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História Revenant (seho) - 0.1


Escrita por: dksooul

Capítulo 2 - 0.1


O rapaz encontrava-se novamente enfurnado em seu quarto, um ambiente compacto com paredes em cinza, onde a cama, acompanhada de um criado-mudo, ocupava o centro. Uma mesa ao lado abrigava seu computador, enquanto um guarda-roupa ficava posicionado no lado oposto, próximo à porta do banheiro.

Sua angústia era insuportável, um aperto no peito que parecia sufocá-lo. As lágrimas deslizavam pelo seu rosto, trilhando um caminho trêmulo e salgado. Os últimos dias haviam sido um tormento, os piores de toda a sua vida. Sentia-se preso em uma rotina monótona e dolorosa, onde se encontrava constantemente deitado em sua cama, revivendo incessantemente aquele dia fatídico em que seu amado namorado fora encontrado sem vida.

A chuva lá fora caía intensamente, os pingos d'água batendo freneticamente nas janelas e telhados. A tempestade trouxe consigo raios, que iluminavam o céu de forma assustadora, seguidos por trovões ensurdecedores que ecoavam por toda a vizinhança. Os barulhos intensos e agravantes ressoavam no ambiente e invadiam cada canto da casa, aumentando o medo e a angústia que já se estabeleciam no coração de Junmyeon.

Dentro de seu quarto, ele encontrava refúgio debaixo dos cobertores, procurando um abrigo seguro em meio a tamanha violência da natureza, mas a segurança que buscava não se encontrava mais em seus lençóis quentes. Era nesses momentos em que Sehun o abraçava e ficava com as pernas enroscadas nas suas, enquanto o menor se encolhia debaixo do maior.

O toque de seus corpos proporcionavam uma sensação de acolhimento e proteção que ajudava a amenizar o medo dos trovões que parecia enraizado em algum lugar profundo de sua infância. Os cobertores se tornavam uma fortaleza enquanto eles se enroscavam um no outro, buscando consolo e segurança em meio ao caos.

Enquanto a tempestade se intensificava, as lágrimas continuavam a cair em seu rosto, misturando-se com as gotas frias que escorriam pelo vidro embaçado da janela.

A solidão que o envolvia era avassaladora, e a ausência do seu amor aumentava ainda mais a gravidade da dor que carregava consigo. No entanto, ele sabia que precisava encontrar forças para seguir em frente, mesmo com o coração dilacerado e a mente tumultuada. A saudade e o luto haviam sido uma jornada tortuosa, mas ele era um sobrevivente, alguém que precisava encontrar a cura para sua alma ferida.

Junmyeon e seu amado viviam dias de felicidade, mesmo enfrentando conflitos comuns a qualquer relacionamento. Os pais de Junmyeon apoiavam seu amor e o aceitavam. No entanto, o único empecilho em sua vida era Kyungsoo, o melhor amigo de Sehun. O sorriso sarcástico nos lábios de Kyungsoo e o olhar intimidador deixava claro que Junmyeon não era bem-vindo em sua presença. Essas expressões hostis começaram a incomodar Junmyeon cada vez mais, assim como as respostas ríspidas que recebia dele.

Toda vez que Kyungsoo lançava aquele olhar desconfortável para Junmyeon, o jovem esperava que seu namorado percebesse e reprovasse o comportamento do amigo. No entanto, Sehun parecia completamente alheio à situação, como se não visse ou fizesse de conta que não percebia o desconforto de Junmyeon. Isso o irritava profundamente, afinal, ele tratava Kyungsoo com respeito e carinho, esperando ao menos um pouco de sua simpatia em troca, mas para sua decepção, a resposta era sempre a mesma: indiferença e hostilidade.

A sensação de ser deixado de lado e não ser defendido por seu próprio namorado mexia com Junmyeon, despertando sentimentos de frustração e mágoa. Ele não entendia o motivo pelo qual Sehun não agia diante da evidente hostilidade de seu melhor amigo. Junmyeon se esforçava para cativar a simpatia de Kyungsoo, mas parecia não haver progresso algum.

