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História Revenge Girl - Discussões em série


Escrita por: MandsChan

Notas do Autor


Como sempre, capítulo em dobro :*

Capítulo 6 - Discussões em série


- Se não fosse Claire, vocês teriam se beijado. Admita Sakura. - Tomy dizia botando uma garfada de seu bife coberto de queijo na boca. Estávamos jantando fora, já que nosso apartamento estava ligeiramente desprovido de comida humana, e a obriguei a comer algo que pesasse mais de 100 gramas na balança do restaurante.

- Não brinque comigo Tomoyo. Jamais vou encostar naquele ser novamente. – afirmei tomando um gole de meu vinho.

- Você vai contratá-lo, sei disso.

- E se contratar? Acima de tudo sou uma profissional, tenho que saber o que é melhor para a minha empresa.

- Profissional? Aé. Você tem PHD em vingança, certo? - bufei.

- Não me venha com essas conversas.

- Quais conversas? As únicas conversas que tínhamos há quatro anos atrás? Aquelas que você planejava arrancar a cabeça de Shaoran e colocá-la a leilão? - ela largou o garfo e começou a gesticular. - Não vou deixar você voltar a ser aquela louca que voltou de Paris com os cabelos longos e roupas de grife.

- Eu saí daquela festa estúpida e corri para o primeiro vôo por um propósito. Jamais ser feita de idiota novamente.

- Não entende que usando as armas de seu inimigo para atingi-lo, só vai se igualar a ele? - ela me olhava preocupada. - Sei que vai contratá-lo, e sei que tem algo em mente. Não vou deixar você bater de frente com uma parede de decepções novamente. - olhei-a incrédula.

- Porque acha que tudo que faço é errado? Acha que vou ser pra sempre uma idiota que sempre quebra a cara e que precisa chorar no colo da mamãe? - falei um pouco alto chamando a atenção de algumas mesas próximas. - Novidades mamãe Tomy, eu já cresci. - disse com o semblante fechado.

- Não fale assim comigo, só quero te ajudar. - ela disse seca.

- Quando o mundo vai entender que eu me basto?- disse a olhado nos olhos. - Não preciso da sua pena. Pena que eu vá “quebrar a cara”. - olhei minha comida com um semblante de nojo, e a encarei novamente. - Desculpe, perdi a fome. - levantei, paguei a conta e deixei Tomy sozinha na mesa. Sai do restaurante e a olhei pelo vidro. Uma lágrima rolou de seus olhos.

Sai apressada pelas ruas pensando no que acabara de acontecer. Eu realmente tinha brigado com minha melhor e única amiga por causa daquele imbecil? Mais uma vez ele entra na minha vida como um furacão, destruindo todos os corações que consegue.

Ela não está certa em me censurar, tudo bem que só queria me proteger... Mas mesmo assim, ela tem que aprender que aquela Sakura de cabelos curtos e vestidos floridos já era. Meus cabelos estão bem melhores agora, e eu odeio vestidos estampados. E Tomoyo tinha que entender que minha mente também já não era tão florida como antes.

Poderia chamar um táxi, mas pensei melhor. O restaurante estava a apenas umas quadras de meu apartamento. Talvez andar por algum tempo me faça arejar as idéias.

A noite estava estrelada e úmida. Muitos prédios mantinham suas luzes acesas, iluminando meu caminho. Estava refletindo sobre o que tinha acabado de acontecer quando fui interrompida por uma gota. Uma gota de chuva. Ela caiu na ponta de meu nariz. Olhei para cima e vi milhares de gotas vindo na minha direção. Chuva.

Coloquei meu blazer cinza sobre a cabeça e passei a correr pela calçada. Correr na chuva em uma calçada esburacada de New York com um salto 12 não parece ser uma das idéias mais brilhantes... E realmente não foi. Não demorou muito para que meu salto prendesse em uma depressão da calçada e eu desse com a cara do chão. Senti meu tornozelo explodir em dor, e por incrível que pareça não tinha uma alma viva na rua. As luzes dos prédios tinham se apagado. Tentando controlar meu grito de dor, forcei a vista e pude avistar, não muito longe dali, uma placa luminosa: Hospital Haddinson Burk. Já sabia para onde ir.

Cheguei na recepção e uma morena, um pouco mais velha que eu, me recebeu com uma cara fechada.

- Hospital Haddinson Burk, em que posso ajudá-la? - ela dizia numa voz extremamente anasalada.

