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História Retales de mi vida - Mentiras


Escrita por: didilicia

Notas do Autor


Olá pessoas! Obrigada a todos que comentaram e favoritaram a fanfic !
Estou postando o segundo capítulo e aí vai um aviso: os próximos capítulos contarão com mais uma co-autora. Espero que vocês curtam!

Capítulo 2 - Mentiras


“Mamãe, acabei de terminar… são seis…”, suspiro e olho o celular. Descarregado. “Perdão, tens um carregador de celular por aí?”

“Não”. 

Pareço desapontada, um pouco perdida. 

“Queres usar o meu?”

Viro para o lado e encaro “el professor”. 

“Tem certeza? Não se importa? Preciso fazer umas ligações”. 

“Sem problemas. Fica a vontade”. 

A cena prossegue e quando termina nosso diretor nos dá o sinal. Gravamos na primeira tentativa, com algumas repetições apenas  para pegar outros ângulos. Havia terminado minha primeira cena com Álvaro. 

Estendo minha mão com os dedos abertos e ele bate retribuindo o toque. “Muito bom companheiro”. 

“És maravilhosa. Assim é fácil acertar de primeira”. 

“Tu que és”. Ele sorri e se levanta do balcão. Retira o roteiro de trás da bancada e caminha comigo para fora do cenário. 

“Tua filha é uma graça”, meto as mãos no bolso da calça ao comentar. 

“Julieta? Ela é incrível! Estão os dois numa idade engraçada”

“Sim. Percebo”. Sorrio e o vejo com o canto dos olhos. 

“Não tens filhos?”, a pergunta me pega um pouco surpresa. Olho em sua direção e acho graça. “Não. Optei por não tê-los”

“Mas te agradam?”

“As crianças? Muitíssimo”. Chegamos no pátio dos estúdios. Há diversos trailers estacionados onde podemos descansar entre as tomadas. Ele abre a porta do meu camarim como um bom cavalheiro, passo a sua frente, subo o lance de três degraus para o meu trailer e agradeço. “Quer entrar?”

“Vou para o meu. Preciso trocar de roupa”, ele diz. “Tenho outra cena em 15 minutos”. 

“Sem problemas. Eu ainda tenho um tempinho” 

Ele caminha em direção ao seu próprio trailer e para na metade do caminho. “Gostarias de tomar aquela cerveja depois?”

O convite me deixa contente. Sinto um frio subir no estômago e respondo imediatamente. “Claro que sim. Vamos”. 

Ele sorri, faz um gesto de afirmação com a cabeça e me envia um adeus com as mãos. “Te vejo depois”. 

Sento na frente do espelho e olho por alguns minutos meu reflexo. 

‘Os espelhos não reconhecerão meu rosto. E meu nome não será meu nome. Mas hoje, ao anoitecer, estarei contigo…’ canto mentalmente aquela letra que já sei de cor. 

O momento de distração acaba e puxo um lencinho da caixa de guardanapos. De repente a porta do trailer é aberta com força e Jessica entra em disparada sem pedir licença. 

“Estou contente!”

“Oi mocinha! Que passa?”

Jessica era figurante. Fazia uma das reféns. Havíamos nos conhecido durante as gravações e nos tornado ótimas amigas. 

“Álvaro está chamando a gente pra uma cerveja” 

“Ele convidou todo mundo?”, larguei o lenço sobre a mesa de maneira mais brusca do que gostaria. 

“Sim  porque? Nós vamos né?”

“Sim”. 

Tentei disfarçar. Não queria que Jessica notasse a ponta de decepção que se formava dentro de mim e transparecia nas linhas de expressão do meu rosto. Eu não queria porque nem eu mesma entendia que sentimento era esse. Era como se eu estivesse esperando um desfecho de algo que por um segundo criei na minha cabeça, uma ilusão, uma loucura sem pé nem cabeça, e de repente fosse acordada desse devaneio abruptamente, sem preparação. 

Peguei o lenço de volta - num gesto lânguido e arrastado -  e umedeci com um creme de tirar maquiagem. “Aconteceu alguma coisa?”  Não passava nada do radar de Jessica, mas felizmente ela ainda não me conhecia tão bem para ler em meus olhos; rapidamente inventei um desconforto qualquer no estômago. 

“Queres um remedinho? Posso te conseguir algo” 

“Não. Vou ficar bem. Preciso ir refazer essa maquiagem”. 

Nos corredores dos estúdios, a procura da maquiadora, percebo alguns colegas conversando animados. Me aproximo. Estão decidindo em que bar vão se encontrar mais tarde. Álvaro aparece vindo do estúdio ao lado, onde provavelmente estava gravando. Nossos olhares se cruzam por instantes, mas eu quebro qualquer conexão que possa surgir dali. Que diabos to tentando fazer? Acho graça sozinha, de mim mesma. De toda minha paranoia. Estou meio perdida em pensamentos. “Itz? Itz?”, saio do transe e olho para Alba. “Que?” 

“Tu vais?”

“Pra onde?”

Ouço meus colegas gritando uma vaia pela minha desatenção. É Álvaro quem esclarece. “Para o bar, com a gente”. 

“Não sei. Não estou me sentindo muito bem”. 

Escuto protestos. 

Outros perguntam o que tenho. 

Explico que não passo bem. “Uma dor de cabeça” 

Jessica franze o cenho ao meu lado. “A cabeça também?”, ela fala baixo ao pé do meu ouvido. 

Percebo que contei duas mentiras. A cabeça e o estômago. Talvez sejam três, se eu levar em conta a mentira que contei a mim mesma sobre não estar decepcionada. 

“Vamos. Por favor. Tu dissestes que ia”. É ele perto de mim, insistindo na minha presença. 

Olho para ele. Ainda usa os óculos do personagem. “Vou”, respondo. 

“Muito que bem! Eu cuido de ti se for preciso”. Ele sorri para mim e sorrio de volta dando as boas vindas para as borboletas que acabam de ocupar minha barriga. 

 

 

 

 

 



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