História Resiliência - O refúgio do Oyabun

Naquela manhã chuvosa dispensou o café preparado por Chiyo e foi direto para o carro.

O motorista estacionou à alguns metros do pequeno e charmoso café onde estava a responsável por seus devaneios. Entrou no lugar aconchegante dispensando o segurança que segurava o guarda-chuva para que não se molhasse. O barulho de sino o irritou novamente mas ignorou, caminhando calmamente até a mesa que ocupou no dia anterior.

As mãos nos bolsos da calça social e o rosto sério e inexpressivo arrancavam suspiros das mulheres que o viam passar.

Sentou abrindo o paleto com cuidado para não revelar as pistolas que levava por baixo e com seus olhos de falcão procurou sua presa. A aliança dourada foi para o bolso ao mesmo tempo que os olhos verdes repararam em sua presença.

Ela veio, sorrindo daquele jeito que o enlouquecia. Os olhos brilhantes e os cabelos de cor exótica mas bonita. Era perfeita!

– Bom dia! – Ela cumprimentou simpática como no dia anterior – O mesmo de ontem?

Sasuke inevitavelmente sorriu de canto ao ver que não passou despercebido.

– Sim – Respondeu o mais gentil que conseguiu olhando fundo nos olhos verdes dela – Mas pode trazer alguns ovos mexidos junto.

A mensagem aparentemente foi recebido já que as bochechas da jovem coraram adoravelmente.

– Já volto com seu pedido senhor! – Ela disse sorrindo um pouco sem graça e se afastou em direção a cozinha.

Sasuke acompanhou o caminhar delicado dela, o quadril mexendo a cada passo de forma tentadora.

Ele a queria.

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– Caramba Testuda! – Ino exclamou assim que Sakura entrou na cozinha do café para preparar o pedido do Uchiha – Que moreno maravilhoso é esse que você ‘tá atendendo?!

A loira dava pulinhos empolgada com o homem que destoava do ambiente simples do café. Ele era grande, bonito, elegante e exalava poder. 

A loira o classificava facilmente como deus grego.

– Oh – Sakura se assustou com a empolgação da amiga mas se concentrou em preparar o café. Forte e sem açúcar, algo que ela julgou combinar de alguma forma com a aparência intimidante dele – Ele veio ontem também – Comentou dando de ombros meio desinteressada e mais focada em não espalhar o pó do café por toda a bancada.

Tinha boa memória e sempre lembrava dos pedidos dos clientes mais assíduos, por isso foi uma surpresa que ela tenha guardado de primeira a preferencia quanto ao café do homem bonito que estava deixando sua melhor amiga esfuziante.

– Como você pode estar tranquila assim? – Ino perguntou indignada colocando as mãos na cintura e olhando feio para a rosada, que nem prestava muita atenção na conversa – Não percebeu como ele é bonito? – As mãos fizeram um movimento no ar como se desenhassem a silhueta do homem.

– Sim – Respondeu distraída – Muito bonito mesmo, mas de que adianta olhar se ele nunca vai reparar em alguém como eu?

– Como não? – A loira estava revoltada com a falta de auto estima da amiga – De todas as garçonetes daqui você é a mais paquerada! Se alguém tem chances de conseguir pelo menos o telefone do bonitão, esse alguém é você! – E era verdade, Shizune vivia recebendo perguntas sobre a simpática funcionaria de cabelos rosados. Até duas propostas de casamento surgiram! As senhorinhas do bairro sonhavam em apresentar Sakura para seus netos, mas nem tudo isso fazia com que ela entendesse como era incrível.

Sakura riu enquanto acomodava os ovos mexidos bem temperados no prato que junto com a xícara de café colocou na bandeja. Equilibrou na mão e sorriu para a amiga.

– Deve ser desconfortável uma desconhecida pedindo seu telefone. Alias, ele é bonito mas aposto que tem uma namorada tão bonita quanto, nunca vai olhar para uma garçonete como eu – Concluiu beijando a bochecha de Ino de forma carinhosa ao passar por ela – Mas agradeço o incentivo.

Ino viu a amiga sair pela porta e sorriu conformada. Sakura não tinha a minima noção do quanto era bonita e simpática. Sempre chamava a atenção masculina mas era lerda demais para perceber.

Olhando pela janela que ficava na parede que dividia a cozinha do salão conseguia ver os olhos ônix do moreno maravilhoso olhar atentamente para a amiga. Ele estava obviamente interessado mas a boba nem desconfiava.

Suspirou e sorriu, adorava aquela coisinha cor de rosa e esperava que um dia ela encontrasse o príncipe encantado que tanto sonhava.

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Sakura equilibrava a bandeja com cuidado. Na semana anterior havia derrubado uma em um cliente e foi uma vergonha, o coitado havia ficado completamente encharcado de café quente. Estava tentando ser mais atenta e menos desajeitada. Shizune era tão boa para ela, não podia decepciona-la e pior, perder o emprego que tanto precisava.

Nenhum homem bonito como o moreno, à quem servia o café no momento, repararia em alguém tão desastrada como ela. Ino tinha cada ideia!

– Aqui está! – Sorriu gentil, mas quase engasgou quando levantou a rosto e viu o moreno olhando tão intensamente em sua direção – Algum... Algum problema, senhor? – Inevitavelmente levou as mãos ao rosto pensando ter algo sujo ou fora do lugar.

Sasuke sentia o sangue ferver toda vez que ela o chamava de senhor. Por ser quem era adorava ser tratado com respeito. Imaginava como deveria ser ter aquela voz doce o chamando pelo titulo de Oyabun.

– Não – Respondeu sério, apoiando o rosto no punho fechado. O braço forte apoiado na mesa – É que seu sorriso é muito bonito – Elogiou sincero.

O rosto de Sakura se avermelhou imediatamente e ela sentiu o coração disparar enlouquecido.

– Oh... É... Obrigada! – Ela gaguejou constrangida. Quase se chutou por ter parecido tão idiota na frente dele. Era tímida mas não costumava ficar tão idiota assim, por isso se concentrou, respirou fundo e deixando o constrangimento de lado sorriu feliz para ele pronta para voltar a atender outros clientes.

Não era a primeira vez que era elogiada por algum cliente, acontecia frequentemente para falar a verdade, mas sabia que era apenas uma forma de gentileza deles e por isso não se incomodava, sempre acabava rindo e agradecendo feliz. Mas esse homem falou de uma maneira tão sincera e com o rosto tão sério, que ela ficou desconcertada.

– Qual o seu nome? – Ele perguntou antes que ela se afastasse.

Sakura piscou algumas vezes confusa mas não se importou em responder. Não era o primeiro cliente a perguntar seu nome e provavelmente não seria o ultimo.

– Sakura. Haruno Sakura – Ela respondeu ainda sorrindo e ele a achou adorável. Já sabia o nome dela, mas queria que ela se apresentasse.

