XIV
Um pouco mais a fundo
Reserva Yoji. Território de Minaku.
Quando Kyoki, a primeira cidade de Nangoku, capital de Shinguru, foi projetada, havia uma densa floresta que, em questão de extensão, ocupava o dobro do tamanho que foi delimitado para a construção da cidade. O centro urbano construído em 1910, cinco anos após sua projeção, acabou por tomar espaço dessa floresta, acarretando o desequilíbrio na fauna e flora graças aos desmatamentos; algo que logo foi colocado em pauta nas reuniões da 4-Katsu. Matsushi Kei, o presidente na época, foi pressionado pelo conselho a resolver, imediatamente e com rigorosidade, o problema ambiental causado por seus engenheiros na capital do seu país.
Apesar de ter estudado de tudo um pouco, buscando sempre seu objetivo em ser presidente, Matsushi não entendia muito sobre questões ambientais, então convocou o ativista Hattori Isamu – Doutor em Engenharia Ambiental e Bacharelado em Ciências Biológicas, a fim de ajudá-lo em achar uma resolução para o problema.
Hattori apontou falhas em seu governo, sem temer represálias por isso, deixando claro que com as fracas leis em torno dessa questão, tão importante e visionária para o futuro do país, Shinguru acabaria por se auto destruir, pois os seres humanos tendem a consumir tudo a sua frente até que não sobre mais nada.
Temendo o futuro descrito por Isamu – o homem mais preocupado com o planeta que ele conhecia, Kei convocou o conselho apresentando novas leis voltadas ao meio ambiente, que dentre elas os; art. 1° Sob nenhuma circunstância é permitido a desflorestação, de nenhum tipo, em todo o território de Shinguru; sendo assim permitido a pena máxima prevista por lei àquele que infringi-la, o art. 2° A Floresta, aqui nomeada, como Yoji, tomada como uma Reserva, é segurada por lei a Proibição de caças das espécies que lá habitam, desflorestação, poluição do lago ou invasão; sendo assim permitido a pena máxima prevista por lei àquele que infringi-la, e o art. 3° O espaço consumido da Reserva usado para fins urbanos, é devolvida por lei, em projeto nacional, obrigatório para os cidadãos, em reflorestamento até que o tamanho original seja devolvido, sendo assim permitido a pena máxima àqueles que se negarem a participar.
A 4-Katsu, entidade criada com o objetivo de fiscalizar os quatro países buscando sempre o equilíbrio entre eles, apoiou sua iniciativa. As leis foram em vigor após votação do conselho interno de Shinguru, e muitas das penas previstas por lei – onde o infrator maior de idade sofre de sanção administrativa e penal, e o infrator menor de idade sofre sanção com trabalhos ambientais e acompanhamento psicológico obrigatório, além da sanção aos seus responsáveis, foram aplicadas sem amenidade ou privilégios.
A Floresta em si ocupa toda a capital, por tanto, os arquitetos projetaram as cidades – depois de todo o descontrole na criação de Kyoki, para que cada uma delas tenha o seu pedaço, por assim dizer, da floresta. Yoji é o nome dado a essa floresta e o termo ‘Reserva’ é utilizado para denominar áreas protegidas por lei, sendo assim criado a Reserva Florestal Yoji.
O Parque Ecológico, por sua vez, foi criado no centro da reserva de cada cidade, para que os cidadãos de Nangoku conhecessem mais do meio ambiente e entendesse os riscos que o desequilíbrio causado por atos egoístas podem acarretar para o presente, mas principalmente para o futuro do seu planeta; sendo o maior objetivo das atividades exercidas dentro do parque, por profissionais da área, a conscientização dos problemas e dos benefícios existentes no Yoji.
A lei criada por Matsushi também impôs a cada região de Nangoku, a responsabilidade de criar uma nova força policial designada a proteção e fiscalização tanto do seu parque quanto da sua parte da reserva. Foi justamente a Delegada Kaminoki* Konan, responsável pela Polícia Ambiental de Minaku – popularmente conhecida como Guarda Florestal, que o Supervisor Madara acionou após receber a ligação do Detetive Uchiha; isso tudo aconteceu pouco mais das oito horas da noite do dia anterior.
Konan estava na carreira policial há vinte anos e já era delegada a cinco. Cresceu naquela cidade, e desde muito cedo era apaixonada pelo meio ambiente, sempre procurando aprender mais e mais nos eventos escolares dentro do parque ecológico. Com seus cabelos tingidos de roxo, os olhos cor de mel e estrutura corporal maior do que o comum para mulheres policiais, ela batalhou para conseguir se formar, sendo a melhor de sua turma. Konan conquistou seu lugar entre os oficiais da polícia ambiental e finalmente conseguiu ser delegada. Ninguém conhecia aquela floresta mais do que Kaminoki.
