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História Livro 1: Dangerous Reality|Fred Weasley - Capítulo 52- Medo.


Escrita por: analuna_w

Notas do Autor


Meus amores, espero que gostem do capitulo, tenham uma ótima leitura!! <3

Capítulo 53 - Capítulo 52- Medo.


(...)

– Athena...– Catherine disse para a coruja que a encarava com os olhos castanhos escuro grandes e penetrantes. – Preciso que entregue esta carta para mim, ok? – A coruja piou manhosamente. – É importante, tome cuidado… – ela entregou a carta para Athena, e abriu um espaço na janela para que o animal pudesse sair, e assim ela o fez. A coruja saiu voando pela noite escura com a carta em seu bico deixando ela só... bom, era o que ela havia pensado a princípio.

Naquele instante ela notou a presença de Sirius no cômodo, mas continuou de costas para a porta.

– Bisbilhotando, Sirius? – Ela perguntou virando-se para ele. –Sabia que isso é muito feio?

– Em minha defesa, eu apenas estava admirando minha filha postiça falar com a coruja...– Sirius disse sentando-se na cama dela. Mas ela sabia que Black estava apenas curioso para saber o que havia acontecido naquelas aulas e o mais importante; como Harry estava.

– Harry está bem… já conseguiu uma detenção na primeira semana de aula…– Catherine falou e Sirius deu uma risada. – Acho que ele está tentando quebrar recordes...– ela riu. – E a aula foi tranquila.

A mentira saiu de sua boca antes que ela se desse conta. Ultimamente era mais fácil contar pequenas mentiras, Catherine achava que estava começando a tornar-se uma expertise no assunto.

– Bom, filho de peixinho, peixinho é…– Sirius disse. – James e eu já fizemos coisas piores. – ele deu um sorriso saudoso. – E sobre a aula, pode contar como foi? – Sirius perguntou cauteloso.

– Quanto menos pessoas souberem, melhor...– Catherine respondeu séria. – Não que você não seja digno de confiança…– ela explicou. – mas é que… tenho medo de que…

– Eu entendo seu ponto de vista…– Sirius tranquilizou-a, apesar de manter-se curioso. – Faria o mesmo, não precisa me dizer nada...

Mas havia algo incomodando-o, na realidade desde que receberá sua liberdade ele estava agindo de modo estranho. Ela não o culpava, afinal de contas, passar doze anos preso numa prisão de Azkaban, além de sempre ter se culpado por tantas mortes, não era fácil lidar com todo aquele peso.

– O que aconteceu, hein? – Ela perguntou preocupada. – vocês parece estar ansioso…

– Não precisa se preocupar, gatinha…– Sirius disse dando um sorriso triste, mas seu olhar parecia vazio. Ele estava assim já havia algum tempo, e Catherine sentia medo de estar perdendo ele aos poucos. Sirius, além de Remus e do Sr. Weasley eram o que ela tinha de mais próximo de uma figura paterna, e ela não querida perdê-lo, na verdade ela não queria perder mais ninguém.

– Você sabe que pode contar comigo, não é? – Catherine falou sentando-se ao lado dele na cama. Ela sentiu uma mistura de sentimentos ao aproximar-se de Sirius, havia muita dor, tristeza, remorso e a sensação de que ele poderia ter feito algo que evitasse as mortes de tantas pessoas que ele amava. – E você fez tudo que estava ao seu alcance.

– Mas não foi suficiente. – Ele respondeu com a voz trêmula. – Se tivesse sido suficiente, meu irmão estaria vivo até hoje, Lilian, James, Eleonor, Dorcas, Marlene… e tantos outros. Eles estariam aqui, vivos!

– Eu sinto muito que as coisas aconteceram dessa forma, Sirius. – Catherine disse segurando nas mãos dele. – Sinto muito mesmo…, mas você não tem culpa, era impossível você adivinhar que teria tantas perdas. – ela fez uma pausa, e pegou uma das mãos dele e acariciou. – Mas gora temos a chance de vingar cada uma dessas mortes. Vamos fazer Voldemort pagar por cada vida que ele tirou, cada família que ele destruiu.

– E se não conseguirmos?

