Eu estou completamente perdido. Quando o Yugyeom saiu dali, parece que a ficha sobre tudo caiu. Eu me ajoelhei na calçada e me segurei para não gritar como um louco. Eu imagino que, se naquele dia o Gong Yoo tivesse me espancado mais, a ponto de eu ter morrido junto com os meus pais, o ajeosshi estaria vivo agora.
Eu literalmente desabei. Demorou trinta minutos para eu decidir me levantar dali e entrar em casa, e, pelo meu azar, Bohee estava me esperando na sala.
Era só o que me faltava hoje.
– Yoongi? O que foi? – Ela se aproxima de mim.
– N-nada – Fito o chão e tento passar por ela, mas ela segura meu pulso e me puxa para um abraço, coisa que eu nunca recebi dela, ou nunca deixei que ela me oferecesse. – Bo... hee – Ela afaga o topo da minha cabeça.
– Calma, Yoongi... calma – Ela aperta um pouco mais o abraço, piorando minha situação emocional do momento. Parece até que ela sabe o que está havendo.
Eu enterro meu rosto em seu ombro enquanto choro, e ela continua a tentar me acalmar.
Por um segundo, eu a confundo com minha mãe, e isso me faz querer evitar o abraço, mas eu não faço isso, e sim o oposto, porque, quando ela vai soltar o abraço, eu finalmente retribuo.
Ela fica estática, provavelmente desacreditada por eu estar a abraçando pela primeira vez na vida.
– S-só mais um pouco. – Eu fungo baixinho. – Por favor. – E ela assim faz.
(...)
Após eu me acalmar, depois de alguns poucos minutos naquela posição, eu solto o abraço.
– Yoongi, por que você está assim? Aconteceu alguma coisa? – Ela segura meu ombro, olhando para mim com uma feição preocupada.
– Sim! – Eu não poderia mentir e dizer que "está tudo bem" sobre o ajeosshi ter morrido. — Mas não quero falar sobre isso. — Abaixo a cabeça e passo por ela, entrando no meu quarto, fechando a porta e me jogando na cama, fitando o teto e fechando os olhos.
FLASHBACK ON
– Ajeosshi! – Eu cruzo os braços e o olho com raiva. – Por favor! – Faço birra.
– Eu não posso te deixar morar comigo, Yoongi! Você tem sua casa. – Ele junta as sobrancelhas.
– Aquela não é a minha casa. – Eu me sento sobre a minha mala lotada de coisas, que eu ia levar para morar com ele. – Ela não é minha mãe, você sabe disso.
– Mas ela é sua madrinha! Seus pais disseram que, se alguma coisa acontecesse com eles, você ficaria com ela e com o... Xiumin...
– Eu queria morar com o Xiumin, mas ele me odeia, você sabe muito bem que ele me abandonou – falo, sentindo o choro querer vir. – Ele nem deve saber do que aconteceu com meus pais. Como se isso fizesse alguma diferença para ele.
– Yoongi! Não é culpa dele sobre ele ter... – Ele para de falar, parecendo ficar meio perturbado.
– Sobre ele ter o quê? Sobre ele não ter paciência de nos aturar? – O ajeosshi suspira. Não sei o porquê, mas ele pareceu ficar aliviado – Então é isso mesmo. – Rio nasalmente, decepcionado. – Quando vê, você pensa igual a ele.
– Não, Yoongi!
– Tchau, senhor Jung. – Eu fico com raiva e saio de cima da minha mala, a arrastando de volta para casa e chutando algumas placas de trânsito e lixeiras no caminho. Já que eram duas da manhã, não tinha ninguém nas ruas para reclamar comigo.
FLASHBACK OFF
Bohee bate na minha porta e abre, me fazendo acordar do devaneio. Eu dou um suspiro pesado.
– Bohee, você pode me deixar sozinho por um tempo, por favor? – Peço delicadamente, pela primeira vez na eternidade.
– Claro... – Ela entra, deixando uma xícara e um livrão em cima da minha escrivaninha. — Qualquer coisa pode me chamar.
Ela sai e fecha a porta.
Eu me levanto sem muita vontade, vendo chocolate quente na xícara e percebendo que aquele "livrão", na verdade, é um álbum de fotografia. Na capa tem uma foto minha bebê beijando a bochecha do Xiumin.
– Que gay. – Rio soprado.
Eu abro a primeira página, vendo uma foto minha com uns 4 anos de idade usando o chapéu enorme do Xiumin, junto com meus pais, ele e Bohee.
