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História Renegades - Nosh - The Dome


Escrita por: Effie_Chase

Capítulo 21 - The Dome


Fanfic / Fanfiction Renegades - Nosh - The Dome

Noah

 

Fogo.

 

Era o que eu via ali em minha frente. Eu estava de novo dentro daquela maldita sala branca cheia de pilares, e se eu não estivesse enganado, deveria estar destruída, já que a última vez que a vi estava desabando.

 

Mas não. Parecia intocável e super sustentável, sem nenhuma rachadura e nem nada, apenas um tablado feito de pilhas de madeira pegando fogo no centro da sala, com uma mortalha em cima. Era o corpo de alguém.

 

Fico encarando aquilo, pois já deduzira de quem era aquele corpo, e ele estava lá por minha causa. A culpa não havia sumido, pelo contrário, ela e intensificou cada dia mais, e a cada segundo que passava eu me sentia mais e mais sufocado por dentro.

 

- O tempo está acabando – uma voz ecoa por minha cabeça, mas vejo que foi emitida por Noah 2, que apareceu do meu lado.

 

Ele tem se tornado cada vez mais frequente, então já havia me familiarizado com ele. Mas dessa vez eu queria bater nele, socar a cara dele, não me importava que era a minha cara, aquele ser ao meu lado não era eu:

 

- Eu não sou o vilão aqui, Noah – ele disse virando seu olhar para mim, como se lesse meus pensamentos – eles iam te matar. Nos matar. Eu fiz o que tinha que fazer para nós sobreviver.

 

- Você me fez matar uma pessoa, a sangue frio – falo cerrando os dentes

 

- Nós dois sabemos que não fui eu, foi você. – ele volta a atenção para a fogueira – mas isso não vem ao caso. O tempo está acabando, e você precisa impedir que mais gente morra.

 

- O que? Como assim? – pergunto confuso, como assim “mais gente morra”? e impedir o que exatamente? – não estou entendendo.

 

- As respostas não estão aqui dentro, estão lá fora. E você precisa tirar todos daqui. – ele falava calmamente olhando para o fogo

 

- Você se refere a redoma? – pergunto

 

Ele não assente e nem nega, apenas continua olhando para frente, como se apreciasse tudo aquilo:

 

- Uma hora ou outra você vai ter que lutar ao lado da sua verdadeira natureza, mesmo que tenha que fazer sacrifícios. Caso contrário, você sucumbirá. É uma escolha, então escolha o lado certo.

 

- Lado certo? Eu não entendi! – eu estava muito confuso com tudo aquilo. Escolher a verdadeira natureza, o que isso quer dizer? – o que eu tenho que fazer para tirar todos daqui?

 

Ele olha para mim novamente, mas agora seus olhos brilhavam num dourado, assim como o meu quando usava meus poderes:

 

- Ela te dirá.

 

E tudo fica preto, e eu acordo.

 

 

Josh

 

- Aqui dentro tem suprimento para uma semana, o suficiente para vocês dois acharem um lugar e se instalarem – jogo as duas mochilas para Tyler e Luke – e vou ressaltar os termos: nada de se aproximarem da área, permaneceram apenas ao outro lado da Avenida Principal. Do outro lado tem pontos de suprimento.

 

Os dois pegam as mochilas, veem as comidas e as facas que estavam dentro. Tyler segura uma delas e olha para mim:

 

- Não tem nenhuma arma aqui dentro.

 

Lanço um olhar mortal para ele:

 

- Não sei se você entendeu, mas foram exilados. – cruzo os braços – mostraram serem perigosos, não estão em posição de exigirem nada aqui. Estão por conta própria agora. – Tyler guarda a faca, e os dois colocam as mochilas nas costas – e mais uma coisa: se virem um de vocês dois aqui perto não terei tanta misericórdia.

 

Luke me fuzila com o olhar, mas aparentemente se segura para não dizer nada, e Tyler o puxa para prosseguirem seus caminho. Não falam absolutamente nada.