– Nós vamos… E se você não tiver forças, eu vou arrumar um jeito de te levantar nessa guerra e nós vamos chutas muitas bundas de comensais da morte. – Catherine falou, e Sirius deu uma risada seca, mas ele ficou sério novamente.

– E se…

Ela sabia o que ele queria dizer, todos se perguntavam exatamente o que seria deles caso ela fosse para o lado das trevas.

– E se eu for para o lado dele em algum momento, embora eu esteja lutando arduamente para que isso não aconteça... – Catherine engoliu seco. – Você, Harry e Remus já sabem o que fazer. – Sirius a encarou com os olhos lacrimejando, havia um certo medo no olhar dele, ele não queria ser a pessoa que iria tomar a decisão. – até lá vou continuar a lutar com todas as minhas forças. Não vou deixar aquele careca, sem nariz tirar o que tenho de mais precioso na minha vida, não posso permitir que ele faça isso mais uma vez.

– Espero que não tenhamos que chegar a esse extremo...– Ele falou baixinho

– Não vamos...– ela disse. – Eu prometo.

Catherine sabia que não deveria fazer aquele tipo de promessa, ainda mais quando a cada dia que se passava ela sentia-se mais fraca. Todos viam nitidamente isso nela, os círculos roxos em volta de seus olhos, o rosto macilento, e magro demais… Era como se algo estivesse drenando completamente sua força vital, mas ela estava disposta a pagar aquele preço, se isso os mantivessem a salvo.

– Sabe…– Sirius disse tirando-a de seu devaneio. – Eu cuidei de você até que completasse uns três anos de idade – ele sorriu – não passava de uma bebê gorduchinha, e falava pelos cotovelos… aprendeu as primeiras palavras com um ano, sempre foi muito esperta e tinha uma certa fixação pelos cabelos do Remus e da Lilian, você vivia puxando os cabelos deles e deixando-os enlouquecidos... Já o James você amava as caretas que ele fazia, a sua gargalhada era contagiante, hoje em dia não mudou muita coisa, embora esteja mais rabugenta...– ele brincou –… E quando Harry nasceu, ah... – o bruxo sorriu mais ainda. – Você ficou encantada com ele, estava sempre abraçando, e olhando com seus olhinhos pequenininhos e curiosos. Eles teriam orgulho de vocês. – Catherine ouvia com atenção. – Eram bons tempos…, nós fomos uma família estranha, mas nos amávamos muito.

– Ainda somos uma família não muito convencional… – Catherine disse sorrindo. – E nunca deixaremos de ser, não importa o que aconteça.

– Não importa o que aconteça…– ele repetiu e abraçou a garota, que deixou ser envolvida pelos braços longos dele, fazendo ela sentir-se acolhida. – Acho que é isso que nos torna mais unidos...– Ele falou pensativo.

– Posso falar uma coisa? – Ela perguntou a Sirius e ele assentiu com a cabeça. – Eu sempre achei que você e a minha mãe tinham um envolvimento, antes de tudo…– Ela comentou. Catherine nunca havia falado sobre isso com ele. – Ela tinha uma foto sua, antes dela falecer minha mãe me mostrou e contou toda a história…

– Na realidade, eu e Eleonor nunca nos envolvemos em uma relação mais profunda. – Sirius falou dando uma risada. – Todos pensavam que tínhamos algo, mas éramos apenas bons amigos, ela foi uma das primeiras pessoas que eu conheci no expresso de Hogwarts, foi como se tivéssemos nos conectado. – Ele sorriu, enquanto acariciava os cabelos de Catherine – Eu sempre soube quem eu era, desde muito novo…, Mas naquela época ser como eu não era visto como algo muito bom, e minha família não era muito flexível, quanto a este assunto. Eles tinham uma visão de que eu deveria me casar com uma bruxa puro sangue e ter uma família, trazer herdeiros e honra para a casa dos Black. – Seu rosto estava sombrio ao falar daquele assunto. – Quando Remus e eu começamos a ficar juntos, não foi nada fácil, mas permanecemos um com o outro, sua mãe foi a pessoa que mais apoiou além de James e Lilian. Só que então Voldemort começou a emergir… as coisas desandaram...– Ele fez uma pausa – E o meu sonho de ter uma família com ele foi se perdendo… Até que você nasceu… aquele foi o dia mais feliz das nossas vidas, eu mostrei a Remus que ele poderia ser um pai bom, e eu de certa forma, mesmo não sendo seu pai biológico, senti um amor tão profundo por você no momento em que a peguei nos meus braços. – Sirius abraçou forte a garota. –  Sei que tem se sentido como se você não tivesse um significado bom, Catherine…, mas acredite, você nos mostrou um pouco de luz no momento mais sombrio de nossas vidas principalmente a Remus, que tinha medo da paternidade por conta da condição dele, e você deu a ele a oportunidade de ser pai, acho que a todos nós de certa forma... Por isso temos um carinho tão grande por você.

