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História Renegades - Nosh - Runaways


Escrita por: Effie_Chase

Capítulo 33 - Runaways


Fanfic / Fanfiction Renegades - Nosh - Runaways

Josh

 

Uma brisa silvestre batia em cada centímetro da minha pele, enquanto eu me deleitava na grama macia, da qual o Sol, radiante, a esquentava e enchia ela de vida. Sentia cada aroma das flores, cada zunido das abelhas e o canto dos pássaros. Não havia sequer uma nuvem no céu, e eu podia sentir arder dentro de mim uma calma da qual eu não sentia a muito tempo.

 

Seus olhos verdes, da cor de uma campina, misturados com um castanho majestoso pairavam em minha frente, com um brilho duvidoso. Estava estampado em sua face um sorriso de canto, ele apenas me olhava, mas sorria por algum motivo. Estávamos deitados na grama, apenas nos olhando. Suas bochechas eram marcadas por traços, eu me lembrava de cada detalhe.

 

- Porque está me olhando desse jeito? – pergunto rindo – tem alguma coisa em meu rosto?

 

Ele acaba soltando uma risada, doce e que me faz rir também. Levanta sua cabeça e a apoia em sua mão, e passa seus olhos sobre mim.

 

- Noah... sério o que você tem? – pergunto sorrindo mas tentando ser sério com ele, na tentativa de que ele cedesse o que eu queria.

 

- Eu estava apenas olhando para você – ele fala entre sorrisos – você que está me olhando estranho.

 

Eu não sabia porque eu o olhava daquele jeito. Apenas queria. Talvez eu tenha ficado corado, pois sentia minhas bochechas queimarem:

 

- Hey... geralmente é eu que fico vermelho, sabia? – ele fala tentando parecer sério também, mas por algum motivo ninguém ali conseguia conter o sorriso.

 

- Desculpa.... eu – sou interrompido com um dedo indicador em meus lábios

 

- Eu gosto quando você fica nervoso, não precisa se desculpar – ele diz sussurrando próximo ao meu rosto, e sentia todos os meus sentidos fervilharem. Ele arranca seus dedos de forma minuciosa e devagar sobre os meus lábios – você ainda não respondeu minha pergunta... porque me olha desse jeito.

 

Um nó se forma em minha garganta. Eu não sabia, eu apenas gostava de olhar para ele.

 

- Assim como? – tento desviar o assunto, me sentando de pernas cruzadas no chão, tentando parecer desentendido sobre o que ele dizia

 

- Assim – ele aponta para mim – essa sua cara de... Josh.

 

- Eu não sei do que você está falando – falo meio irritado, motivo da qual eu não sabia.

 

- Então eu vou dizer... – ele diz se sentando igual a mim, ajeitando sua postura, mas o seu sorriso ainda não havia saído do seu rosto – você gosta de olhar para mim, por que gosta de mim. Não admite agora, mas gosta, tem medo as vezes de pensar na possibilidade de que eu sou garoto e tudo vai dar errado, e isso torna tudo ainda mais emocionante, você gosta de estar perto de mim, gosta de sentir essa confusão. Demorou para aceitar isso, e quando aceitou....

 

Uma memória veio, e então aquela utopia já não existe.

 

- E quando eu aceitei você... se foi – completo ele, de forma infeliz e iludida – você não esta aqui, não é? Não de verdade.

 

Em seu rosto, no canto direito de seu lábio, se forma um sorriso solidário de compreensão.

 

- Não Josh. Eu não estou aqui. – ele diz calmamente

 

Levo minha mão até seu rosto, tento tocar sua bochecha, e ao encostar, não sinto nada. Absolutamente nada. Um aperto se forma em meu peito.

 

- Por que você fez aquilo? Por que se arriscou para salvar todos? – pergunto extremamente bravo com os olhos já embaçados pelas lágrimas

 

- Eu não sei. Eu não sou o Noah. Mas do mesmo modo que ele fez as escolhas dele para salvar o grupo e seus amigos, você também deveria fazer. – ele diz e se levanta.