- Preciso de um ortopedista. Acho que torci o tornozelo. - disse ajeitando meus cabelos que estavam pingando. Ela me encarou da cabeça aos pés, percebendo que estava totalmente encharcada, soltou uma leve risada.

- Certo, já tem ficha aqui?

- Sim. - e ela começou a teclar incansavelmente. - Preferência de médico? - estava pronta a dizer não, quando me lembrei. Eriol. Ele disse que trabalhava aqui.

- Hm, sim. Doutor Eriol Hiragizawa. - disse com um leve sorriso. Ela me olhou como se eu tivesse problemas mentais.

- Desculpe senhorita, mas o Doutor Eriol é cirurgião, não ortopedista.

- Mas eu o quero. E tenho certeza que vai ter prazer em me atender. - a desafiei. Ela revirou os olhos.

- Tudo bem, sala 23, segundo andar. - disse me entregando o papel. Manquei até o elevador.

Saindo no segundo andar, fui recebida por um corredor branco, com portas, paredes, chão e tetos brancos. Ele tinha muitas portas. Gemi. Tomara que a porta dele não seja a última, se não, é possível que eu morra antes de mancar até lá. Por sorte, após dar uns cinco passos, dei de cara com uma porta larga com números dourados: 23. É essa. Bati na porta e ouvi um “entre” do lado de dentro. Abri a porta. Minha mandíbula quase deslocou de tanta surpresa.

Dois pares de olhos me encaravam completamente surpresos. Um estava de branco, atrás da mesa. O outro, com um terno desabotoado, deixando á mostra uma gravata acobreada que já tinha visto mais cedo. Este estava sentado na frente da mesa do médico, me olhando com olhos esbugalhados.

- Sakura? - Eriol pronunciou quebrando o silêncio.

- Hm... Má hora? - disse tentando ignorar Shaoran que ainda estava na mesma posição, me encarando surpreso.

- Não... - ele disse meio indeciso. - O que te traz aqui? Está machucada? - olhei para meu tornozelo inchado, e senti os olhos dos dois homens da sala acompanharem os meus.

- O que aconteceu? - foi a vez de Shaoran se pronunciar na conversa pela primeira vez.

- Me desculpe... Posso conversar com o médico? - disse o mais doce que consegui. Mas Shaoran recebeu as palavras como lâminas de facas afiadas.

- Agente se vê Eriol. - ele disse apertando as mãos do amigo e saindo sem ao menos me olhar na cara. Como se eu fizesse questão.

- Sente-se na maca. - ele disse dando a volta na mesa. Sentei-me e tirei os sapatos. - Por que está toda molhada? Caiu na chuva? - ele dizia examinando meu pé.

- Desde quando ainda fala com Shaoran Li? - disse ignorando suas perguntas usuais de médico.

- Sabia que não tinha se esquecido dele. - ele me olhou nos olhos. - Você disse que não se lembrava.

- O que você é dele? Algum diário humano que ele conta tudo?

- Em outras palavras, melhor amigo. - ele disse sorrindo e tocando meu tornozelo inchado. Gemi de dor. - Aguenta, vou te medicar.

Depois de uma radiografia e um procedimento um tanto doloroso, ele enfaixou meu pé e me deu uns comprimidos para dor, com agentes antiinflamatórios.

- Por que não me contou que ainda falava com ele? - ele me olhou surpreso.

- Bem, você não me perguntou. E nos vimos apenas uma vez, não dá pra contar sua vida em uma hora na Starbucks. - ele dizia jogando o lixo do meu curativo fora. Eu suspirei.

- Sei que nos vimos uma única vez, e na verdade parece que te conheço há um dia, já que aquele Eriol da escola não tem nada a ver com este aqui...

- Aonde quer chegar?

- Quero desabafar. - disse lentamente. Ele se espantou, assim como eu, mesmo que eu tenha dito a frase ainda não estava totalmente convencida de seus significados. - Pense nisso como um milagre. Não sei o que vi em você... Só sei que confio em você... Pode parecer estranho, mas não confio em homens. - ele então riu para mim, se abaixou e pegou de uma peruca ruiva de uma maleta marrom.

- Então, sou uma garota. - ele dizia rindo. - Me chame de Sharon. - ele riu mais uma vez ajeitando os cachos ruivos em sua cabeça. Ri junto com ele.

- Mas, o que pensa que está fazendo? De onde veio isso aí?