Catherine não conseguiu dizer nada, ela apenas o abraçou de volta, não havia um sentimento que descrevesse exatamente o significado que aquelas palavras tiveram para ela.

Os dois ficaram em silêncio pelo restante da noite, ouvindo os sons dos carros passando na rua, os canos de água rangendo, a madeira velha da casa estalando, e curtindo a presença deles. E mesmo que tudo aparentasse estar calmo, a mente de ambos estavam cheias de pensamentos perturbadores e perguntas que talvez jamais tivessem respostas.

(…)

No dia seguinte, Catherine acordou com um som de vozes altas e difusas no andar debaixo, por estar sonolenta demais, ela não conseguia entender bem o que estava acontecendo, e resolveu descer mesmo que ainda estivesse vestindo seu pijama e estivesse completamente descabelada.

Ao descer as escadas, as vozes ficaram mais altas ainda, e tom delas era uma mistura de preocupação, raiva e medo.

Na sala de estar, estavam Cedrico, Sirius, Remus, Moody, Avery e mais um membro da Ordem que a garota nunca recordava seu nome. Era um homem alto demais e esguio, seu rosto era longo e anguloso, mas que tinha um olhar doce.

Catherine voltou para o primeiro degrau da escada e encostou-se na parede para ouvir a conversa, os pensamentos de Cedrico eram altos e confusos, e davam certa agonia para a garota, que agora arrancava pequenos pedaços do papel de parede com a unha.

– Estou dizendo, prenderam-no hoje…– Moody disse irritado. – Está uma bagunça sem fim… as coisas estão ficando piores… Ainda não temos notícias dos pais da Cooper, e os desaparecimentos só estão aumentando. E atacaram um trouxa nesta madrugada…

– E você acha que a Catherine tem alguma coisa a ver com isso? – Cedrico falou indignado. – Com todo respeito, sr. Moody, mas isso não faz sentido algum. Catherine esteve em Hogwarts ontem à noite, com Dumbledore e Harry... Eu mesmo a levei, até Tonks pode confirmar, e eu a trouxe para casa.

– E eu fiquei com ela o restante da noite… – Sirius complementou. – Ela dormiu como uma pedra. O sonambulismo dela melhorou muito, ela não anda mais pela casa resmungando coisas sem sentido, e está controlando os poderes dela com muita rapidez, ainda precisa aperfeiçoar algumas coisas, mas...

– São palavras de pessoas que gostam dela...– Moody falou sério. – Eu entendo que ela é importante para vocês, eu não desgosto da garota, ela é boa…, mas não podemos negar os fatos de que ela pode arrastar todos nós para o buraco, é imprudente e muitas vezes teimosa. É como uma bomba relógio e por mais amorosa que seja, uma hora não vai acabar aguentando, eu estou observando-a há muito tempo, e só consigo vê-la definhando…

Catherine ouvia em silêncio atrás da parede, ela concordou com a parte de ser teimosa e muitas vezes imprudente, sem falar no fato de que era compreensível a desconfiança dele, mas não deixou de sentir-se um pouco incomodada. Ela já não havia mostrado ser digna da confiança de todos? O que mais ela precisaria fazer para mostrar que podia lutar ao lado deles.

– Entendo sua preocupação, mas minha sobrinha, apesar de realmente ser teimosa e imprudente, ela não é falsa, Moody. – Avery disse, seu tom de voz era firme. – Não duvide da lealdade dela, porque isso pode ajudar a fazer com que ela comece a duvidar de si mesma, e pessoas confusas, irritadas e magoadas, tomam atitudes desesperadas.

