História Renegades - Nosh - Losing Control

(flashback) 28/08/2019 - Quarta-feira

Noah

- Vão querer o que? - perguntou a garçonete da lanchonete, que por acaso era a minha irmã, com um sorriso no rosto

- Mamãe! - exclamou Matteo em sua cadeira, indo dar um abraço em sua mãe

- Aí meu Deus que coisa mais linda! Eae, o tio Noah se atrasou hoje para buscar você? 

Eu estava rindo com tudo aquilo. Matteo como sempre me defendia, fazer o que, o tio é sempre mais legal que a mãe, né? Depois pedimos um lanche com fritas cada um, e Linsey voltou ao seu trabalho. Era metade da semana, e como toda quarta feira, eu trabalhava até às cinco da tarde no mercado,  e passava buscar Matteo na sua escola logo em seguida para comermos algo juntos.

- Tio Nô, é verdade que você brigou ladrão que estava tentando roubar a Tia Sina? - perguntou Matt curioso. Ai, eu me esqueço de quão curioso uma criança pode ser. É claro que ele tinha visto meus machucados na cara

- Quem te disse isso? 

- A mamãe - disse brincando com seu bonequinho em cima da mesa - ela disse que você foi muito corajoso defendo a Tia Sina.

- Quem me dera ter sido tão corajoso - falo sorrindo para ele, porém com um desdém de mim mesmo 

Bom, caso não se lembrem, faz dois dias que aconteceu aquela briga minha com Josh. Sinceramente eu passei a odiar ele com todas as minhas forças, não suportava olhar para ele e Bailey juntos. A diretoria não tolera violência na escola, então para a minha infelicidade, passarei o próximo sábado das 7:30h até às 13:00h de suspensão com o Beauchamp. Era isso ou suspensão de 2 semanas.

Achei injusto, pois nem encostei na princesa privilegiada, sem contar que foi ele que começou a me ofender, e terminou me agredindo, resultando em um olho roxo por uma semana segundo a enfermeira, alguns cortes internos na boca, e lábios cortados. E claro, ódio interminável pelo Joshua. Nós dia seguinte ele nem apareceu na escola, diria que foi um covarde, pois eu apareci. Hoje ele apareceu, mas para meu alívio, nem ele e nem Bailey apareceram para me infernizar.

O que eu realmente quero é entender por que ele me fez aquilo, quer dizer, a uns dias atrás ele simplesmente apareceu no mercado dizendo que ele e Bailey iam parar com tudo aquilo. Sinceramente, nem tento mais entender aquele dois perturbados.

Para o meu azar, vejo que não tenho sossego nem fora da escola, já que percebo que um Beauchamp havia acabado de entrar na lanchonete.

Merda.

Porra, o que esse filho da puta faz aqui? Tento me esconder com as mãos no rosto e me concentro em Matteo. Ele não podia me ver. De jeito nenhum. 

Okay, já faz uns segundos que estou assim, aparentemente ele não me viu. Levanto a cabeça e levo meu olhar até onde ele estava anteriormente. Havia sumido graças a Deus. Paz, amém!

- Ei Noah. - sinto uma voz vindo atrás de mim

Merda duas vezes!

Me viro para trás e vejo Josh, plantado com as mãos no bolso de seu casado do time de futebol. Era a única roupa que usava? Pela sua cara, estava em um conflito com si mesmo. Ou comigo? Não sei, mas ele não conseguia olhar para mim.

- Vaza daqui. - falo meio baixo para não chamar muita atenção de Matteo e nem de mais ninguém

- Eu preciso falar com você. A sós - diz grosso 

- Eu te dei essa chance, e olha o que recebi - falo apontando para o meu olho roxo

Ele olha para mim, ou para a minha cara, não sei, e desvia o olhar logo em seguida para a janela do estabelecimento.

- Noah, é sério.

- Eu que estou falando sério Josh! Porra! - me exalto aos poucos - eu não te fiz nada, absolutamente nada! E bom, para mim já é ruim o suficiente ter que te encarar por cinco horas e meia numa manhã de sábado, que é meu único dia de descanso nessa caralha, mas não, eu vou perder. Então Senhor Joshua Beauchamp, eu agradeceria desde já que não falasse mais comigo e saísse dessa lanchonete agora mesmo.

Eu estava realmente bravo, e irritado, mas falei com o tom de sempre, baixo sem perder a razão.