- Uma vez por semana eu vou ao hospital do câncer e animo as crianças com outros doutores e voluntários. - ele disse gentil. Cada vez me surpreendo mais com Eriol. - E hoje Shaoran foi comigo. - congelei. Como ele podia ser capaz de um ato desses? - Ele estava aqui para devolver a peruca, e aproveitou pra me contar de uma tal entrevista de emprego. - ele levantou uma sobrancelha enquanto falava. Seus cachos balançavam.

- Pode tirar isso? Parece que estou falando com um palhaço, não uma mulher. - disse sorrindo. Ele riu e guardou a peruca. - Bom, por onde começar?

- Que tal pelo fato de você estar encharcada, se a noite está estrelada? - ele disse olhando para a grande janela de sua sala. Olhei na mesma direção e percebi uma noite com o céu limpo e estrelado.

- Acho que a chuva apareceu só pra me pegar. - dei de ombros.

- Mas por que andava na chuva? - ele indagava.

- Briguei com Tomy no restaurante... Então preferi voltar para casa sozinha. - ele me olhou confuso.

- Tomy? Seu namorado? - eu ri de sua cara de espanto.

- Não. Tomoyo Daidouji. Minha melhor amiga. - ele então soltou um suspiro e arregalou os olhos.

- Tomoyo Daidouji? Ainda fala com ela?

- Da ultima vez que chequei... Morávamos juntas. - soltei uma risada.

- Hm... Do que queria falar mesmo? - ele perguntou confuso.

- Acho que alguém ficou atrapalhado ao saber de Tomoyo. - disse brincando.

- Quer conversar ou não? - ele disse cortando minha indireta.

- Tudo bem... - e comecei a contar tudo, quer dizer, quase tudo. Não podia contar tudo por que ele era o melhor amigo do Li, e por mais que confiasse na minha amizade de um dia com Eriol, Shaoran era seu melhor amigo. Se ele falasse algo de Tomy para mim eu provavelmente contaria a ela... Então acho que era bem provável que minha conversa de hoje vazasse para Shaoran mais tarde.

- Então... Saiu do restaurante soltando fogo pelas ventas por que Tomoyo não quer que você volte a ser a Sakura de quatro anos atrás? - assenti com a cabeça. - E como era essa Sakura?

- Fria, calculista, sem confiança nos outros, e com um desejo de vingança enorme. - disse seca. Ele se assustou.

- Percebo o ponto de vista de Tomoyo. - revirei os olhos.

- Não vou voltar a ser assim. - afirmei.

- Por que um dia já foi assim? - agora ele me pegou.

- Digamos que... Problemas.

- É. Agora deu pra entender. - ele disse irônico.

- Não posso te contar ainda. Quem sabe outro dia. - disse ajeitando minha bolsa no ombro.

- É um problema com Shaoran, certo? - ele me analisava.

- Não, não é. - menti. - Realmente tenho que ir, me desculpe. - levantei e ele me acompanhou até a porta. - E peço que não comente com ninguém sobre nossa conversa. - ele sorriu.

- Tudo bem, isso fica entre nós. - sorri, beijei suas bochechas e abri a porta.

- Até, doutor Eriol. - disse sorrindo.

- Até. Mantenha-me informado sobre seu tornozelo. - acenei a cabeça.

- Pode deixar. - sorri. Fui saindo, mas ele segurou meu braço. Olhei-lhe surpresa.

- O que foi?

- Sei quando está mentindo Sakura. Só queria que soubesse disso. - ele sorriu.

- Como?

- Sei que não nos falamos muito, mas sua expressão corporal te denunciou quando mentiu. - ele riu mais uma vez e eu continuei a te encarar. - Vantagens de ser médico. Conheço bem os corpos. - não sabia o que dizer.

- Hm... Que bom pra você. - disse em um sorriso amarelo. - Tenho realmente que ir. - saí apressada. Encarei o corredor branco e me pus a mancar. Mas agora, sem dor alguma. Apertei o botão do elevador e pude ouvir de longe sua voz abafada. “Mentindo de novo...” A porta do elevador se abriu e pulei pra dentro. Eriol era um homem muito observador.

...

Acordei e fui direto para a cozinha, o jantar inacabado de ontem tinha surtido efeito no meu estômago. Encontrei em cima da mesa um bilhete de Tomoyo.

“Fui trabalhar mais cedo, se é que lhe importa.”

Ela ainda estava brava comigo. Ontem quando cheguei do hospital, depois de minha conversa “esclarecedora” com Eriol, ela estava dormindo. Depois de uma briga, não me vi no direito de acordá-la.

