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História Remendos -Fillie - Capítulo 18


Escrita por: MabelSousa

Notas do Autor


Boa leitura ❤️

Capítulo 63 - Capítulo 18


Millie 

-Você tem que entender que isso é o certo a se fazer. -Finn disse segurando minhas mãos.

Não sei o que era mais absurdo naquela história, o fato de Iris estar desaparecida ou Finn, que queria ir atrás dela.

Durante aqueles meses em que estávamos juntos boa parte deles foram angustiantes em lutas diárias para que nosso relacionamento desse certo e sempre que algo nos separava era por causa dela. Sempre ela. E agora quando tudo parecia ter sido resolvido Finn veio com uma bomba ainda maior como se tudo o que passamos não já tivesse sido o suficiente.

Ele me fitou com os olhos cheios de uma mistura entre dor e compaixão enquanto esperava uma resposta, mas como eu daria? Como aceitaria entrar outra vez no pesadelo que me custou tudo para sair?

Levantei do sofá onde estava sentada, tentando recuperar o fôlego que havia perdido depois de suas palavras. Entendia que ele se sentia culpado pelo que tinha feito com Iris no passado, sabia que ele estava fazendo aquilo como uma forma de tentar se redimir, como uma tentativa de buscar redenção por seus erros. Mesmo assim era algo além da minha capacidade de aceitação. Não éramos mais só eu e ele, teríamos um filho e tremi com a possibilidade de nos aproximarmos dela.

-Não acha que é demais me pedir uma coisa dessas? -Perguntei, o encarando.

Ele balançou a cabeça em concordância já prevendo minha reação.

-Tenho certeza que parece ser demais sim, acredite que eu não queria que isso acontecesse, mas já aconteceu e é minha responsabilidade tentar diminuir nem que seja um pouco o problema que eu causei. -Ele respondeu ainda sentado apoiando os cotovelos nos joelhos em uma posição que mostrava o quão determinado estava.

-Ela não vai aceitar ficar na casa do seu pai, você sabe, e aí? O que vai fazer? Trazê-la para cá? Para perto de mim e do meu filho? É isso o que você quer que eu aceite? -Perdi o controle do tom da minha voz e praticamente berrei com o horror que aquele pensamento me causou.

Ele cerrou os punhos e levantou indo na minha direção, não me contive e me afastei na mesma hora.

-Eu não traria ela para cá, de jeito nenhum, se ela não aceitar ficar com meu pai vou dar outro jeito. -Disse entredentes vendo a distância que coloquei entre nós.

-Você acha que pode consertar tudo Finn, mas não pode. Acha que vai ser o suficiente para ela conseguir a sua ajuda e pronto? Não, ela vai nos infernizar até conseguir nos separar de novo.

Ele me olhou esquisito e vi um lampejo de algo diferente em seus olhos, parecido com decepção.

-Ela acabou de perder os pais, não tem mais nada, nenhum dinheiro. Sabe-se lá onde está agora, fazendo o que para sobreviver e é com isso que você está preocupada? Com ela me separar de você? - me acusou.

O problema não foi o que ele disse, o que doeu foi a forma como ele estava me olhando, como se não me reconhecesse.

-Sim. Estou preocupada com isso. Eu posso ser egoísta o bastante para não querer que a pessoa que acabou com a minha vida tente outra vez? -Perguntei sem desviar o olhar por mais que aquilo doesse.

Ele respirou fundo, tentando se conter.

-Prometo que ela não tentará nada e se tentar mandarei ela ir embora. Você não precisa encontrar com ela, farei de tudo para deixá-la longe o máximo possível daqui. -Segurou os meus braços para me infundir segurança.

Uma parte de mim queria aceitar, queria ser boa o suficiente para esquecer e deixar a empatia pela situação horrível dela passar na frente, mas não podia, tinha aquele instinto protetor que não me deixava, que me obrigava a tentar me defender, defender ele também que foi algo que não consegui da primeira vez.

-Eu não vou encontrar com ela, mas e você? Como vou ficar aqui esperando sabendo que você estará com ela? E não minta para mim dizendo que não vai chegar perto dela por que ela vai te fazer se sentir cada vez mais culpado e isso vai te arrastar para ela. -Me soltei dele e virei de costas incapaz de olha-lo.