Porém, por Yoji ter uma imensa área com vegetações próximas às pistas interestaduais e uma grande extensão que cortava toda a região, mesmo a Delegada encontrou bastante dificuldade nas buscas. Apesar de saber em que ponto o assassino adentrou a reserva, as numerosas possibilidades de caminhos que ele poderia escolher a partir das estradas para passeio de carro ou de ônibus, tornou o trajeto do mesmo imprevisível, não restando opção para sua equipe além de vasculhar toda a floresta. Tendo em mente as informações que o assassino poderia dispor da ronda dos policiais no dia e um conhecimento considerável da Floresta, Konan decidiu por separar seus policiais em dez grupos, cada um tendo sete oficiais; estes separados pelos seu conhecimento da reserva. Escolheu o comandante mais experiente dentre os sete e colocou cada grupo responsável por uma área específica. Mesmo que esse número de oficiais cobrissem apenas quarenta por cento das vegetações próximas das pistas fora da reserva, incluindo a interestadual Lumin, já era um início para encontrar o carro.
Procuraram então durante horas, mudando de área conforme os policiais verificaram que o local estava livre de qualquer invasão; sem rastros de pneus, sem marca de pegadas ou de vegetação mexida, e passassem a informação para a Delegada. Poucos intervalos foram feitos, mas depois das sete da manhã, precisaram esperar que a troca de ronda findasse para separarem novos grupos e voltassem a reiniciar as buscas em outra parte da floresta.
Nesse ritmo, mesmo que todos estivessem dando o máximo de si e que Konan tenha colocado uma quantidade considerável de oficiais na procura, o carro só foi encontrado às nove da manhã. O veículo estava em uma parte especificamente densa da floresta - havia muitas vegetações e mata propícia para camuflagem no local. A extensão do lugar era fechada, com muitos pontos parecidos que facilitam a desorientação de direção, então para que alguém consiga andar por lá é preciso um conhecimento profundo da floresta. Kaminoki imediatamente notificou os detetives que responderam informando que estavam a caminho.
A Delegada Konan esperou que Sasuke deixasse o SUV no local designado ao estacionamento, na entrada da parte leste da reserva, para então os guiar por uma trilha traiçoeira, onde era permitido apenas policiais, ou campistas experientes orientados por um guia profissional, transitarem. Em meio a caminhada, Konan atualizou os detetives sobre o carro que acharam. Já se passavam das onze horas da manhã.
— O carro modelo XY, cor preta, placa Kyo-430, foi encontrado na parte leste da reserva, próxima a saída de Minaku. — Kaminoki disse. — A densa mata ao redor dele escondeu bem o veículo, foi uma boa escolha de local, pois o assassino não precisou cortar nenhuma vegetação para camuflá-lo, entretanto, essa parte é proibida aos visitantes por ter animais perigosos e pela facilidade de perda de direção.
— Havia algum objeto ou alguma coisa que ele pudesse ter usado para marcar o caminho para não se perder? — Naruto perguntou a ela.
Konan negou com um aceno.
— Eu também pensei nessa possibilidade e, antes que vocês chegassem, minha equipe verificou todo o espaço ao redor do veículo constatando que não havia nenhuma marcação. — respondeu a delegada. — Esse fato, que o criminoso sabe sobre essa área, me é curioso — ela continuou. — Me faz pensar em duas possibilidades: Ele é residente de Minaku, cresceu visitando periodicamente a reserva e por isso a conhece tão bem, ou ele frequenta o parque como campista e explora a mata regularmente, por pelo menos um ano.
— A outra alternativa é de que alguém que conhecesse a floresta o guiou. — Sasuke disse, pensando na possibilidade. — Mas então, teríamos um cúmplice. — ele concluiu, parecendo não acreditar na ideia.
Kaminoki, que estava um pouco à frente da dupla, pensou um pouco a respeito, porém logo virou o rosto em perfil para olhar para o moreno.
— É um pensamento válido, detetive, mas ainda assim restaria as duas alternativas que eu lhe disse para o cúmplice dele.
Sasuke concordou em silêncio com a delegada. Eles estavam andando por não mais do que cinco minutos, porém esse pequeno espaço de tempo onde havia percorrido uma breve distância da entrada, o moreno já não fazia ideia de onde estavam. O assassino tinha um cúmplice, o que o Uchiha achava improvável, mas caso essa possibilidade fosse verdadeira, um dos dois teria que conhecer bem essa floresta. Um deles teria que ter nascido ou morado ali para ter um acesso tão frequente à Reserva.
Olhou para Naruto procurando saber o que o loiro pensava disso e o encontrou pensativo, os olhos azuis fixos no chão e não no caminho complicado que seguiam, parecendo ponderar sobre a conversa.
— Não acho que seria viável para ele ter um cúmplice; isso implicaria em não ter todo o controle da situação já que é impossível ter completa autoridade sobre outro indivíduo. Sem falar que ninguém esconderia o carro tão bem tendo orientação de fora. Esse conhecimento deve ser dele, estudado por ele para que saia da forma que ele planejou tudo. Ou esse suposto cúmplice escondeu o carro, o que todos sabemos ser inconcebível, visto que acarretaria deixar a cautela em apagar as pistas nas mãos de outra pessoa que pode não ser tão atenta quanto o assassino é. — O Uzumaki opinou.
