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História Rendida - Luke Hemmings - 06. "Aqui ninguém funcionam com raptos"


Escrita por: theycallmeju

Capítulo 8 - 06. "Aqui ninguém funcionam com raptos"


As mãos dele são fortes e pesadas. Numa delas ele toma o meu queixo e mantem-no firme entre os seus dedos, enquanto que ao mesmo tempo parece que o faz explodir. Parece que mo vai arrancar. Empurro as minhas mãos, pequenas e finas, contra o seu peito numa tentativa de o afastar. Não tenho sucesso. Não consigo oferecer resistência suficiente para que ele me largue, para que me mande embora. Sinto-me desfalecer perto de desmaiar. Sinto-me perder as poucas forças que tenho e não o vejo minimamente preocupado com isso ou com o meu bem-estar. Como é que alguém consegue transparecer a imagem de uma pessoa boa quando enquanto nos encaramos só consigo ver maldade dentro dos seus olhos? Continuamos próximos, com as testas coladas uma à outra. Cerro os olhos, mostrando a vontade que tenho de nunca mais o querer ver e desejar que tudo isto esteja a ser um pesadelo.

- Que seja a primeira e última vez que ousas gritar comigo! – Diz e a voz dele entoa neste escritório de tão alto que se pronuncia. - E tu... - Finalmente larga-me. Engulo em seco, perplexa. - ...não me tratas por tu, nunca mais. Ouviste bem?

O meu coração acelera de uma forma inexplicável, acho que a qualquer momento vai-me sair pela boca. Peço, no silêncio de uma reza a Deus, por ajuda. Não vejo outra forma de alguém me poder ajudar. Eu só quero sair daqui. A monotonia da minha vida faz-se parecer liberdade e felicidade tendo em conta com aquilo que me deparo agora. Só quero sair daqui, por favor.

- Você prometeu-me que ninguém me magoava. – Digo sufocada. Peço piedade através do olhar, com as lágrimas a escorrerem-me pela cara. Elas são pesadas. Cada gota transmite um sentimento diferente. Cada gota vem também com uma percentagem de ódio. - Mas você acabou de o fazer.

- Se não fosses tão difícil de lidar isto não tinha de acontecer. - Responde-me impassível. - Vou levantar-te a ponta do véu para tu parares de uma vez de me encheres de perguntas. - O homem arranja as golas da camisa. - Mas não agora, Lola.

Num ato que facilmente pode ser confundido com ternura o homem beija-me a testa e afaga-me o rosto. O meu coração acelerou outra vez e desta vez não entendi o porquê. Eu não estava a ser ameaçada. O jovem pega na minha mão e guia-me, devagar, para a saída do escritório. Ao fundo torno a ouvir música abafada pelas paredes espessas que dividiam o local onde esta tocava de todos os outros compartimentos. No fim do corredor enorme haviam umas escadas com corrimões de madeira clara e os degraus forrados com uma passadeira vermelha. O homem levava-me para lá.

- Vais para o teu quarto. - Meu quarto?

Cada palavra que ele pronunciava deixava-me mais confusa. Ainda assim deixei-me ir. Não há mais nada que possa fazer para combater o que está à minha volta. Não posso, nem consigo, forçar este homem a dar-me as respostas que preciso. Já tive mais do que provas suficientes de que ele me consegue vencer facilmente e eu não posso ceder.

- Michael! – O loiro chama por alguém quando estávamos a escassos metros da escadaria de madeira. – Leva a Lola para o quarto dela e certifica-te que ela não saí de lá até que eu te dê essa ordem.

Para mim ele estava a falar para o nada como se fosse maluco. Não vi ninguém a aproximar-se, nem lá estavam pessoas interessadas naquilo que ele dizia. Tudo o que nos rodeava era uma cambada de homens vestidos com fatos clássicos, como se fossem pessoas de negócios. Tinham um sorriso comprometedor nos lábios e copos com álcool nas mãos. Estavam todos entre as faixas etárias dos 40-50 e dos 60 para cima.
De repente um rapaz aparentemente novo, de idade relativamente próxima à daquele que me trouxe até aqui, aparece por entre a escuridão do corredor. Vestia uma camisola de uma banda de rock e umas calças de ganga escura. Ele tinha uma característica particularmente engraçada e um tanto duvidosa. O seu cabelo era vermelho vivo e tinha um piercing preto na sobrancelha direita. Uma argola preta.
O rapaz, com olhar desbotado e perdido, era tão pálido que parecia doente.

- Vamos, menina Martinez. – Diz-me com um pequeno sorriso. Não me toca, não é agressivo. Apenas se coloca atrás de mim e sinaliza com a mão o caminho. – Sempre em frente.

Cada degrau que subi era como uma angústia extra. A cada degrau que me aproximava do “meu quarto” parecia que perdia mais um bocadinho da pouca esperança que outrora tinha.

- Michael, não é? – Pergunto com a voz tremula.

- Hum, hum. – Murmura, consentindo.

- Como é que eu posso sair daqui? – Corro todos os riscos do mundo pela pergunta feita, mas não a deixo de a fazer.

Paro no corredor. Há um infinito número de portas de cada lado. Quase que parece um hotel. O rapaz coloca-se em frente a mim com uma expressão de dúvida e sobrancelha arqueada.

- Menina Martinez, uma vez que alguém entra aqui, nunca mais consegue sair. – Responde o rapaz de cabelo vermelho.

- Mas… - Engulo em seco. – Mas a minha família vai procurar-me. A minha mãe vem atrás de mim.

O rapaz virou-me costas e continuou o caminho. Deu mais meia dúzia de passos e parou em frente a uma porta. Voltou-se de frente para ela e abriu-a.

- É aqui. O teu quarto. – Meu quarto. – E, menina Martinez… aqui ninguém funciona por raptos. Ninguém trabalha com raptos. – Michael encara-me e penetra o seu olhar no meu. Não posso negar que a aparência doente dele me assusta. – Se estás aqui é porque alguém quis. Alguém autorizou. Talvez o teu tutor legal. Ou tutora. – Frisa. 



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