- E-eu... Olha, Noah.. 

- Algum problema aqui? - aparece Linsey com nosso lanche nas mãos, olhando para Josh com certo receio, percebendo que havia algo de errado aqui

- Não, ele estava de saída. - falo para ela, e depois olho para ele

O mesmo se da por vencido, olha para mim por um certo tempo, seus olhos azuis estavam bem mais azuis do que o normal. Morde o lábio pensativo, respira fundo e sai de perto, e toda minha raiva se esvai.

- Ele é o Josh? - minha irmã pergunta, pois ela sabia de toda a história, e de até eu ter um crush nele, eu tinha, por que hoje eu tenho nojo e ódio

- É. - falo meio bravo

- Quem é Josh? Porque você tava bravo com ele? - pergunta Matteo

- Ninguém querido. Come seu lanche - diz Linsey de retirando e piscando para mim depois, eu mostro um sorriso de canto meio fraco para ela logo em seguida

Eu podia jurar que Josh estava arrependido. 

(Dias atuais)

Noah

Estávamos nós hospital. Era o momento. Havíamos colocado Lamar já em sua cápsula de criogênia, estava em estado de hibernação, enquanto Sina e Hazel mexiam em alguns botões para regular o sono de Lamar, eu observava tudo aquilo. 

Do outro lado da cápsula estava Josh, que abraçava uma Any triste. A mesma estava chorando, mas sabia que aquilo era a melhor opção. Eu nunca a vi chorar antes do Blackout.

Talvez cobras tivessem lágrimas? 

Bailey, Joalin, Krys e Heyoon estavam logo ao lado dos dois, também com um olhar triste. Do meu lado estava Sina, que me abraçava, e do outro estava Sofya, Hina e Diarra. Não era nenhum tipo de cerimônia e nem despedida, mas sim um "até logo meu amigo, bons sonhos". O que me fazia questionar por quanto tempo todos nós passamos nessas máquinas, por que fomos deixados para trás e quem nos colocou aqui. 

Não é uma boa hora de fazer essas perguntas cérebro!

Porém minha cabeça não parava de pensar no que Josh havia dito: " E você, me perdoa?". Ele com certeza se referia a tudo o que aconteceu entre nós antes, principalmente naquela noite do Baile. Provavelmente ele não se lembrava, claro, estava bêbado naquela noite, com certeza não se lembrava. Para de se iludir Noah! Porém Bailey viu aquilo, então ele poderia ter dito para ele depois. Não sei, e talvez não saberei.

Ele pode não se lembrar, mas eu vou. Foi a pior noite da minha vida, porém aconteceu a melhor coisa dela também.

- Ei Noah - Sina diz ao meu lado, parecia estar tão distante. Ou era eu? Certamente era eu. Mergulhei demais em meus pensamentos

- Oi? - falo

- Eu vou voltando para a escola, okay? 

- Tudo bem - percebo que o pessoal já estava saindo também.

Ela sai, me dando um beijo em minha bochecha. 

Eu havia passado dois dias aqui, e a ficha estava caindo cada vez mais. No começo eu achava que estava num sonho, ou num pesadelo, mas hoje vejo que tudo isso é real, e de como esse lugar é perigoso. Isso tudo me afetava demais.

Só não podia perder a cabeça!

Sina

Eu saí daquele lugar porque sinceramente, eu não aguentava mais.

Nada contra Lamar, até porque o mesmo nunca me disse um "a", e Noah tinha o perdoado e tudo mais. O que mais me irritava naquela situação era Any.

Bruxas agora choram?

Eu andava sozinha pela rua até a escola, aos poucos a noite estava cada vez mais próxima, e daqui a pouco teria toque de recolher, já que Josh suspendeu a Caçada. Meus pensamentos são interrompidos quando ouço passos atrás de mim. Estava correndo.

- Ei - surge Heyoon ao meu lado, me cumprimentando com seu sorriso doce e inocente

Eu estranhei ela ter aparecido do nada. Motivo? Bom, eu e ela já tivemos um lance de verão, e essa garota foi o motivo de eu ter visto e percebido que eu não era uma menina igual as outras. Eu gostava muito dela, cada minuto ao lado dela, mas aí surgiu aquela bendita foto, que pôs fim a tudo aquilo que vivemos. Sinceramente, nem sabia se ela gostava de mim de verdade, ou se realmente gostava de garotas, talvez eu tivesse sido apenas um experimento.