— Nesse caso, o criminoso é um frequentador fervoroso da Reserva, portanto é provável que tenha alguma câmera que nos mostre quem ele é. — Sasuke falou para o parceiro. — Escolher o Yoji não seria um tanto descuidado da parte dele? Ele realmente deixou um detalhe desses passar? — se questionou desconfiado.
— Na verdade, essa foi uma ótima escolha dele. — Konan respondeu por Naruto. — Não são poucas as pessoas que visitam esse lugar, muitas delas vêm aqui uma vez por semana, outras uma vez por mês. Não seria fácil encontrar o suspeito usando apenas a sua frequência de retorno como base. — em seguida ela murmurou: — Porém se houvesse uma descrição de aparência, as câmeras se tornam grandes aliadas.
— De qualquer forma, já pedimos as gravações da Reserva no período da semana precedente ao crime. — O Uzumaki disse. Contudo, Sasuke que ainda estava pensando sobre a última fala da delegada, franziu o cenho e virou o rosto para Naruto:
— Ele poderia ter essa informação?
— Sobre a frequência dos outros usuários acobertar a dele? — o loiro perguntou para confirmar. O moreno assentiu. — Ele pode ter colhido a informação observando o fluxo de campistas e visitantes. — respondeu.
— Pensei nisso também. — Sasuke fez pausa. — Mas o fato dele sempre estar à nossa frente nessa investigação me fez pensar: quanta informação interna do sistema ele pode ter acesso?
Naruto ficou surpreso com o significado por detrás das palavras de Sasuke.
— Se ele conhecer alguém dentro do sistema… todas elas.
Ambos se calaram diante daquela perigosa possibilidade. Eles precisavam pensar mais a respeito da desconfiança levantada.
Saíram do pequeno labirinto de árvores, onde Sasuke teve uma sensação forte de estar andando em círculos, para uma área mais ampla, mas ainda fechada por muitas árvores. Caminharam para perto dos outros oficiais e pararam. Sasuke ficou assombrando com o quanto o carro estava camuflado ali – o detetive apenas o percebeu por causa das rodas destoando com as folhas no chão.
— Mas nesse caso, Sasuke, esse informante seria um cúmplice? — Naruto murmurou, retomando ao assunto anterior.
— Ou poderia ser alguém que não desconfia que ele seja um assassino e repassa as informações inocentemente. — o moreno disse, mas o loiro soube pelo seu tom que Sasuke não acreditava nem um pouco nisso. Porém, para o Uzumaki, essa teoria era bem plausível.
— Ele não arriscaria deixar seus crimes nas mãos de outra pessoa, pra mim ele está apenas observando.
Konan os interrompeu, chamando a atenção dos dois detetives: — Venham aqui, quero lhes mostrar algo. — Sasuke e Naruto a seguiram para a estrada que havia ali, próximo de onde eles estavam. — A ronda na área leste é responsabilidade do Policial Koyama Daiki, meu oficial mais experiente. — ela parou no meio da estrada e se virou para conversar com eles. — Porém ele não percebeu o carro, o que me deixou preocupada pensando que, talvez, Koyama não seja competente como eu julguei que fosse. Mas eu não sou conhecida por errar, Detetives. — Kaminoki explicou e se virou para a floresta. — E quando eu vi isso, percebi o porquê do meu melhor oficial não ter visto o veículo. — gesticulou para a sua frente.
Sasuke seguiu com os olhos a direção apontada. Em sua frente, ele via os policiais rondando o que parecia ser mato e nada além disso - nenhum sinal do carro que ele sabia estar ali, bem na sua frente, por ter ficado próximo a ele minutos antes. Até a sua expressão impassível caiu ao se chocar com o fato que, quando seus olhos caçaram o automóvel, eles ficaram estressados com a vegetação repetitiva, enviando para o seu consciente a informação falsa de que não havia nada ali além de vegetação. Atordoado, ele buscou com o olhar o seu parceiro. Naruto encarava sério o ilusionismo provocado por um truque ardiloso. O moreno se aproximou mais um pouco, tentado a ler o que estava acontecendo com o Uzumaki pelos olhos expressivos do outro homem, e se arrepiou com a brasa ardente na imensidão azul. O loiro praticamente dizia, em seu olhar, que entenderia tudo o que o assassino fez, não deixando nada passar. Sasuke sentiu um choque de excitação passar pelo corpo.
— Se vocês andarem mais um pouco, sem parar de olhar para onde está o carro, irão perceber que a medida que a vista muda de ângulo, apenas pequenas partes da lataria é visível, e isso quando já se passou do ponto que eu mostrei para vocês, mas antes dele, no início da estrada, é impossível ver algo do veículo. — Konan explicou, gesticulando e andando para mostrar aos detetives o truque bem elaborado. — Nos turnos durante o dia, já seria complicado vê-lo, mas durante a noite, é impossível.