– E quem nos garante que a conexão entre ela e o Lord das Trevas não continua? Hã? – Moody retrucou.

– Eu garanto. – Avery disse. – Pense bem Moody, ele tinha todas as cartas na manga para conseguir o que queria no Departamento de Mistérios, mas Voldemort não conseguiu ficar na mente dela por muito tempo, havia muitas coisas que Voldemort abomina mais que tudo, dentre elas, amor. Eleonor a criou com isso, bondade, gentileza... ele não suporta isso, Catherine pode ser a nossa esperança, mas ficar jogando na cara dela que ela não é digna de confiança, só dá mais força para as trevas que habita nela.

– Então você está dizendo que há um lado das trevas nela? – Ele falou dando uma risada seca.

– Todos temos. – Ela respondeu, mas Catherine percebeu que ela estava escondendo algo, o que não era novidade alguma, todos faziam isso.  – Mas o que faz diferença é qual lado vamos alimentar, e as pessoas do nosso convívio através de atitudes idiotas como a sua, podem alimentar o lado errado de Catherine, e honestamente, você não vai querer fazer isso… Ela herdou muitos poderes de Eleonor, o caos que ela pode provocar se acabar perdendo o controle, vai ser fatal, não só para essa realidade, mas todas... ela só não sabe disso, nem mesmo o pai dela sabe…  

Catherine tropeçou na escada e caiu de joelhos no chão fazendo um barulho alto, e todos se viraram para ela. Cedrico andou na direção da garota e a ajudou-a levantar.

– Bom dia… seu senso de equilíbrio está cada vez pior...– Ele falou na tentativa de fazê-la rir, a garota forçou uma risada, ajeitou o pijama e tratou de prender seus cabelos bagunçados, sabendo que se arrependeria mais tarde na hora de pentear os fios.

– Está tudo bem? – Catherine perguntou colocando a cabeça para dentro da sala de estar. – Ouvi uma gritaria aqui embaixo...

– Não está nada bem. – Moody disse sem rodeios. – Stanley Shunpike foi preso hoje cedo… houve mais ataques de dementadores.

– Stanley? – Catherine perguntou com a testa franzida. – Esse cara não era o condutor do Nôitibus? Realmente as coisas estão ruins...

– É... como eu disse. – Ele falou usando um tom de voz rabugento. – Preciso ir… Ah, vou precisar do Black e do Lupin hoje. Diggory você vai ficar de guarda junto com a Riddle.

– E a Avery? – Ela perguntou olhando para a mulher.

– Vou ver Dumbledore hoje. – A mulher respondeu.

– Tudo bem… damos conta...– Cedrico disse apoiando o braço nos ombros de Catherine.

– Nada de safadeza vocês dois...– Moody falou de repente, então ele passou pelos dois e saiu porta a fora.

Catherine encarou o rapaz que tinha uma expressão indefinível em seu rosto.

– Vou comer alguma coisa…– Ela falou quebrando o silencio. Catherine tentou não prestar atenção nos sorrisos de Sirius, Remus e Avery que estavam achando graça da situação embaraçosa. Rapidamente ela sentou-se à mesa que já estava posta e começou a se servir e pensando nas deliciosas torradas com geleia, a fim de não ouvir os pensamentos dos outros.

Estranhamente ela estava mais sensível naquele dia, talvez fosse a TPM, ou o fato de ter descoberto coisas tão ruins sobre seu outro lado da família.

Mas naquele momento, o que estava quase tirando-a do sério, era o fato de que todos pensavam que ela ficaria com Cedrico.

Cedrico era amável, compreensível, engraçado e cuidadoso, Catherine adorava ter a companhia dele, e mesmo tendo beijado o rapaz há alguns dias, e tendo esclarecido que tudo não passou de um momento, parecia que todos, –principalmente Sirius– estavam torcendo para que ela esquecesse de Fred, mas ela não queria esquecê-lo e não usaria o Diggory para este fim. Era errado e ela não queria brincar com os sentimentos de ninguém, muito menos de alguém que estava completamente confuso.

Catherine continuou fazendo sua refeição sozinha, perdida em meios aos seus pensamentos e tentando manter os dos outros longe.

