Acordaram no outro dia bem cedo.
-- Por que tão cedo, mãe? - Luana resmungava na mesa. -- Minha mãe ligou?
-- Você tem aula e eu trabalho. - Riu. -- Sua mãe não ligou ainda.
-- Hum. Será que ela esqueceu? - Falou triste. -- Tô com saudade...
-- Oh, já já ela liga. - Marta falou. -- Ela prometeu, certo?
-- Sim.
-- Quer que eu ligue, Luana? Assim, você mata a saudade.
-- Pode mãe? - Sorriu animada. -- Eu quero!
-- Será que ela não está ocupada?
-- Mãe, são seis meia da manhã. - Heloisa riu. -- Ela provavelmente, nem acordou ainda.
-- Liga.
-- Ta bom. Mas... - Avisa. -- Vai ser rápido, ta bom? Senão nos atrasamos.
-- Ta bom. Liga logo.
Heloisa tentou duas vezes e ninguém atendia.
-- Deve esta dormindo ainda.
-- Então, vamos nos arrumar. - Marta falou. -- Quem sabe ela retorna.
-- Isso, dona Marta. Vamos os escovar os dentinhos, Lua? - A garotinha fez um bico. -- Meu Deus! Dengo logo de manhã... Venha cá pro colo da mamãe.
-- É todo dia isso? - Marta achou graça da cena. -- Todo dia esse denguinho gostoso?
-- Não... As vezes é pior. - Lica comentou fazendo sua mãe rir. -- Sério, as vezes Samantha deixa de ir ao estúdio pra ficar até tarde com ela.
-- Meu Deus...
-- Eu falo. Mas sempre saio como a bruxa da história.
-- Você não é bruxa, mamãe.
-- Não sou! - Abraçou apertado. -- Agora vamos nos arrumar.
-- Vamos!
Devidamente trocados. Heloisa foi no carro separado da mãe.
-- Obrigada por passar a noite conosco, mãe.
-- Sempre que precisar, certo? Eu amo vocês.
-- Te amo, vovó.
-- Também te amo, meu amor. Se a febre aumentar, não hesite em me chamar. Ouviu?
-- Sim senhora. - Bateu continência. -- Obrigada por me ajudar, mãe.
-- Obrigada, vó.
-- Não agradeça. Assim, vocês me ofendem. Beijo.
★
No carro, Heloisa tentou ficar mais próxima possível da filha. O telefone tocou. Era Samantha.
Ligação on
-- Sua mãe, filhota. - Colocou no viva voz. -- Oi...
-- Você me ligou várias vezes. Aconteceu alguma coisa? Cadê a Luana?
-- Respira. -Riu. -- Não aconteceu nada. Luana pediu pra te ligar.
--Ahan... Cadê ela?
-- Esta aqui. Estamos no carro. - Virou para filha. -- Fala com sua mãe, Lua.
-- Mãe... por que você não ligou? - Reclamou. -- Eu esperei.
-- Meu amor... Mil desculpas. Eu dormir demais. - Justifica. -- Acordei e corri pro banho.
-- Onde a senhora esta?
-- No carro. E você? Escola?
--Eu não queria... - Falou baixo. -- Queria você...
-- Eu sei, Lua. Só te peço um pouquinho de paciência, ok? - Pede. -- Irei chegar logo.
-- Ta bom.
-- Heloisa?
-- Tô aqui.
-- Ela comeu direitinho?
-- Comeu.
-- Comi, mãe. Eu já sou grande! - Revira os olhos -- Não queria ir pra escola hoje
-- Por que? Você gosta tanto da tia.
-- Gosto. Mas, eu gosto mais de ficar com você.
-- Ela fez drama hoje também, Lica?
-- O que você acha? - Riram. -- É óbvio. Não queria levantar essa preguiçosa...
-- Não sou preguiçosa. - Fez bico. -- Eu só queria dormir mais.
-- Quando você chegar, descanse. - Sam aconselha. -- Dormiu bem?
-- Sim. Dormir com a mamãe. - Fala sorrindo. -- Queria que nós três dormisse juntas.
-- Outra hora.
-- Você ta bem, Samantha?
-- Estou. E você?
-- Ahan.
-- Trabalhando muito, mãe?
-- Nem tanto. - Sorrir. -- É mais burocracia. Assinar papéis essas coisas de gente adulta. - Riu prevendo a reação da filha. -- Quando você crescer, saberá.
-- Eu sou grande, mãe!
-- Muito grande. - Heloisa rir. -- Bicuda e dengosa...
-- Não sou bicuda.
-- Não mesmo.
-- Samantha? Tenho que desligar. Já chegamos!
-- Tudo bem. Bom trabalho. Eu te amo, filha. Boa aula!
-- Também te amo, mamãe. Volta logo.
-- Ta certo. - Ri. -- Beijo. Beijo.
-- Beijo.