Sasuke cruzou os braços, pensando em tudo o que escutou e viu na reserva. Eles não estavam lidando com alguém que possui apenas um simples conhecimento da floresta, não. O assassino estudou a reserva por inteira, provável que tenha verificado cada pedaço dela para escolher o lugar mais difícil de encontrar. Ter a prova de mais um conhecimento do assassino, e ainda ter a desconfiança de que alguém pode estar o informando diretamente do sistema de investigação, já estava dando ao Uchiha uma incômoda dor de cabeça.
— Ter um informante, ou um cúmplice, não faz sentido para ele. — Naruto reforçou, a voz calma, como se tivesse lido os pensamentos do outro homem. Os olhos negros do moreno voltaram-se para o parceiro. — O assassino trabalha com previsões e deduções, buscando sempre atrasar a investigação, como então ele se arriscaria ao ponto de contar a alguém sobre seus planos, ou de questionar sobre as investigações, podendo assim levantar suspeitas? Se essa pessoa o entregasse, acabaria suas chances de fazer mais vítimas. — Ele voltou lentamente para onde estava o carro. Konan e Sasuke seguiram-no.
— Tendo ou não um informante, ele de alguma forma conhece muito do sistema de investigações. — Sasuke contrapõe. — Está usando cada detalhe que sabe para nos atrasar, então é muito provável que ele conheça alguém de dentro, sim.
Enquanto Naruto foi para o lado esquerdo do carro, Sasuke seguiu para o lado direito. Estavam agora um de frente para o outro, com o veículo entre os dois. Naruto pôs a luva para abrir a porta do passageiro dianteiro.
— São suposições, Detetive. — Naruto murmurou em tom provocante — Não se apresse tanto concluindo com meras deduções. — disse em retaliação, reencenando a forma com que foi tratado pelo moreno na sua chegada a Hanzai. Sem esperar por uma resposta, que não viria porque Sasuke estava abismado com a ousadia do loiro, o Uzumaki se inclinou para olhar atentamente o interior do veículo.
Naruto deixou a expressão divertida de lado e passou a analisar o carro com seriedade. O Uchiha, assim como o parceiro, colocou as luvas e abriu a porta do motorista.
Na parte dianteira, nada de anormal foi encontrado; nenhum líquido derramado, nada no painel ou no porta luvas. Passaram então para o banco traseiro, onde encontraram sangue, resíduos mal cheirosos – vômito pela sua aparência e consistência, e o celular da vítima. No porta malas havia resto de cordas, pedaços de panos rasgados e uma caixa térmica. Ao abri-la, Sasuke confirmou sua suspeita; os órgãos da vítima estavam ali, amontoados, cheirando a carne podre graças a decomposição. O moreno remexeu neles, mas ao contrário das suas expectativas, os olhos não estavam ali.
— Ele claramente deixou o resto das evidências do crime aqui, mas ainda assim levou consigo uma prova irrefutável? — o Uchiha soou meio indignado, meio confuso. — Por que ele levaria uma prova contra si mesmo?
Naruto calmamente fechou a caixa, já que Sasuke se afastou, e respondeu:
— Pode ser que ele tenha os pegado como um souvenir, ou ele pode ter deixado em outro lugar apenas para que nós percamos tempo caçando. — o loiro fechou o porta malas e retirou a luva. — Saberemos somente quando o pegamos.
Sasuke olhou em volta enquanto descartava as luvas. Ao redor do carro, havia muitas árvores, e mesmo o carro sendo um modelo compacto e pouco espaçoso, ainda assim seria muito difícil estacionar ali. Procurou entre a mata o local por onde ele entrou; levando em conta que a estrada estava de frente para o carro e a frente do veículo de frente para a estrada, Sasuke deduziu que ele veio pela lateral e manobrou o carro com a traseira e não a frente. Andou um pouco, buscando o único espaço possível para isso, encontrando minutos o espaçamento minúsculo.
Comparando o tamanho do carro e o tamanho do espaço entre as árvores, o assassino é um habilidoso motorista, visto que a lataria do carro, apesar de suja, não tinha arranhões aparentes. Ele não encostou o automóvel em nenhuma árvore, um feito e tanto na opinião do moreno.
Além disso, como a leve abertura estava na lateral da estrada, no sentido divergente a entrada leste – justamente porque ele adentrou a reserva pela entrada sul, não havia como simplesmente colocar o carro de frente sem manobra, e para manobrar ele usaria a traseira, sendo impossível usar a parte dianteira por causa do ângulo das árvores. O que estava deixando Sasuke intrigado é que ninguém havia visto os faróis do carro, que ficaram ligados no mínimo dez minutos ininterruptos para ele estacionar, ou a lanterna que ele certamente usou para sair dali, caso contrário, mesmo conhecendo a floresta, o assassino facilmente se perderia.
Dessa vez, ao olhar para seu parceiro, encontrou Naruto que o observava compenetrado. Pela expressão do loiro, ele e Sasuke precisavam conversar.