A situação se tornava cada vez mais difícil para Junmyeon, que questionava se realmente importava para Sehun ou se estava fadado a suportar o desdém de seu melhor amigo indefinidamente. Essa falta de apoio e compreensão começava a corroer a confiança de Junmyeon em seu relacionamento, tornando-o cada vez mais irritado e decepcionado. Ele desejava apenas que Sehun enxergasse o desconforto e a mágoa que Kyungsoo causava, mas até então, suas esperanças eram constantemente frustradas.

Junmyeon começou a notar mais do que nunca a proximidade entre Sehun e Kyungsoo. Eles pareciam ter uma conexão muito profunda, compartilhando segredos e risadas que Junmyeon não fazia parte. Os cochichos entre eles se tornaram mais frequentes e, mesmo que tentasse ignorá-los, Junmyeon sempre ficava curioso sobre o que estavam discutindo.

Um dia, Junmyeon viu Sehun e Kyungsoo conversando em um canto. Ele se aproximou sorrateiramente, desejando ouvir pelo menos uma parte da conversa, e foi quando ouviu Sehun repetidamente afirmar que nunca iria terminar com Junmyeon, enquanto Kyungsoo insistia que ele deveria.

Aquelas palavras atingiram Junmyeon como um soco no estômago. Sentiu-se traído e questionou se Sehun realmente queria estar com ele. As dúvidas que já estavam surgindo por conta do comportamento indiferente de Sehun e do tratamento hostil de Kyungsoo agora ganhavam força total.

Junmyeon se afastou, tentando esconder as lágrimas que ameaçavam cair de seus olhos. Sentiu-se em uma encruzilhada, pois amava Sehun, mas não queria continuar em um relacionamento onde não era valorizado e onde parecia existir uma terceira pessoa interferindo.

No dia seguinte, Junmyeon decidiu confrontar Sehun sobre o que havia ouvido. Eles se encontraram em sua casa e Junmyeon deixou claro que estava cansado de se sentir deixado de lado. Ele mencionou o comportamento de Kyungsoo e como Sehun parecia sempre ignorar o desconforto que causava ao seu namorado.

Sehun parecia surpreso com a reação de Junmyeon e tentou acalmar seus medos, pedindo desculpas por não ter percebido o quanto seu amigo afetava o relacionamento deles. Ele afirmou que Kyungsoo era apenas um amigo e que não tinha nenhum sentimento romântico por ele. Sehun prometeu fazer mais esforço para defender seu relacionamento e colocar Junmyeon em primeiro lugar.

Junmyeon decidiu dar uma chance a Sehun, mas deixou claro que se sentia inseguro e que precisava de mais atenção e demonstrações de afeto. Ele também estabeleceu limites em relação a Kyungsoo, pedindo que Sehun deixasse claro para o amigo que ele era uma prioridade em sua vida.

Com o tempo, Junmyeon e Sehun trabalharam juntos para reconstruir a confiança e superar os obstáculos que Kyungsoo representava. Sehun finalmente mostrou a Junmyeon o quanto o amava e o quanto seu relacionamento era importante para ele.

No dia em que sumiu, Sehun lhe enviou uma mensagem, informando que iria à casa do amigo e passaria o dia lá. Junmyeon, ficou até a noite esperando ansiosamente por uma mensagem ou ligação do maior, como era de costume. No entanto, nenhuma notificação chegou, deixando-o preocupado.

Era extremamente incomum Sehun deixar de entrar em contato com ele. Sempre atencioso, o namorado fazia questão de enviar mensagens de boa noite antes de dormir, mas, naquela noite, o silêncio era perturbador. Algo definitivamente não estava certo.

Mil pensamentos passaram pela mente de Junmyeon, tentando encontrar uma explicação plausível para a ausência de Sehun. Talvez algo tivesse acontecido durante a visita ao amigo, um problema inesperado que o impediu de manter contato ou talvez Sehun tenha adormecido sem querer, como era comum acontecer. Os dois sabiam que o maior tinha o hábito de cair no sono facilmente, até mesmo durante uma conversa.

