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História Resposta - Capítulo VIII


Escrita por: AlohomoraDracar

Notas do Autor


VOLTEEEEEEI. Aproveitem a treta.

Capítulo 8 - Capítulo VIII


Horas atrás...

E ali, bêbado, diante daquela porta de aço Kárdia decidiu.

Que se foda o conselho, que se foda a política da universidade, que se foda tudo.

O escorpiano tomou o resto do conteúdo da garrafa, tomou seu gravador, pôs o equipamento de proteção e disse para que se registrasse nos anais da ciência para o bem ou para o mal:

- Iniciar protocolo de descongelamento.

E assim o cientista se trancou na área restrita e começou o procedimento de descongelamento. O projeto foi desenhado por ele próprio tomando por base o que fazia no necrotério da universidade quando reavaliavam corpos para a polícia visando conservar o que houvesse nele.

O caso era que Kárdia havia desenvolvido uma técnica para não perder as provas contidas no corpo em caso de descongelamento já que precisou lidar com um serial killer que só atuava no inverno rigoroso europeu e deixava suas vítimas congelarem.

A proposta era a mesma das clínicas de criogenia que retiravam o sangue do paciente e injetavam M-22, um líquido extremamente tóxico que continha vários produtos químicos que em caso de congelamento torna impossível a formação de cristais de gelo e, em caso de descongelamento, o rompimento das células.

A ideia era fazer o movimento oposto. Como o homem de gelo fora congelado totalmente com sangue e tudo era necessário encontrar um meio de não permitir que ele se partisse, logo, após destruir a maior parte do gelo e sobrar apenas o corpo naquela câmara frigorífica absurdamente gelada, Kárdia o colocou em um tanque de vidro transparente imenso contendo o M-22 e lentamente passou a “cozinhar” o espécime elevando a temperatura até alcançar a ambiente.

A cada minuto que passava o que ele via mais o impressionava, pois a sua ideia realmente estava dando certo e o cadáver parecia cada vez mais vivo. Katsaros já começava a achar que ele parecia vivo até demais para os seus padrões de defunto.

Devo tá muito fodido mesmo. Eu pensei até ter visto as pálpebras dele tremerem”.

O procedimento era para demorar 1h30 até o corpo se encontrar apto para a dissecação, mas o grego já havia tomado mais de uma garrafa de vodka encostado ao tanque e já tinha seus pensamentos vagando para outras dimensões enquanto pensava em sua vida de merda agora que seu mestre morrera.

Enquanto isso um dos seguranças do centro de pesquisa passou pelo setor de criogenia da universidade surpreso por ainda naquele horário o laboratório do homem de gelo estar com as luzes acesas. Se aproximando do local foi surpreendido com um tiro certeiro na nuca que não ofereceu qualquer possibilidade de reação.

Nesse ponto, seis homens trajados de preto já haviam invadido a universidade enquanto outros dez permaneciam do lado de fora aguardando que a missão fosse completa no interior do lugar para que transportassem o pacote.

Vigiavam todas as saídas da universidade exceto a de emergência do laboratório que havia sido restringida, pois estava em reforma há tempos, mas que o grego e seu assistente gostava de usar para sair do centro sem ninguém perceber para comprar café e o almoço deles.

Também foi com surpresa que notaram que o laboratório estava funcionando, mas não se detiveram. Eles tinham um único objetivo e aquilo seria cumprido a qualquer custo, afinal, foram muitíssimo bem pagos para isso. Ao mesmo tempo em frente ao tanque de descongelamento e já completamente bêbado Kárdia começava a ter visões que não eram suas e ao mesmo tempo eram.

 

Ele viu que estava apanhando uma maçã para uma garotinha de cabelos lilases usando vestido preto de noviça. Sorria para a menina e ela sorria abertamente para ele até que a atenção da pequena mudou para a outra pessoa naquele lugar que trajava um terno antiquado, possuía longos cabelos esverdeados e utilizava óculos de aro fino enquanto lia um livro encostado do outro lado da árvore.