Em Hanzai, às oito da manhã daquele mesmo dia, Hayato e Temari se reuniram em uma conferência com a chefe do departamento de segurança de Imagem e Vídeo na C.O.R.P.S. A vídeo chamada foi realizada utilizando um holograma tridimensional das salas do quinquagésimo quinto andar.
— Eu mandei o pedido de autorização de coleta, para a Senhora Midorima, pelo sistema oficial da Inteligência do Presidente. — Temari informou. — De acordo com a Norma, diante de uma nova vítima, a equipe de investigação tem preferência no recolhimento das gravações.
Midorima Aya ajeitou seus óculos redondos na base do nariz fino. Ela estava sentada em uma cadeira acolchoada, provavelmente em seu escritório particular, olhando para a dupla com um profissionalismo frio. Pela postura dela era difícil saber o que a mulher estava pensando; poderia ser falta de interesse no caso ou indiferença mal disfarçada diante a pressa deles.
— As imagens estão em processo de armazenamento no Token. — ela respondeu com a voz monótona. — O técnico responsável vai passar o dispositivo para o Supervisor Uchiha assim que finalizar.
Temari assentiu e anotou algo em seu tablet profissional. Hiroki, por sua vez, baixou o seu tablet e encarou a mulher.
— Qual blindagem vai ser utilizada nas informações no Token? — Ele perguntou.
— O labirinto. — Midorima sequer piscou ao responder.
Hayato sentiu sua esperança murchar. Levará dois dias, no mínimo, para os detetives terem as imagens; uma para o armazenamento e entrega do Token e outro para desfazerem o labirinto – para só então iniciarem a coleta. Nesses momentos, ele odiava toda a precaução que Shinguru tem com a segurança dos cidadãos.
— Desculpa, senhora Midorima, mas o labirinto requer horas, que não dispúnhamos, para ser desfeito. — Hiroki disse tentando persuadi-la. — A criptografia de Muzukashi é uma blindagem mais indicada no nosso atual cenário; tão eficiente quanto o Labirinto, porém menos detalhada. Com ela conseguiríamos ter um aproveitamento de tempo.
Havia um claro desdém nas feições dela quando Aya respondeu: — A Criptografia Muzukashi não é utilizada em dispositivos com mais de 300 bytes de dados armazenados. Várias áreas ficariam desprotegidas, deixando fácil a clonagem do Token. — ela deu um pequeno sorriso tão falso quanto debochado. — Isso é o mínimo que o supervisor de tecnologia deveria saber.
Hayato suspirou, irritado pelo deboche. Não que ele não soubesse disso, mas para ser sincero, Hiroki não acredita que o Token possa ser clonado quando apenas duas pessoas teria contato com ele antes de chegar em suas mãos.
Mas não havia o que fazer, não quando é Midorima quem decide o método a ser usado. Ele e Shisui estavam com sorte, na verdade, já que ela poderia usar uma blindagem ainda mais detalhada – e sim, havia outras camadas maiores que a do labirinto, assim seria. No momento, a melhor coisa a se fazer, é agradecer que ambos sabiam desfazer relativamente rápido as paredes de proteção, por tanto, não haveria atrasos na descriptografia.
— Então eu enviarei um pedido para autorizar a presença dos detetives durante essa coleta. — A Sabaku informou Aya, sem olhar diretamente pra ela, estando ocupada já organizando o pedido no seu tablet.
A mulher teria dado de ombros se esse gesto não fosse completamente antiprofissional, tamanho desinteresse.
— Se a Inteligência entender o pedido como cabível, a autorização deve chegar junto ao Token.
No instante seguinte, Midorima desligou a conferência com um aceno.
Com a ligação desligada, Hayato pode enfim massagear suas têmporas buscando amenizar o seu crescente estresse; odiava ter que lidar com o pessoal da C.O.R.P.S, principalmente com Aya. Temari, por outro lado, não parecia nem um pouco afetada enquanto guardava todas as suas coisas dentro da bolsa.
Provavelmente tinha conversas como essa o tempo todo, o supervisor pensou com uma pontada de simpatia solidária.
A Sabaku o encarou e disse como se estivesse escutando seus pensamentos: — Não se esqueça, Hayato, que os profissionais da C.O.R.P.S julgam saber como deve e o que deve ser feito lá dentro, e não escutam quem é de fora. — ela parecia querer o consolar. — Se eles autorizarem a presença dos detetives, o Labirinto não deve prejudicar tanto a investigação.
Ele acenou em resposta, sem querer discutir mais sobre a dor na bunda que a C.O.R.P.S poderia ser.
Depois de buscar Sarada no colégio, Deidara seguiu diretamente para a mansão de Sasuke.
Ao chegar na única estrada que dava acesso para a casa do seu cunhado, o loiro gravou com a câmera milimétrica no painel do carro o caminho: Durante o dia, os totens estavam apagados, com esse detalhe a rua das Labaredas deixava de ser tão mística para se tornar apenas uma pista comum. Deidara outrora havia pintado esse mesmo lugar sob a luz do luar com as chamas dos totens. Agora, em uma próxima visita, Deidara espera registrar a linda visão que é os totens acesos sob o pôr do sol.