Decidido a descobrir o que havia acontecido, Junmyeon tomou a corajosa iniciativa de enviar uma mensagem para Sehun. Ele expressou sua saudade e preocupação pela falta de contato e perguntou se tudo estava bem. O nervosismo aumentava a cada segundo que passava sem resposta.

A espera parecia interminável, até que finalmente a notificação do celular indicou uma nova mensagem. Um alívio instantâneo tomou conta de Junmyeon.

[01:47] Jun: Hun?

[01:49] Hun: Oi, meu bebe

[01:49] Jun: Onde você está? Por que ainda está acordado? Você não tem que acordar amanhã cedo para ir à faculdade?

[01:49] Hun: Eu estava dormindo, Jun, mas o celular tocou e fui ver quem tinha mandado mensagem

[01:50] Jun: Me desculpe te acordar haha, você sempre me manda mensagem antes de ir dormir e não chegou nada seu aqui, acabei ficando preocupado

[01:50] Hun: Está tudo bem, me esqueci de mandar mensagem, me desculpe mesmo, meu bebê

[01:51] Jun: Se está tudo bem, então volte a dormir grandão

[01:52] Hun: Boa noite, bebê, tenha bons sonhos ♡

[01:52] Jun: Hun eu te amo, ok

[01:52] Hun: Te amo Jun mais do que você possa imaginar e me desculpe.

(...)

Depois daquele dia, em que Sehun misteriosamente desapareceu, Junmyeon entrou em um estado de pânico e angústia. Ele tentou entrar em contato com seu namorado incessantemente, ligando para ele várias vezes e enviando mensagens desesperadas. No entanto, Sehun não respondia a nenhuma das tentativas de comunicação, deixando Junmyeon ainda mais preocupado.

Junmyeon fez de tudo para descobrir o paradeiro de Sehun. Ele visitou a casa da mãe do garoto, do irmão e até de Kyungsoo. Infelizmente, ninguém tinha qualquer informação sobre seu paradeiro. A mãe de Sehun, apesar de também estar preocupada, não sabia onde seu filho poderia estar. Por outro lado, Kyungsoo que tinha passado o dia todo ao lado de Sehun, falou que, ao entardecer, o amigo acabou indo para casa.

Com o desespero aumentando, Junmyeon finalmente decidiu tomar uma medida drástica. Junto com a mãe de Sehun, ele fora até a delegacia para registrar um boletim de ocorrência, já que estava sem qualquer sinal do garoto. Os policiais ouviram atentamente a história de Junmyeon, mas inicialmente não tinham muitas pistas para começar a busca.

A angústia de Junmyeon só aumentava a cada dia que passava sem notícias de Sehun. Ele não conseguia comer nem dormir adequadamente, a incerteza sobre o que poderia ter acontecido com seu namorado consumia seus pensamentos. Enquanto isso, a polícia se mobilizava e iniciava uma busca detalhada por Sehun, vasculhando bairros, entrando em contato com amigos e familiares, verificando quaisquer pistas que pudessem ajudar a resolver o caso.

Os familiares próximos e amigos de Sehun foram chamados para depor na delegacia. Todos estavam tão preocupados quanto Junmyeon e compartilhavam seu desconhecimento sobre o desaparecimento súbito de Sehun. Todos negaram qualquer envolvimento ou conhecimento sobre o paradeiro do jovem.

Enquanto as investigações avançavam, a tensão crescia na mente de Junmyeon. Ele revirava cada detalhe daquele dia fatídico em sua cabeça, tentando encontrar alguma pista que pudesse ajudar a desvendar o mistério. Cada momento era uma agonia insuportável para ele, que só queria ter seu namorado de volta são e salvo.

No entanto, mesmo com todos os esforços das autoridades, o paradeiro de Sehun continuava desconhecido. A angústia e a incerteza continuavam a corroer Junmyeon e todos os envolvidos. Ninguém conseguia entender o que poderia ter acontecido com Sehun e porque ele havia desaparecido tão repentinamente.