Samantha desligou e focou na reunião. O pessoal iria para um conserto musical. Tinhas estudantes de todo o pais. Músicos e Jornalistas.
-- Samantha? - Seu assistente a chamou. -- Vamos entrar. Assim ficaremos mais acomodados.
-- Ok.
-- E a filhota? Esta melhor?
-- Sim. - Sorrir. -- Ela acordou melhorzinha. Essa falta de controle da imunidade dela me preocupa.
-- Coisa da idade. Dê bastante líquido. Ela vai crescer e isso logo muda.
-- Tomara! Ela tem muita febre.
-- Meu irmão também tinha. Hoje ele tem 15 anos. Daqui a pouco é a Luana. - Rir. -- Vai levar os namoradinhos pra te conhecer. - Samantha fez uma careta. -- É, minha amiga, melhor ir se acostumando.
-- Não vou me acostumar nunca. Ela é só um bebê.
-- Precoce, diga-se de passagem. - Sorriram. -- Sente-se.
-- Obrigada.
A palestra aconteceu animadamente. Samantha não estava com a cabeça ali. Ficou a palestra toda pensando em Luana e Heloisa.
-- Não posso acreditar...- Alguém chega por trás. -- Acho que é o destino nos querendo pregar uma peça. - Ri. - Mundo pequeno.
-- Maisa... - Rir. -- Você... Que bom te revê.
-- Eu, particularmente, adorei!
-- Hum... - Ri sem graça. -- O que esta fazendo aqui?
-- Samantha... - Sussurra. -- Não é óbvio? - Gargalha. -- Vim pro conserto junta do pessoal do curso.
-- Claro... Que cabeça a minha.
-- Tudo bem... Deve ter ficado emocionada ao me ver. - Samantha nega sorrindo. -- Brincadeirinha.
-- É... Só estou distraída. Luana esta com mal estar.
-- Jura?!
-- Sim... Imunidade baixa.
-- Oh, meu Deus.... Coitada. - Samantha baixa o olhar. -- Mas ela vai ficar bem, Sam... É uma menina forte.
-- Isso é mesmo! - Sorrir.
-- Eu gosto do seu sorriso. Ele é lindo. - Samantha se remexe desconfortável. -- Ei...
-- Maisa, não. Por favor... - Sussurra. -- Não faz isso...
-- Só te elogie. - Diz também levantando. -- Me desculpe!
-- Tudo bem... Só não faz isso. Já ta difícil o bastante.
-- Problemas no paraíso?
-- Em casa mesmo. - Sorrir. -- Tô confusa.
-- Se quiser conversar. - Apontou a saída. -- Deu uma pausa aqui. Quer comer alguma coisa?
-- Tudo bem. Mas, com seus amigos?
-- Não! - Ri. -- Que horror, Sam... Crianças... Só vamos nos duas. Tudo bem pra você?
-- Tudo. Só vou falar com um amigo.
-- Espero.
Samantha se despediu de Hugo, prometendo voltar pra segunda parte do evento. Chegaram no restaurante.
-- Vamos sentar, ali?
-- Vamos!
-- Então... - Sentaram. -- A vida não anda muito colorida pra você? - Samantha assente. -- Sinto muito.
-- Sente mesmo? - Perguntou e logo se arrependeu. -- Desculpa! Desculpa, não quis ser...
-- Tudo bem, Sam! - Segurou sua mão por cima da mesa. -- Eu não nego nada do que estou sentindo.
-- Maisa, eu...
-- Eu quero você. - Sorrir. -- Quero muito.
-- Eu sou casada! Maisa, as coisas não são...
-- Eu sei... - Rir sem humor. -- Infelizmente as coisas não funciona assim.
-- É.
-- Olha, Sam. Eu gosto muito de você, o que é estranho, já que nunca nos beijamos. - Riram. -- Mas, eu respeito você! Muito. Você tem sua família.
-- Nem sei se tenho mais.
-- Pode ser só uma fase. - Samantha suspira. -- Você não tem certeza do seu sentimento por
...?
-- Eu a amo, Maisa. Mas, as veses parece que o amor não é o suficiente.
-- Às vezes sim, às vezes não.
-- Você me parece bem inteligente! - Pensa. -- Você tem quantos anos?
-- Dezenove. Na verdade fiz ontem.
-- Meus parabéns. Você é bem novinha... Achei que tivesse menos, na verdade.
-- Você reparou em mim? - Sorriu empolgada. Samantha assentiu. -- Interessante...
-- Normal, Maisa. Você é linda... Digo... Muita gente deve reparar em você.
-- Eu gostei que tenha sido você. - Se aproximou sussurrando. -- Me deixa mais...Alegre.
-- Maisa! - A empurra sorrindo. -- Para, sua louca.
-- Ok. - Levanta as mãos. -- Desculpe. É que você é muito linda. - Sorrir travessa. -- Muito mesmo.