– Bonito nome – Elogiou o mais galante que conseguiu. Não tinha o costume de flertar ou mostrar interesse em nada, nunca precisou disso já que as mulheres praticamente se atiravam em seu colo apenas com um olhar em sua época de solteiro – Não vai perguntar o meu? – Sorriu de canto a vendo parada o observando.

– Me desculpe! – Se apressou a falar rindo descontraída. Ele aparentemente era simpático apesar da cara fechada então ela já começou a se sentir mais a vontade em sua presença – Qual o seu nome?

– Sasuke – Respondeu e Sakura, distraída como era, nem percebeu a falta do sobrenome que ele ocultou propositalmente. Não queria ser tratado diferente apenas por ser um Uchiha.

– Como o ninja, né? – Perguntou empolgada. Quando era pequena seu avô contava histórias sobre ninjas famosos e Sarutobi Sasuke era um deles.

– Sim – Ponto para a jovem por mostrar alguma cultura. Sasuke foi pontuando em sua mente uma lista de qualidades dela, que apenas aumentava.

– Que legal – Comentou ainda distraída pensando se o ninja Sasuke era tão bonito quanto o homem que estava a sua frente.

Sasuke quase riu, coisa que não fazia. Ela era linda e muito simpática, era fácil conversar com ela. Pensava consigo mesmo se seria abuso demais pedir para ela sentar e o acompanhar no café.

– Sakura! – Shizune se aproximou frustrando os planos do Uchiha – Você tem outras mesas para atender querida – Alertou gentil e Sakura na mesma hora saiu correndo até outra mesa se despedindo brevemente do moreno – Desculpe – A mais velha se desculpou com Sasuke e se afastou também.

Sasuke bufou contrariado e muito tentado a assassinar a mulher que havia atrapalhado a conversa.

Conferiu o relógio rolex que usava e percebeu já estar na hora do trabalho, tinha uma reunião logo cedo com alguns investidores. Pagou a refeição com Shizune mesmo e dando uma ultima olhada na direção de Sakura saiu do café pretendendo voltar no dia seguinte.

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E Sasuke voltou.

Dia apos dia lá estava ele todas as manhãs, sentado na mesma mesa e observando a adorável garçonete que enchia de vida aquele pequeno Café.

Ela era um tipo de mulher que ele nunca havia visto na vida e por isso acreditava estar tão fascinado. Bonita, divertida, engraçada, meiga e inocente, se continuasse a lista seria infinita. Durante as várias conversas breves que tiveram nos primeiros dias ele foi conhecendo cada vez mais a esforçada jovem que o encantou.

– Senhor Sasuke! – Como havia virado rotina na última semana Sakura já o esperava com o café pronto e uma fornada de biscoitos de queijo que ele descobriu serem bem gostosos – Muito trabalho? – Perguntou quando depositou o prato e a xícara em frente ao homem vestido impecável como sempre em um terno preto.

– Sim – Respondeu brevemente depois de um suspiro – Hoje está vazio – Comentou olhando ao redor. Alem dele apenas mais um cliente estava sentado do outro lado do salão.

– Pois é! – Concordou e Sasuke levantou o rosto tentando encontra-la. Sakura já estava à duas mesas de distancia passando um pano na superfície enquanto dava alguns passinhos desajeitados, dançando uma música que se encontrava apenas em sua cabeça.

O Uchiha quase riu de verdade, observando a mulher se mexer como se estivesse sozinha em seu quarto. Ela definitivamente era muito diferente.

– Então se junte a mim – Mais ordenou que pediu, mas a Haruno não pareceu ter percebido.

A rosada pensou por um minuto, percorreu o salão com os olhos verdes e por fim se aproximou sorrindo.

– Ok – Sentou na cadeira de frente para ele, largando o bloquinho de pedidos com a caneta na mesa. Olhou para fora, pela janela, vendo o dia bonito que fazia e inevitavelmente sorriu. Definitivamente Sakura era uma daquelas pessoas felizes, sempre de bem com a vida.

Desviou os olhos da janela e encontrou os olhos ônix, a observando atentamente. Seus verdes foram capturados e ela mergulhou na escuridão que era o olhar dele, tão misterioso e diria até que triste.

Não souberam quanto tempo ficaram apenas se olhando, mas por mais que se conhecessem a tão pouco tempo não era uma situação desconfortável.

– Eu gosto de batata frita – Ela disse de repente e ele arqueou a sobrancelha confuso – É minha comida preferida no mundo todo – Ela continuou a falar, sorrindo descontraída e ele inevitavelmente se perguntava se ela não era louca – Se pudesse comeria todos os dias. É realmente muito bom! – Tagarelava mexendo as mãos empolgada – Você não tem cara de que come batata frita – Aproximou o rosto do dele um pouco, como se o estudasse. Ele ficou hipnotizado novamente por aqueles olhos verdes, agora de mais perto conseguia analisar o rosto de boneca um pouco melhor, até mesmo reparar nas delicadas sardas na pele branca. Viu o sorriso sumir a expressão ficar séria e ela se afastar como se fosse falar algo de vital importância – Se não é batata frita, qual a sua comida preferida?

Passar por ali toda a manhã virou algo essencial para o Uchiha, que via em Sakura uma forma de aliviar a tensão e esquecer das preocupações. Mas, mesmo se sentindo muito bem na companhia dela, era um homem extremamente prático e centrado. Não se deixava levar pela atração e tinha fixo na cabeça que o que sentia por ela era um carinho acima do normal, e nada mais que isso. Não que não acreditasse em amor ou se apaixonar, mas ele não se sentia da forma que achava que seu pai ficava quando estava com sua mãe. Nem Sakura e muito menos Karin proporcionavam esse sentimento. Bem, era o que acreditava levando em conta sua ignorância quanto a assuntos sentimentais.

As vezes até ele mesmo se esquecia que era o Oyabun mais desprovido de emoções que já comandou os clãs daquele país.

– Achei que não fosse te encontrar mais aqui – Sasuke comentou quando entrou no Café. Já era noite e perto da hora de fechar, havia passado ali apenas para pegar um café rápido antes de ir para a sede da Sharingan. Não esperava encontra-la visto que já estava fora do horário de serviço dela.

– Estou cobrindo Ino – Deu de ombros fazendo um movimento para que ele a seguisse para dentro da cozinha. Estavam apenas os dois no Café e por isso Sakura não via problema de seu amigo a fazer companhia – Ela tem outro encontro.

– Sua amiga saí bastante – Comentou se encostando na parede da cozinha. Os braços cruzados e os olhos observando atentamente o que a pequena mulher fazia. Ela parecia bem concentrada em sua atividade de preparar o café e ele sabia que ela estava focada em não derrubar nada.

– Sim – Suspirou e depois sorriu – Ino é muito extrovertida, mas se apaixona fácil. Já é o terceiro namorado esse ano.