-Você ainda tem ciúmes? É isso? Acha que vou ficar com ela por que me sinto culpado? Será que depois de tudo ainda não confia em mim? -Perguntou com a voz distante e baixa, como se fosse doloroso pensar naquilo.

Para mim também era, especialmente quando sabia que não era confiança que faltava.

-Eu confio em você. -Disse com a voz clara. -So não confio nela.

-É temporário, daqui uns dias ou semanas estara tudo resolvido.

Inspirei o ar com cuidado, querendo mais do que tudo acreditar naquilo. Eu sabia como era perder os pais, os dois de um vez só e doia muito, sempre doia, mas pelomenos tive Paige como apoio, Iris não tinha ninguém e mesmo que ela não merecesse havia um resquício de pena em mim, embora o meu medo estivesse gritando muito mais alto.

-O que você vai fazer se eu disser que não? -Perguntei depois de uma pausa.

Ele me olhou confuso, surpreso pela minha pergunta, depois cruzou os braços frente ao peito.

-Ai eu não farei nada. Não vou comprometer nossa vida por causa disso, muito menos fazer algo que você não queira. Não de novo.

Foi um alívio momentaneo, por que naquele momento eu não tinha o que responder e ele pelomenos iria respeitar minha vontade, qualquer que fosse.

-Vou pensar. Prometo. -Falei. Decidida a realmente tentar chegar a uma conclusão embora minha vontade fosse de apenas dizer não.

-Está bem. Vem aqui. -Ele balançou a cabeça e abriu os braços.

Com menos relutancia sai do lugar e fui em direção aos seus braços onde me senti acolhida. Ele beijou o topo da minha cabeça e inalou meu perfume.

-Não vamos brigar por isso. -Disse enquanto me segurava. -Você quer tomar banho? Vou fazer nosso jantar.

-Sim, obrigada. -Levantei a cabeça e dei um beijo leve em seu queixo o fazendo sorrir fraco.

Depois sai e fui para o quarto me preparar para o jantar. Quando voltei uma mesa simples estava a minha espera, era macarrão com queijo, algo que ele sempre fazia quando eu estava aborrecida fugindo da dieta rígida que eu devia seguir por causa da gravidez.

Comi com vontade pois estava faminta mas o silêncio entre nós ainda era muito perturbador. Só depois que terminamos e fomos para a cama, ele me puxou para seu peito e afagou meus cabelos.

-Não quero que fique estranha comigo. -Disse com a voz levemente baixa, quase em um sussurro.

-Não estou estranha. -Olhei para ele. -Quer dizer, isso tudo mexeu um pouco comigo, só isso.

-Eu sei, mas, enquanto você pensa podemos agir normalmente?

-Acho que sim. -Respondi meio incerta.

Agir normalmente seria impossível vendo que eu não conseguia parar de pensar sobre aquilo. Finn suspirou e então beijou minha testa.

-Certo. Como foi a feira hoje?

Seu tom exalava uma falsa casualidade, mesmo que estivesse se esforçando para não soar assim.

-Foi um desastre. -Respondi ao me lembrar e de repente comecei a rir.

-O que foi? -Finn riu também, contagiado pela minha risada.

-Ah, estava tudo indo bem na medida do possível já que estamos em desvantagem as outras equipes, mas aí o Jacob esbarrou na mesa e derrubou uma de nossas maquetes que estavam em exposição. Foi um vexame, todo mundo olhou para nós.

-E você acha isso engraçado? -Perguntou levantando uma sobrancelha.

Eu ri ainda mais.

-Não hora fiquei com raiva, mas depois... Sei lá, foi engraçado, a cara que o Jake... Que o Jacob fez foi impagável. -Me corrigi ao lembrar que Finn odiava que eu o chamasse pelo apelido.

Ele percebeu e então balançou a cabeça com um sorriso.

-Voces vão perder pontos por causa disso.

-Não. Foi um acidente. E mesmo que eles descontem alguma coisa pra mim não faz diferença, já tenho nota suficiente, agora o Wilson é que ficou preocupado. -Dei de ombros.

Normalmente eu ficaria preocupada e irritada com aquela situação, mas era verdade que já não precisava mais tanto daquelas notas.