 

Faço o mesmo, deixando eu cara a cara com ele:

 

- O que eu devo fazer? Estou perdido, não sei como seguir com tudo isso! – grito para ele, e sua feição calma e serena não muda.

 

- Você vai saber Josh, no fundo sempre sabe o que deve fazer. Eu sei disso porque você sabe disso. Mas primeiro, acorde.

 

Seu alento final ecoou pela minha cabeça como um sopro sussurante.

 

Levanto do colchão com um suspiro alto, soando quase que como um grito.

 

Demoro uns segundos para conseguir entender onde eu estava e diferenciar o real e o não real. Sinto meu peito e meu pescoço molhado pelo suor, mesmo fazendo frio estava fazendo frio.

 

Me sentia deslocado e fora de realidade, olho em volta e vejo o pequeno mercado de beira de estrada abandonado, sendo iluminado pela luz matinal do sol, que atravessava as vidraças enormes e empoeiradas.

 

Me levanto e sinto uma dor nas costas. Não havia mais ninguém ali nos colchões, estavam todos vazios. Tento raciocinar e me lembro de uma área para alimentação que havia na outra sala do mercado. Aos poucos vou ouvindo uns murmúrios baixos, calmos, quase inaudíveis.

 

Pego uma garrafinha d’água que havia do lado do meu colchão e bebo ela por inteiro, sentia que nessa noite fui desidratado quase que por completo. Tento afastar o sonho que eu tive, que não era o mais estranho que os outros que tive nessas ultimas três noites.

 

Coloco minha jaqueta xadrez azul sobre minha camisa regata branca, ajeito a minha calça jeans já meio suja e coloco meus tênis. Nem tento mexer nos cabelos, seria uma batalha perdida. Olho em volta mais uma vez, nas prateleiras quase que vazias, apenas com embalagens vazias ou coisas já podres e estragadas. Aposto que a dois anos atrás aqui foi um bom ponto para suprimentos dos grupos rebeldes que vivem aqui.

 

Faziam três dias que conseguimos sair da Redoma, mas as coisas não ficaram mais fáceis por causa disso. Saint Groove havia virado ruínas por causa da tempestade, e sabe se lá Deus se os monstros que vivam nela foram juntos.

 

Nossa primeira noite foi num Celeiro próximo a divisa da cidade, assim que acordamos, colocamos o pé na estrada até River Falls, nosso destino temporário.  Foi um dia cheio de paradas em casas e lojas de conveniência  abandonadas, porém passamos nossa segunda noite no meio da floresta, embaixo de uma ponte.

 

Naquele dia contamos com mais de sete naves de duas hélices sobre nossa cabeça, sem contar nos caminhões do exercito, da qual suspeitávamos estar em nossa busca. Quase que fomos pego se não fosse por Savannah despistando eles. Naquela noite, jantamos enlatados em silêncio. Houve muito choro ainda pelas perdas, o grupo estava com 20 pessoas, o que era menos da metade do que tínhamos no início de tudo.

 

Eu tentava me manter firme pelo grupo, mas os pesadelos não ajudavam. Todos se resumiam á Noah, e em como eu me martirizava por deixa-lo para morrer. Sofya, Hina e Shivanni estavam destruídas, e Sina parecia ser a que mais estava despedaçada, porém era a que menos chorou, pois era a que aguentava a ponta por elas. Mas eu ouvi na noite passada ela chorando de madrugada no banheiro. Fiquei no impasse em ir até ela ou não.

 

Segundo Sabina, se mantivermos nesse ritmo, conseguiríamos chegar em River Falls em três dias, e quanto mais tempo passávamos na estrada, mais chances de sermos pego. Achamos essa pequena loja de estrada, o Huck´s,  e passamos essa noite aqui. cá estávamos nós, no nosso terceiro dia a deriva.