A busca incansável por Sehun continuou, enquanto as esperanças de Junmyeon e de todos ao seu redor começavam a desvanecer. O desespero e a dor emocional eram constantes companheiros de Junmyeon, que não sabia como seguir em frente sem ter notícias do amor de sua vida.

Depois de vários dias de angústia e incerteza, um telefonema trouxe a resposta que Junmyeon temia, mas secretamente esperava. Foi informado que o corpo de Sehun havia sido localizado e levado para o hospital. Movido por uma mistura de medo e coragem, Junmyeon decidiu enfrentar sua dor de frente e fora ao hospital, determinado a despedir-se de seu amado.

(...)

Ao entrar na sala fria e silenciosa, a cena que se desdobrou diante dos olhos de Junmyeon foi desoladora. O corpo de Sehun estava em um estado avançado de decomposição, o odor pungente fez com que Junmyeon prendesse a respiração por um momento. Seu coração apertado com a visão aterrorizante, mas, ao mesmo tempo, uma sensação estranha de alívio tomou conta dele. Pelo menos, agora ele tinha a certeza de que Sehun havia sido encontrado.

O rosto de Sehun não era mais o mesmo. As marcas do sofrimento que ele devia ter passado estavam estampadas em sua pele, e Junmyeon sentiu um aperto no peito ao ver seu amado dessa maneira. Ele não parecia apenas dormir, como muitas pessoas descreviam seus entes queridos falecidos. O semblante de Sehun refletia a dura realidade de sua partida e o sofrimento que ele suportara antes do final trágico.

Junmyeon então se ajoelhou ao lado do corpo de Sehun, segurando suas mãos frias e sem vida.

— Sehun, não pode ser verdade... Por favor, acorde — Lágrimas começaram a cair incessantemente, enquanto ele sussurrava desesperadamente.

— Volta para casa comigo, eu imploro — Apertou a mão de Sehun, buscando algum vestígio de calor ou resposta, o que fora em vão.

— Por favor, meu amor, você não pode me deixar assim, olha para mim e me diz que é um pesadelo — As palavras saiam em desespero, com a voz quebrando em soluços periodicamente.

— Eu preciso de você aqui, para me guiar e me amar, por favor não me deixe — As lágrimas continuavam a escorrer pelo rosto de Junmyeon, suas palavras soando como súplicas desesperadas.

— Volta para casa comigo, só mais uma vez, prometo que farei de tudo para que ninguém te machuque, abre os olhos — Junmyeon levantou o rosto, observando Sehun em silêncio, desejando que aqueles olhos tão cheios de vida se abrissem novamente.

— Sehun, eu te suplico por favor, eu te amo tanto, tanto.

Seu corpo tremendo de dor e desespero, ele arrastou as palavras para fora, implorando por um milagre que trouxesse de volta a vida ao corpo inerte de seu amado. Ele se levantou e acariciou o rosto de Sehun, tentando ignorar a palidez de sua pele e a ausência de calor. Seus soluços ecoavam pelo quarto, misturando-se ao som das sirenes ao longe.

Junmyeon segurou Sehun com força, como se a sua própria vontade pudesse trazê-lo de volta à vida. Ele chorou entrecortado por soluços enquanto implorava para que Sehun abrisse os olhos, e voltasse para ele, voltasse para casa.

Seu desespero era palpável, seus gritos sem resposta ecoavam pelo lugar, enquanto ele se agarrava ao amor de sua vida, agora transformado em um corpo sem vida. Seu coração partido era visível em seus olhos, enquanto ele se recusava a aceitar a realidade da perda. Ele implorava para que Sehun voltasse para casa com ele, ignorando o fato de que isso nunca mais seria possível.

Junmyeon estava completamente devastado, seu corpo afundando em um mar de tristeza e dor. Seu coração despedaçado, sua alma em pedaços, enquanto ele se agarrava ao corpo frio de Sehun, desejando em vão que as coisas pudessem ser diferentes.

Enquanto Junmyeon observava o corpo gelado de Sehun, uma onda de culpa o invadiu. Ele se perguntou se poderia ter feito mais para proteger e apoiar seu amado, se tivesse estado presente. No entanto, ele sabia que não tinha o poder de deter a violenta tempestade que varreu a vida de Sehun, e isso dilacerava seu coração.