– Hn – Resmungou apenas para dar uma resposta. Não estava interessado na amiga dela.

– Eu nunca me apaixonei, então não sei como é – Continuou nem ligando para a falta de atenção do moreno no assunto – O que me resta é conforta-la sempre que algo saí errado.

– Você é uma boa amiga – Falou sincero. Não podia opinar muito no assunto já que também nunca havia se apaixonado. Tinha uma ideia teórica de como era, mas nunca sentiu o que todos diziam sentir quando se apaixonavam. E pensando em sua esposa concluiu que talvez nunca sentisse o tal sentimento.

Os dias foram passando rapidamente e foi sutil e um pouco desajeitado que ele conseguiu demonstrar a ela que estava interessado. Era muito estranho para ele deixar alguém ver por trás da mascara de frieza que vestia todo o dia. Mas ficou satisfeito ao ser retribuído por ela, afinal, o proposito de se relacionar com alguém que não fosse sua esposa era justamente poder ser alguém que não era em meio ao caos da empresa e da Sharingan.

– Droga – Sakura resmungou quando abriu a porta do Café e viu a chuva caindo forte lá fora, mal podia ver a rua ou os carros.

– O que aconteceu? – Escutou a voz rouca de Sasuke e virou, vendo o homem que dessa vez alem do terno usava um sobretudo preto que apenas o deixava mais bonito ainda.

Suas bochechas se avermelharam e ela teve que lutar muito para não desviar o olhar. Faziam duas semanas que havia descoberto estar apaixonada por ele. Se viam todos os dias no Café e conversavam de vários assuntos – na verdade mais ela falava, mas já havia se acostumado com o jeito dele. Quando conversou com Ino sobre como se sentia perto do moreno, a loira a ajudou a entender e por fim se via amando um homem que não demonstrava que sentia o mesmo.

– É que está chovendo muito – Disse por fim suspirando. A boca formou um biquinho que o Uchiha considerou adorável – Eu não trouxe guarda-chuva e preciso ir para casa agora – Levantou o braço para olhar o relógio de pulso cor de rosa vendo já estar atrasada. Iria ficar de babá para a vizinha naquela noite.

Mordeu os lábios apreensiva e olhou mais uma vez para fora, talvez se encarasse a chuva com determinação ela passaria.

Mas, o que realmente aconteceu foi que sentiu um tecido quente e muito cheiroso cobrir sua cabeça. Era quentinho e o perfume masculino, amadeirado e forte, a fez ficar um pouco desorientada. Afastou um pouco o tecido com as mãos e viu Sasuke parado ao seu lado sem o sobretudo.

– ... O que? – Gaguejou confusa e ele virou o rosto em sua direção, austero como sempre.

– Vou te levar em casa – Puxou o sobretudo novamente para que cobrisse a cabeça dela e apoiou a mão no ombro delicado a puxando para junto de seu corpo enquanto abria um guarda-chuva com a outra mão.

Sem dar escolha para Sakura, o Uchiha começou a andar atravessando a chuva com ela colada em seu corpo. A Haruno estava corada e nervosa, nunca haviam ficados tão próximos daquele jeito, ele cheirava tão bem e o braço possessivo passado por seus ombros era tão protetor que ela se sentia segura de uma forma que nunca havia se sentido na vida.

Depois de desarmar o alarme do carro ele abriu a porta do carona para ela, que entrou meio atrapalhada quase caindo dentro do veiculo.

"Ele deve me achar uma desastrada", pensou chateada quando ele fechou a porta.

Se acomodou no banco de couro e viu a silhueta dele na chuva dar a volta e entrar pela porta do motorista. Sasuke jogou o guarda-chuva no espaço pequeno que havia atrás do banco e por fim olhou para sua acompanhante. Sakura estava encolhida no banco, embolada no sobretudo e com as bochechas vermelhas. Um visão adorável e que o fez perder alguns segundos apenas admirando antes de ligar o carro e arrancar.

Diferente de todas as outras vezes em que se encontraram, daquela Sakura não puxou assunto ou tagarelou, apenas explicou seu endereço e se manteve quieta. Estava envergonhada e intimidada por estar em um ambiente tão pequeno quase sufocada pelo perfume másculo e delicioso dele. Tinha certeza que se abrisse a boca algo estúpido sairia.

Já Sasuke estava estranhando a Haruno estar tão quieta. Normalmente ela não conseguia se manter sem falar ou pelo menos cantarolar alguma música feliz. Mesmo confuso resolveu deixar de lado por enquanto, não era de sua conta afinal.

Estacionou o carro em frente a casa dela e o ambiente ficou mais silencioso que antes. Era meio desconfortável, e até mesmo o Uchiha que apreciava silêncio sentia isso.

– Sakura – A sua voz rouca cortou o silêncio e ele se virou para olha-la ainda encolhida no banco de passageiro.

– Seu perfume é muito gostoso, combina com você! – Disse assim que abriu a boca e na mesma hora seus olhos se arregalaram. Tinha certeza que havia corado até o último fio de cabelo. Sua vontade era pular da janela por tamanha vergonha. Sabia que devia ter ficado calada!

Sasuke arqueou a sobrancelha e estreitou os olhos na direção da mulher que agora estava vermelha como um tomate e parecia olhar para a janela como se quisesse pular. Então entendeu que ela havia falado algo sem pensar.

"Seu cheiro também combina com você", pensou se aproximando um pouco até que o aroma de baunilha fosse sentido.

– Sakura – Chamou mais uma vez vendo que ela não olharia em sua direção mais por espontânea vontade.

Meio relutante a rosada desviou os olhos da janela e virou o rosto com cuidado. Mas quase gritou quando o viu perigosamente perto. Podia sentir a respiração dele atingir seu rosto, o halito de menta misturado com nicotina e todos os pelos de seu corpo se arrepiaram fazendo ela arfar nervosa pensando em se afastar.

Mas Sasuke foi mais rápido, sua mão grande puxou o queixo delicado dela e se encarando profundamente até o último minuto uniram seus lábios, finalmente.

A primeira vez que sentiu os lábios macios dela em contato com os seus varreu para longe qualquer incerteza que Sasuke tivesse quanto a estar traindo sua esposa. E ele queria cada vez mais dela e com o tempo e a convivência eles acabaram desenvolvendo um relacionamento sério, apesar de não nomeado.

Uma coisa que gostava muito em Sakura era que ela não cobrava nada. Não exigia compromisso sério apesar de chama-lo carinhosamente de namorado. Parecia saber tudo o que ele sentia ou pensava sem que precisasse falar, sempre tinha as palavras certas nos momentos certos. Era amorosa e esforçada, e sempre estava ali para ele. Virou rotina correr para a casa dela depois de um dia estressante no escritório ou alguma coisa perturbadora na Sharingan. Sempre era recebido de braços abertos e de uma forma tão carinhosa que o deixava extasiado.