Antes de Sirius e Remus saírem de casa eles se despediram de Catherine com um abraço apertado e um beijo no topo da cabeça.

– Comporte, Cathy...– Remus disse dando uma piscadela para a garota. – Não coloque fogo na casa, e não faça bobagem.

– Eu não faço bobagens, Remus...– Catherine retrucou depois de engolir a comida. – E pode tirando essa barra de chocolate do bolso do seu casaco. – Ela arqueou a sobrancelha. – Passa pra cá, lobinho!

Remus respirou fundo e tirou a barra de chocolate do bolso.

– A outra também, Remus. Não estou brincando...– Ela voltou a dizer, e o bruxo retirou outra barra de chocolate do outro bolso.

– Satisfeita? – Ele perguntou fazendo uma cara feia.

– Muito! – Catherine sorriu.

– Remus, vamos logo…– Sirius o chamou. – Moody vai encher a nossa paciência se nos atrasarmos…

Remus virou-se e saiu da sala ajeitando a roupa e os cabelos.

Catherine terminou de fazer refeição, mas permaneceu sentada na cadeira. Sua cabeça doía e sua cicatriz ardeu por um momento, causando-lhe náuseas.

– Você está bem? – Cedrico perguntou sentando-se ao lado dela.

– Sim. – Ela respondeu entredentes. – Vou tomar banho…

Catherine levantou-se rapidamente, fazendo a cadeira arrastar no chão provocando um barulho incômodo.

Ela subiu as escadas apressada, entrou em seu quarto pegou uma roupa confortável e foi para o banheiro. A cicatriz ainda latejava, deixando-a levemente nervosa, pois ela sabia o significado disso. Voldemort estava tramando algo, há meses ela não sentia essa dor e por um momento ela quis saber o porquê disso naquele momento.

A garota não se atreveu a entrar na banheira novamente, não depois da visão estranha que tivera com a Avery. Ela se despiu e encarou o seu reflexo no espelho do banheiro e observou seu rosto, Catherine não fazia isso com frequência porque tinha vergonha de como sua aparência estava, aquelas marcas sempre acabavam lembrando o que ela era. Filha de um assassino supremacista. A única coisa que ela gostava, era do contraste dos seus olhos, mas não deixava de sentir um certo nervoso.

– Azul para luz… dourado para as Trevas...– Ela sussurrou para si.

“Algum momento você terá de escolher…”, uma vozinha falou em sua mente.

– Mas eu posso ser as duas coisas…– Catherine disse com firmeza.

“Não pode, não…” a voz respondeu-a.

Catherine sacudiu a cabeça, aquilo só poderia ser um fruto de sua imaginação, mas ao olhar para o próprio reflexo novamente, ela se viu sorrindo o olho dourado brilhando com muita intensidade, assim como sua cicatriz que parecia estar ficando dourada no mesmo tom. Ela fechou os olhos, não queria ver aquilo…

Ela entrou no chuveiro e permitiu a água cair em seu corpo. A temperatura estava morna e agradável, ela passou o shampoo com cheiro de lavanda que tanto gostava. Lavanda sempre a lembrava de sua casa, e de sua mãe, ela não sabia ao certo o porquê disso, mas gostava da sensação do cheiro que ficava. Marcante e suave.

Catherine deve ter ficado pelo menos mais de trinta minutos no banho, sentindo cada parte de seu corpo relaxar. Ao sair do banho ela não ousou olhar novamente seu reflexo no espelho, apenas penteou os cabelos embaraçados e vestiu a roupa que havia separado, um moletom vermelho num tom terroso e short jeans.

Assim que ela chegou em seu quarto, Athena sua coruja havia estava novamente dentro de sua gaiola e haviam quatro cartas em cima da escrivaninha, aparentemente todos acharam que seria uma ideia ótima escrever para ela. Ela abriu a primeira carta que era de Adrian, as outras ela leria depois, aquela precisava de atenção máxima, não que as outras cartas não fossem importantes, mas Catherine estava ansiosa para saber o que tanto Adrian queria conversar com ela.

“Querida Catherine.

Fico feliz em receber sua carta, na realidade não esperava recebê-la. Estou livre aos finais de semana das 8h00 até às 17h00 da tarde, podemos nos encontrar no próximo sábado às 9h30 no local onde você indicou em sua carta.

