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História Resplandecente (em correção) - Grande Bagunça


Escrita por: LadyDaenerys

Capítulo 6 - Grande Bagunça


Horas mais tarde, a tempestade finalmente havia cessado.

As nuvens cinzentas desvaneciam-se aos poucos, dando mais espaço para as estrelas que pincelavam o céu noturno. A madrugada na Baía dos Ursos era ainda mais quente do que as de sua vila, às vezes aquilo chegava a ser desconfortante para Daenerys Targaryen.

O repetido tinido do canto de uma coruja ressoava ao lado externo da casa. O som parecia estar próximo, assim como o ruído dos uivos ladrados dos lobos selvagens que ecoavam acima das vastas colinas. A brisa glacial soprava as folhas, fazendo-as voarem em sintonia de uma dança. De modo abrupto, uma rajada de vento soprou bruscamente, pressionando a pesada porta da veneziana de madeira, fazendo-a abrir-se em súbito. Em consequência do estrondo que causou, a garota de madeixas prateadas abriu os olhos velozmente, mantendo-se alerta, no entanto, não demorou a baixar a guarda e suspirar pesadamente ao notar que era só o vento. E depois de acordar pela terceira vez durante a madrugada, ela não conseguiu mais pregar os olhos.

Não demorou muito para o sol instalar-se no céu enquanto os pássaros voavam em meio ao azul profundo e espalhavam uma melodia ao ambiente celeste. Os raios solares invadiram o cômodo como dedos de luz, derramando um mar de faíscas sobre o quarto silencioso.

– Daenerys! – A voz adocicada de Missandei de Naath ecoou do outro lado da porta, seguida por quatro batidas insistentes. – Posso entrar? Vim te chamar para descer, o café está na mesa!

A Targaryen devidamente trajada com um longo vestido azul ciano detalhado, apenas murmurou um “sim” perante o suave tom da mulher. Naquele momento, terminava minuciosamente de escovar as madeixas prateadas de seus compridos cabelos.

Rapidamente, a porta abriu-se.

– Claro Missandei. Eu estou indo! – Retorquiu, lançando um sorriso para a fazendeira de cabelo encaracolado. De alguma forma, Daenerys sentiu-se feliz com aquilo, pois aquela mínima atitude vinda da morena a fez se recordar de sua mãe que sempre lhe acordava pela manhã. – Obrigada! – Agradeceu e observou Missandei que apenas sorriu antes de afastar-se, contudo, antes que essa pudesse retirar-se do quarto, o murmúrio da voz de Daenerys furtou dela novamente a atenção. – Ah... Missandei!

– Sim? – A mais velha questionou, lançando um olhar curioso em companhia de um sorriso sincero.

– Ontem durante a noite... – Ela começou de maneira minuciosa, limpando a garganta, antes de prosseguir: – Eu notei algo estranho se rastejando silenciosamente perto dos estábulos. Alguém estranho... – Disse em meio de um devaneio, pensando se deveria ou não prosseguir com o assunto.

Missandei franziu o cenho, antes de questionar.

– O quê?

Acompanhada por um semblante nítido de interrogação, a fazendeira aproximou-se da cama e sentou-se no colchão. Daenerys somente copiou-a, sentando-se ao lado dela.

– Você notou algum ruído estranho ou alguém saindo no meio da noite? – Dany estava apreensiva. Não se sentia segura o suficiente para esclarecer com clareza se o que viu era realmente Yara esgueirando-se na noite passada. Estava escuro demais e era impossível ter certeza.

– Não, não ouvi nada – respondeu preocupada. – Por quê? – Missandei levantou-se visivelmente nervosa enquanto sua cabeça tentava digerir as ideias que a própria mente criava, constatando que poderia ser um ladrão. – Que tipo de coisa estranha você notou? Viu alguém? Quem era? – Voltou a perguntar, notando que a amiga não dizia nada. As inúmeras questões soaram de maneira veloz, deixando Daenerys perdida em meio as palavras. A Targaryen não se sentia convencida o suficiente para afirmar alguma resposta, não sabia se aquela figura era realmente a Yara. – É melhor irmos contar ao sor Jorah!

Digerindo o silêncio de Daenerys e levando-o como uma resposta que afirmasse suas indagações, Missandei levantou-se às pressas.

– Não! – Rebateu rapidamente, puxando o braço de Missandei antes que ela pudesse sair do quarto, fazendo-a cair novamente sobre a cama. Daenerys apenas suspirou, ignorando as palavras e questionamentos anteriores que a garota lançou. Então, constatou silenciosamente que o melhor era manter silêncio, ao menos por enquanto. – Não, não é nada. Estava escuro demais, não tenho certeza do que vi. Acho que não é necessário preocupar o senhor Mormont com uma coisa que nem sabemos se é real! – Respondeu com uma seriedade anormal, que até ela própria estranhou. Apenas ignorou o olhar da amiga que se encontrava visivelmente preocupada. – É melhor descermos, não acha?

Forçou um sorriso, tentando manter-se confiante com as próprias palavras.