A intimidade veio com o tempo e toda a possessividade Uchiha aflorou quando descobriu que foi o primeiro homem em sua vida. Tirar a virgindade de Sakura foi um dos momentos mais inexplicáveis da vida de Sasuke, e o turbilhão confuso de sentimentos e sensações o deixaram tão perturbado que não conseguiu falar com ela direito por alguns dias. 

Mas, como sempre, lá estava ela de braços abertos para recebe-lo quando decidiu voltar. E assim, praticamente todas as noites se deitavam juntos nos lençóis rosados da cama dela.

– Pensei que não me quisesse mais – Foi a primeira coisa que disse quando abriu a porta de casa e o encontrou lá. Estava confusa, chateada e com medo, haviam finalmente feito amor mas depois ele simplesmente sumiu, sem explicações. Por dias ficou se perguntando se havia feito algo errado.

"Deve ter sido ruim para ele", pensou triste.

– Não seja irritante – Soprou as palavras com sua voz rouca e séria, e sem exitar a abraçou forte. Não pediria desculpas, não era disso e ela sabia. Mesmo se conhecendo a tão pouco tempo ela já era capaz de desvenda-lo e ele era agradecido por isso.

– Não faça mais isso – Sussurrou com o rosto enterrado no peitoral dele, aspirando o cheiro amadeirado que tanto amava. Toda a tristeza que sentiu na última semana sem ele foi esquecida a medida que sentia as mãos dele passearem por seu corpo e retirarem suas roupas. Terminaram a noite enrolados um no outro e a Haruno tendo a certeza que o amava.

O desejo que sentia por Sakura era inexplicável e a excitação as vezes vinha apenas com a lembrança do corpo dela, ou então dos doces gemidos. Por vezes se via ansioso para chegar logo a noite e correr para ela. Essa situação quase levantou suspeitas de Karin, já que o marido, antes tão presente na cama, agora não a procurava mais. Mesmo não sentindo mais desejo pela esposa Sasuke não se importava de estar intimamente com ela também. Era um homem saudável e cheio de disposição afinal.

"Reunião de última hora, não posso ir", digitou rapidamente a mensagem para Sakura antes de deixar o celular de lado.

– Abra as pernas – Ordenou enquanto retirava a calça junto com a cueca boxer e se posicionava entre as coxas da ruiva que o olhava como se fosse um pedaço de carne.

Quando penetrou Karin sem nenhuma delicadeza a única coisa que fez foi fechar os olhos e imaginar a Haruno em seu lugar. O corpo pequeno mas cheio de curvas, os seios médios que cabiam perfeitamente em suas mãos, os olhos verdes brilhantes e a boca deliciosa por onde saiam os gemidos mais excitantes.

A traição já não o incomodava mais, apesar de as vezes se sentir um monstro por enganar alguém tão bondosa como Sakura. Era discreto e apenas Naruto sabia da história. Não teve como esconder algo tão grande e intenso do melhor amigo. O loiro estava decepcionado com a atitude do Uchiha mas o escutava sempre que queria conversar sobre a "adorável Sakura". Morria de curiosidade e a dias tentava convencer Sasuke a apresenta-lo para a jovem, mas o Oyabun estava irredutível.

Uma das várias características de Sasuke, e da maioria dos Uchiha, é ser extremamente ciumento. A possessividade que demonstrava com a moça era absurda, mesmo deixando claro que não a amava. E por esse e outros muitos motivos não queria o loiro perto dela.

– Teme! – Naruto entrou na sala sem bater ou anunciar, e como em várias outras vezes Sasuke por reflexo puxou uma das semi-automáticas mirando na direção do loiro, o dedo já no gatilho – EPA! – Exclamou se jogando no chão.

– CARALHO NARUTO! – Esbravejou irritado guardando a arma – Um dia eu ainda atiro em você, porra!

Naruto vendo ser seguro, levantou limpando a calça social e rindo daquele jeito que mostrava saber ter aprontado.

– Foi mal cara – Riu descontraído sem estar de fato arrependido. Se jogou no sofá de couro preto observando o melhor amigo trabalhar.

– Fala – Disse ao sentir o olhar de Naruto em sua direção, sem tirar os olhos dos papéis que lia. Eram relatórios da reunião que teve mais cedo. Estava estressado, como acontecia toda sexta-feira, pois tinha que lidar com reuniões tanto na empresa quanto na Sharingan.

– Depois da reunião, vamos lá no Ichiraku? – Convidou empolgado. Ichiraku Ramen era o restaurante preferido de Naruto e se pudesse com certeza comeria lá todos os dias – Gaara e Shikamaru estão na cidade...

– Não – Recusou imediatamente. Tinha planos melhores para sua noite, e eles envolviam uma mulher maravilhosa de cabelos rosados.

– Vai ver a Sakura-chan? – Perguntou interessado. Estava doido para conhece-la e Sasuke quase nunca falava sobre ela – Leva ela lá cara!

– Você é retardado? – Sasuke esbravejou jogando a caneta que tinha em mãos longe e encarando o loiro como se ele tivesse duas cabeças – Vai ser ótimo sair por aí com a minha amante! – Falou irônico.

– Se você largasse a megera... – Começou a falar mas foi interrompido.

– Sabe que não posso – Suspirou bagunçando os cabelos e jogando o corpo para trás, acomodando melhor na cadeira confortável – Mas agora chega de falar da minha vida.

Naruto levantou as mãos em rendição e ficou de pé ajeitando o paleto amarrotado.

– Ok então – Concluiu conformado – Te vejo na reunião então! – Se referiu a reunião da Sharingan.

Sasuke ficou por um tempo olhando para o nada se permitindo, por apenas alguns segundos, pensar em finalmente se livrar de Karin e ficar com Sakura. Na mesma velocidade que o pensamento veio, ele se foi. Karin era a esposa perfeita para a imagem que tinha que passar e teria que se conformar com isso.

•  •  •  •  •  •  •

Estacionou seu carro em frente à casa em que Sakura morava.

Era pequena e a palavra que a descreveria melhor era adorável, como a dona. Ficava em um bom bairro, seguro e dentro dos limites controlados pela Sharingan. Aparentemente pertencia a uma tia dela, ou algo assim. Não costumava prestar muita atenção nos detalhes que ela insistia em falar sempre que começava a tagarelar.

Puxou do bolso a chave da porta da frente, que Sakura havia dado a ele. De acordo com ela seu namorado já passava tanto tempo por lá que precisava ter sua própria chave.

Assim que abriu a porta o cheiro doce o atingiu, como um abraço depois de um dia cansativo. Trancou a porta e retirou os sapatos os deixando em um canto, assim que levantou o rosto viu o motivo daquela situação toda valer a pena. Sakura, que havia acabado de retirar alguma coisa extremamente cheirosa do forno, vinha sorrindo em sua direção.