Sekwang entrou na sala e foi tomado por uma onda de choque ao se deparar com o corpo inerte de Sehun e com Junmyeon ajoelhado ao lado. Seu coração se apertou de dor e tristeza, enquanto seus olhos ficaram marejados de lágrimas. Ele se aproximou lentamente, sem saber o que dizer ou fazer para amenizar o sofrimento que transparecia na expressão de Junmyeon.

— Não... não pode ser... Sehun... — Falou Sekwang com a voz falhando.

Ele sentiu um nó na garganta, incapaz de encontrar as palavras certas. O choque o paralisou, e ele se aproximou cada vez mais, em silêncio, apenas observando a cena diante dele. Sekwang olhou para Sehun, agora frio e sem vida, e sentiu o coração acelerar.

Ele se ajoelhou ao lado de Junmyeon, colocando uma mão no ombro deste último em um gesto de consolo. Seus olhos se encontraram brevemente com os de Junmyeon, compartilhando o mesmo luto e tristeza.

— Eu sinto muito, Junmyeon... Eu sinto muito por sua perda.

A voz de Sekwang saiu embargada, e ele também se permitiu chorar, deixando escapar algumas lágrimas silenciosas que se misturaram com as de Junmyeon. Em um momento de conexão e solidariedade, Sekwang compreendeu a enormidade da perda e a dor profunda que Junmyeon estava enfrentando.

— Sehun era uma pessoa incrível, uma pessoa que nos trouxe tanta felicidade. Eu não tenho palavras para expressar o quanto lamento.

As palavras de Sekwang saíram em um sussurro carregado de tristeza enquanto ele mantinha sua mão no ombro de Junmyeon, transmitindo todo o apoio e empatia que conseguia naquele momento tão doloroso. Ele permaneceu ao lado de Junmyeon, pronto para estar presente mesmo que as palavras fossem insuficientes diante do abismo do luto.

(...)

Seria fácil se perder em um mar de arrependimentos, mas Kyungsoo decidiu honrar a memória de Sehun de outra forma. Ele se lembrou dos momentos preciosos que compartilharam juntos, das risadas, das conversas profundas e da amizade que os unia, e prometeu a si que usaria essa perda devastadora como um lembrete de quão preciosa era a vida e como ele também podia fazer a diferença para outras pessoas.

Enquanto Kyungsoo se despedia de Sehun, era uma mistura de tristeza, saudade e um desejo eterno de que seu amigo encontrasse paz. Ele guardaria essas memórias em seu coração, prometendo viver sua própria vida com paixão e aproveitar cada momento ao máximo, em honra a Sehun.

O luto seria profundo e demorado, mas Kyungsoo estava determinado a encontrar a força para seguir em frente, carregando consigo o amor e a memória de Sehun por toda a sua vida.

(...)

No sombrio e silencioso ambiente do funeral, o ar parecia carregado de tristeza e dor. Lágrimas rolavam incessantemente pelas faces dos presentes, enquanto os soluços e suspiros de pesar se misturavam em um coro sombrio. As vozes embargadas ecoavam pelos cantos da sala, reforçando o lamento coletivo pela perda de Sehun.

A mãe de Sehun, uma figura frágil e abatida, estava inconsolável. Seu rosto pálido e desprovido de qualquer cor exprimia uma dor indescritível. Com a voz entrecortada pelos soluços, ela tentava, em vão, controlar as emoções avassaladoras que dominavam seu ser. As lágrimas incessantes corriam descontroladamente por seu rosto, enquanto seu corpo implorava por descanso. Apesar do mal-estar, ela não conseguia se afastar do caixão de seu amado filho, como se uma força invisível a mantivesse ligada a ele pela última vez.