 

Respiro fundo e fecho os olhos.

 

- Fizemos a escolha certa – Heyoon coloca uma mão em ombro – você fez o certo.

 

- Espero – falo, e então olho para o meu outro lado, onde se encontravam Charles, Ária e Caleb – se virem um dos dois perto do perímetro, me avisem e... bom, como eu disse: sem misericórdia da próxima vez.

 

Eles assentem meio receosos, mas não os culpavam, eram apenas adolescentes assim como eu lidando com situações políticas e tudo mais.

 

Haviam se passado três dias desde o episódio de Noah com Ethan, Luke e Tyler no campo. Mesmo com o clima pesado no Forte, fizemos uma votação para decidirmos o que faríamos com Tyler e Luke, já que Ethan morreu. Fora quase unânime para exilarem eles, então isso foi feito. Yoon me acompanhou junto com os líderes da Patrulha e com os dois para a saída da escola, onde eles teriam que seguir caminho solo a partir de agora.

 

Como eu disse, o clima aqui dentro não está um dos melhores. Com a chegada do inverno cada vez mais próxima, e com cada  vez menos comida no estoque, tive que recorrer a plantar nossa própria comida aqui dentro. Foi ideia da Shivanni, e sinceramente: sem ela, esse Forte não era nada. A partir de hoje, todos se voluntariaram para ajudar no plantio de comida no campo de futebol.

 

Onde antes era um local para queimarmos os corpos,  havia agora se tornado um lugar para nossa sobrevivência.

 

Mas estávamos cada vez mais com medo, pois nesses dois últimos dias, as partículas negras e misteriosas que pairavam no céu havia aumentado. Por enquanto permaneciam no alto, mas temíamos que elas descessem, não sabíamos do que aquilo era feito, e muito menos se causava danos.

 

Sem contar nos aumentos de ataques de Bestantes e de Diurnos. Eu suspendi por completo as caçadas de noite e as rondas diárias. Os Bestantes acabou se tornando não mais nossa única preocupação. A Patrulha e as Sentinelas foram amplificadas, e contamos com mais de 30 ataques nesses três dias só com Diurnos. Além de serem imunes a luz do sol, eram maiores e mais fortes, mas estávamos conseguindo dar conta, por hora.

 

Mas eu só estou conseguindo dar conta de tudo isso com ajuda de todos, principalmente de Yoon, Shivanni e Bailey. Me surpreendi muito por ele ter mudado, e muito mesmo. Principalmente por ter deixado Noah de lado.

 

Noah. Sinceramente, no fundo me preocupo com ele. Tem andado meio estranho esses dias, e quase nem nos falamos. Uma das poucas coisas que me deixavam bem aqui dentro era o fato de não haver mais remorso do meu passado com ele. “Hey Josh, Você não é um babaca. Não acho mais.”, ele me disse naquele dia  em que achei ele em sua casa destruída. Ele também estava destruído, mas me senti mais útil ao ver que ele havia me dado um sorriso depois do que eu disse.

 

Não sei ao certo o que isso significava para ele, mas para mim, significava que ainda éramos amigos.

 

 

Noah

 

Tentava não me focar nos sussurros que eu escutava vindo atrás de mim, e nem dos olhares estranhos que me rondavam. Até agora não consegui decifrar do que eles eram. Medo? julgamento? Receio? Todos pareciam ser ruim. Duas meninas não muito longe de mim cochichavam, e uma delas me lança um olhar discreto, mas eu percebo, e aquilo ia me corroendo  por dentro.

 

- Hey Noah – Hina me chama – está tudo bem?

 

Sou tirado do transe. Balanço a cabeça rapidamente, e olho para Hina, que encavacava pequenos sulcos no chão com uma pá de jardinagem.