 

Desço uma rampa que ficava entre uns vasos de arbustos secos, e logo abaixo havia algumas mesas de uma pequena lanchonete da loja. Via os poucos sobreviventes comendo alguma coisa sobre as mesas espalhadas e empoeiradas. Estavam fisicamente e mentalmente exaustos, sentia isso, mas ainda sim falavam, pouco, mas falavam.

 

- Josh, que bom que acordou – Heyoon se levanta de uma mesa e vem até mim, estava com um sorriso, mas sentia que ela não estaria com ele se não fosse para levantar meu ânimo – eu resolvi não te acordar, devia estar muito cansado.

 

- Obrigado – falo ainda tentando raciocinar um pouco o ambiente, mas grato por ela ter pensado nisso - todos estão bem?

 

- Bom, conseguimos achar algumas coisas comestíveis, mas tirando o ânimo deles... está tudo bem sim. – ela diz – bom, quer uma sopa?

 

- às nove da manhã? – pergunto meio confuso sorrindo para ela

 

- São dez e meia já. E bem, ou é sopa ou é pão bolorento – ela diz

 

Olho mais uma vez para as mesas, e detenho minha atenção em uma delas. Não consegui crer no que via por um certo tempo, mas Sabina, Joalin Krys, Any estavam comendo junto com Shivanni, Diarra, Hina e Sina. Supus que Heyoon estava ali junto com eles.

 

- Cadê a Savannah? – pergunto tentando achar ela entre as pessoas, mas numa tentativa falha não a localizo

 

- Ela está no lado de fora, disse que não conseguiu dormir então ficou de vigia até agora. Tentei levar uma tigela de sopa para ela, mas aparentemente nem pensou em comer. – ela diz

 

- Estranho. Eu vou achar algo nas prateleiras para eu comer, que não seja sopa. Avisa a todos que daqui uma hora estaremos na estrada – falo

 

- Tudo bem. E... – eu estava prestes a sair, mas volto a depositar minha atenção nela assim que tenta me contar algo – você está bem?

 

Ela sabia que eu não estava bem, a questão é que ninguém está bem.

 

- Estou tentando ficar – falo – mas estou com fome, então... vou lá procurar uma caixa vencida de Froot Loops.

 

- Se achar... não coma, vai por mim. – ela ri, e então volta para sua mesa e se senta ao lado de Sina. Paro uns segundos para apreciar aquela cena, eles estavam unidos. Viro rapidamente minha cabeça para o outro lado do refeitório e vejo Bailey, estava meio deslocado, sentado junto com Clarke e Chase.

 

Rapidamente me lembro do fato de Lamar não estar lá conosco também. Não queria ficar pensando muito, então vou para uma das prateleiras do outro lado do mercado, onde ficavam os cereais. Heyoon tinha razão em uma coisa: não era uma boa ideia comer aquilo. Tento achar alguma coisa, mas nada. Fico frustrado, e então vou para o banheiro que tinha ali perto.

 

Um banheiro público nunca foi um lugar muito limpo, mas pensa um banheiro público pós-apocalíptico... é nojento. Por algum motivo, pensei em ir no feminino, talvez estivesse mais limpo e ninguém iria achar ruim de eu estar invadindo um banheiro feminino a essa altura.

 

Assim que entro, sou surpreendido com um barulho estranho. Era baixo, parecia um suspiro, mas depois de alguns segundos identifico como um choro. Tinha alguém ali.

 

- Olá? – chamo olhando para as cabines sujas – tem alguém ai?

 

Eu ouço o choro parar um  pouco, talvez a pessoa não queria ser incomodada. Porem não pretendia sair de lá sem saber que a pessoa estava no mínimo bem.

 

- Sou o Josh! – falo – quem que está ai?

 

- Vai embora! – uma voz feminina grita de modo embargado.