Kárdia não conseguia ver o rosto daquele homem, mas sabia que ele era conhecido seu. Após ceder uma fruta para a garotinha, apanhou mais duas e se aproximou do homem sentando ao seu lado com a menina em seu colo preparada para cochilar e dando-lhe a outra maçã extremamente vermelha e suculenta que trazia.

O outro ainda permanecia concentrado no livro, mas mesmo assim encostou a cabeça no ombro de Kárdia até que resolveu fechar a obra sobre as estrelas recomendada pelo Grande Mestre e direcionou seu olhar para si.

Kárdia sorriu encantado com aquela visão que nunca perdia o mistério de toda uma vida, pois os olhos violetas do outro o tiravam de sintonia com a realidade. Não bastasse ser o responsável por ainda tá vivo, ainda tinha que ser a razão de querer viver além de lutar com o mais digno dos inimigos.

- Ainda não terminou esse livro chato? Eu e Sasha queremos atenção, não é, pequena?

- Sim, mestre Dégel. Conte-nos uma das histórias de Bluegaard. Amo ouvir você falar.

Kárdia sorriu faceiro olhando para o outro ao dizer.

- Eu também amo.

- Você também ama ouvir Dégel falar, Kárdia?  - perguntou a menina dando risinhos.

- Eu amo tudo nele, Sasha.

A garotinha sorriu encantada e encabulada. Era uma mocinha, afinal e romance era motivo de encantamento sempre.

- Pois fique sabendo, senhor Kárdia que eu também amo você, mesmo sendo muito inconveniente a maior parte do tempo.

- Meu coração só bate por ti, para ti e por causa de ti.

- Mentes muito bem, pois sei que teu principal amor é a guerra.

Sasha acompanhava aquele debate curioso com a resposta do homem que sempre estava com ela nos pomares daquele lugar.

Kárdia se aproximou e disse bem ao pé do ouvido do outro.

“Não importa que a guerra seja minha noiva prometida e que um dia cairei nos braços dela para receber meu presente que é a morte pelo meu coração moribundo ou simplesmente por alguma luta, mas enquanto eu viver, você é meu amado, Aquário e por ti viverei”.

A garotinha não conseguiu ouvir a resposta de Kárdia, mas viu que mesmo discretamente ele sorriu, aquele tipo de sorriso que alcança os olhos e transforma a fisionomia, e se arrumou encostando no ombro do outro acariciando os pezinhos da pequena enquanto contava que em Bluegaard existia uma princesa que era muito amada pelos seus amigos...

 

Depois ele mudou de lugar e agora via que estava em um lugar que parecia um grande templo grego. Ele sabia onde estava e caminhava diretamente para uma área mais escondida encontrando uma imensa biblioteca.

Via um adolescente segurando um mapa estelar enquanto comparava as informações que aferira na noite anterior com o texto de um livro antigo e surrado.

- Vamos, Dégel. Você prometeu que iria comigo ver a festa da colheita em Rodorio.

O rapaz utilizava uma túnica grega com uma calça de tecido fino e sandálias simples nos pés. Seus longos cabelos estavam trançados de lado, mas em momento algum aquilo o tornava feminino. Não, ele mais parecia um belo gladiador preparado para pôr sua armadura e partir para o combate.

- Não devo ir. Preciso analisar essas informações para o mestre. Você pode seguir com Manigold, Sysiphos e Regulos.

- De jeito nenhum. Albafica eu até entendo e isso é uma lástima, mas tu não. Qual o problema? E se eu precisar que tu não me deixes morrer do mal do coração? Eu posso não voltar mais.

Dégel deu um olhar enviesado para o outro, mas suspirou concordando.

Não era como se ele, de fato, não pudesse seguir com os outros para se divertir, mas é que com Kárdia sempre parecia que estava impedindo que o outro pudesse fazer tudo que queria pelo seu jeito mais recluso.

