História Reviravoltas do Destino - Snamione - Terceiro Capítulo

Hermione caminhava pensativa pelo Beco Diagonal, não havia dormido nada a noite. Ela tinha saído de Hogwarts há três dias decidida que Severo precisava de um tempo para se acostumar com a situação. Afinal, tudo era realmente inimaginável. Por mais que doesse, no lugar dele, ela também teria reagido assim.

O que a deixou ainda mais chateada era que o natal estava próximo e, pela primeira vez em anos, ela não sabia o que iria fazer. Pela primeira vez em anos, não havia nem começado a fazer as compras de Natal. Não havia decorado a casa.

Por mais que tentasse entender, não sabia explicar o motivo das coisas estarem tão erradas. Ela sabia que o jeito era encarar os fatos, mas isso não tornava as coisas mais fáceis.

Percebendo a livraria, Hermione decidiu parar. Concluiu que precisava de uma pausa. Precisava de uma distração. No entanto, se arrependeu assim que entrou naquela loja. O lugar estava lotado e quente. Então, deu meia volta e preferiu voltar para casa e descansar.

Já em casa, encheu a banheira e colocou os sais de banho na água. Entrou e ficou por alguns minutos refletindo sobre as últimas horas.

- É meu filho, parece que por enquanto somos só eu e você. - Sussurrou enquanto acariciava o ventre por alguns minutos. Mesmo que ainda não desse para perceber que ela estava grávida, devido ao pouco tempo de gestação, já podia sentir algumas mudanças no corpo. Seus seios estavam um pouco mais pesados e doloridos.  O aumento dos hormônios estava lhe causando fadiga e um sono incontrolável.

Era assustador pensar que teria que encarar tudo aquilo sozinha.

Flashback On

- Não se sinta triste, Hermione. - Severo disse quando ele voltou para o quarto. - Não significa que não poderemos ter filhos. As chances são menores, mas não nulas. Você ouviu o curandeiro.

- Mas se a gente não conseguir? Já estamos tentando há três anos, Severo.  – Constatou Hermione completamente desanimada.

- Nós vamos, meu amor. - Severo respondeu. – Sem contar que podemos optar por uma adoção!

- Talvez. – Admitiu ela. – Mas nesse momento, estou pensando mais em tentar ter o nosso próprio. – Hermione observou que Severo parecia perdido em seus pensamentos e que parecia não ter ouvido o que ela havia dito.

- Severo?

- Eu sinto muito, Hermione, eu ...  – Hermione olhou com confusão para o marido. - Eu estava pensando. Talvez possamos trabalhar em conjunto com o curandeiro. Você vai precisar de um bom tratamento antes que você possa ter um bebê. Nós podemos fazer isso. - Disse ele. -  Hmmm, isso muda as coisas... bem, precisamos fazer um estudo detalhado antes. Será um trabalho árduo, mas valerá a pena. - Ela começou a tocar o dedo contra os lábios em pensamento.

- Mas e como ficam suas pesquisas? – Severo franziu a testa com a pergunta feita por ela.

- Hum, eu achei que seu lema era que a família vinha em primeiro lugar! – Completou com um sorriso. – Nós podemos fazer isso, Hermione. – Disse ele aproximando-se dela e abraçando-a.

- Eu sei, Severo. Só estou com um pouco de medo! - Disse Hermione.

Flashback Off

 Depois de praticamente ter desistido do sonho de ser mãe, era surreal acreditar que, depois de tanto tempo tentando, ela estava grávida. Com um suspiro enorme, ela saiu da água.

Após banho, a bruxa escreveu algo em um pergaminho e enviou por sua coruja.  Ela estava cansada, angustiada e sem nenhuma fome. E mesmo se estivesse com fome ela não conseguiria comer, só de sentir o cheiro dos alimentos começava a passar mal. Preferiu se deitar e esperar o tempo passar. Em menos de meia hora ela já havia pegado no sono.

***

Em Hogwarts, Severo Snape estava de muito mau humor. Não tão raro para ele nestes últimos dias.  Durante três dias, ninguém tinha ouvido falar de Hermione Granger-Snape. Depois de muitos estudos, Severo acreditava que tinha achado a solução para seus problemas, era só contatar Granger.

 Ele voltaria a dar aula a partir de três semanas e diretora McGonagall queria ter nesse exato momento uma breve reunião pessoal, ele tinha quase certeza que o assunto principal seria sua suposta esposa.

No primeiro momento, Minerva notou que Snape parecia calmo e composto.  E até mesmo com uma atitude relaxada. Entretanto, tal postura desapareceu quando ele se endireitou na cadeira e lhe deu um olhar penetrante.

- Você deve entender, Severo. – Contemplou com seriedade – há questões que devemos discutir.

- Diretora, eu volto a informá-la que esse assunto não tem nada a ver com Hogwarts e, portanto, é completamente pessoal.

- Por favor, Severo! - A bruxa o interrompeu, renunciando sua polidez habitual - Eu sei que esse assunto não diz respeito a Hogwarts, não sou tão ingênua.  Eu não estou prestes a tornar-se histérica, mas eu quero discutir com você sobre isso.

- Temo que sim. - Respondeu ele.

- Severo, você já procurou se entender com sua esposa? – Minerva estava impaciente com aquela situação toda.

-Não. – Ele retrucou – Eu ainda não conversei com a senhorita Granger.

- Não seja tão turrão, homem.  O que você está esperando? Que ela desista de você? Pois pode descartar tal possibilidade. Já se esqueceu que ela é uma grifinória? – O questionou, com um olhar irritado. A diretora estava indignada com toda aquela situação.

- Achei que você havia dito que não se tornaria histérica. – Com o comentário do homem, a Diretora acabou ficando um pouco vermelha - Eu sempre soube que Granger tinha uma atração por causas perdidas. Os elfos domésticos, por exemplo. Mas isso chega a ser ridículo, Minerva. Ela está desperdiçando sua vida.- Severo bufou.

-Você não sabe nada de Hermione ou de seus sentimentos! Por Merlim, Severo. Ela tem uma vida com você e ela quer essa vida de volta. – Minerva sabia que suas palavras não surtiriam efeitos já que ele não se lembrava de nada, mas ainda assim ela tentou convencê-lo a tentar.

O homem de cabelos negros não disse mais nada e Minerva estava começando a entrar em pânico. Ele estava se tornando mais irritado e não se acalmando como ela pretendia. A diretora olhou para baixo e depois de volta para cima. Derrotada, ela disse a ele:

- Como eu já disse, ela te ama. Vocês se amam. Não há necessidade de tomar decisões precipitadas, homem tolo.

 - Me diga diretora, como pode uma mulher ambiciosa como ela casada comigo? Sinceramente, uma mente cheia de inteligência e ideias? Ela deveria estar gastando seu tempo por algo melhor! - Ele gritou, batendo com o punho na mesa.

- Por favor, Severo, ouça voz da razão. Ela...

 - Chega, Minerva. Eu já ouvi demais por hoje. - Ralhou ele.

- O que você vai fazer? - sussurrou quase inaudível.

- Tomar a decisão sensata. O melhor para ela. O melhor para nós dois. Pelo que li o divórcio já é aceito no mundo bruxo.  É melhor cada um seguir seu caminho. Ela é jovem e vai tirar de letra. E acho muito bom que você não fale uma palavra disso com ela. Deixe que eu resolva. – Disse ele com raiva.

 -Severo, por favor ... – Suas súplicas não serviram de nada. Ele virou-se e saiu pela porta, batendo-a sem ao menos olhar para trás.