Ela estava linda como sempre. Os cabelos soltos, o sorriso maravilhoso nos lábios e usando um vestido florido com um avental de babadinho por cima. As pernas de fora e os pézinhos descalços completavam a visão que ele tanto gostava.

– Bem vindo, Sasuke-kun! – Ela correu em direção a Sasuke, que se abaixou já esperando o beijo de boas vindas costumeiro. Os lábios se encontraram brevemente e ele se sentiu bem pela primeira vez no dia.

Como de costume, Sakura retirou o paleto dele, com cuidado o alisou e depois pendurou no cabideiro ao lado da porta enquanto Sasuke já colocava a carteira, as chaves e o celular na mesinha de centro. Um gato branco e rajado se aproximou começando a esfregar o corpo pelas pernas do Uchiha, ronronando alto.

– Sakura – Chamou enquanto, discretamente, afagava a cabeça do felino que ronronou contente – Quando você vai parar de colocar porcarias cor de rosa no seu gato macho?

Sakura, que já estava na cozinha, voltou até a sala enquanto enxugava as mãos em um pano de prato. Sasuke já havia sentado no sofá e agora se ocupava de tirar a gravata e desabotoar as mangas da camisa social branca que usava, as dobrando até os cotovelos.

– Mas o Fluffykins fica tão lindo de rosa – Argumentou apontando para o gato que agora brincava com as chaves do Uchiha em cima da mesinha de centro – Ele não se importa, tenho certeza!

Sasuke revirou os olhos mas não iria discutir. Na primeira vez que visitou a casa da rosada rejeitou o gato de todas as formas possíveis. Não odiava animais, mas não queria ficar todo cheio de pelo, ainda mais que na maioria das visitas estava vestido com seus ternos caros feitos sob medida. Mas Fluffykins era tão, ou mais irritante que a dona e – mesmo Sasuke nunca admitindo – acabou por simpatizar com o bichinho depois de ver que esse não desistiria de conquista-lo.

– Hn – Foi o que resmungou, para terminar a discussão. Sem dar tempo para Sakura falar mais nada a puxou pela cintura fazendo com que sentasse em seu colo. Ela era tão leve que nem sentia o peso em suas pernas. O braço forte rodeava possessivamente o corpo pequeno e não demorou muito para que ele capturasse os lábios macios que tanto gostava.

Era um beijo calmo, quase romântico. As mãos de Sakura acariciavam os cabelos rebeldes dele enquanto as de Sasuke iniciavam um passeio por todo o corpo coberto pelo vestido, e assim que encontrou o laço do avental o desfez puxando a peça para longe.

– O jantar... – Ela tentou falar entre os lábios dele, mas Sasuke não permitiu, intensificando o beijo movendo sua língua em sincronia com a dela, alternando com mordidas nos lábios que a faziam soltar pequenos gemidos.

Sasuke então a segurou firme pelas coxas e com um impulso levantou do sofá com Sakura em seu colo, as pernas dela entrelaçadas em sua cintura. Sem interromper o beijo andou em direção ao quarto, caminho que já conhecia de cor. Fechou a porta com o pé e a jogou na cama de casal apreciando a visão da mulher com os longos cabelos espalhados pelo lençol florido. Com agilidade desabotoou todos os botões da camisa social e a deixou cair no chão. Retirou o cinto e subiu em cima do corpo dela beijando desde os pézinhos delicados, passando pelas pernas grossas até passear com os lábios pela barriga lisa enquanto subia o vestido que ela usava. Aprendeu a ser carinhoso na hora do sexo com Sakura, era tão frágil e delicada que ele não conseguia agir como sempre fez com outras mulheres, e atualmente fazia com Karin. Não que o sexo muitas vezes não fosse selvagem, mas apenas com a rosada ele tinha o cuidado de dar prazer e carinho antes.

Assim que retirou o vestido parou por um minuto admirando o corpo bonito. Nunca teria imaginado que por baixo das roupas comportadas e até as vezes infantis existia aquilo tudo. Na primeira vez deles ficou verdadeiramente surpreso. Não cansava de olhar para as curvas perfeitas dela, e quando retirou o sutiã de renda cor de rosa não pensou duas vezes antes de apreciar a pele de um dos seios médios com os lábios. Escutando gemidos manhosos dela, Sasuke chupava e mordiscava a ponta sensível. Com a mão esquerda massageava o outro seio com precisão e a direita já descia a calcinha que fazia par com o sutiã. Quando a peça já estava junto as outras no chão os dedos longos dele começaram um carinho na intimidade depilada e já molhada. Ela estava pronta e ele agradecia, pois não conseguia mais esperar.

Ficando de pé retirou a calça e a cueca boxer preta com rapidez. Achava adorável como ela, mesmo depois de tanto tempo, ainda ficava corada ao vê-lo nu. Ajoelhou na cama entre as pernas dela admirando por mais um tempo a visão. Ofegou excitado quando sentiu os dedos dela deslizaram levemente por seu membro ereto e teve que segura-la pelos pulsos para impedir o movimento.

– Depois – Falou com a voz mais rouca que o normal devido a excitação. Segurando as mãos dela bem presas no colchão acima da cabeça, se abaixou capturando os lábios doces em um beijo intenso enquanto empurrava o quadril com força entrando de uma vez – Apertada – Gemeu rouco encostando a testa na dela, ouvindo Sakura gemer.

Quando sentiu as mãos livres Sakura as levou para os cabelos de Sasuke, alternando os puxões com arranhados na nuca dele. Já o Uchiha deslizou as mãos grandes para a cintura fina apertando enquanto estocava de forma quase rude. Levantou o corpo e se deliciou com a visão dos seios macios dela balançando com os movimentos vigorosos. Ela tinha os olhos fechados, a boca ligeiramente aberta e inchada pelos beijos trocados e as bochechas coradas. Era tão linda que ele mal se aguentava.

– Mais rápido – Ela pediu entre gemidos e ele acelerou batendo o quadril com mais força ainda. A cama já se movia junto, batendo na parede e rangendo devido aos movimentos violentos. O quarto de decoração feminina era preenchido com o som dos corpos se encontrando e dos gemidos dos dois.

– Porra! – Ele xingou vendo que não conseguiria aguentar muito mais. Se afastou saindo de dentro dela a virando de barriga para baixo e puxando o quadril para cima – De quatro para mim Sakura – Comandou e foi atendido prontamente. Sem esperar muito entrou novamente voltando as estocadas de forma mais selvagem ainda. Era tão gostosa que ele mal conseguia conter seus gemidos.