Ao seu lado, Sekwang, o irmão de Sehun, permanecia abraçado a Junmyeon durante todo o velório. O coração do jovem estava apertado, como se uma dor aguda o perfurasse a cada batida. Ele jamais imaginara que seu amado morreria tão prematuramente, e o peso dessa perda parecia quase insuportável. Por anos, eles haviam compartilhado risadas, sonhos e cumplicidade, planejando juntos um futuro brilhante, que agora estava reduzido a cinzas. A ideia de que Sehun nunca mais estaria ao seu lado, que os planos que tanto desejaram realizar nunca se concretizariam, era uma ferida profunda e lancinante em seu coração.

Durante o tempo em que olhava para o caixão de seu amado, Junmyeon sentia a solidão e o vazio invadindo seu ser. As lembranças dos momentos felizes que compartilharam juntos dançavam diante de seus olhos, filmando em sua mente o quão precioso era o tempo que tiveram lado a lado. O futuro brilhante que esperavam estava desmoronando diante de seus olhos, trazendo consigo uma dor opressiva e a sensação de que o mundo havia parado de girar. Nada poderia aliviar a dor de perder alguém tão especial e querido quanto Sehun.

Junmyeon sentia o coração apertado com a tristeza, Sekwang, por outro lado, mesmo abalado, tentava ser um apoio para ele. Segurava-o em seus braços, tentando transmitir um mínimo de conforto em meio ao caos emocional.

No tempo em que o velório prosseguia, a sensação de perda e desamparo preenchia o ambiente, pesando sobre os corações dos presentes. A ferida emocional aberta pela morte inesperada de Sehun era profunda e agonizante, deixando todos diante da cruel realidade de que a vida é efêmera e incerta.

(...)

Enquanto Junmyeon se via em seu quarto, submerso em sua tristeza, os dias se tornavam uma lembrança constante do que havia perdido. Cada detalhe da rotina, um passeio solitário pela cidade, ouvir uma música específica, sair com os amigos que tanto amavam, tudo isso acionava uma dor profunda em seu peito, relembrando-o da ausência de seu amado namorado.

Na tentativa de escapar dessa angústia insuportável, Junmyeon procurava focar em outras atividades. Caminhadas frequentes, tanto com amigos quanto sozinho, se tornaram uma forma de tentar clarear sua mente. O vento acariciando seu rosto, a beleza da natureza ao redor, todas essas pequenas coisas lhe traziam breves momentos de alívio, mas logo a sensação de vazio voltava a dominar seus pensamentos.

A música também era um refúgio para Junmyeon. Ele mergulhava nas letras e melodias, deixando-se envolver pela arte e pela expressão de emoções através da música. No entanto, nem mesmo as notas melancólicas ou vibrantes eram capazes de preencher o vazio deixado pela ausência de Sehun.

Quando se encontrava com os amigos, Junmyeon buscava se divertir e encontrar algum tipo de consolo na companhia deles. O riso e a alegria compartilhados, ainda que passageiros, eram um bálsamo para seu coração ferido. No entanto, ao voltar para seu quarto solitário, a realidade da perda se intensificava, fazendo com que Junmyeon se sentisse afogado em uma tempestade de tristeza e desespero.

Sehun, era a razão pela qual Junmyeon encontrava forças para continuar. Mesmo que a dor da perda o sufocasse, a memória de seu amor e do que compartilharam impediam que Junmyeon se entregasse completamente à escuridão. Sehun era a luz que coloriu o mundo antes monótono e sem esperanças de Junmyeon. A falta que sentia era esmagadora, mas lembrar-se do amor que tinham o sustentava, mesmo que fosse preciso tanta coragem para seguir em frente.

Junmyeon sabia que a estrada à sua frente seria difícil e cheia de obstáculos, mas ele estava determinado a honrar a memória de Sehun e a encontrar uma maneira de curar seu coração partido. A tristeza era uma companheira constante, mas ele estava disposto a permitir que a esperança brilhasse novamente em sua vida. Precisava aprender a sobreviver e a encontrar uma nova forma de existir, mantendo o amor de Sehun em seu coração como um guia enquanto buscava um novo propósito em sua jornada de superação.