 

- É que a Shivanni estava ensinando a como plantar os legumes, mas você nem estava ouvindo – ela disse

 

- Me desculpa, me distrai – falo olhando para a pá que eu segurava. Minhas mãos estavam levemente trêmulas, mas não foco nisso,  e olho para as minhas amigas. Elas se entreolhavam – o que foi?

 

- É que... – Shivanni tenta dizer – tente não ligar muito para o que os outros falam. Okay?

 

Era fácil falar. Nesses dias, eu não queria nem sair do quarto, pois sabia que olhares iriam me julgar. Eu só sai pois Josh se pronunciou e ele precisava do apoio de todos para conseguirmos plantar tudo a tempo do inverno. Por mais que os culpados tenha sido exilados, eu vivia em constante medo, e em constante culpa.

 

Dei uma rápida olhada em volta. O dia estava meio escuro, devido as misteriosas partículas que ninguém sabia de onde surgiu, mas ninguém parecia se importar com aquilo agora, apenas seguiam as instruções para plantar. Havíamos pego ferramentas, sementes e fertilizantes. Piper Shotyin, uma garota do grupo, era filha de fazendeiros e havia nos mostrado como plantar alguns legumes. Aquele campo me trazia más lembranças, mas eu precisava fazer aquilo pelo bem do grupo.

 

Eu parei por completo de usar meus poderes, mas isso não significava que meus sonhos haviam parado. O último ainda me assombrava, porém ignorava ele, ou pelo menos tentava. Era perceptível que minhas amigas estavam preocupadas comigo, mas evitavam não tocar no assunto, e eu agradecia por isso.

 

- Tudo bem gente, obrigado -  falo mostrando um leve sorriso para elas

 

- Noah – Hina diz – o que realmente Bailey disse para você aquele dia na enfermaria?

 

- Bom, eu já disse. Nada demais. Ele disse que não tinha nada a ver com o que aconteceu e tals. – falo

 

- Ele não pediu desculpas nem nada? – Shiv pergunta – pois ele tem se mostrado um ótimo cidadão do nada, então acho que um pedido de desculpas por tudo que ele já te fez cairiam bem, não é?

 

- Ainda estamos falando do May – digo colocando umas mudas de alface num buraco no chão – ele fez várias ações boas que não são do feitio dele, então eu consigo viver sem esse pedido de desculpas.

 

E era verdade. Eu podia não ter o pedido de desculpas de Bailey, mas eu tinha o de Josh. aquilo me deixava muito melhor do que qualquer outra coisa, pois sabia que eu ainda podia contar com o Beauchamp, aliás, foi ele que conseguiu me trazer de volta para o Forte.

 

- Bom, vejo que vocês pegaram o jeito – Shivanni diz – vou indo.

 

- Para onde vai? – pergunto

 

- Preciso treinar e estudar um pouco de anatomia básica – ela ri, mas eu sentia a preocupação e o nervosismo de longe vindo dela

 

Havia se encarregado a algumas semanas da cirurgia do Lamar, mas ela não se sentia pronta para fazer aquilo ainda. Nunca tinha feito nada parecido. Ela sai do campo e entra dentro da escola, me deixando com Hina:

 

- Tomara que ela fique bem – Hina diz – ela tá uma pilha de nervos por causa do Lamar, e com o desaparecimento de Diarra, tem ficado pior esses dias.

 

Então eu olho para Hina com mais culpa ainda. Sou um idiota mesmo. Como não havia reparado que eu não era o único aqui dentro com problemas. Todos os meus amigos estavam sofrendo, principalmente com o lance da Diarra, e eu só consegui olhar para mim mesmo. Uma lágrima sai dos meus olhos involuntariamente, e Hina repara:

 

- Noah, pode deixar que eu termino aqui. – diz calma

 

- Não, eu vou te ajudar – falo enxugando as lágrimas e tampando o  buraco que havia feito rapidamente

 

- Hey – ela segura minha mão e outra lágrima cai – fica tranquilo. Vai descansar, está precisando.