Finn assentiu, depois disse:

-E... Está tudo bem entre vocês? Entre você e o Jacob? -Sua voz soou receosa e eu pestanejei de surpresa com aquela pergunta.

-Não. Nem vai ficar, nunca mais.

Parei de encara-lo, voltando a deitar a cabeça em seu peito.

-Ele gosta de você, de verdade, agora eu sei disso.

-É? E por que agora? -Perguntei curiosa, mesmo que não tivesse com vontade de continuar com aquela conversa.

Finn fez uma pausa como se estivesse pensando e respondeu depois:

-Naquele dia que eu vi vocês dois no banheiro. A forma como estavam abraçados, como ele me olhou como se quisesse te proteger de mim.

Não havia raiva nem ciúmes em seu tom, o que foi um alivio, mas ele parecia pensativo.

-Eu tinha dito a ele que estava grávida. Não foi intencional, só... Eu precisava dizer pra alguém. -Fechei os olhos tentando de alguma forma dispersar aquele sentimento que voltou ao me lembrar.

-E preferiu dizer para ele primeiro do que pra mim. -Concluiu com a voz mais distante e afetada.

-Não. Não foi intencional como eu já disse. -Levantei a cabeça para encara-lo. -Isso não faz diferença, nós não vamos mais nos falar nem ser amigos. Acabou.

Estranhei a forma como respondi, como se não me importasse com aquilo. Passei tanto tempo tentando compreender e solucionar aquela situação que acho que minha mente simplesmente desistiu.

Finn não expressou nenhum contentamento, olhou para baixo por um momento depois voltou a me fitar.

-Ja imaginou como as coisas seriam hoje se você tivesse escolhido ficar com ele e não comigo?

-Eu não estaria grávida com certeza. -Foi a primeira coisa que pensei, depois ri, não era aquilo que ele queria ouvir mas estava disposta a não pensar naquele assunto demais.

-Isso não seria exatamente ruim pra você então. -Ele disse se ajustando para ficar mais sentado na cama.

-Não seria. -Hesitei, pensando que se eu não estivesse grávida a minha doença seria menos grave, balancei a cabeça depois sem querer aprofundar aquele pensamento. -Eu prefiro mil vezes estar grávida e doente, do que ter ficado com ele.

-Não diga uma coisa dessas. -Ele me calou com os dedos em meus lábios, parecendo transtornado.

-É verdade. Eu sei que poderia estar bem e saudável, mas se eu tivesse ficado com ele não teria engravidado e eu não me arrependo disso, não me arrependo do nosso filho, por isso prefiro as coisas como estão agora.

Finn assentiu parecendo compreender depois me puxou e beijou minha boca devagar.

-Isso é muito importante. -Disse sobre meus lábios. -E no final vai ter valido a pena eu prometo a você.

A profundidade com a qual nos olhamos me deixou emocionada, era basicamente tudo que eu precisava ouvir para me sentir mais confiante. Ele me abraçou em seguida e eu senti o trepidar contínuo do coração em meus ouvidos.

-E você.. teria ficado com a Iris? -Perguntei depois de mais um tempo em silêncio.

Finn se contraiu ao me ouvir e não demorou meio segundo para me responder.

-Não. Não teria. Mesmo que você não ficasse comigo eu não ia conseguir levar aquilo por mais tempo.

Foi bom ouvir aquilo especialmente sabendo que ela provavelmente iria voltar a nossa vida. Estava tentando pensar com clareza o suficiente para tomar aquela decisão pois não queria ser tão egoísta quanto me sentia. Finn e Iris nunca tiveram o que nós dois tivemos, não havia afeto nem carinho, simplesmente interesse, mas isso era o que eu pensava, de repente me dei conta de que nunca havia perguntado a ele.

-Você... Um dia, sei lá por menor que tenha sido, sentiu algo por ela?

E dessa vez ele hesitou, tentando compreender onde eu queria chegar, mas nem eu sabia.

-Nao Millie. Nunca. -Respondeu junto com uma lufada de ar. -Nem todos os momentos eram ruins por que.. bem, seria hipocrisia minha dizer que nós não nos dávamos bem, você sabe, fisicamente. -Desviou o olhar meio envergonhado.

Contive minha vontade de revirar os olhos ao imaginar os dois se pegando e apenas assenti para que continuasse.