 

- Sofya? – falo, e então vou até a cabine de onde o som vinha, o choro parecia estar abafado pelas mãos dela – eu estou entrando.

 

Assim que abro a porta da cabine, a vejo sentada em cima da tampa do vaso sanitário com as pernas cruzadas em cima. Seus olhos estavam vermelhos e seu rosto estava molhados por causa das lágrimas, eu não tinha reparado de primeira, mas ela tremia.

 

- Sofya? O que aconteceu? – falo entrando na cabine – quer falar o que está acontecendo?

 

Seus soluços pareciam ter aumentado o tom quando eu perguntei. Ela passa o braço sobre o nariz na tentativa de limpá-lo, e tenta se acalmar:

 

- Estou b-bem.. apenas... – então ela soluça mais um pouco – apenas tentando manter a cabeça em ordem.

 

- Você quer que eu saia? – falo, mas a ideia pareceu estúpida assim que minhas palavras foram proferidas, deixar alguém sozinha naquele estado seria algo muito errado e sem empatia da minha parte – bom, na verdade, como líder é meu dever ter certeza que você vai ficar bem, então não vou te deixar aqui sozinha.

 

Ela consegue soltar um sorriso, mas ele some e em sua cara se forma uma expressão, parecia estar em um profundo debate interno:

 

- Como você consegue? Você, a Sina, os outros... eu pareço ser a única fraca desse grupo... – ela dizia olhando para os seus  pés.

 

Sua pergunta veio em mim como um enorme tapa na cara. Me sento no chão, e ela me olhava esperando a resposta, mas via que já não chorava tanto. Demoro uns segundos para conseguir responder:

 

- Você não é fraca por chorar pela perda dos seus amigos... – tento, e sinto um enorme bolo se formando e minha garganta – é humano sofrer pela perda. Ainda mais por um amigo.

 

Ela percebe que eu me referia sobre Noah.

 

- Você era amigo dele, não era? – ela pergunta baixinho

 

- Ele era meu amigo, talvez eu não tenha sido o melhor exemplo de amizade, mas ele foi. E eu sei o quão importante ele é para vocês, o que vocês tinham era como um laço de irmandade.

 

Ela me olha de um jeito diferente, parecia que esperava eu falar mais sobre o que eu estava falando, queria me ouvir:

 

- Teve um dia em que eu encontrei ele no banheiro do Forte chorando, isso foi no dia em que ele chegou. – continuo a falar, me lembrando da noite em que eu ouvi  seu choro ecoando pelo corredor, nutria dele uma insegurança, com receio dele não me querer por perto devido a noite do baile – ele estava com medo, tremia. Assim como você, eu cheguei e tentei ajudar. Lembro dele ter dado um pequeno sorriso em seguida.

 

Ela solta um sorriso novamente, e eu não consigo de deixar de sorrir de volta.

 

- Eu não sei se você sabia – ela disse – mas o Noah meio que...

 

- Gostava de mim? – falo completando ela, e a mesma faz uma cara confusa – é, eu meio que soube disso. E sinceramente, me arrependo todos os dias de ter tratado ele como eu tratava.

 

- Sina te odiava – ela fala rindo

 

- Bom, ela ainda deve me odiar – falo rindo – mas... Sofya, não se sinta fraca por lamentar uma perda. Apenas se lembre de que Noah nos deu uma segunda chance de lutar. Então temos que lutar.

 

- Eu só... queria chorar menos pelas coisas. – ela dizia se lamentando – Como você consegue?

 

-  Não chorar? Quem disse que eu não choro? A única diferença é que os outros não veem eu chorando. – falo

 

Ela então parecia entrar novamente em processo de reflexão.

 

- Obrigado Josh – ela diz com o rosto mais calmo

 

- Que isso – falo meio sem graça – como eu disse, é meu dever como líder ter certeza que todos estão bem.