 

Não havia reparado, mas era verdade. Mal dormira naquela noite, mal consegui comer esses dias, estava cansado fisicamente e principalmente psicologicamente. Ela sorri para mim, e tento fazer o mesmo. Me levanto e ela volta para o trabalho.

 

No fundo ainda sabia que por mais que eu tentasse, não ia conseguir descansar.

 

 

Joalin

 

- Essas partículas estão estranhas – falo para Krys

 

Ele segura em sua arma mais firme. Era perceptível que estava nervoso, pois não tinha muita experiência com armas, mas havia se juntado comigo na Patrulha com os Sentinelas do Forte. Estávamos em cima do telhado perto do muro da escola de vigia, junto com outro cinco Sentinelas. Estávamos encarregados de ficar de guarda nessa parte do colégio.

 

O grupo inteiro estava mobilizando um plantio lá dentro, e cabia a nós proteger o Forte.

 

- Eu espero que elas não se tornem um problema – ele diz – já temos demais aqui dentro.

 

- Tem dado sorte? – pergunto – quer dizer, você faz parte do Grupo de Pesquisa, não faz?

 

- Sim. Quer dizer, conseguimos descobrir sobre o símbolo que Diarra deixou para trás, mas Josh prefere que não saia contando para todos.

 

- Você vai me contar, não vai? – pergunto curiosa

 

- Outra hora, muita coisa para explicar. Em tese, é uma logomarca de uma antiga empresa de energia. Mas não conseguimos achar muita relação com o que está acontecendo. – ele diz se sentando na borda do telhado.

 

Vejo que está tudo calmo em volta, e que o resto da vigia estava em posição, e então me sento ao lado dele:

 

- Quando será que essa merda vai acabar? – falo

 

- Eu não sei Jojo. E como você está? Com tudo o que aconteceu e tals.

 

- Bom, está tudo bem. Na verdade estou meio surpresa com as últimas atitudes dele. Parece que ele...

 

- Amadureceu?

 

- Sim – falo

 

- E que papo foi aquele que você disse para mim e para a Any quando estávamos em busca da Diarra? Sobre se “e se seu namorado estivesse gostando de um menino?”. Por acaso você acha que ele está gostando de alguém? De um menino?

 

A velha dúvida volta na minha cabeça. Sabia que era paranoia minha aquilo, Bailey nunca demonstrou interesse por algum garoto, mas para mim, não parecia ser uma ideia nula.

 

- Foi uma suposição. Mas acho que não – falo – aliás, fui eu que terminei com ele.

 

- Bom, você ter superado tudo isso mostra que está sendo uma grande... DIURNO!!

 

Krys da um berro com uma cara arregalada. Me viro para trás para ver aonde ele olhava e eu vi três Diurnos aparecendo atrás das árvores da floresta que tinha logo atrás da escola.

 

Me levanto rápido, e toda a vigia se reúne. Não eram os primeiros a aparecerem nesses dias, mas nunca havia lutado contra um deles.

 

Os Diurnos percebem nossa agitação, estavam a vários metros de distância, mas correm ferozmente até o muro da guarda.

 

- EM POSIÇÃO – Ária, a líder do nosso turno, grita – ATIREM!

 

Eles se aproximavam cada vez mais do muro, que não era tão alto. Pego meu revolver e começo a atirar, junto com Krys.

 

A maioria das balas, inclusive as minhas, erram e acabam atingindo o chão. Não éramos nenhum tipo de mercenários, tivemos que aprender sozinhos. Dos três Diurnos, apenas um deles cai no chão com um tiro na cabeça.

 

Eu estava com muito medo, nunca tinha feito nada parecido em minha vida igual a aquilo, mas não havia terminado. Os outros dois Diurnos estavam na beirada do muro. Eram negros e maiores que os Bestantes, andavam que nem gorilas, mas eram rápidos e ágeis. Disparamos vários tiros contra eles, mas a carcaça era muito resistente, tínhamos acertado aquele terceiro por sorte.