Decidido, ele segurou firme a emoção e enxugou delicadamente as lágrimas que teimavam em escorrer, e se levantou da cama, mas no mesmo instante um trovão irrompeu com um estrondo assustador, seu coração disparou e, num gesto de puro instinto, voltou para a segurança da cama, correndo como se sua vida dependesse disso. Encolhido sob as cobertas de forma protetora, ele esperou pacientemente até que a tempestade diminuísse. O som suave da chuva batendo nas janelas começou a acalmar sua alma aflita, e gradualmente ele se deixou levar pelo cansaço que se acumulava. Com os olhos pesados, ele adormeceu, mergulhando numa noite de sono inabalável.

Quando acordou, as gotas de chuva ainda dançavam no telhado. Ele se espreguiçou preguiçosamente, bocejando de modo sonoro enquanto apertava os olhos para afastar o sono. Erguendo os braços acima da cabeça, seus dedos se esticaram em busca de uma sensação revigorante e logo com passos curtos, ele se dirigiu ao banheiro, onde cuidadosamente realizou suas tarefas matinais de higiene pessoal. Sentindo-se um pouco mais desperto, ele então se dirigiu à cozinha, seu estômago roncando baixinho pela refeição que estava prestes a ser preparada.

Mesmo sem apetite, ele sabia que precisava se alimentar para ganhar energia e sobreviver. Montar um simples sanduíche parecia ser a tarefa mais fácil. Pegou duas fatias de pão fresquinho, espalhou uma fina camada de maionese e acrescentou algumas fatias finas de presunto e queijo, formando uma perfeita e simples combinação de sabores. Com o sanduíche em mãos, ele caminhou até a sala, encontrando o aconchego do sofá ao sentar-se. Sem prestar muita atenção, ligou a televisão, sintonizando em qualquer canal que aleatoriamente exibisse seu conteúdo.

Os sons e imagens da tela preenchiam o ambiente, proporcionando uma distração passageira enquanto ele saboreava seu modesto café da manhã. O barulho da chuva lá fora, contudo, ainda permeava o silêncio, criando uma melodia suave que parecia embalar seus pensamentos. Mesmo imerso na rotina do dia a dia, ele não conseguia evitar que sua mente vagasse para os pensamentos e preocupações que o atormentavam, como um acompanhamento constante à melodia ensolarada da televisão.

Naquele momento, um programa sobre criaturas sobrenaturais estava começando na televisão. As lembranças de Sehun vieram à tona imediatamente. Ele adorava aquele tipo de programa e sempre que possível se envolvia na trama macabra que envolvia traição e vingança. A apresentadora, com sua voz cativante, começou a falar sobre os Revenant - mortos-vivos que voltavam à vida impulsionados por um desejo insaciável de vingança. Segundo a lenda, eles só ressurgiam quando traídos por alguém em quem confiavam ou quando eram mortos de forma brutal.

Junmyeon, no entanto, nunca acreditou em coisas sobrenaturais. Ele sempre considerou essas histórias como meras ficções destinadas a entreter. Revoltado com a falta de seriedade da apresentadora, ele decidiu mudar de canal. No momento em que clicou no botão do controle remoto para selecionar um novo programa, a campainha tocou, interrompendo suas ações bruscamente.

Junmyeon deu um pulo assustado, sentindo seu coração acelerar descontroladamente. Sua respiração tornou-se ofegante e ele colocou uma mão trêmula sobre o peito, tentando acalmá-lo. Suspirou profundamente, cerrando os olhos por um momento, decidindo esperar até que sua respiração voltasse ao normal.

Finalmente, sentindo-se mais sereno, ele deixou o prato no sofá e se levantou caminhando em direção à porta. Com cuidado, girou a maçaneta devagar e a abriu lentamente, revelando a figura de Sekwang em sua frente, com um sorriso caloroso nos lábios.

Ao ver aquele rosto amigável, Junmyeon sentiu um alívio inundar seu corpo, substituindo a tensão anterior. Seus lábios se curvaram automaticamente em um sorriso correspondente e, impulsivamente, ele ergueu os braços, avançando em direção ao amigo e o abraçando com força.