Uma música suave compunha o momento. Sarada acabou por dormir, minutos antes, então Deidara incluiria a música no vídeo para mais tarde mostrar para a sua filha. Pensando em música, talvez colocasse Sasuke para tocar piano para ela, também. Talvez Deidara até mesmo cantasse. Seria uma noite especial.
Não.
Não pense.
Não faça isso consigo mesmo, avisou seu consciente.
Mas não é como se ele pudesse controlar, não é como se ele pudesse apertar um botão de delete, jogando fora as suas lembranças com o homem que amou, como faria com seu tablet. Enquanto tivesse lembranças dele, Deidara ligaria tudo o que vivia ou viria a viver à saudade que o corroía.
A dor de saber que todos os momentos especiais que Deidara e Sarada, até mesmo Sasuke, iriam viver, a verdade que Itachi não estará junto para compartilhar, era tão palpável quanto as suas lágrimas que já queriam descer pelo seu rosto. Ainda está recente, o loiro se consolava. É normal ainda ter uma ferida tão grande e viva pulsando no seu peito, onde deveria ser seu coração. A situação não estava tão ruim assim, Deidara superaria eventualmente.
Repetir esse mantra fez com que cada vez mais o pensamento soasse falso, porém não poderia ser assim, ele não poderia se deixar vencer. Limpou o canto dos olhos antes que começasse a chorar sem parar, mais uma vez, e respirou fundo. Aumentou um pouco a música, tomando cuidado para não incomodar sua filha, e ocupou seus pensamento com quais tons de tinta pintaria o próximo quadro até que estivesse diante do grande portão de Sasuke.
Colocou os cinco dedos no leitor digital para desativar o alarme de segurança e abrir o portão. Entrou com o carro, ainda gravando o caminho, pois o jardim da mansão é simplesmente um sonho, de tão lindo, e seguiu para a garagem subterrânea - onde a vaga para seu carro sempre estaria ali, desocupada, mostrando o quanto o loiro sempre será bem-vindo.
Deidara desceu do banco do motorista e abriu a porta de trás, onde Sarada dormia em cima da cadeirinha de segurança.
— Princesa, nós já chegamos. — o loiro chamou baixinho enquanto carinhosamente retirava o cinto dela. Sarada se remexeu, fez uma careta e abriu os olhos. Observou ao redor, um pouco perdida, e coçou o olho direito por debaixo do óculos.
— Estamos na casa do Tio Sasuke, papai? — perguntou sonolenta mente alegre.
Deidara riu quando a filha pulou do carro.
— Sim, vamos passar a noite aqui.
Sarada passou pela porta automática, soltando gritinhos de felicidade enquanto subia as escadas segurando no corrimão como foi ensinada, chamando por Sasuke. O loiro pegou a mochila escolar da filha, a pequena mala do porta-malas, e fechou o carro, seguindo o mesmo caminho que a pequena menina.
Já na sala, ele ainda escutou sua filha procurando o tio.
— Sasuke ainda está no trabalho, meu amor. — falou alto para ela escutar onde quer que estivesse. A mansão realmente era grande, mas pelos os móveis não ocuparem todos os espaços, havia muitos pontos onde os barulhos causavam ecos, por isso Sarada escutaria o pai mesmo que o loiro não gritasse.
Poucos segundos depois do loiro avisar a filha, ela desceu o segundo lance de escada que dava diretamente para a sala. Deidara a pegou no colo.
— Ele vai demorar pra chegar? — perguntou ansiosa.
Deidara retirou os óculos e desfez o coque dela enquanto subia as escadas para o segundo andar.
— Não. — respondeu. — Ele vem assim que terminar.
Sarada sorriu.
— Quero tomar banho na piscina.
Deidara fingiu pensar. Andou pelo corredor até o terceiro quarto na direita, entrou pela porta pintada em vermelho sangue, a única que não era cor de ônix, com a placa “Aposentos da Princesa", era o quarto de Sarada na residência - coisa de tio babão.
— Apenas por pouco tempo. — o homem colocou a filha no chão. — O sol já vai se pôr e vai estar frio demais para continuar na piscina.
Sarada retirou os sapatos antes de pisar no tapete vermelho felpudo, que cobriu quase todo o seu quarto, menos a área próxima à porta, e foi correndo para o closet. Deidara imitou a filha tirando seu sapato, a seguindo com passos mais calmos.
No pequeno quarto cheio de divisórias para roupas e sapatos, com um sofá no meio. A pequena já estava com seu pequeno macacão de banho em mãos.
— Mas se a gente for pra piscina aquecida do terceiro andar, não vai ficar frio, não é? — Sarada perguntou em tom inocente.
Esperta, Deidara observou com um sorriso orgulhoso. Ela sabia que na piscina aquecida e fechada o horário não seria um problema.
— Tem certeza? Lá a piscina infantil é bem menor.
Sarada acenou feliz enquanto trocava o uniforme da escola pela roupa de banho.