-Enfim, fora isso nunca senti nada. Cada vez que olhava para ela sabia que estava ali por uma razão e acho que isso me impediu de desenvolver um sentimento. -Exalou de forma culpada.

Com aquilo eu finalmente entendi o que tanto o perturbava em relação a Iris, era culpa, não só por ter usado ela para alcançar Richard, mas também por que ele nunca conseguiu gostar dela, nem mesmo um pouco.

Sabia que provavelmente aquela decisão custaria tudo para mim outra vez, que voltaria ao pesadelo de meses atrás, mas também sabia que era o certo. Iris ainda era só uma garota jovem e um dia aprenderia com seus erros e talvez com tudo o que estava acontecendo ela finalmente começasse a entender.

-Por mim tudo bem você ir atrás dela. -Falei finalmente, meu peito pesou, mas ao mesmo tempo me senti mais leve.

Finn se surpreendeu e entreabriu os lábios para falar mas eu o parei.

-Só não faça nada amanhã. É seu aniversário e não quero ter que pensar em mais nada.

-Claro, eu concordo. -Ele me deu um breve sorriso aliviado. -Você é tão incrível sabia? Se for possível eu te amo ainda mais agora.

Sorri também e o beijei com calma.

-Eu também te amo.

Ficamos ali por um tempo que durou uma eterninade, pensei que terminaria o dia da pior forma possível, mas não, por que como sempre nós dávamos um jeito de resistir em meio ao caos. Problemas viriam, eram inevitáveis, mas sempre teríamos um ao outro e ninguém podeira mudar aquilo.

No dia seguinte acordamos tão tarde que nos atrasamos para sair de casa, assim, minhas felicitações de aniversário para Finn não passaram de um beijo rápido no carro antes de saltar para chegar a tempo na faculdade. Estava tranquila já que tentaria compensar mais tarde naquela noite em nossa viagem para Hillsboro, com a esperança de que fosse um bom jantar, que Finn se entendesse com o pai também.

Obviamente a culpa por não dizer a ele que Eric estava doente estava me corroendo, mas tinha que guardar aquele segredo já que não cabia a mim dize-lo. Tudo ocorreu bem na feira, como nos outros dias ficamos por último mas no final deu tudo certo e fui trabalhar até menos cansada do que nos outros dias.

Tive um trabalho dobrado ao encontrar pilhas e mais pilhas de plantas mal acabadas para revisar mas não me importei já que nos outros dias basicamente não fiz nada além de enrolar. Assim se seguiram as quatro horas no escritório com uma pausa rápida para um almoço simples com Lexi onde ela fez questão de me por a par das fofocas atuais da empresa. Entre aqueles assuntos nada animadores, de funcionários que se pegavam e quem era o mais bonito do setor ela me disse algo que chamou minha atenção.

-Pois é garota. Joseph está namorando a Sally. -Comentou de forma debochada enquanto olhava para os lados se certificando que ninguém nos ouviria.

Quase cupi o suco de volta no copo quando ouvi, incrédula tive que perguntar para ter certeza.

-A Sally? Nossa Sally?

Lexi riu da minha cara e então se aproximou de mim na mesa.

-Sim, parece que os dois já tinham um caso a tempos, mas a bomba estourou mesmo ontem quando ele voltou de viagem e um cara da recepção viu os dois de pegação dentro do carro dele.

Abri a boca em formato de "o" completamente em choque. A poucas semanas Joseph tinha se declarado para mim e não só isso, se ofereceu para assumir meu filho, e agora descubro que esse tempo todo ele estava com alguém. Não só alguém, mas minha segunda chefe.

-Voce o viu hoje? -Perguntei, por que eu não tinha visto.

-Não. Ele passou o dia na sala dele, se você não percebeu a Sally também não ficou o tempo todo com a gente, aposto que estavam transando. -Ela disse, fazendo um gesto como se fosse vomitar.

Eu também senti um embrulho no estômago, mas não pela mesma razão que ela. Não me incomodava saber que ele estava com Sally, mas sim a forma como mentiu para mim, se fez de inocente quando não era nada do que havia imaginado.

Será que ele falou de mim para ela?

Balancei a cabeça para não pensar naquele assunto.

-Eu.. tenho que ir. -Levantei da cadeira e deixei Sally sozinha com uma expressão confusa no rosto.