Missandei, no entanto, assentiu, colocando um segundo sorriso sobre a face. Na visão de Dany, ela não pareceu completamente convicta, mas ao contrário do que esperou, não perguntou mais nada.

As duas seguiram o corredor em companhia e desceram a escadaria em direção da cozinha. O cheiro perceptível de chá e pães frescos ocupava o pequeno cômodo enquanto a lenha do fogão queimava, terminando de ferver o leite.

O garotinho de olhos negros deliciava-se com uma fatia de torta. A irmã Yara, por sua vez, bebericava o chá quente em pequenos goles. Ela parecia sorridente demais para quem acabou de acordar para trabalhar, diferente de Lara que se entregava com desgosto aos afazeres de lavar os pratos.

– Lucian! – A mulher repreendeu, deixando a louça de lado. – Não brinque com a comida! – Exclamou, voltando sua atenção para os talheres, entretanto, enraiveceu-se ainda mais quando notou que a água acumulada na bacia havia acabado. – Acabou a água!

Lara suspirou cansada, notando que teria de buscar novamente no poço.

– Ah – disse Missandei enquanto sentava-se sobre uma das cadeiras ao lado de Daenerys. – Há mais galões d’água reservados na dispensa!

– Oh... É mesmo? Com tantos problemas, acabei me esquecendo! – Respondeu ela entre um suspiro exaurido, secando as mãos no pequeno pano de prato e se preparando para caminhar até o cômodo que se encontrava no subsolo da casa.

– Pode deixar – interrompeu Yara rapidamente, antes que a mãe pudesse dar um passo. – Eu pego, mamãe! – Sorriu animada, levantando-se velozmente da cadeira.

– Tudo bem – respondeu Lara, desconfiada após observar a filha caminhar cantarolando em meio aos cômodos até a porta da dispensa. Não era apenas paranoia sua, pois Missandei também pareceu notar o comportamento diferente que a menina refletia.

– Mamãe, eu terminei meu café, posso sair? – A voz manhosa de Lucian chamou a atenção de Lara, fazendo a exausta senhora voltar para a realidade.

– Pode sim... Apenas não vá muito longe. E nada de descer a montanha sozinho! – A mulher avisou minuciosamente enquanto o menino de oito anos retirava-se do cômodo e corria sorridente em direção a porta de saída.

Após demasiados minutos preenchidos pelo silêncio, Missandei de Naath terminou o café e retirou-se do cômodo após receber um aviso de Yara, comentando que Lyanna aguardava-a na taberna que estava prestes a ser aberta. Durante o horário matutino, o clima de compras e vendas era sempre o mais lotado, recebendo variados fregueses todos os dias, vindos de reinos distintos. Sem o mínimo ânimo, a dona das madeixas encaracoladas pediu licença, antes de caminhar velozmente em direção a porta de saída, retirando-se do cômodo.

Lara terminou de lavar a louça assim que a filha mais velha lhe trouxe dois galões de água. Em seguida, limpou a mesa do café e colocou o restante dos pães em uma cesta para guardá-los no armário de madeira.

Naquele dia, o sol raiava fracamente sobre o céu azul em consequência da forte chuva que despencou durante a noite passada. As estradas de terra ainda estavam molhadas, assim como as plantações e os furtivos das hortas e lavouras próximas do celeiro.

(...)

O enorme corredor estendia-se em linha reta. As fileiras de portas de madeira encontravam-se fechadas. Havia uma enorme veneziana no final do local. As cortinas constituídas com seda vermelha voavam com o vento fraco que adentrava pelas frestas abertas, impedindo a invasão dos fortes raios no corredor. Naquele mesmo momento, Daenerys Targaryen encontrava-se dentro do pequeno aposento no andar de cima da taberna, a pedido de Lara. Por conta das ocupações matinais, a mais velha solicitou para Dany deixar uma fatia de torta e uma jarra de água em forma de recepção para os visitantes que posavam nos quartos da taberna.

A garota parou em frente da porta do último quarto, abrindo a mesma e revelando um cômodo vazio, encontrando-se diante da visão do lado interno da localidade. Uma rede pendurava-se ao teto e duas camas de solteiro preenchiam o pouco espaço. Os colchões macios encontravam-se cobertos por lençóis brancos enquanto dois travesseiros de plumas ocupavam-se próximos a cabeceira de madeira, de forma organizada.

Um armário de madeira envolvia-se ao canto da parede, na proximidade da janela fechada, e uma mesa marrom pousava-se ao lado.

Daenerys deixou o prato de torta sobre a mesa e depositou a jarra de vidro ao lado dos inúmeros papéis que havia ali. Em seguida, caminhou em direção da veneziana com o intuito de abri-la. O cômodo estava escuro e abafado, e o ambiente trancafiado bloqueava a entrada dos raios solares. Todavia, ela repreendeu-se imediatamente ao abri-la quando o vento colidiu bruscamente contra sua face, fazendo a pilha de papéis brancos e o mapa voarem sobre a mesa, espalhando-se ao chão oculto pelo piso de madeira. Suspirou frustrada, analisando ao redor e observando a bagunça desastrosa que causou. Velozmente, ela puxou a porta de madeira e fechou novamente a janela, antes de abaixar-se e engatinhar para recolher os papéis espalhados. Daenerys colocou-se rapidamente debaixo da mesa, esticando o braço com o intuito de tentar alcançar o restante das folhas caídas ali e também o mapa que rolou para debaixo do armário.