Envolveu os longos cabelos rosados com uma da mãos e os puxou fazendo ela arquear o corpo para trás e empinar mais ainda o bumbum farto que ele fez questão de dar um tapa, marcando a pele branca. Sentiu seu membro ser apertado ainda mais e jogou a cabeça para trás se permitindo liberar tudo o que sentia, até a ultima gota dentro dela.

Sakura caiu ofegante no colchão sentindo o pênis ainda dentro latejando levemente, os braços fortes de Sasuke faziam força para não despencar e machuca-la. Por fim, com muita força de vontade se jogou para o lugar vazio ao lado e puxou o corpo pequeno dela para junto do seu. A rosada sorriu se aconchegando, se sentindo amada e protegida.

– Eu te amo – Ela se declarou baixinho, quando recuperou a voz e acalmou a respiração.

Sasuke suspirou pesaroso, não era a primeira vez que ouvia essas palavras dela, mas não podia responder ou retribuir. Já Sakura o conhecia o suficiente para não esperar uma resposta, se contentava com o beijo breve que ele depositava no topo de sua cabeça toda vez que se declarava.

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A torta de tomate havia esfriado e por isso agora Sakura se ocupava em requenta-la no microondas. Enquanto isso preparava um suco bem gelado de laranja e arrumava a mesa para o jantar.

Sua casa era pequena mas bem confortável. Pertencia a sua tia Tsunade e foi ela quem a ajudou a decorar. Era bem feminina, as paredes da sala de estar eram brancas, enquanto as da cozinha eram rosa. Os móveis eram brancos ou em cores claras e não havia divisão entre a sala de estar, de jantar e a cozinha. As cortinas e outros tecidos tinham estampas florais combinadas com tons de rosa. Várias janelas com molduras brancas ocupavam as paredes dando uma bonita vista para o quintal. As únicas portas eram as do banheiro e do quarto. Tinha um estilo bem ocidental e Sakura gostava bastante, não precisava de mais que isso.

Sasuke se vestiu com algumas roupas que já deixava no closet dela, depois de sair do banho. Usando uma calça de moletom preta e uma camiseta branca deixando a mostra seus braços fortes e sua tatuagem, andou descalço até a cozinha encontrando Sakura, já vestida com um pijama cor de rosa com estampa de coelhinhos, preparando a mesa para o jantar.

Nas primeiras vezes se sentiu incomodado com a decoração feminina da casa, tanto a mansão em que morava quanto seu escritório tinham uma decoração masculina com moveis escuros. Mas com o tempo começou a sentir mais a vontade ali que em sua própria casa. Chegar na pequena casa cor de rosa era como chegar em casa. Ele se sentia a vontade, confortável e relaxado.

– O que tem para comer? – Perguntou sentando em uma das duas cadeiras da mesa de jantar redonda. Na mesma hora Fluffyking pulou em seu colo exigindo atenção e ganhando alguns afagos nas orelinhas.

– Torta de tomate! – Ela depositou a travessa com o alimento no meio da mesa. O cheiro delicioso fez a boca do Uchiha encher de água. A torta de tomates feita por Sakura virou em pouco tempo a comida preferida dele. Era especificamente a dela. Quando Chiyo fez uma vez não chegou nem perto do sabor maravilhoso – Afinal, foi um dia difícil, né? – Sakura perguntou de forma amorosa com um sorriso meigo nos lábios.

Sasuke olhou admirado para a mulher que servia uma fatia generosa da torta em seu prato. Sakura sempre sabia o que ele sentia sem que precisasse falar. Nas sextas o Uchiha tinha que lidar com reuniões tanto na empresa quanto na Sharingan e por isso ficava mais estressado que o normal. A jovem, sempre atenciosa e amorosa, reservava o dia para preparar o prato que sabia ser o preferido dele.

– Sim – Respondeu quando se deu conta que estava a admirando demais. Levou um pedaço a boca e mastigou com gosto apreciando o sabor. Mesmo requentada era deliciosa!

– Posso fazer uma massagem em você mais tarde – Sugeriu também se servindo. Havia comprado um creme que Ino indicou ser bom para aliviar a tensão.

– Hn – Isso foi um sim, na língua de Sasuke.

Os dois terminaram a refeição com Sakura contando como foi o dia e perguntando algumas coisas para Sasuke, que respondia com poucas palavras. Quando terminaram a rosada começou a retirar a mesa e Sasuke se jogou na poltrona que havia entre a cozinha e a sala. A lareira que ficava ao lado estava acessa e o fogo crepitava fazendo o ambiente ficar aconchegante.

Pegou o computador que já deixava na casa dela e resolveu adiantar algumas questões referentes a empresa. Colocou o óculos que usava apenas para leitura e começou a trabalhar distraído. Tão distraído que nem percebeu Sakura tirar uma foto com o celular. Na opinião dela, Sasuke estava lindo todo confortável, sério e concentrado. oficialmente aquela era a sua foto preferida dele.

Sasuke odiava tirar fotos e ela custava a conseguir uma. Juntos tinham apenas duas e só porque insistiu muito. Sorriu admirando mais um pouco a foto antes de deixar o celular de lado e voltar a louça suja.

– Vai dormir aqui? – Perguntou quando terminou de secar os pratos. Com cuidado, visto que era fácil ela se atrapalhar e derrubar tudo, levou a louça até a cristaleira onde guardou em seu devido lugar.

– Sim – Respondeu sem tirar os olhos da tela do computador. Havia deixado um recado com Chiyo avisando à Karin que iria fazer uma viagem rápida de negócios. Naruto já sabia e seria seu álibi qualquer coisa. O dia havia sido tão cansativo que tudo que queria era dormir nos braços de Sakura, onde se sentia em paz.

Sakura sorriu com a resposta. Adorava quando Sasuke dormia com ela, se sentia segura e protegida. Desde a morte dos pais se sentia meio solitária e era feliz por ter encontrado Sasuke, que mesmo não sendo muito carinhoso e falante, era a melhor companhia na opinião dela.

A noite terminou com os dois dormindo de conchinha na cama confortável dela. Fluffykins esparramado aos pés do casal e o braço de Sasuke envolvido de maneira possessiva na cintura de Sakura.

Quando dormia na casa dela, Sasuke se sentia relaxado e conseguia descansar de maneira apropriada. As noites de sono ali eram boas e livres de pesadelos ou preocupações.

Com um ultimo beijo na cabeça coberta de fios rosado ele fechou os olhos e se entregou ao sono.

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Sasuke despertou ouvindo batidas vindas da porta da frente. Ainda meio devagar por conta do sono, demorou um pouco para se situar. Sentiu o cheiro de baunilha e sorriu de canto. Sakura estava confortavelmente deitada envolvida por seus braços fortes, e parecia tão pequena ali que ele levou algum tempo apenas admirando.