 

Assim que saímos do banheiro, avisei a todos que estávamos de saída. Por um lado fiquei um pouco melhor ao perceber que tinha conseguido deixar Sofya melhor. Ela era um pouco mais emotiva, e de certo modo ela me lembrava muito Noah nesse aspecto. Se passaram uns vinte minutos, e já estávamos prontos.

 

Havíamos pego algumas mochilas, e colocamos alguns suprimentos para durar o dia inteiro. Ajeitei minha jaqueta xadrez azul sobre minha roupa de baixo, todos já estavam prontos para sair, mas então a porta da entrada é aberta bruscamente, e Savannah aparece:

 

- Temos que sair logo – ela dizia ofegante, parecia ter corrido muito – encontrei com cinco caminhões da Facção na Rodovia 55-Leste. Provavelmente os aviões irão passar aqui depois.

 

- Mas aquela estrada era o caminho que iríamos pegar – Sabina diz

 

- Não vamos mais – Savannah diz pegando uma das jaquetas que estava em um colchão – temos que prosseguir pela floresta.

 

- Mas isso irá comprometer o tempo de viagem – Bailey diz

 

- É mais tempo na estrada ou sermos pegos pela facção. Escolham – ela parecia estar mais fria e dura, falava como se fôssemos um bando de crianças merrentas, e por mais que eu odiasse concordar com ela, tive que admitir que estava certa.

 

- Savannah está certa – falo por fim – vamos pela floresta Northlake, existe uma comunidade rural ao sul dela, provavelmente abandonada á essa altura. Se chegarmos lá antes do anoitecer, podemos passar a noite.

 

Savannah mostrou uma cara de alívio ao ver que tinha apoio, e todos então se viam numa situação que não poderiam fazer nada se não concordar.

 

Saímos pelos fundos, que dava direto para uma área mais arborizada e discreta. Havíamos feito um combinados dias atrás: teríamos que prosseguir o caminho inteiro juntos, em silêncio e com os olhos atentos. Nada de roupas chamativas e objetos que brilham á vista, como ferro. Eu iria junto com Savannah na frente, pois ela era a nossa defesa. E eu era o líder.

 

Savannah era uma garota que por algum motivo fazia questionar sua lealdade. Usava cabelo curto agora, uma calça com estampa do exercito, botas de trila e uma camisa regata branca que estava meio suja agora. Suas tatuagens eram intrigantes. Eram parecidas com as do Noah, mas tinham detalhes e curvas que as diferenciavam.

 

Não trocamos uma palavra durante o caminho inteiro, pois Savannah estava concentrada demais olhando por entre as árvores, e eu... tentava fazer o mesmo, mas estava uma longa luta contra meus pensamentos. Assim que entramos na floresta Northlake, senti a temperatura ficar mais baixa devido as sombras que os enormes pinheiros faziam.

 

Era estranho, muito quieto, os pássaros não cantavam nem nada, era um silêncio assustador. Andamos por uma trilha entre as samambaias e os arbustos, andamos por quase uma hora eu acho. Até que tivemos que atravessar uma rodovia, estava vazia como imaginávamos, para era uma área muito aberta. Se passasse algum avião não conseguiríamos chegar do outro lado a tempo

 

Não pensamos muito e passamos, quanto mais tempo perdido na estrada, pior. A outra floresta parecia ser uma área de plantação de eucalipto, altos e com um cheiro agradável. Andamos por mais algumas horas, provavelmente já era duas da tarde, tínhamos saído da mata de eucalipto e estávamos agora andando na margem de um rio que por sinal passava por Saint Groove, aproveitamos as árvores que ficam na margem para nos escondermos. Tínhamos feito uma breve pausa para descansarmos e comermos algo.

 

Sabina nos disse sobre um caminho que tinha para chegarmos na comunidade rural mais rápido. Savannah mais uma vez estava de guarda, em pé distante de todos olhando para o horizonte. Voltamos com o pé na estrada, e segundo o relógio de Joalin, era quase quatro da tarde.