-- Você me deixa envergonhada.
-- Fica ainda mais linda. - Samantha sorrir sem graça. -- Você tem quantos anos?
-- Vinte e cinco.
-- Meu Deus!
-- Quê?!
-- Você parece ter bem menos. - A olhou. -- O tempo parou pra você.
-- Quem dera...
-- Eu gosto do que tô vendo.
-- Você fala isso p...
-- Pra te agradar? Claro... - Levantasse para sentar ao seu lado. -- Por que estou apaixonada? Também. Mas, falo porque é a mais absoluta verdade também.
-- Esta na hora de votarmos, né? - Se afastou. -- Vamos?
-- Temos dez minutos ainda. - Se levantou. -- Quero te levar em lugar especial aqui.
-- Eu acho melhor não.
-- Relaxa, Samantha... Não vou te agarrar. - Samantha semicerrou os olhos. -- Eu juro!
-- Jura mesmo?
-- Juro de dedinhos.
-- Que besta. - Sam gargalha. -- Me leva logo.
-- Agora!
Era uma praça enorme. Tinha árvores lindas. As paisagens dava um sensação de paz. Não tinha muita gente, por conta do horário.
-- É lindo aqui.
-- Você não viu nada. - Entrelaçou suas mãos. -- Vem!
Maisa a puxou.
-- Uau.
O lugar ficava por trás do parte. Era tipo uma montanha. O local era cheios de rochas. Maisa sentou e puxou Samantha para que se sentasse ao seu lado.
-- Esse lugar é especial pra mim.
-- Isso é muito lindo!
-- Não mais que você... - Afastou os fios de cabelos dos olhos dela. -- Seu sorriso é lindo...
Maisa se aproximou lentamente. Aproveitou que Samantha estava distraída olhando a paisagem.
-- Aqui parece aqueles filmes de... - Quando olhou para o lado, viu a garota próximo ao seu rosto. -- O que você esta fazendo? - Perguntou num sussuro. -- Não faz isso...
-- Você é linda. - Deu um beijo em sua bochecha. -- Eu não vou te beijar. -- Sussurrou a encarando. -- Eu quero. Por Deus, como eu quero. - Se afastou. -- Mas eu não vou fazer isso!
-- Você não deve fazer isso.
-- Olha... - Apontou para um vendedor de brinquedos. -- Vou ali. Me espere aqui, ta?
-- Ok.
Samantha ficou olhando a paisagem e um nó se formou na garganta. Se sentia confusa. Parecia surreal tudo o que estava vivendo.
-- Ei! - Maisa a chamou. -- Pra você e um pra Luana.
-- Não precisava.
Era dois ursos. Um estava tocando baixo. E o outro, estava dançando.
-- Obrigada! São lindos.
-- Não agradeça.
-- Qual é o meu?
-- O seu é esse tocando baixo.
-- Imaginei.
-- Sou previsível então?
-- Eu diria, observadora. - Sorriu. -- Obrigada, Maisa!
-- Me chama de Isa? - Pedia como uma criança. -- Eu gostaria que você me chamasse de Isa. Menos informal.
-- Ta bom... Isa! - Levantou-se. -- Vamos? - Esticou as mãos para ela. -- Hugo deve ta querendo me matar.
-- Vamos, Sam...
★
-- Vamos pra casa, mamãe. - Luana falou emburrada. -- Eu quero ir pra casa.
-- Luana... Fica quietinha, vai? - Pediu. -- Deixa eu terminar isso aqui. Prometo que vai ser rapidinho.
-- Aham... - Responde Desanimada.
-- O que você disse?
-- Nada, mãe.
-- Por que não vai lá fora brincar um pouco?
-- Não posso ficar aqui?
-- Claro, meu amor.
-- Pode ligar pra mãe agora? - Pergunta esperançosa.
-- Não. - Luana fez bico. -- Filha... Escute! Sua mãe esta trabalhando. Você precisa entender isso. Você já é bem grandinha.
-- Eu não posso falar com ela?
-- Claro que pode. - À pega no colo. -- Quando ela terminar, irá te ligar. Tenho absoluta certeza.
-- Aham.
Juliana entra na sala.
-- Garotinha... Não sabia que estava aqui. - Luana a abraça. -- Que bom te ver.
-- Oi.
-- Esta triste?
-- Isso é birra. - Heloisa avisou. -- Saudade da mãe.
-- E cadê ela?
-- Viajou. - Respondeu desanimada.
-- Ihh... Sabe o que melhora essa carinha?
-- O que?
-- Pizza!!
-- Gosto.
-- Não! - Heloisa se manifestou. -- Hoje não dá. Luana, arruma as coisas que terminei.
-- Mas mãe...
-- Luana!
-- Gente, calma. - Juliana se aproxima de Lica. -- Qual é Lica. Ela é apenas uma criança.
-- Hoje não dá!
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