Voltou a ouvir as malditas batidas e resolveu ir ver antes que Sakura acordasse. Se desvencilhou do corpo menor com cuidado e pulou para fora da cama, andando descalço mesmo até a sala. Como Oyabun, era um homem prevenido e desconfiado e o fato de estar desarmado as vezes o agoniava. Nunca levava suas armas quando ia visitar Sakura, quando estava ali se permitia fingir ser apenas um homem comum. Por isso, ao passar pela cozinha pegou uma faca grande e escondeu no cós da calça. Chegou até a porta e com a mão atrás do corpo segurando o cabo da faca a abriu.

– Bom dia Teme! – Qual foi a sua surpresa ao ver Naruto parado na porta da frente da casa de Sakura. O loiro sorria empolgado e despreocupado.

– Mas que merda você está fazendo aqui?! – Questionou irritado pegando a faca e colocando na mesa de canto que havia próxima. Os olhos azuis de Naruto se arregalaram ao ver a lamina grande e por um segundo temeu por sua vida. Mas logo voltou a sorrir como antes.

– Eu te segui – Respondeu como se fosse obvio dando de ombros – Você não queria me apresentar a Sakura-chan então vim conhecer ela sem sua autorização.

Antes que Sasuke respondesse e o enxotasse para longe dali escutou passos leves vindo por trás.

– Sasuke-kun? – A voz doce de Sakura chegou a seus ouvidos e na mesma hora Naruto alargou o sorriso tentando de todas as formas ver por cima do ombro de Sasuke – Quem é? – Ela se aproximou tentando ver o visitante mas o corpo grande e musculoso de Sasuke a impedia.

– Você é a Sakura né? – Naruto empurrou o Uchiha para o lado e entrou sem cerimonias. A mulher um pouco assustada recuou mas assentiu cruzando os braços para impedir que o loiro percebesse a falta de sutiã – Muito prazer, eu sou o Naruto! Melhor amigo desse mau humorado aqui!

Sakura piscou algumas vezes confusa mas por fim sorriu para o loiro, feliz de finalmente conhecer alguém relacionado ao namorado. O Uzumaki ficou encantado com a beleza dela. De fato havia entendido o porque do amigo arriscar tanto para encontra-la.

– Puta que pariu Naruto – Sasuke empurrou o loiro o olhando feio. Ainda mais quando percebeu que o amigo estava avaliando Sakura de cima abaixo – Sakura, vai trocar de roupa – Mandou sério percebendo os trajes da mulher e ela correu para o quarto.

– Caralho Teme! – Naruto colocou a mão no ombro de Sasuke que prontamente retirou com um tapa – Ela é muito linda! – Elogiou sincero.

Sasuke puxou a faca da mesinha e pressionou na garganta de Naruto, que sentiu um arrepio correr a espinha. O olhar do Uchiha era frio e desprovido de emoções e por um momento o Uzumaki temeu por sua vida.

– Tire seus olhos imundos dela – Falou pausadamente em uma ameaça clara.

– Ok – Naruto levantou as mãos em sinal de rendição e se afastou do moreno. Sasuke então deu as costas andando em direção a cozinha para guardar o utensilio antes que Sakura percebesse a falta dele – Que casa de boneca! – O loiro comentou divertido fechando a porta e se jogando no sofá, como se já tivesse essa intimidade. Coisa que fez Sasuke ficar mais irritado ainda.

Ia repreende-lo pela ousadia mas Sakura surgiu na cozinha com um vestido verde e os cabelos já penteados. Naruto assoviou baixo e Sasuke o olhou como se desse um aviso.

– É seu amigo? – Ela perguntou para Sasuke um pouco tímida.

– Infelizmente – Resmungou cruzando os braços e revirando os olhos.

Fluffykins subiu no sofá para conseguir atenção do novo visitante e Naruto quase gargalhou ao ver o gato. Era muito engraçado ver o sério, másculo e intimidador Oyabun naquela casa cor de rosa, toda cheia de coisinhas delicadas e com um gato. Olhou para a mulher bonita ao lado do Uchiha e alargou o sorriso. Ela era bonita, pequena e parecia simpática, totalmente o oposto de Karin e fazia um contraste gigante com Sasuke, que era grande, forte e inexpressivo.

– Somos amigos desde que nascemos, Sakura-chan! – Sasuke grunhiu irritado com o modo que Naruto a chamou – E estou muito feliz de te conhecer!

As bochechas de Sakura coraram de uma maneira adorável e ela sorriu simpática se aproximando.

– Também estou feliz de conhece-lo Naruto! – Falou empolgada sentando na poltrona cor de rosa, de frente para o loiro – É muito bom finalmente conhecer um amigo de Sasuke! – Admitiu sincera e Sasuke praguejou baixo. Por mais que Sakura respeitasse o espaço dele e não cobrava nada, sabia que as vezes ela ficava curiosa sobre sua vida. Para ela, era apenas um funcionário de uma empresa de eletrônicos e nada mais. A rosada nem desconfiava que na verdade era o dono e pior, o mafioso mais poderoso e perigoso do país.

– Ele nunca falou de mim? – Naruto se fez de magoado e Sakura riu – Saiba que sou o melhor amigo dele!

– Que bom que ele tem um amigo tão legal quanto você! – Comentou sorrindo para Naruto – Você quer ficar para o almoço? – Convidou esperançosa. Havia gostado bastante do rapaz animado, o sorriso dele era caloroso e a fazia se sentir bem.

– Opa! Mas é claro! – Aceitou prontamente se aconchegando mais no sofá e olhando divertido para Sasuke que sentava ao lado com um rosto emburrado.

– Vejo que já está um pouco tarde – Comentou observando o relógio na parede e colocando o dedo indicador no queixo, como se pensasse – Vou começar a preparar algo. Sasuke-kun, por favor faça companhia para ele enquanto isso – Pediu sorrindo, se levantando da poltrona e beijando o rosto do Uchiha brevemente.

Os dois homens a viram ir para a cozinha e começar a mexer nos armários derrubando algumas panelas no processo.

– Ela parece ser ótima – Naruto comentou em voz baixa para que Sakura não escutasse – Parece uma pessoa bondosa e correta. Você não devia engana-la desse jeito – Alertou mais sério dessa vez – Está na cara que ela tem sentimentos verdadeiros por você.

– Hn – Sasuke suspirou irritado. Não precisava que Naruto ficasse apontando seus pecados. Já convivia com eles diariamente – Está bom do jeito que está.

– Só acho que você pode se arrepender no futuro – Insistiu observando os movimentos da jovem, que agora cantarolava alguma música bonita enquanto cortava alguns alimentos.

Sasuke ignorou e ligou a televisão. Como todo sábado em que nenhum dos dois trabalhava, acordaram mais tarde e por isso não teve tempo de pegar o jornal. Nunca ficava sem saber das noticias por conta da Yakuza. O noticiário mostrava alguns incidentes relacionados a uma empresa de cosméticos e Sasuke sabia ter sido queima de arquivo organizado pela Sharingan.