Peguei o caminho mais curto até o banheiro e assim que entrei corri até um box, me trancando dentro dele. O enjôo veio com força total e acabei vomitando tudo que havia comido.

Não pensei que saber disso me atingiria de forma tão negativa, não gostava de Joseph como ele dizia que gostava de mim, mas algo mudou naquele momento. Eu sempre o vi como uma pessoa direita, incapaz de fazer mal a alguém especialmente a mim que ele sempre tentou proteger, mas era uma farsa também, algo que fez talvez por maldade.

Depois de me recompor sai do banheiro de cabeça baixa e ironicamente esbarrei com a causa do meu mal estar de poucos minutos atrás.

-Cuidado, você não olha por onde anda? -Ele brincou, me segurando pelos braços me mantendo de pé.

O som de sua voz aumentou meu enjôo e quase tive que vomitar de novo.

-Estou bem. -Falei entredentes e me afastei para sair dali.

Não fui rápida o suficiente e ele me segurou.

-Ei, espera aí. O que foi? Fiz algo de errado?

Olhei para o rosto dele e me assustei ao ver vergões vermelhos que iam do meio da bochecha até o final do pescoço, junto com um olho inchado e meio roxo, o nariz estava vermelho com marcas finas de rachaduras nos lados. Ele se afastou ao perceber meu olhar vidrado nas marcas.

-Isso foi um acidente. -Sorriu para disfarçar.

Não. Não foi um acidente, eu sabia, e me lembrei de como ele estava quando o vi tentando se esconder na rua junto com os outros dois homens, ele já estava com as marcas antes?

-Não é da minha conta. -Respondi.

Ele franziu o cenho e largou meu braço.

-Ok, pode me dizer o que aconteceu pra você me tratar assim?

Respirei fundo tentando me conter para não gritar de raiva. Estávamos na frente do banheiro e não era o lugar mais seguro para termos aquela discussão.

-Podemos conversar na sua sala? -Pedi.

Ele balançou a cabeça.

-Por favor.

E fomos até o elevador privativo que dava direto no escritório dele. Eu sabia que deveria deixar aquilo de lado, afinal, eu o dispensei e não tinha direito de exigir explicações, mesmo assim fui, por que mais do que nunca precisava compreende-lo.

-Certo, agora você pode me dizer o que eu fiz ? -Perguntou ele quando entramos.

Joseph sentou do outro lado da mesa grande, me olhando daquela mesma forma de antes, e não como meu chefe.

-Você estava com a Sally, esse tempo todo. -Disparei dispensando me sentar na cadeira pois sentia que iria explodir.

-A Sally? -Ele pareceu confuso no primeiro momento, mas depois de uns segundos voltou atrás. -Aah.. a Sally. Como você sabe?

O tom despreocupado que ele usou aumentou ainda mais minha raiva.

-Não interessa. Você... Ficou com a minha irmã, depois disse que gostava de mim, me fez propostas absurdas e...

-Absurdas? Queria te ajudar. -Me interrompeu, aumentando o tom de voz.

-Me ajudar? Mentindo pra mim? O que iria fazer? Ficar comigo e com ela ao mesmo tempo?

Ele quis sorrir e então percebi meu erro, mas já era tarde demais.

-Está com ciúmes? -Me deu um sorriso impertigado e meio elétrico demais. 

-Não. Nenhum pouco. -Respondi seca. -Só não sabia que você era esse tipo de pessoa, achei que você fosse diferente.

Ele parou de sorrir e levantou da cadeira, dando a volta na mesa.

-Você não me conhece Millie. -Disse se aproximando com o rosto sério. -Então não pode me julgar.

Dei um passo para trás na defensiva, mas não desfiz nosso contato visual. Ele parecia ofendido, mas eu não acreditava mais.

-Só não entendo qual a necessidade de me enganar. Você sabia que eu estava mal e vulnerável e aproveitou aquele momento. O que queria de mim? -Minha voz tremeu me traindo.

Ele pestanejou e pegou minha mão.

-Isso. -Disse fazendo menção a minha aliança. -É isso que eu queria, mas você como sempre faz as escolhas erradas.

-Isso no seu rosto também parece efeito de escolhas erradas. -Rebati tirando minha mão de seu alcance.