Quando a foto vazou, graças á lindeza da Any, tudo aquilo acabou, pois nem eu e nem ela tínhamos nos assumido. Na noite da cerimônia da Savannah na escola, foi a última vez que nos falamos, e que nos beijamos.

- Não aguentou mais aquilo também? - pergunto

- O que? Não. Quer dizer, Lamar era muito importante para mim, e  para todos lá. - diz Yoon meio triste

- Até para Any? - Falo rindo com incredulidade 

- Principalmente para a Any. - disse ela defendendo a amiga

- O que? GABRIELLY tem coração de pedra, não consegue ter sentimentos pelos outros. - falo meio irritada

- Você não a conhece direito.

- Não, mas sei que ela é uma vadia psicótica, que acabou com a minha reputação espalhando aquela imagem de merda. - falo não só irritada mas brava

- Ela pode ser essa bitch, mas ela é uma grande amiga minha, me ajudou nos momentos que eu mais precisei - diz ela sentimental

- Olha, se for ficar aqui defendendo sua amiguinha para cima da mim, é melhor ir embora. - falo brava - aliás, por que veio falar comigo? Não nos falamos faz um bom tempo.

Ela então cessa seus passos, me obrigando parar junto com ela. Heyoon me encarava e parecia estar num conflito interno ao mesmo tempo. Eu a observo, a analiso, e vejo o quanto ela era perfeita, o quão seu corpo é era perfeito e o quanto sua boca é maravilhosa.

- Eu senti sua falta - diz ela se aproximando de mim cada vez mais, e mais e mais. Eu não dou um passo sequer para trás, pois não queria. Estava a um palmo de distância de mim, nossos corpos estavam praticamente colados. 

Ela enrola seu dedo indicador no meu com certa delicadeza. Minha respiração já estava fora de controle, e meu corpo foi inundado pelo calor. Fecho os olhos lentamente, tentando pensar no que eu queria 

- Eu também - falo finalmente. E nós nos beijamos.

Selamos nossos desejos com nossos lábios.

Entrelaçamos nossas línguas como se conhecêssemos cada canto de nossas bocas,  e cada toque de nossos lábios. Ela segura em minha cintura  com delicadeza e ousadia, e eu prendi minhas mãos em seu pescoço. Não queria estar em outro lugar se não ali. Inalo seu cheiro, usava um perfume doce que nem ela, e seu hálito de menta refrescava minha boca, em meio a tanto fogo.

Nós nos separamos calmamente, ainda com nossas testas coladas uma na outra. Ouço seu coração bater e sua respiração colidir em meu pescoço. Abro os olhos. Era aquilo o que eu queria, desde que acordamos nesse inferno, era isso o que realmente queria.

Queria ela, e nada mais.

(Flashback) 28/08/2019 - Quarta-feira

Josh

- Na sua direita Lamar! Atira! Atira! Caralho Lamar! - falo irritado jogando meu controle em minha cama

- Ei calma mano! - diz Lamar me olhando estranho

- Desculpas. - falo bravo, desligo o vídeo game, e me jogo na cama logo em seguida, passando a mão em minha cara

- Hey Cara, o que foi? Ta assim porque perdemos a partida? - diz ele sentado, bem a vontade, em minha cadeira gamer

- Não. - falo baixinho, porém ainda muito bravo

- Hey, ânimo! Sábado tem Polo Party na casa da Heyoon! - diz Lamar bem animado - Uoo! Uoo!

- Cala a boca! Esqueceu que sábado tenho detenção! E estarei de castigo por umas três semanas. - falo ainda bravo

- Nossa esqueci. Bem feito também, ninguém mandou bater no Urrea. - diz ele tirando com minha cara - aliás, o que fez de tão grave para você detonar o garoto assim?

Olho para ele bem irritado

- Você não viu o que ele disse de mim?

- Vi. Mas vi também que foi você que disse primeiro coisas horríveis sobre ele e a família dele. - diz girando a cadeira levemente

Lamar estava certo. Quer dizer, eu nunca achei que o que fiz o Noah estava certo. Mas eu precisava fazer aquilo. Bailey disse que se eu fizesse aquilo com ele, o mesmo ia parar de pegar no pé dele e das suas amigas, porém as coisas saíram de controle. Não queira falar aquilo para Lamar.