Coloquei o bilhete onde estava e abri a geladeira. Minha decepção foi enorme ao encontrar somente meia caixa de leite e um ovo. Lembrei do motivo de nosso jantar fora de casa ontem e pus a mão na barriga. Iria ter que tomar café fora e não esquecer de fazer compras.

Cheguei na redação, no horário. Notei Claire um pouco apreensiva na porta de minha sala.

- O que aconteceu? - perguntei preocupada.

- Tem alguém a sua espera, na sua sala. - me surpreendi com a resposta.

- Quem?

- O senhor Shaoran Li. - revirei os olhos e entrei na sala.

- O que pensa que faz aqui? - disse colocando minha bolsa e pastas na mesa encarando o homem que estava sentado na cadeira de convidados.

- Vim tomar posse de meu emprego. - ele disse monótono.

- Como? Não disse que entraria em contato? - fiquei em pé ao lado de sua cadeira.

- Demorou. Quero logo saber onde é minha sala. - ele falou levantando da cadeira ultrapassando minha altura, uma coisa nada difícil de se fazer.

- Petulante. O que te faz acreditar que irei te contratar? - disse desafiadora.

- Além que me achar um excelente profissional, - revirei os olhos - não encontrei ninguém melhor que eu como concorrente. - ele respondeu convencido.

- Acho que está tirando conclusões precipitadas, meu caro. Aposto que não chegou a conversar com nenhum dos candidatos, não sabe do que eles são capazes. - disse injetando profissionalismo nos candidatos fracassados que entrevistei. Ele levantou uma sobrancelha.

- Acha que vou acreditar que perdi minha vaga de emprego para Vallety, a garota de cabelos vermelhos rebeldes, ou para Mark, um intelectual gago? - ele dizia perplexo.

- É possível. - disse mantendo minha feição desafiadora. Mas por dentro estava, infelizmente, dando razão á Shaoran. Ele era o melhor candidato infelizmente.

- Me poupe. - ele disse andando pela minha sala. - E então, minha sala é grande assim, ou só a chefia pode teu um sofá? - ele falou sentando em meu sofá de couro vinho.

- Sua sala é igual a esta, mas tem uma secretária bem desagradável. - ri lembrando-me de Halley. Ele levantou-se de imediato e se pôs a minha frente, falando em sua voz rouca.

- Minha sala? Admite que tenho o emprego então? - revirei os olhos com a minha burrice da frase anterior. Bufei.

- Me acompanhe rápido. Antes que eu desista. - abri a porta e ele me seguiu com um sorriso de escárnio no rosto.

Descemos os dois andares de elevador em silêncio total. Cheguei á porta de minha antiga sala e encontrei a mesa de Halley, a secretária insuportável.

- Bom dia Halley. - ela me olhou sem tirar os fones de ouvido. - Queria lhe apresentar o senhor Li, será seu chefe a partir de hoje. - ela imediatamente arrancou os fones das orelhas, deu a volta na mesa e admirou Shaoran de cima á baixo.

- Bom dia senhor Li! - ela disse oferecendo a mão para cumprimentá-lo, ignorando minha presença.

- Bom dia senhorita. - ele pegou a mão que ela tinha oferecido para o cumprimento e a beijou. Revirei os olhos. Ele era mesmo um mulherengo. Halley quase teve um infarto ali mesmo com o toque dos lábios de Shaoran nas costas de sua mão. - Me chame de Shaoran.

- Certo, Shaoran. Me chame de Hall. - ela dizia em uma voz sedutora. Eu tinha mesmo que presenciar aquela cena? Acho que não.

- Que bom que já se deram bem. - disse intervindo aos olhares provocantes que os dois trocavam. - Vamos senhor Li? Vou lhe mostrar sua sala. - fui até a porta de minha sala e a abri. Uma sensação nostálgica me tomou.

Lembrei de tudo que passei naquela sala. Das brigas, das comemorações, das noites em claro fazendo colunas, dos beijos calorosos em namorados secretos. Soltei um leve sorriso.

- Uau. - ele disse andando pela sala. - Até que não é ruim... Só esse cheiro. - olhei-o curiosa.

- Que cheiro?

- Seu cheiro. - ele disse se aproximando. Chegou perto de meu rosto e cheirou meu pescoço. - Seu perfume domina a sala. - me afastei dele.