Kárdia notou aquele tom reticente e suspirou. Aquele era o único ser que não o fazia agir com raiva e o acalmava. Se aproximando tal qual um felino, acabou roubando um beijo delicado dos lábios do outro que arquejou surpreso.

Eram adolescentes que mesmo muito poderosos ainda descobriam o que era amar e ser amado e aquele rapaz era um verdadeiro tornado enquanto Dégel se considerava uma brisa.

- Para mim não há alegria nessas festas se não for contigo, meu amor.

Kárdia viu um sorriso tímido se formar nos lábios do outro e ele tomar a sua mão.

 

Mudando novamente de cenário ele agora se via mandando que Dégel corresse para enfrentar Poseidon. Estavam em outra dimensão onde ficava o reino submarino de Atlântida.

Kárdia lutava contra um dos três juízes do inferno e ele sabia que era o momento derradeiro da sua existência como cavaleiro. A luta transcorria feroz e em um movimento poderoso arremessara o juiz para o outro lugar do templo do deus.

A única alegria daquele momento que esperou a vida inteira para enfrentar um oponente forte era eclipsada pelo olhar triste do outro que se escondia atrás de um rosto impassível de resignação enquanto ajudava seu companheiro a retardar a volta de Radamanthys.

- Kárdia, você morrerá se elevar demais o seu cosmo. Lutemos juntos contra ele e...

- Vá, Dégel. Enfrente Poseidon e impeça que a terra seja inundada. Não podemos perder.

O olhar decidido do grego oprimiu a vontade do francês. Mais uma vez se via confrontado com tamanha vontade de lutar e certeza de que iria morrer.

- Eu irei.

Vendo que o amigo partia desesperançado Kárdia retirou um anel do cordão do pescoço que trazia consigo desde a Grécia e que achava que iria conseguir entregar antes.

- Fique sabendo que se tivéssemos mais tempo estaria te pedindo para passar o resto da minha existência contigo. Você aceitaria?

O olhar de Aquário se arregalou em surpresa e Kárdia tinha certeza que vira uma pequena lágrima se formar nos olhos violeta mais belos que já vira.

- Eu...

Todavia, aquela resposta jamais fora dita, pois Radamanthys se reerguera e o cosmo do deus dos mares estava cada vez mais descontrolado obrigando os amantes a se separarem.

Ele sabia que morreria sem nunca saber qual era sensação de ter o outro para si ou ser dele, mas sabia que morria em honra a sua deusa, sua garotinha e de Dégel, e se fosse da vontade da deusa ele veria de novo seu amado e teria sua resposta.

 

Kárdia voltou a si quando notou uma movimentação estranha ao seu redor e notou que alguém tentaria aplicar-lhe um mata-leão certeiro ou hadaka jime conforme aprendera enquanto judoca reagindo certeiramente com o seoi nage, mas logo percebeu que estava em total desvantagem sendo subjugado por aqueles seis homens, mesmo dando muito trabalho.

O álcool já havia evaporado do seu sangue ao se perceber em perigo, mas seu maior problema era que comprometessem ou levassem o espécime consigo que ainda contribuiu em lhe deixar terminantemente desnorteado com aquelas visões.

- O que vocês querem?

Um dos homens se aproxima do legista e lhe desfere um potente soco cortando o supercílio do outro.

- Notei que você iniciou o protocolo de descongelamento do espécime sem a anuência do conselho, mas sugiro que o pare agora se não quiser morrer.

Kárdia não sabia quem eram aqueles homens, todavia suspeitava, mas a última coisa que esperava era ser atacado em seu próprio laboratório. Não havia nada que ele pudesse fazer contra os seis caras armados diante de si e nada garantia que não havia mais do lado de fora.

Então ele dirigiu o olhar para o homem de gelo que invadiu seus pensamentos e mais uma vez pensou que tivesse alucinando ao perceber que o dedo indicador dele sofria espasmos.