 

Andamos por mais algumas horas, e dessa vez, três naves da Facção com duas hélices em suas laterais aparecerem sobre nossas cabeças. As naves tinham  um design diferente das antigas, eram maiores e no formato de um helicóptero, mas em vez deu uma hélice, eram duas, que ficavam nas laterais. Nos escondemos embaixo de uma ponte que tinha perto de uma madeireira abandonada.  Em seguida apareceram dois caminhões com uns soldados a bordo. Usavam um uniforme que não era do Exercito Americano. Era prata, como uma armadura, então me lembro da roupa que Sabina usava quando chegou na redoma.

 

Eram soldados da Josephine. Ficamos uns dez minutos embaixo da ponte para nos certificarmos que a barra estava limpa. Andamos mais alguns quilômetros na estrada rural até chegarmos na comunidade que estávamos a procura.

 

Havia algumas plantações de trigo e milho, ambas secas e abandonadas, havia um silo, e dessa vez sem celeiro. Uma casa de campo de cor azul marinho se erguia no centro da fazenda, algumas árvores a circundavam. Tinha um cata-vento que rodava lentamente ao lado. Ao longe, víamos o sol pintando um amarelo alaranjado no céu. Suspeitava ser quase cinco e meia, no inverno costumava anoitecer mais cedo.

 

A casa central tinha dois andares, uma varanda que circundava ela toda quase, e telhados triangulares. Uma típica casa de campo. Nos aproximamos dela, provavelmente não tinha ninguém lá, estava tudo muito sujo e abandonado, poderia ser um bom lugar para passar a noite.

 

Assim que entramos, depositamos nossas coisas em uns móveis velho que ali havia. A casa parecia ter sido abandonada as pressas, provavelmente os donos foram levados á força de lá.

 

- Essa  noite vai fazer frio, precisamos acender a lareira – Diarra diz para mim, mas Hina diz intervindo:

 

- Não há lenha aqui, temos que sair pegar.

 

- Eu vou – falo, não queria arriscar a vida de ninguém lá fora – vocês ficam aqui e procurem colchões e cobertores. Se tiver comida boa, separe.

 

- Eu vou junto – Savannah diz, e a ideia de sair sozinho com ela era algo que não me agradava – não é bom sair sozinho com aviões e soldados a nossa procura, ainda mais desarmado.

 

- Eu não preciso que ninguém venha comigo – falo meio ríspido

 

- Precisa sim, a Savannah vai com você e ponto final – Heyoon diz, soando como se fosse minha mãe me obrigando a usar uma roupa da qual eu não queria.

 

Savannah olha para ela, e as duas pareciam assentir sigilosamente uma para a outra. Não era idiota suficiente para entender que as duas tinham combinado algo.

 

- Okay. – falo largando os ombros, não estava afim de discutir, muito menos com Yoon – como sempre, fique de olho em todos. Tampem as janelas, procure velas e ilumine só o andar de baixo.

 

Yoon assente com um pequeno sorriso, como se estivesse satisfeita com aquilo. Savannah lança um olhar para mim, como se perguntasse “vamos agora ou vamos esperar anoitecer mais para ir atrás da lenha?”. Descemos a varanda, eu ia na frente, sem sequer um pingo de vontade de trocar uma palavra com ela.

 

- Acho que eles guardavam lenha ali – ela diz enfim apontando para um pequeno casebre de madeira distante da casa, e eu apenas concordo, e fomos até lá.

 

Era um pequeno armazém com ferramentas e outra coisas, e no chão, tinha um pequeno monte de toras de madeiras cortadas. Não falamos um “a”, apenas íamos pegar a lenha.

 

- Olha Josh...

 

- A Yoon queria que você viesse comigo não é, de propósito? – pergunto meio grosso, Savannah de algum modo não passava pelo meu olhar de confiança.