O vestido azul parecia apartar sua cintura e as mangas curtas prensar seus braços à medida que ela se esticava para tentar alcançar os objetos. Os nós de seus dedos tocaram a superfície do mapa enrolado, tentando agarrá-lo de alguma maneira, entretanto, uma voz desconhecida chamou sua atenção antes mesmo que Dany pudesse puxá-lo.

– É... Com licença! – A figura pronunciou-se de modo minucioso.

Após captar as palavras que tiniram sobre seus ouvidos como um alvoroço de realidade, Daenerys Targaryen levantou-se imediatamente. Em meio ao desespero por conta do susto, sentiu sua cabeça colidir-se bruscamente contra a madeira pesada da mesa, causando um ruído agudo. Por conta do golpe, a jarra d’água moveu-se junto a mesa, indo de encontro ao chão. O vidro estraçalhou-se no instante em que tombou contra o piso.

– Ai! – A garota exclamou dolorosamente.

De imediato, dirigiu a mão em direção a região dolorida, massageando o local onde provavelmente nasceria um enorme galo.

No entanto, Daenerys se recompôs rapidamente, notando novamente a presença da figura que chamou-a segundos atrás, e por conta do acidente, havia se esquecido dele instantaneamente. Virou-se atrapalhada com o intuito de fitar o dono daquela voz, contudo, corou violentamente ao notar que aquele era o elfo do dia anterior.

Mas o pior de tudo era o fato dele tê-la surpreendido naquela situação desastrosa e constrangedora.

Por meros instantes, a jovem Targaryen pareceu esquecer-se de como se falava. A sua mente fervia em semelhança a uma panela de água quente, buscando processar os acontecimentos recentes. O sangue parecia arder em suas veias e suas bochechas queimavam. Tinha total certeza de que estava parecendo um pimentão. Buscando recuperar sua postura, Daenerys engoliu os sentimentos, sentindo a saliva escorrer amarga por sua garganta seca, entretanto, antes que ela pudesse murmurar uma frase concreta, o homem foi mais rápido ao cortá-la com as seguintes palavras.

– Sinto muito se a assustei – pediu calmo enquanto a fitava concentradamente. Também parecia envergonhado, mas ao mesmo tempo, era como se ele se esforçasse para segurar o riso. – Você está bem?

– Estou... Estou sim! – Enroscou-se nas próprias palavras e forçou um sorriso para tentar maquiar a expressão de constrangimento, principalmente a dor que o impacto causou sobre sua cabeça. – Senhor, eu... 

A garota começou minuciosa sem encará-lo. Buscava as palavras exatas para dirigir-se a ele, no entanto, a realidade era que Daenerys não sabia como tratar um freguês, ainda mais presa naquela situação. Talvez após o vexame que ela própria proporcionou, os visitantes que chegaram com o elfo decidam ir embora e tudo por sua culpa.

Lyanna ficaria uma fera e pensaria que era uma má agradecida.

Não!

Dany desesperou-se ainda mais perante seus pensamentos, mas antes que ela pudesse prosseguir a frase, o elfo interrompeu-a por uma segunda vez.

– Legolas.

– O quê? – A menina perguntou com uma expressão confusa.

– Meu nome é Legolas.

Foi só então que Daenerys notou que sequer sabia o nome dele e por isso dirigiu-se a ele como “senhor”. Mas ele não pareceu gostar. Ou seria apenas impressões de sua mente? Ela não sabia dizer.

– Tudo bem, senhor Legolas – repetiu calma e sorriu minimamente, criando forças para encará-lo, entretanto, arrependeu-se amargamente de tê-lo feito quando os olhos lilases cruzaram-se com os dele assim como aconteceu no dia anterior na taberna. Legolas estava tão próximo que Dany podia notar perfeitamente bem seus detalhes. Envergonhada, ela buscou simplesmente afastar os pensamentos, obrigando-se a desviar o olhar. – Eu... Eu limpo isso! Por favor, peço perdão por minha atitude desastrosa! – Disse rápido demais, antes de depositar as folhas novamente sobre a mesa.

De alguma maneira, Legolas sentiu o clima esquentar-se gradualmente quando encarou os olhos dela. Daenerys parecia evitá-lo perceptivelmente.

Antes que o homem pudesse respondê-la, a voz feminina soou velozmente, interrompendo-o.

– Com licença! 

Bruscamente, ela virou-se e retirou-se do quarto.


Notas Finais


O que acharam desse primeiro diálogo? Ansiosa para ler a opinião de vocês. Até a próxima!


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