- Deve ser porque essa era a minha sala. - disse em um tom de “não é óbvio?” Ele deu de ombros e continuei a falar. - Bem, seu trabalho aqui é, juntamnte comigo, fazer as colunas da sessão internacional. Vou manter contato com você pela linha direta de nossos telefones. Você tem o prazo de um a dois dias para me entregar a coluna, terão algumas reportagens com foto, então sugiro que encontre um bom fotógrafo para lhe acompanhar. Você entra ás nove da manhã e sai ás seis da tarde. - olhei para seus olhos que estavam vidrados em meu rosto. - Alguma pergunta? - ele acenou a cabeça, afirmando.

- Só uma. - acenei para que prosseguisse. - De onde conhece Eriol? - olhei-o perplexa.

- Ouviu alguma coisa que disse?

- Ouvi, entendi tudo. Menos de onde conhece Eriol. - ele afirmou.

- Ele é médico, estava com meu pé machucado. Fim da história. - disse irônica. Ele olhou para meu tornozelo enfaixado.

- Ele não é ortopedista, é cirurgião. Você quis ser atendida por ele. Por que? Está... Tendo um caso com ele, ou algo do tipo? - ele perguntou um pouco nervoso com a voz dura.

- Primeiro: não lhe devo satisfações. Segundo: é impressão minha ou está com ciúmes? - ele arregalou os olhos.

- Eu? Ciúmes de você? - ele riu. - Se fosse há cinco anos atrás, em um certo baile... Até podia ser. - ele me olhou profundamente. Vacilei. Ele tocou “no assunto”.

- Hm... - droga, minha expressão deve estar denunciando o que estou sentindo. Ele vai descobrir, vai descobrir... Pensei um pouco na resposta que poderia dar. Nada melhor do que uma evasiva para escapar numa hora dessas. - Bem, espero que tenha compreendido tudo. Qualquer coisa, fale comigo. Bom trabalho. - disse me virando para a porta mas sendo impedida de prosseguir, já que seu corpo se projetou em velocidade impressionante na minha frente.

- Não tente fugir. Está saindo porque falei no baile, certo? - ele sussurrou próximo ao meu rosto.

- Me solte. Não sei do que está falando. - disse tentando me soltar de sua mão que segurava meu braço.

- Sabe sim. Eu sei que sabe. Sei que conhece Eriol e que me conhece. - ele olhou-me nos olhos. - Já te falaram que não é boa mentindo?-  riu. Lembrei de Eriol na noite passada.

- Senhor Li... - ele me interrompeu.

- Shaoran. Me chame de Shaoran.

- Que seja, Shaoran. - disse debochando. - Não sei do que está falando e exijo que me solte. Seu aperto está me machucando. - ele me soltou.

- Eu ainda quero saber... Porque está me tratando deste jeito. Porque está diferente, fingindo que não me conhece, se encontrando com Eriol. - ele então grudou sua testa na minha e disse com a voz mais aveludada que já ouvi. - Quero saber por que me deixou sozinho no baile de formatura há cinco anos atrás. - me perdi. Me perdi em seus olhos profundos e sua voz sedutora. Juro que demoraram alguns segundos para eu “sintonizar a freqüência” novamente.

- O que? - disse descolando nossas testas. - Já disse que não te conheço! Qual o seu problema? É surdo? - disse começando a me alterar.

- Não acredito que não me conheça! Você “lembra” de Eriol. Por que não se lembra de mim? De mim.- ele se aproximava querendo me tocar mais uma vez.

- Eu não sei quem Eriol é, a não ser o médico que curou meu tornozelo noite passada. - menti, mas menti confiante. - Mais uma vez, repito que não lhe conheço e espero que entenda senhor Li. - ele me olhou significativamente. - Não espere que lhe chame de Shaoran. - fui em direção á porta, mas virei-me mais uma vez para ele. - Se quiser resolver o problema do cheiro, posso chamar um dedetizador. - ironizei. - Seu cronograma de hoje já está no e-mail, Claire já enviou. - abri a porta. - Tenha um bom dia senhor Li. - e fechei a porta.

- Claro senhorita Kinomoto. - ouvi sua voz abafada de dentro da sala.

Fiquei alguns segundos parada do lado de fora da porta de Shaoran, impressionada com a cena que acabara de acontecer. Acho que fiquei tempo demais, já que Halley me despertou de meus devaneios.

- Hey, Sakura? - ela pronunciava meu nome corretamente, pela primeira vez na vida.

- Sim?

- Sabe se ele tem namorada? - me perguntou esperançosa. Fechei a cara.

- Me desculpe Hall. Isso não me interessa. - disse sorrindo falsamente e me encaminhando para a minha sala. Ela sentou e recolocou os fones de ouvido.



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