 

- Droga, acabou  minha munição! – Charlotte grita do outro lado do muro

 

Os Diurnos grunhiam e rugiam, e aquilo me deixava cada vez mais nervosa, e cada tiro que eu dava eu errava. Até que minha vida passou num flash em meus olhos.

 

Estava muito na ponta, e acabei desequilibrando. Eu estaria morta se não tivesse segurado na borda do muro. Minha arma havia caído no chão, e os Diurnos estavam loucos por me verem mais próximo deles. Krys e Aria vinham em minha direção para me puxar para cima, mas chegaram tarde demais.

 

Sinto algo me puxando para baixo e me arremessando para longe do muro. Bati minhas costas com tudo no chão, e o ar saiu de meus pulmões. Num rápido relance, vi os dois Diurnos se aproximando devagar de mim, esquecendo da existência dos outros. Tentei me levantar o mais rápido possível antes que algum deles avançassem em mim. Estava desesperada, já havia aceitado que aquele era o fim.

 

A criatura da frente e prepara para um salto, e bem na hora que ia saltar, ele é baleado e jogado para o outro lado. Atrás dele vi que Ária e Dean haviam saltado para o chão, e Krys também, deixando apenas Charlotte, Everett e Micheal dando cobertura por cima do muro. Passo meus olhos rapidamente para o chão a procura da minha arma, localizo e corro para pega-la.

 

A adrenalina já tomava conta do meu corpo. Olho para o bicho no chão, que não estava mais. Ele foi baleado mas não morto.

 

- ATIREM!! – Ária gritou

 

Não deu nem um segundo que ela gritou, que a outra criatura, que não foi baleada, deu um salto por cima dela e atingiu Dean. Ele foi destroçado pelo Diurno, mas não vou encher de detalhes. Meu estômago revirou com a cena, minhas mãos tremiam e meu corpo doía pela queda. Alguns gritos foram abafados pelos sons dos tiros contra o monstro que devorava Dean, que caiu morto no chão, junto ao nosso parceiro desfigurado.

 

Tento não olhar para aquilo, tinha vontade de chorar e sair correndo de lá, mas ainda tinha um para matar. Olho para o monstro baleado, esse rugia e gritava, corria de um lado para o outro, fazendo com que nossos tiros fossem em vão, então seus passos ficaram mais lentos. Estava pronto para o seu bote.

 

- KRYS CUIDADO – grito ao ver que o monstro ia avançar nele

 

Miro minha arma no Diurno, e em questão de segundos, ele pula em direção de Krys, que so ficou vivo pois Aria o empurrou. Mas ela não foi poupada. Teve o mesmo fim de Dean, e dessa vez, eu não hesitei em atirar com todo o meu ódio.

 

O som dos tiros ecoavam na minha cabeça, e caídos no chão estavam três Diurnos e dois dos nossos.

 

Se instalou um silencio. Sem tiros, gritos e rugidos. Apenas nossas respirações arfadas. As lágrima foram se acumulando nos olhos e caíram. Não olho para o chão, vou até Krys. Ele estava tremendo, mas não o impediu de me abraçar. Eu desabo ali, molhando seu ombro com minhas lágrimas.

 

Era de desespero e medo. Mas era também de inconformidade. Não queria aceitar que aquela seria meu possível futuro, viver daquele jeito. Com medo e matando coisas que matam gente. Vivendo com gente que mata gente.

 

Eu não ia aguentar viver assim, ninguém ia.

 

 

Josh

 

Era noite já, e eu não conseguia pegar no sono. Olho para o lado, e vejo Any dormindo em meu peito.

 

Resolvo me levantar para ir tomar uma água, e ao olhar para o relógio, marcavam mais de três da manhã. Ótimo, agora quero ver para levantar cedo. O corredor estava escuro e silencioso, mas eu podia ouvir algumas batidas vindo do fim dele.