"A cadelinha vai fazer tudo o que o seu dono mandar? Não é?" 

Aquilo martelava na minha cabeça.

Entendo a preocupação de Lamar, já que ele e Noah eram melhores amigos no ensino fundamental. Hoje, Lamar é meu melhor amigo, porém algo me diz que se arrepende muito de ter deixado Noah. Sinceramente, Noah nunca foi um problema para mim, o único que tinha problemas com ele era Bailey, que para mim estava se tornando cada dia mais obsessivo com aquilo. De verdade, tinha pena de Noah, e eu não queria ter ferrado mais com a vida dele.

Eu tentei explicar para ele tudo hoje mais tarde, na lanchonete, mas ele não queria falar comigo. O que foi compreensivo, eu não falaria com alguém que se pôs a ajudar e depois saiu distribuindo socos na minha cara dizendo coisas horríveis. Porra, eu sou um merda, porque eu fiz aquilo?

- Ei Lamar, sua mãe ligou falando para você ir para casa pois está tarde - apareceu meu pai na porta com o telefone na mão - vê com ela se você não quer passar uma noite aqui. Talvez você ensine algo a esse garoto sobre boa conduta e algo que preste - disse ele me olhando com certo desprezo

Reviro os olhos. Pelo incrível que pareça, meu pai ficou mais bravo pelo fato de como aquilo ia afetar meu futuro acadêmico do que com o fato de ter agredido alguém. Lamar era o típico amigo que meu pai usava como parâmetro de "bom filho" que trará orgulho para a família. Lamar claro ficou sem graça, até porque ele sabia que odiava quando meu pai me comparava consigo mesmo.

- Obrigado senhor Beauchamp, mas vou indo. - diz Lamar se levantando e pegando sua mochila - falou mano.

Eu e ele seguramos nossas mãos em um comprimento e depois ele se retira do quarto. Assim que ele sai, meu pai lança um olhar de decepção sobre mim, e depois se retira junto com ele.

Agora toda essa reprovação do meu pai não estava me abalando tanto. Não quanto a minha consciência pesada. Por algum motivo eu sentia a necessidade de pedir desculpas para Noah. Me cortou o coração vendo ele chorando aquele dia, enquanto eu o detonava. 

Quer dizer... Não que eu fiquei emotivo por ver ele assim, tipo, nem conheço ele. Conheço porém... Ai enfim. Droga.

É humano sentir pena do outro.

(Dias atuais)

Noah 

Finalmente aquele maldito dia estava chegando no seu fim. Eu estava no vestiário masculino tomando um banho. Hoje eu pude sentir na pele o que todos passaram, que foi perder um amigo para aqueles demônios. 

Me enxugo e depois me enrolo na toalha. Vou para frente do espelho, um enorme espelho, e vejo que estou sozinho. Observo a linha negra e curvada que descia do encontro entre meu ombro e meu pescoço. 

Qual é daquela tatuagem? Me viro de costas para o espelho, mas deixo minha cabeça virada para ele, e analiso ela por Inteiro. Depois que ela se mudou naquele dia no hospital, nada mais aconteceu. A não ser pelo fato dela ter brilhado quando...

Me viro de novo em frente ao espelho. Observo ao redor, ninguém estava aqui comigo no banheiro, estou sozinho. Fecho os olhos. Estendo as mãos. Respiro.

Água.

Água.

Penso na água.

Penso na torneira em minha frente.

Okay, isso é Estranho.

Estou realmente fazendo isso?

Foco.

Da última vez que isso aconteceu eu precisei de foco.

Okay...

Merda! Porque não tá dando certo? Porra, eu tenho que estar morrendo para isso aqui dar certo? Por que caralhos eu tenho essa merda dessa tatuagem sendo que ela não serve para nada a não ser para ser alvo de fofocas e cochichos alheios? Quer saber? Que se foda tudo!!

Calor nas veias, arrepios no corpo. Sensação cuja que eu já me acostumei. Tinha dado certo.

Abro os olhos ao ouvir o som da água escorrendo. As torneiras da pia estavam abertas, me olho para o espelho, e tudo que vejo era um garoto assustado, com as veias do pescoço saltada e ofegando de medo. Além das suas tatuagens misteriosas estarem brilhando, novamente.