Na reunião da noite passada o assunto foi discutido incansavelmente e por fim decidiram por dar um fim aquela empresa de merda que fazia testes cruéis em animais. Apesar de não serem os mais corretos ou bondosos, não costumavam ignorar alguma situação que julgassem errada e por isso arquitetaram tudo minunciosamente para por o lugar abaixo e salvar os animais.

– Isso vai trazer problemas com a Akatsuki – Sasuke ponderou vendo o prédio em chamas pela tela da televisão.

– Pois é – Naruto concordou cansado – Orochimaru vai te procurar.

– Que venha – Deu de ombros. Não tinha medo de ninguem. Os outros Oyabuns eram fichinha perto dele e Sasuke não se deixava intimidar.

Assim que perceberam a aproximação de Sakura cortaram o assunto. A rosada não podia desconfiar de quem realmente eram.

– O almoço está pronto! – Anunciou sorrindo, enquanto enxugava as mãos no avental de babadinhos.

– EBA! – Naruto comemorou já ficando de pé, e sem esperar os outros, correu em direção à mesa. O cheiro que vinha dali era maravilhoso!

Sasuke levantou despreocupado e ao passar por Sakura bagunçou os cabeços rosados dela com a mão. A Haruno fez um biquinho emburrado mas seguiu o namorado.

O Uchiha pegou um banco que ficava no canto para que o loiro pudesse sentar, visto que a mesa tinha apenas duas cadeiras.

– Caramba Sakura-chan! – Naruto exclamou de boca cheia, recebendo uma olhada feia de Sasuke – Isso está muito bom! – Já colocava mais comida no prato. Estava tão bom que tinha que comer mais – Teme, seu sortudo! Queria eu comer a comida da Sakura-chan todo dia!

Sasuke revirou os olhos e se manteve em silêncio, saboreando a comida tão bem preparada. Sempre era muito gostosa, mas o Uchiha sabia que ela havia caprichado mais por conta da visita. Alguns tempuras de legumes, onigiris temperados do jeito que ele gostava, salmão grelhado e por ultimo, e mais importante, uma deliciosa salada de tomates. Ele, como Naruto, já estava em seu segundo prato e havia colocado generosas colheradas de tomate por cima de tudo. Aquela mulher cozinhava muito bem!

– Que bom que gostou Naruto – Sakura sorriu agradecida pelo elogio. Sabia que Sasuke gostava mas ele não era de elogiar – Pode voltar sempre que quiser!

Sasuke soltou uma exclamação indignada enquanto Naruto comemorava falando que voltaria sempre.

– Da próxima vez faz ramen! – Pediu feliz da vida com toda a intimidade que não devia ter ainda.

– Claro! – Respondeu gentil e Sasuke bufou ignorando os dois.

Naruto passou o resto do dia junto ao casal. Jogou vídeo game com Sasuke enquanto comia dos vários lanchinhos que Sakura servia vez ou outra. Fazia tempo que os dois amigos não tinham um tempo descontraído assim. Provavelmente desde que eram crianças visto que Sasuke nunca saia da rotina. O Uzumaki concluiu, nessas poucas horas convivendo com os dois, que Sakura fazia muito bem para o sempre tão estressado Oyabun. Se sentia mal pela jovem, mas não faria nada a respeito pois desejava que ela continuasse a tornar Sasuke uma pessoa melhor.

Já Sasuke estava curtindo seus últimos momentos de folga antes de voltar à sua rotina de sempre. Não poderia passar a noite mais uma vez com Sakura, teria que voltar para a mansão e depois se entender com Orochimaru. Se pudesse, ficaria jogado naquele sofá para sempre. Mesmo Naruto sendo barulhento e muitas vezes chato, era seu melhor amigo e sentia falta de relaxar com ele. E bem, Sakura era a única pessoa que o fazia esquecer de quem realmente era. Aquela casa definitivamente virou um refugio para o Uchiha.

Pena que já era hora de acordar para a realidade.

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– ONDE VOCÊ ESTAVA? – Naruto e Sasuke mal entraram na mansão e já foram recebidos pelos gritos estridentes de Karin – Liguei para a empresa e eles não sabiam de você!

Sasuke, como sempre, contou até dez mentalmente tentando ignorar a presença incomoda de Karin. Naruto ao seu lado soltava risadinhas baixas, com dó do melhor amigo. Não gostava da ruiva e achava o Uchiha muito burro por continuar naquele casamento fracassado e infeliz. Ainda mais agora que tinha alguém tão bacana como Sakura era incompreensível porque ele se mantinha com aquela mulher desagradável.

– RESPONDE – Ela gritou enfurecida e arremessou na parede a primeira coisa que viu, no caso era uma escultura de cristal bem cara.

– PORRA KARIN – Sasuke finalmente olhou para a ruiva. Ele estava irado e sem acreditar que todo o bom humor e relaxamento que conseguiu na casa de Sakura havia evaporado em tão pouco tempo – Onde eu estava não é da sua conta!

– É SIM! – Ela atirou mais outra escultura que fazia par com a anterior – EU SOU A SUA ESPOSA!

– E EU SOU O OYABUN – Sasuke levantou a voz, como costumava fazer para ameaçar seus inimigos. A pose intimidade e altiva do Uchiha cresceu naquela sala e Karin se encolheu no lugar temendo o marido – Acho que você esqueceu quem eu sou e o que faço – Falou sério passando por ela rumo a escada, sendo seguido de perto por Naruto – Determinadas coisas apenas eu tenho autorização para saber e que isso fique claro.

Karin engoliu em seco, sentindo os olhos se enxerem de água. Apenas balançou a cabeça como confirmação mas Sasuke não viu. Ele já estava no andar de cima.

– Que diferença hein – Naruto comentou se jogando na espaçosa cama de casal no quarto que Sasuke dividia com a esposa – Totalmente diferente da doce e amável Sakura-chan

– Não fale o nome dela aqui! – Sasuke alertou nervoso. Se Karin escutasse e desconfiasse da traição, estaria encrencado. Não tinha cabeça para lidar com ciumes da esposa. E como boa filha da yakuza que ela era, tinha medo dela mandar o tio assassinar a Haruno.

– Só estou com pena de você amigo – Deu de ombros observando o Uchiha retirar os pertences e colocar no criado mudo. As semi-automáticas que ele sempre levava junto fascinavam o loiro, mas ele não se atrevia a toca-las. Apenas Sasuke podia.

– Hn – Sem falar mais nada Sasuke entrou para o banheiro com uma muda de roupa. Tomaria um banho, para tentar recuperar pelo menos um pouco do relaxamento de antes, e iria resolver as merdas da Yakuza.

Enquanto a água caia por seu corpo ele pensava em sua vida e também na mulher dona do sorriso mais bonito que ele já viu. 

Já sentia necessidade de vê-la novamente.