 

Vinham o ginásio. Parecia o som de alguém treinando. Vou até lá para ver, e ao olhar para a janela de vidro que havia nas portas de metal do ginásio, vejo Noah.

 

Fico um tempo observando ele pelo lado de fora, e o motivo eu não sabia. Talvez fosse pelo fato dele estar também acordado nesse horário, só que treinando. Diferente de mim, não usava pijama, mas sim uma calça preta e uma blusa de regata vermelha. Era mais visível suas tatuagens pelo corpo, que antes ele fazia de tudo para esconder, mas agora todos sabiam da existência dela, então provavelmente não ligasse mais para isso.

 

Ou talvez ele não contava com a presença de outra pessoa ali. Ele usava suas adagas duplas eu um dos bonecos de areia que conseguimos em uma loja de esportes. Se eu visse Noah a três semanas atrás, diria que sua experiência em luta era baixa ou quase inexistente, mas ali, ele simplesmente brincava com as adagas e fazia cortes surpreendentes no ar. Girava, chutava, cortava e atacava. Era facilmente um dos melhores aqui de dentro.

 

Depois de alguns segundos do lado de fora, resolvo entrar. Ele se assusta com o barulho das portas e para imediatamente de lutar.

 

- Não pare por minha causa – falo olhando para ele, que não parecia nem um pouco cansado e nem suado

 

- O que está fazendo aqui? – ele pergunta abaixando as adagas

 

- Não consigo dormir. Aposto que você também – digo rindo, mas ele faz uma cara sombria. Droga. Como pude esquecer. Ele não consegue dormir por causa de tudo o que aconteceu. Tento mudar de assunto – não sabia que era tão bom assim com as adagas.

 

Ele fica vermelho com o meu comentário, mas diz:

 

- Mais umas das coisas que isso me proporciona – ele diz apontando para uma de suas tatuagens no pescoço – porque não consegue dormir?

 

Olho para o ginásio levemente iluminado por uma lâmpada só, deixando o ambiente cheio de sombras. Depois olho para Noah, que respirava densamente. Estava nervoso. Não sabia porque.

 

- Coisas demais acontecendo. Bom, eu sou o líder não é, tenho que lidar com essas coisas – falo rindo, mas era de nervoso

 

- Bom, eu posso te distrair se quiser – ele diz, e eu levo um choque ao ouvir aquilo. Ele taca uma das adagas para mim pegar. – lute comigo.

 

Não sei o que eu interpretei com “eu posso te distrair se quiser”, mas não havia passado na minha cabeça que ele se tratava de lutar.

 

- O que foi, parece que viu  um fantasma – ele diz rindo, e eu sorrio de volta para ele

 

- N-não... é que eu não sei usar adagas. – invento uma desculpas, mas que no fundo era verdade. Sou péssimo com adagas

 

- Bom, pensei que você fosse o líder. O fodão invencível – ele diz sorrindo

 

- Você me acha “o fodão invencível”? – pergunto tirando com a cara dele

 

- O que? NÃO! Cala a boca Beauchamp. Eu te ensino a usar – ele diz se aproximando de mim – primeiro, você segura assim o cabo.

 

Estava do meu lado. Mostra em sua adaga como se segura, e eu tento fazer o mesmo. Ele fala mais algumas coisas, mas eu me distraio um pouco. Nunca tinha reparado que Noah tinha os olhos verdes com manchas castanhas no centro. O que? Foco.

 

- Entendeu? – ele pergunta

 

Não.

 

- Aham. – assinto

 

- Então se defenda – ele diz, diferindo um golpe contra mim, mas me defendo rapidamente -  olha só. Você leva jeito.

 

- Hey! Você podia ter me machucado – falo meio assustado, mas depois dou risada

 

- Para de drama, eu não ia te machucar – ele diz – outra!