Não iria começar a falar sobre mim quando eu não era o foco da conversa. Apesar da raiva a parte boa de mim estava preocupada com ele.

Ele riu sem graça depois caminhou pela sala.

-Isso é bobagem. Sou grande o suficiente para saber o que eu faço de errado e eu sofro as consequências disso. -Respondeu.

Eu não entendi, então apenas esperei que continuasse.

-Não menti quando falei que tinha sentimentos por você, fui sincero quando disse que queria ajudá-la e estava disposto a fazer tudo o que propus. O fato de eu ficar com outro alguem, como uma distração, não desmente nem apaga o que eu sinto. -Disse de costas para mim, encarando a grande janela da sala, onde deva para ver os prédios na parte de fora. -Ele pediu você em casamento, pelo que eu percebi.

-Sim. -Respondi.

Joseph levou as mãos aos ralos cabelos, arrastando-os para trás. De costas ele parecia três vezes maior, os braços largos mesmo cobertos pelo terno ainda eram exuberantes.

-Ele fez certo dessa vez. -Ponderou. -Imagino que já saibam o que aconteceu com os pais da Iris. -Mudou de assunto de repente.

Arregalei os olhos sendo pega de surpresa, apesar de que não deveria já que todo mundo em Portland, para não falar no país já deveria saber daquela tragédia.

-Sim, sabemos. Horrível não é? -Falei em um tom baixo ao lembrar.

Ele se virou para mim carregando a impassividade de sempre.

-Nem me fale. A Iris é uma víbora, mas ninguém merece isso, nem mesmo ela.

Assenti com a cabeça.

-O Finn vai ajudá-la. Quer dizer, a família dele vai, se encontrarem ela.

Pela expressão desdenhosa no rosto de Joseph me arrependi de ter falado aquilo.

-Santo Finn, defensor de garotas das quais ele mesmo destrói. Legal da parte dele. -Disse ironicamente.

-Sério? Você sempre tem que levar o assunto ate ele? -Resmunguei irritada.

Ele se aproximou levantando uma sobrancelha.

-Foi você que falou dele, aliás só estamos aqui por que você resolveu que tinha o direito de me pedir explicações mesmo depois de deixar bem claro que não quer nada comigo. -Disse a poucos centímetros do meu rosto. -O que quer em? Me deixar maluco?

Engoli em seco, envergonhada do meu comportamento sem explicação.

-Você tem razão. -Disse me afastando. -Isso está errado, você é meu chefe, estamos nos comportando como dois adolescentes.

Afastei meus cabelos para tras, me dando conta do absurdo que tinha chegado aquela conversa.

-Acho melhor eu sair daqui, da empresa. -Murmurei.

Ele me fuzilou com o olhar.

-Não. Você não pode. -Respondeu severamente.

-Você não pode me obrigar a trabalhar aqui. -Me afastei de seu olhar ameaçador. -Gosto do que eu faço e sou grata pela oportunidade mas isso entre você e eu está indo longe demais.

Minha cabeça pesou e eu fechei os olhos quando uma vertigem me atingiu.

-Não. Não está. Acabou, você vai casar com ele e eu vou te esquecer, não é isso o certo? Pronto, resolvido, você fica. -Ele disse com um tom irredutível.

Não entendia por que era tão importante para ele que eu ficasse ali, sabia que fazia um bom trabalho mas era dispensável, como qualquer outro estagiário.

Exalei o ar com força, me sentindo muito cansada de tudo aquilo. Ele nunca ia parar, mesmo que não insistisse em ficar comigo sempre tentaria me atingir querendo jogar me jogar contra o Finn. Eu precisava de um emprego, mas precisava mais ainda ter paz e ali eu não teria 

-Você está dificultando as coisas. O melhor é nos afastarmos. 

Foi quando tudo mudou, ele foi até a mesa rapidamente e jogou todo o conteúdo dela no chão com um grito de "você não vai estragar tudo", fazendo papéis voarem o computador se espatifar e o que me deixou completamente estarrecida: um recipiente de vidro quebrou espalhando uma quantidade absurda de pó branco que só depois, com horror e nojo me dei conta do que era. 


Notas Finais


Quem diria q o Joseph era cheirador ?? Kkkk

A trama tá só começando 🤐🤐

Até breve ❤️


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