Isso é impossível. Seria atividade cerebral nessa altura do campeonato? Mas o corpo tem mais de cinquenta mil anos, mas aquelas visões. Que porra eu tô falando? eu vou morrer aqui, inferno.

Então, mais uma vez fazendo eco a sua fama, Kárdia tomou uma decisão no mínimo inusitada, principalmente para a ciência. Se ele estava certo de alguma coisa era que estava na presença de mercenários que roubavam espécimes raros para colecionadores particulares, então ele tinha certeza que se o homem de gelo caísse nas mãos deles jamais seria visto novamente.

Então Kárdia simplesmente ativou o comando de destruição da redoma. Ele era usado no caso de que se a pressão alcançasse valores absurdos que prejudicasse o sistema, logo poderia tudo ir pelos ares em nome da segurança da equipe.

E assim o escorpiano fez assustando todos os homens ao notar o líquido que se derramava sobre todos, inclusive Kárdia, que sentia os efeitos do veneno dos produtos químicos do M-22.

Se recuperando do golpe surpresa que acabou matando os três homens que estavam próximos do vidro, machucando os outros dois e lançando o espécime no chão com os cabelos esparramados, o que havia lhe ameaçado se levantou com todo seu ódio berrando que os demais se recompusessem e tomassem o espécime assim mesmo enquanto matava o legista.

Kárdia sabia que era um homem morto e já se preparava para tomar um tiro até que sentiu a temperatura do lugar cair drasticamente em questão de segundos e seu corpo não mais sentia os efeitos do M-22 que caíra sobre si, pois estava sendo transformado em flocos de gelo que de desgrudavam da sua pele delicadamente cicatrizando suas feridas.

Ninguém sabia o que estava acontecendo até que assombrados aqueles homens viram se levantar dos cacos de vidro e líquido tóxico que se congelava em seus pés o homem de gelo.

Seus longos cabelos verdes esvoaçavam molhados como os tentáculos do Kraken e seus trajes iam se desfazendo aos poucos restando buracos em suas roupas e tornando suas botas ainda mais gastas.

Horrorizado, o homem que apontava a arma para Kárdia disparou contra o outro, todavia o tiro pegou de raspão quando o “capitão américa verde” desviou com extrema velocidade. Kárdia via o que parecia uma tênue luz branca ao redor do outro enquanto ele congelava seu algoz até que esse se desfizesse em poeira cristalizada de gelo, mas, infelizmente, estava distraído fazendo isso.

O outro comparsa que só estava ferido disparou contra o homem de gelo acertando-o no peito de surpresa o que levou-o a fazer o mesmo que fizera com o primeiro, mas a ferida não se fechava e o sangue começou a escorrer.

Kárdia não pensou duas vezes. Pegou a arma que estava caída perto de si e atirou contra os outros que ainda estavam vivos e correu até o homem de gelo.

- Meu Deus, como você pode estar vivo? Você estava congelado, congelado! Vamos dar o fora daqui. Estou ouvindo passos no corredor.

Kárdia apoiou o corpo quase inerte do outro em seu ombro e notou que ele era tão alto quanto ele mesmo e apesar do rosto de traços finos, seu maxilar era bem desenhado e não havia nada que atestasse contra a virilidade do outro, mesmo todo acabado.

Tomando a arma com a mão que seguia desocupada correu para a saída de emergência interditada segurando o outro e sabendo que não poderia ir até um hospital.

Correu para o único local onde teria material e relativo sossego para cuidar do outro.

Enquanto despistava os seus perseguidores e conseguia usar o carro da instituição naquela hora da madrugada, pois alguém esquecera ele com a chave na ignição no estacionamento, ouviu horrorizado o moribundo pronunciar.

- Kárdia. Kárdia. Minha resposta é sim.

E logo em seguida desmaiou para desespero do legista que arrancou com tudo para a Maison des Roses.

 


Notas Finais


Até o próximo.


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