Eu me lembro que ele tirava foto comigo quase todos os dias.
Em todas as páginas, tinham dois bilhetes e duas fotos. A primeira foto é a mesma da capa. O bilhete fala: "Yoongi, vou trabalhar". Depois, o segundo bilhete: "Voltei seguro ❤️", junto a uma outra foto minha dormindo.
Todas as páginas tinham o mesmo número de bilhetes e imagens. Eu folheio todas elas sorrindo, já que tinham algumas fotos nossas bem engraçadas. Mas, quando eu chego na última foto, avisto um último bilhete:
"Hoje vai ser um dia diferente. Se eu conseguir prender o Kwon Un Yoo, eu vou ser promovido a sub-chefe da polícia, mas não vai ser fácil. Espero voltar em segurança".
Depois disso, não teve bilhete de retorno e nenhuma foto a mais.
– Não... não! – Eu fecho o álbum e o coloco ao lado da minha cama. Eu enterro o rosto no travesseiro e grito um "NÃO" abafado. – Que droga...
Por que ele se importava tanto com o trabalho? Ele arriscava a vida dele pelos outros, que nem mereciam. Se o cara é traficante, deixa ele ser, mas não ponha sua vida em risco por conta disso! Pensa na sua... família.
Eu sinto uma mistura de sentimentos ruins dentro de mim: medo, solidão, tristeza, raiva. Termino de beber o chocolate quente e me deito abraçado ao meu travesseiro.
Ele não mereceu isso...
Yugyeom's POV
– Pronto, só agora conseguimos a localização do Gong Yoo. Temos que agradecer ao Yoongi, porque, graças ao esconderijo passado que ele achou, os espiões da polícia conseguiram descobrir o suposto atual em que o fugitivo deve estar agora. – Eu dou as notícias.
– Vocês sabem onde ele está?! – Bambam fala, parecendo estar incrédulo.
– Sim, finalmente! Vamos lá hoje para atacá-lo de surpresa. É impossível ele ter saído de lá em tão pouco tempo – respondo.
– Verdade... – Ele confirma.
– Então, vamos? – Eu pergunto, me levantando e já colocando o colete à prova de balas. – O Yoongi vai ficar furioso se souber que não foi ele que vingou seus pais, mas eu não posso colocar um garoto no meio disso tudo. É muito arriscado.
– Pena que o Yoongi virou o oposto dos pais. – Mark fala, suspirando.
– Ah, para. Ele só é um garoto assustado pela pressão. Você sabe bem o que houve, Mark. – Eu falo, terminando de me arrumar.
Talvez essa seja a última vez que eu esteja aqui com todos nós. Não sei se vamos conseguir voltar com todos vivos.
– Vamos logo! – Mark ordena, e assentimos, menos o Bambam, que está em uma ligação.
– Sai logo... – Ele olha para mim com certa raiva por eu estar "ouvindo a conversa", parando de falar com seja lá quem for.
– Vou indo na frente, então. – Sorrio sem mostrar os dentes e entro na viatura com o Mark, esperando o Bambam, que, mesmo com nós tentando apressá-lo com buzinadas e tentativas de ligação, só veio aparecer aqui depois de quase dez minutos, o que é muita coisa para uma missão dessa.
– Que demora, Bambam! – Mark reclama. – Todos estavam te esperando.
– Desculpa, acho que o almoço não me fez muito bem, eu estava no banheiro. Enfim, vamos logo.
Eu não falo nada, apenas ligo a sirene e dou partida, junto às outras duas viaturas, em direção a esse endereço.
(...)
Quando chegamos lá, nos dividimos. Eu e os policiais da minha equipe fomos para a frente da casa, e o resto, para os fundos.
Cercamos a casa, e eu logo ouço o Mark com o megafone: "saia da casa antes que seja pior, Gong Yoo!", não obtendo resposta alguma, mesmo depois de repetir isso por alguns minutos.
Decidimos arrombar a porta e entrar. A princípio, não vemos ninguém na sala. Nos dividimos: duas pessoas ficaram do lado de fora, metade no andar de baixo, e a outra metade junto a mim, para procurá-lo pelo resto da casa. Eu não sabia que a casa era tão normal. Não é luxuosa, e muito menos enorme, diferentemente da anterior.
Subimos sem fazer barulho até o andar de cima, assim tendo visto todas as partes da casa...
... da casa que está vazia.
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