?

– Se eu não tivesse usado o miraculous nada disso teria acontecido. Gabriel não se tornaria Hawk Moth e Adrien não teria sumido. 

A loira encarou o chão, se sentia envergonhada e triste. Emilie sempre prezara por sua autoestima, mas agora apenas possuía nojo de si mesma.

– Emilie isso não é verdade, você foi uma heroína. Se sacrificou por um bem maior. Fez o certo. – Declarou e também se pôs a analisar o piso. – Se tem alguém culpada nessa história, esse alguém sou eu. Eu o ajudei Emilie, fiz sem me importar com o preço.

– Não diga isso. Se a culpa não foi minha, ela também não pode ser sua.

– Mas, isso não faz sentido. – Disse a Sancoeur.

– De fato, não faz. Mas quem falou que precisa?

– Acho que não estou entendendo a senhora.

A loira deu um sorriso pequeno. Não tinha mais nada a falar, mas via uma fagulha de amizade aparecendo entre as duas. E isso de certa forma, era reconfortante.

Resultava agora esperar. Esperar a ira de quem um dia amou chegar como um tsunami e devastar tudo que já foi um dia construído e rezar para encontrar uma solução, antes que se afogasse na tristeza.

E até lá, aquele par de olhos verdes continuaria observando as duas, sem ser notado. Um pequeno sorriso nasceu nos lábios dele, ao menos elas tinham uma a outra agora. 


(...)




Marinette ficou pensativa e assustada no restante do dia. Aquela manhã estava sendo aterrorizante. Ainda podia ouvir a respiração pesada daquele animal, até mesmo seu roçar de garras no chão. E especialmente, como foi sentir-se sendo caçada como uma presa fácil. Se Chat Noir não tivesse aparecido, provavelmente teria surtado mais ainda. 

O felino havia ido embora quando o sinal bateu terminando seu intervalo. Ela já estava mais calma e ele precisou sair para resolver algo, seja lá o que fosse. 

Além disso, também martelava constantemente o que Alya lhe dissera. A azulada já se sentia até mesmo acostumada ao fato de esquecer tudo, se antes já era assim agora muito mais.

Mas ver Alya esquecendo de algo que ela considerava de extremamente importante era novidade ao mesmo tempo aterrorizante. A ruiva possuía uma boa memória, colecionava fatos em sua mente para poder utilizá-los mais tarde. Ou seja, a ação da morena não fora nada  normal.

A mestiça passou as mãos pelos cabelos de forma frustrada, enlouqueceria de vez se ficasse dando importância a fatos sem sentido.

Se virou para trás apenas para observar a amiga. Ela e seu namorado - Nino estavam sentados um ao lado do outro. Felizmente o moreno se encontrava bem melhor, no momento os dois estavam abraçados compartilhando um fone de ouvido e respondendo os exercícios de química com o auxílio um do outro, claro, que com mais Alya ajudando Nino do que o oposto.

Os dois eram absurdamente fofos juntos, talvez fosse por isso que Marinette não se incomodasse tanto de trocar de lugar com Nino de vez em quando, os dois mereciam um momento de paz.

A azulada se virou novamente para a frente dessa vez tentando se focar nos próprios exercícios, assim poderia tentar manter a cabeça no lugar.

Ela leu e releu várias vezes e não entendia nada. Química para ela, parecia mais outro idioma do que cálculos. Deu um bufo descontente, a professora nem ao menos se encontrava na sala de aula para lhe tirar dúvidas.

– A resposta é a letra E.

A garota levantou a cabeça da mesa com uma cara de confusão. O som da voz vinha de seu lado, o que era muito estranho já que ninguém se sentava ali desde que Adrien desapareceu.

Olhou para sua direita, sem entender nada. E se surpreendeu ao ver Chat Noir sentado ao seu lado. Foi reconfortante vê-lo, ao menos com a presença dele as coisas eram mais leves. 

– O que?

O felino deu de ombros e a olhou com seus olhos verdes intensos. – A resposta da questão 1 é a letra E. 

Marinette ficou em silêncio, como se não acreditasse que ele estava ali, principalmente sentado naquele lugar. O loiro apenas deu um sorriso de lado.

– Que foi? – Ele falou em um tom descontraído. – Sou mais do que só um rostinho bonito.

– Não é isso! – Marinette exclamou. 

Alguns alunos ergueram a cabeça de suas atividades e a olharam. 

– Amiga, está falando com quem? – Alya fez uma careta. 

A mestiça enguliu em seco enquanto pensava em uma desculpa convincente. – A resposta da questão 1 não é a letra B! 

A ruiva a fitou de forma estranha, e depois negou com a cabeça. – Se você diz. – Murmurou voltando a se concentrar.

A mestiça suspirou e voltou a olhar para o lado. 

– O que está fazendo aqui? – Sussurrou. 

– Vim te ajudar nas atividades, sei que é terrível nessa matéria. Além disso, que tipo de amigo eu seria se te abandonasse depois do que aconteceu hoje?

Marinette ficou em silêncio. Ele tinha bons pontos. O felino apenas deixou isso de lado e ergueu as pernas em cima da classe.

– Folgado.

– Os gatos são assim Princesa. – Ele deu uma piscada. – Agora, vejamos a questão 2.

Marinette assentiu a contragosto e se ajeitou na mesa enquanto o loiro lhe explicava as atividades.

Tentou ao máximo não sentir nada ao ver o rapaz ocupando o lugar de Adrien, mas era impossível. Ninguém ousava sentar naquele lugar, quem ele pensava que era para fazer isso? 

Sentiu um embrulho no estômago. Lembrou-se de seu sonho com Adrien no parque, e aquilo gerou nostalgia. Sentia falta dele. E então pensou, se um dia, Adrien voltaria a ocupar aquela cadeira. 

Olhou para o felino de relance sem saber ao certo o que sentir sobre ele e nem sobre Adrien. E então, sentiu sua visão escurecer.








Notas Finais


Capítulo revisado.


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