 

Ele difere outro golpe, mas era mais embaixo. Me defendo de novo. Ele tenta outro, e outro. Me defendo nos dois. Havia pegado o jeito também. Mas no próximo ele acerta o cabo da adaga em meu rosto e eu me curvo com a mão no rosto, grunhindo.

 

- Josh! me desculpas, foi sem querer. Machucou – ele vem correndo do meu lado preocupado.

 

Na real nem machucou, nem doía. Fiz aquilo para ele baixar a guarda e eu poder atacar. Olho para ele com um sorriso perverso, e ele solta um “o que?”. Parto para um golpe nele, que se defende meio surpreso. Mesmo despreparado, ele ainda conseguia manter o controle da situação.  Ficamos naquilo por alguns segundos, defender e atacar. Mas já havia pego seu tipo de luta, então tento algo diferente.

 

Golpeio sua lâmina, que se desequilibra em suas mãos. Eu a pego, deixando-o desarmado. Coloco uma das lâminas atrás de seu pescoço e a outra apontada para a sua garganta, obrigando-o a se render.

 

- Renda-se – falo brincando

 

- Engraçadinho. Devolva minha lâmina – ele implica meio bravo

 

- Aceita sua derrota para o Beauchamp então – falo tentando irritá-lo

 

- Nunca! – diz meio irritado, mas com um leve sorriso no canto da boca

 

Olho convencido para ele. Encaro seus olhos verdes e castanhos, que transmitiam persistência. Mal reparei que ele estava corado e vermelho, e tentava ao máximo desviar seu olhar do meu. Se sentia meio intimidado.

 

- Me solta – diz dando um leve empurrão em meu peito, nos separando – eu não vou aceitar derrota.

 

- Okay então – rio da cara dele

 

- Acha engraçado? – ele pergunta meio irritado

 

- Acho. Devia ver como você parece inofensivo quando fica bravinho – falo, e ele fica mais vermelho que um tomate. Não sabia se era de raiva ou vergonha. Talvez os dois

 

- Vou dar um motivo para você rir ainda, não perde por esperar – ele diz me ameaçando, porém era perceptível um sorriso agora eu seu rosto, se rendendo.

 

- Mal posso esperar – falo irritando ele mais ainda.

 

Ele me mostra a língua e se vira para o boneco de areia que tínhamos, e o guarda no canto do ginásio. Mal tinha percebido, mas eu havia esquecido tudo o que estava acontecendo por um momento. Me senti bem. Olho para Noah, que arrastava o boneco com dificuldade, e então corro para ajuda-lo.

 

- Deixa eu te ajudar – falo, e o ajudo a empurrar o boneco no canto.

 

Assim que o guardamos, ele coloca seu cabelo para trás da orelhas e diz:

 

- Obrigado.

 

- Eu que agradeço. Se não fosse por isso, eu certamente iria ter vários pesadelos – falo

 

- É, eu também. Noites ruins, não é?

 

- Sim – falo

 

- Bom, eu vou voltar par ao quarto. Boa noite e... bom, não se ache tudo isso, eu te deixei ganhar – ele diz rindo

 

- Ah sim, com certeza – falo rindo – boa noite, até amanhã Irritadinho.

 

- Até amanhã Beauchamp.

 

 

 


Notas Finais


Eae, gostaram?

Não é um dos meus favoritos também, mas eu gostei desse capítulo🙃
Esse momento Nosh no final nem estava planejado, mas eu tava com vontade e fiz kkkkkk, Nosh Reina neh mores?🌈

Não tenho muito o que falar hoje (PASMEM) e então é isso, tenham uma ótima semana, se cuidem aí, tanto da saúde física e também da mental😘😘 amo todos vocês 💙

Talvez o próximo capítulo saia na sexta ou na quinta, mas vai muito do meu rendimento nessa semana😬
Xoxo, Effie💋


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