 

Ela parecia saber que não tinha como negar, e como se estivesse sendo acusada de algo, olhos arregalados e boca semiaberta, consegue dizer:

 

- S-sim... eu precisava falar com você... a sós – ela diz baixinho

 

- Então fala, já que ela fez o trabalho de nos mandar aqui, quero ouvir – continuo no mesmo tom

 

- Olha, eu sinto que de algum modo você não confia em mim, não sei porque,  e sinceramente... não me interessa – ela diz de um modo direto, mas não tinha a intenção de ser grossa e nem de ofender meu orgulho, mas digamos que ela conseguiu – mas eu queria que você entendesse que eu sou a pessoa que  mais tem motivos para odiar Josephine e a Facção.

 

- Porque você está me contando isso? Acha que eu penso que você está do lado da Facção?

 

- Não estou dizendo isso, mas estou dizendo que Josephine é uma mulher determinada e calculista. Ela é uma diplomata e estrategista, não é atoa que conseguiu derrubar o governo e implantar um regime da qual ela está no topo.

 

- Para mim, parece que você a conhece muito bem – falo, tentado me certificar do que ela dizia era verdades.

 

- Okay. Vou te contar como conheço ela. A Apollum persegue á décadas os Eteryus, e quando aflorei, com 16 anos, eu morava na Austrália. Meus pais de algum modo sabiam o que eu era, sabiam como lidar com aquilo, mas não sabiam como lidar com os constantes avisos e ameaças anônimas da qual me colocavam como alvo. Eu estava sendo perseguida. A Apollum de algum modo soube que eu era uma Eteryum e levantou uma busca por mim. Foi por isso que me mudei de volta para Saint Groove, mas as perseguições não pararam.

 

- Você se refere ao pai de Sabina, Terrence Hidalgo?

 

- Ele mesmo. Josephine quer os Eteryus ao seu controle. Uma sociedade perfeita não pode ser perfeita com a nossa espécie andando sobre ela, não é? – ela  dizia como se fosse uma pessoa diferente – o ponto é, eu passei por coisas da qual nenhum ser humano passou. Eu estou ciente das coisas que você teve que suportar dentro da Redoma, mas não finja que consegue manter o controle da situação aqui fora.

 

- E você acha que eu posso manter o controle? –pergunto

 

- Você conseguiu manter metade dessas pessoas vivas, Josh, você consegue fazer qualquer coisa. Eles te ouvem e te admiram, e eu... sou apenas a menina louca que sumiu por dois anos e que por acaso é uma Eteryum. Mas eles precisam me ouvir, ou ouvir de você o que tenho para dizer.

 

- E o que você tem para dizer?

 

- Eu sei como chegarmos vivos nos Distritos do Norte. É isso o que queremos. Se eles não querem me ouvir, então espero que você possa me ouvir.

 

- Savannah, olha... eu lhe asseguro que eles vão te ouvir, você é amiga de boa parte deles, e a outra parte te vê como uma defensora super poderosa. Se alguém nesse grupo que tem voz, esse alguém é você. – falo, e então começo a refletir em o quão babaca fui ao tratar ela mal depois de tudo o que ela passou e pelo o que fez pela gente – eu só queria me desculpar. Esse tempo todo estava procurando uma desculpa, um agente da qual eu  poderia culpar por tudo.

 

- Uma pessoa para culpar a morte do Noah? – ela pergunta baixinho, mas então sua cara muda – meu deus, desculpa! Não era isso o que eu queria dizer...

 

- Tudo bem... – suspiro – você está certa. Na minha cabeça, você obrigou Noah a fazer aquilo, mas na verdade, eu sempre soube que ele fez para nos salvar. Mas agora ele se foi e... bom, talvez não tenha culpado.