— Dá pra brincar de mergulho. — e era só isso que importava pra ela, afinal.
Deidara assistiu risonho a sua inteligente garotinha colocar o macacão. Ela pegou a roupa escolar e colocou no cesto de roupa suja, o sapato em um compartimento em cima do gesto para ser limpo. Separou sua pantufa usada para andar pela casa, vestiu o roupão por cima do macacão e colocou os óculos de mergulho na cabeça.
— Vamos, papai! — chamou alegre e Deidara sorriu ao segui-la. Caminharam para o quarto ao lado do dela - a suíte de Deidara, que ele dividia com Itachi quando este ainda estava vivo.
O loiro evitou olhar para a cama de casal, ou para as fotos espalhadas ali. Foi diretamente para o closet, abriu apenas a gaveta onde estava seu short de banho; evitando ver as inúmeras roupas do falecido marido que ainda estavam ali, exatamente como fazia na sua própria casa, e se trocou enquanto Sarada o esperava sentada na cama.
Quando terminou, deixou tudo organizado, como a filha, e então eles subiram mais um lance de escadas no final do corredor.
A metade do terceiro andar era ocupada pela piscina aquecida, onde uma divisória dentro dela separava a parte rasa para as crianças e a funda dos adultos. Do outro lado da escada, estava a sala cinema, bem menor que a área da piscina, mas grande o suficiente para caber até vinte pessoas. Sasuke havia reformado a mansão para ter, no mínimo, oito sobrinhos. Os planos interrompidos também doíam de forma palpável.
Balançou a cabeça e seguiu para a espreguiçadeira. Deixou suas coisas ali antes de ir com Sarada para a parte funda; ela poderia ficar ali enquanto Deidara estivesse na piscina, usando bóia nos braços.
A morena riu quando o pai a pegou pela cintura, levantou o máximo que pode e soltou um grito quando ele a jogou na água.
Rapidamente, Deidara também pulou, pois mesmo que ela estivesse de bóia e soubesse nadar, ele ainda estaria olhando cada movimento seu com olhos de águia. A próxima hora se passou com eles brincando. A criatividade de Sarada era invejável: ela não se limitava a tubarões na água, apesar de sempre começar com essa brincadeira em específico; uma espreguiçadeira de bóia era seu barco e ela uma perigosa pirata que, ao invés de querer tesouros, estava mais interessada em lutar até a morte contra o grande monstro do mar. Antigamente era Itachi, que sempre se fingia de morto para reptar o príncipe da capitã, o Deidara.
Mas agora era Deidara, o monstro, e ele decididamente não conseguia vencê-la.
— Eu, como a melhor capitã dos mares, o condeno, horrível monstro, a morte!
Deidara colocou a mão no peito, onde estava seu coração, e fez sua melhor expressão amedrontada. Seu cabelo loiro, um pouco maior do que ele costuma usar, estava totalmente bagunçado, vários fios presos em seu rosto.
— Por favor, tenha piedade, capitã!
A pequena menina balançou a cabeça negativamente, a expressão séria.
— Você não teve piedade ao matar vários pescadores! — ela replicou sabiamente. — Assim como não tiveram piedade ao tirarem meu príncipe de mim. — Deidara mal pode respirar ao escutar o tom triste e ver os olhos negros enchendo de lágrimas dela. — Vocês não merecem m-meu perdão... — e então Sarada desatou a chorar.
Antes que a sua filha caísse da bóia espreguiçadeira, ele a pegou no colo e a tirou da piscina. Sentou na espreguiçadeira abraçando o pequeno corpo contra o seu.
— Eu quero o papai de volta! — Sarada falou entre os soluços e Deidara apertou os olhos com força. Não podia chorar, agora era a hora de ser forte e inabalável pela sua filha.
— Eu sei, meu amor, eu também quero ele de volta. — segurou gentilmente o pequeno rosto, que agora estava vermelho pelo choro, em suas mãos e sorriu com tristeza. — Mas, infelizmente, ele não está mais aqui, com a gente.
— Por que tiraram ele da gente, pai?
Ah, a inocência dela era linda. Deidara queria que ela nunca pudesse ver a parte feia e podre do mundo.
— Eu não sei, princesa, mas sei que ele, com certeza, está nos olhando agora e o papai não vai gostar de ver a pequena princesa dele chorando assim.
Com as palavras de conforto, Sarada assentiu e limpou as lágrimas com o antebraço. Não adiantou muito já que ela estava molhada, ainda assim Deidara poderia derreter de amor, ou de dor, com o gesto. Não sabia com certeza.
Quando os soluços pararam e Sarada se acalmou, ela voltou para a piscina, porém na parte rasa. Deidara deitou na espreguiçadeira, já vestido no roupão, e passou a ler no tablet. Estando sempre de olho na filha, mesmo que a água batesse na cintura dela.
Sasuke soube que Deidara estava ali assim que chegou nos portões da mansão, pois somente o outro homem poderia desativar o alarme da sua casa. Esperava o encontrar na sala, ou no quarto de Sarada, observando a filha brincar, porém ele não estava em nenhum dos dois lugares, sobrando assim a área da piscina aquecida.