Aquele abraço apertado foi um gesto carinhoso e reconfortante, uma manifestação de gratidão e amizade profunda. Enquanto trocavam esse abraço sincero, Junmyeon pôde sentir o calor e o apoio de Sekwang, solidificando ainda mais o laço que compartilhavam.

— Jun, como está?

— Estou melhor e você? — Se desvencilhou do abraço, dando espaço para ele entrar.

— Estou bem.

Junmyeon se acomodou no sofá, posicionando-se de frente para Sekwang. O ambiente estava tranquilo e aconchegante, perfeito para aquele momento de proximidade entre amigos. Sekwang, demonstrando todo seu carinho e cuidado, envolveu Junmyeon em um abraço de lado, trazendo-o para mais perto de si.

Envolto pela segurança do abraço de Sekwang, Junmyeon sentiu uma onda reconfortante percorrer seu corpo. Era incrível como nos últimos dias Sekwang havia sido um apoio indispensável em sua vida. Ele sempre estava ali, disposto a ouvir, a oferecer suporte emocional e a encorajá-lo.

Enquanto os dedos de Junmyeon acariciavam levemente o tecido macio do sofá, ele inclinou a cabeça e sentiu o calor dos lábios de Sekwang em sua testa, em um gesto de afeto e reconhecimento. Era um beijo suave, que transmitia uma mistura de paz e confiança, fortalecendo ainda mais a conexão entre os dois amigos.

Aquele gesto simples fez com que Junmyeon se sentisse verdadeiramente acolhido. Mesmo nos momentos mais difíceis, ele sabia que podia contar com Sekwang. Essa presença constante ao seu lado era um bálsamo em meio às turbulências da vida, e ele se sentia profundamente grato por ter alguém como Sekwang ao seu lado.

Naquele instante, sentado no sofá, Junmyeon percebeu que a ajuda e o apoio que Sekwang lhe proporcionava eram fundamentais para não se afundar em seus próprios problemas. Aquela amizade genuína era um raio de luz em seu caminho, capaz de guiá-lo através das dificuldades e lembrá-lo de que ele não estava sozinho. Ele sorriu internamente, apreciando o quanto valorizava a presença e a assistência incondicional de Sekwang.

Enquanto esperavam a chuva passar, Junmyeon e Sekwang decidiram que iriam ao parque. Eles tinham uma conexão especial com aquele lugar, pois sempre que estavam lá, Junmyeon conseguia temporariamente se desligar dos seus afazeres e preocupações. Sekwang tinha o dom de distraí-lo e fazer com que ele se divertisse, mesmo nas horas mais difíceis.

Contudo, mesmo estando envolvido na alegria momentânea, Junmyeon não conseguia escapar completamente dos sentimentos de tristeza que o acompanhavam. Ele sabia que Sekwang percebia sua situação, mesmo que não tivessem falado abertamente sobre isso. Sekwang era perspicaz, conseguia ler as emoções de Junmyeon de forma quase intuitiva.

Junmyeon optou por manter em silêncio o que estava acontecendo em seu coração. Ele acreditava que era melhor não desabafar sobre seus sentimentos, não queria sobrecarregar Sekwang com suas preocupações e inseguranças. Para ele, sorrir era uma maneira de mostrar sua força, de fazer o outro acreditar que estava tudo bem.

No fundo, ambos sabiam que eventualmente teriam que abordar o assunto e mergulhar nas profundezas dos sentimentos de Junmyeon. Eles tinham uma conexão especial, uma amizade verdadeira que era construída na confiança e no apoio mútuo. Sekwang estava pronto para estar presente e ouvir, assim como tinha feito nos últimos dias.

Enquanto observavam a chuva se dissipar e os raios de sol tímidos começarem a aparecer, Junmyeon sentiu-se grato pela presença de Sekwang ao seu lado. Ele sabia que quando chegasse a hora certa, quando estivesse pronto para abrir seu coração, Sekwang estaria lá para ele. Por enquanto, eles aproveitaram o silêncio confortável e continuaram a cultivar essa amizade especial enquanto esperavam o momento certo para enfrentar as questões mais profundas de Junmyeon.

 



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