 

- Tudo bem... eu também não consigo entender as coisas... foi tudo muito rápido e estranho, nunca tinha visto aquilo... – ela dizia fazendo uma cara confusa a cada frase que soasse da sua boca

 

- Não tinha visto o que? Fogo? Você é uma Eteryum, você faz o fogo! – falo

 

- Não Josh, um Eteryum normalmente só move as moléculas, movemos as coisas, nunca vi alguém criar fogo como o Noah. Ele de algum modo fez, e aquele furacão de Fogo que encostou na Redoma provavelmente foi um feito super raro.

 

- O que você está querendo dizer com isso? – pergunto tentando entender

 

- Que Noah é  um Eteryum muito forte, o que não faz sentido, já que ele mesmo disse que tinha aflorado a um mês atrás. É impossível ele ser tão poderoso com pouco tempo de treino. Criar fogo é algo impossível.

 

- O Noah era como um “super-Eteryum”? – pergunto tentando entender

 

- Não sei, apenas é estranho. Mas faria sentido Josephine querer ele, um ser tão poderoso assim seria praticamente impossível de controlar. – ela dizia segurando algumas toras nos braços, e aquela teoria me fazia muito sentido.

 

- Savannah...- minhas engrenagens da cabeça pareciam voltar a se movimentar depois de tanto tempo, com uma ideia absurdamente absurda.

 

- Oi?

 

- Você disse que... quando foi para aquele “LIMBO”... você usou um grande dose de energia, para abrir um buraco de minhoca, certo?

 

- Teoricamente sim. Porque? – então ela faz uma cara, da qual parecia ter compreendido o que eu dizia – Josh... você acha mesmo isso?

 

- Pensa comigo Savannah, ele simplesmente sumiu. – tento dizer meio eufórico, aquela ideia mexia com meus pensamentos de modo inquietante, meu corpo estava sob um grande mar de energia

 

- Josh, você está me dizendo que o Noah esta.... vivo?

 

Antes que eu pudesse concordar ou proferir alguma palavra, um barulho semelhante a uma explosão ecoa por toda a fazenda:

 

- Que barulho foi esse? – Savannah pergunta, e corremos para a porta, averiguar o que estava acontecendo.

 

E naquele momento, eu via diante dos meus olhos, via que a Redoma era apenas uma barreira da qual nos aprisionava do mundo afora, junto com todo o caos que existia, mas naquela cena, naquele fogo ardente que consumia tudo, percebi que a Redoma era o divisor do verdadeiro caos. O caos do verdadeira mundo.

 

Ainda éramos os Renegados.

 

 

 


Notas Finais


IHUHHUGIDIAIAIA EU NAO AGUENTO SENHOR

bom, primeiro quero dizer que é prazer estar de volta🍸 peço desculpas se tiver algum erro ortográfico e afins....

Para a galera que não sabe ainda, mas eu estou no Wattpad tbm, todos os capítulos estão disponíveis lá, porém esse aqui só vou postar as 18:00🙂 o link está na minha BIO e também vou deixar aqui em baixo

Gente, os próximos capítulos terão um grande destaque para o ponto de vista do Josh, na vdd, eh quase todo exclusivo dele. Vou tentar subir os capítulos nas terças e na sextas...

Quero agradecer pelos 200 favoritos, e por todo o apoio que venho recebendo lá no Wattpad ❤❤ vcs são incríveis

Comentem o que acharam, não Aconteceu nada de MT UOOOL mas eh pq eu queria recapitular os últimos acontecimentos e afins.

Gente, tem tenta coisa que eu quero falar com vocês, não só sobre a fic mas tudo o que está rolando com o NU e afins, porém não viu me estender aqui. Só quero deixar que estou feliz demais com eles se reencontrando aos poucos e que PLC vai ser lançada amemmmm

Ademais, é isso eu acho, hoje vou saudar às boas vindas.
Um brinde ao nosso comeback👄🍸

Link da Fic no Wattpad ->https://my.w.tt/KF3pHJQnH9


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