Pela primeira vez eu achei aquelas tatuagens bonitas, eu fiquei hipnotizado pelas próprias. Já não ofegava mais, tudo ao meu redor aparentava estar queimando.

Aquela tranquilidade misturada com adrenalina foi embora quando ouço o barulho de algo caindo. Me viro para a porta e me deparo com alguém entrando.

Josh.

Eu levei um susto, mas o fato de ser pego por Josh naquela situação foi pior. As torneiras se fecharam e as tatuagens pararam de brilhar, o que foi um alívio para mim, porém algo me dizia que ele viu tudo aquilo, ao julgar pela sua cara de choque e espanto.

- Noah...

Ele não conseguia falar. Provavelmente estava tentando analisar e chegar numa conclusão plausível sobre o que tinha acabado de ver.

- Você estava...brilhando? - disse, aparentemente aquela era sua conclusão plausível.

Eu não sabia se falava algo. Eu estava com vergonha e medo. Josh Beauchamp, garoto da qual eu sempre gostei, ou gostava, me viu brilhando. E só de toalha.

Eu olho para ele bem assustado também, pois não sabia o que dizer.

- Noah, o que aconteceu aqui? 

Eu prefiro não responder, então pego um roupão que estava no banco ao meu lado, me enrolo nele e saio dali o mais rápido possível.

Passo por ele, o mesmo estava imóvel, evito contato com ele ou qualquer tipo de interação.

Josh

Eu estava ainda parado, naquele banheiro, olhando para porta por onde Noah tinha acabado de sair. Ele parecia estar assustado e confuso, tanto quanto eu.

Mas porque raios ele estava brilhando. Eu havia chegado no banheiro, e o mesmo estava com suas tatuagens, as famosas tatuagens que todos comentavam, brilhando. Não só isso, mas as torneiras estavam ligadas, o que não seria estranho se não fosse pelo fato de terem se fechado no exato momento em que Noah percebeu minha presença e suas tatuagens pararam de brilhar.

Eu estava certo, eu acho. Ele certamente escondia algo. Algo que tinha a ver com tudo que estava acontecendo.

Shivanni

Eu estava exausta já, não preguei os olhos o dia inteiro. Ficar como enfermeira de Lamar exigiu todas as minhas energias, e ver Noah daquele jeito foi horrível. Vou para o meu quarto, com um único desejo de dormir e acordar quando aquela maldita cúpula se quebrar.

Para minha surpresa, assim que abro a porta do quarto, vejo Diarra deitada em sua cama, mas não dormindo.

Diarra estava estranha o dia inteiro, na verdade, desde que ela chegou com o grupo de caça na enfermaria para cuidar da Sofya. Bom, todos estavam. Eu estaria.

Ser perseguida por Bestantes não é a melhor maneira de passar a noite. Porém aposto que não era aquilo que afligia a Di. Mas sim todo o lance com o Noah.

- Hey Di, Você está bem? 

- Oi Shiv. Estou ótima! - diz ela se sentando em sua cama, mas aparentemente não estava ótima 

- Bom, você sabe que pode contar tudo para mim né? - falo me sentando do lado dela

- E porque eu estaria escondendo algo? - diz ela, claramente escondendo algo

- Sei lá. Você ficou assim o dia inteiro. Aconteceu algo ontem a noite, além de tudo aquilo, que eu não saiba? - pergunto

As feições dela se muda. Olha para os seus pés, eu havia "cutucado" algo nela com certeza.

- Promete que não vai dizer a ninguém? - diz ela preocupada

- Prometo. - falo me ajeitando

- Tipo, para ninguém mesmo. Muito menos para o Noah. Pelo menos não agora, eu preciso de mais respostas.

- Caramba Diarra, agora eu estou preocupada. - falo bem aflita e curiosa

Ela respira fundo.

- Eu já  vi aquelas tatuagens do Noah antes. - fala de uma vez

- O que? - digo confusa

- Eu disse que já vi aquelas tatuagens do Noah antes. Antes de...tudo isso. - diz ela levemente perturbada

- Como assim? E você não disse nada?

- Não até ver elas brilharem, e Noah ter feito...tudo aquilo com os Bestantes.

- Diarra e-eu...não estou entendendo nada, em quem você viu isso?

Ela respira de novo.

Olha em meus olhos.

Mais fundo.

- Na Savannah.