O moreno se dirigiu para o seu quarto - o último do corredor, atrás das escadas que subiam para segundo andar, ocupando a mesma o mesmo espaço que o cinema, que estava em cima do seu quarto, no terceiro andar.
Metódico e organizado, Sasuke retirou as roupas e colocou o short de banho.
Vestido com o roupão, seguiu para o andar de cima.
Deidara estava deitado olhando sarada, o livro que ele provavelmente levou para ler, mesmo sabendo que não conseguiria por estar de olho na filha, estava esquecido na espreguiçadeira ao lado – como sempre acontecia. Silenciosamente, Sasuke tirou o roupão e seguiu para a parte funda da piscina.
— Oh, Sasuke, você chegou. — Deidara saudou, feliz.
Ao ouvir o pai, Sarada saiu da parte rasa com pressa, quase escorregando no piso, e correu para onde o tio estava, se jogando na piscina dos adultos.
Deidara levantou assustado.
— Uchiha Sarada! — gritou meio irritado, meio aflito. — O que eu disse sobre correr perto da piscina? Ainda mais sem uma bóia!
Sasuke pegou a sobrinha assim que ela caiu na água. Puxou ela pra cima e tirou os cabelos negros do rostinho redondo e infantil.
— Que é proibido correr perto da piscina, pois eu posso escorregar e cair. — a morena respondeu com a voz baixa, arrependida.
Deidara respirou fundo para acalmar seu coração.
— Mesmo que seu tio esteja na piscina, você poderia ter escorregado e caído longe dele. É perigoso, você sabe disso.
Ela não sabia, realmente, pois felizmente nunca aconteceu esse tipo de acidente, e Sarada tinha aulas de natação desde os três anos de idade. Mas Deidara sabe bem como é quase se afogar, mais de uma vez, então seu medo o fez superprotetor com a filha. Com um bico choroso, Sarada olhou para o pai. Desestabilizado como o loiro estava, bem capaz dele morrer de chorar se ela chorasse naquele momento, Sasuke pensou ao observar os dois. Com um suspiro, o moreno intercedeu:
— Seu pai tem razão, princesa. Você tem que ter cuidado na piscina. Mesmo se nós dois estivermos por perto, tenha sempre cuidado.
Sarada escondeu o rosto no pescoço do tio e assentiu.
Imediatamente, Deidara se sentiu mal por ter gritado, mas antes que ele pudesse tirar o roupão para entrar e pegar sua garotinha nos braços, Sasuke a afastou e colocou em cima da bóia espreguiçadeira.
— Vamos, capitã, você tem que derrotar o grande monstro. — Sasuke disse à guisa de explicação quando os olhos negros marejados o encararam com confusão.
Com um sorriso tentativo, Sarada limpou os olhos.
— Ainda bem, tio. Meu pai é péssimo em ser monstro.
— Ei, eu te escutei, mocinha! — Deidara reclamou, fingindo ofensa.
Os três riram.
Depois do jantar, a família se reuniu na sala acústica de Sasuke. O moreno estava no piano, Sarada sentando no colo dele e Deidara em pé ao lado dos dois.
Os primeiros acordes, ressoantes e suaves, formaram um som gentil e carinhoso. Era a música preferida de Sarada e também havia sido a de Itachi, mas todos os três tentavam não pensar nesse fato. O tom apaixonado retirado das notas andava lado a lado com a parte mais grave, até um pouco rude do acorde. A música se tratava dos dois lados do amor; o primeiro lado era o sentimento puro, mágico, quente e avassalador da emoção, já o segundo lado era o corrompido pela natureza humana que doía e machucava, que fazia o dono do sentimento sangrar.
As notas sempre seguiam assim, com os dois pólos opostos se chocando no que, inevitavelmente, se tornava uma mistura harmônica em seu som.
Exatamente como Itachi, um homem gentil, bondoso e carinhoso, mas que também poderia ser manipulador, dissimulado e vingativo quando queria.
Deidara cantou cada palavra com o coração preso na garganta, mas não havia o que fazer; Sarada amava aquela música tanto quanto o pai dela amou e, por mais que doesse, era estranhamente bom e gratificante emitir cada estrofe. Isso fazia com que sentisse como se Itachi estivesse ali, ao lado de Sasuke, olhando o irmão tocar com atenção, sempre orgulhoso de como o mais novo tocava maravilhosamente bem, e então ele levantaria os olhos, sorrindo com um olhar apaixonado para Deidara e falaria, sem som, que a voz do seu marido estava linda, como sempre.
Por mais que Itachi não estivesse mesmo ali, Deidara se sentou e cantou, exatamente como faria anteriormente, em uma vaga lembrança do que um dia havia sido a sua vida.
Ainda bem que a testosterona que eu tomei deixou minha voz mais grave, o loiro pensou e cantou um tom mais alto.
**Eu usei a tradução de Árvore de papel para o sobrenome de Konan já que ela não possui um em Naruto.
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