Espero que você esteja bem nesses tempos difíceis, as coisas andam muito complicadas ultimamente, mas podemos colocar em dia os nossos assuntos quando nos encontrarmos.

Fico no aguardo de sua resposta confirmando o nosso encontro.

Tenha uma ótima semana.

 Carinhosamente.

Adrian P.”

 

Catherine rapidamente escreveu sua resposta, mas não mandaria sua coruja sair para entregá-la. Athena naquele momento estava cochilando pesadamente.

(…)

 Aurora havia acabado de sair da biblioteca sentindo-se demasiadamente entediada, ela sentia falta de seus amigos. Claramente não havia sido difícil para que ela fizesse amizades na universidade, afinal de contas, ela era espontânea, engraçada sem contar que era extremamente inteligente, apesar de que o seu modo hiperativo às vezes fosse um problema para manter sua concentração completamente focada em um assunto. Ainda assim, seus novos “amigos” não eram nada comparados a Catherine, Angelina, Lee, Fred e George. Ela sentia falta da presença de seus amigos de Hogwarts, mas havia uma dor mais profunda em seu coração, seus pais ainda não haviam sido encontrados, e ela temia o pior.

Aurora voltou para o seu dormitório que graças a Merlim era somente dela. E então deitou-se em sua cama por alguns minutos e teve a brilhante ideia de ir fazer uma visita a sua amiga, afinal de contas, era domingo e ela tinha o dia livre para fazer o que quisesse.

A bruxa levantou-se de sua cama num salto, animando-se um pouco com a possibilidade de ver sua amiga tão querida. Ela caminhou até o espelho enorme que havia em seu quarto e observou suas roupas. Aurora trajava uma calça jeans escura, uma blusa rosa de manga curta e um casaco feito de crochê em um tom de creme.

– Você está simplesmente, P-E-R-F-E-I-T-A! – Ela disse ao analisar as roupas. – Eu realmente tenho um senso de moda incrível. Hoje nada me abala!

E com isso ela pegou sua bolsa, a varinha e fez seu caminho para fora do campus que ficava na parte subterrânea da Universidade de Cambridge. Aurora adorava o fato de que o interior da faculdade se assemelhava tanto com Hogwarts embora não pudesse ser comparada com a grandiosidade da escola. Ela estava no corredor próximo ao laboratório onde eles estudavam as estruturas dos elementos, quando alguém a puxou para uma sala vazia.

– Ei, mas que porra é essa? Tá maluco? – Aurora exclamou, desvencilhando-se de quem a puxou. Ao virar-se, ela deu de cara com Marcos Dickens, um dos muitos aurores que circulavam pela Universidade de Alquimia de Cambridge.

– Onde a senhorita pensa que vai? – Ele perguntou. Marcos era um rapaz alto, magro e seu rosto era comprido, os cabelos sempre bem cortados e tinha um cheiro forte de colônia.

– Isso não é da sua conta, Dickens...– Aurora falou ajeitando o casaco de crochê. – até mais!

Ela começou a caminhar, mas Marcos se colocou à frente da porta.

– Senhorita Cooper… Não provoque confusões hoje. – Ele disse calmamente. – É domingo, e você não pode sair daqui.

– Posso e eu vou, não vai ser você que vai me prender aqui. – Ela falou irritada.

– Aurora, não estou brincando, se a virem...

– Só vão saber, se você abrir essa sua boca de sacola. – Aurora ergueu a sobrancelha.

– Se você não voltar antes das dez e meia… Eu vou abrir a minha “boca de sacola” e você vai ficar muito encrencada, Cooper. – Marcos disse apontando o dedo para ela de maneira ameaçadora.

Aurora sentiu-se triunfante, ela deu uma piscadela para o ele, e saiu da sala a passos largos, não havia tempo a perder. Em menos de alguns minutos ela já estava do lado de fora do campus. O clima estava frio e apesar de ainda ser de manhã, as nuvens estavam carregadas fazendo com que desse a impressão de que já estava de tarde.

Ela continuou andando até uma área mais deserta, as ruas estavam estranhamente cheias para um tempo como aquele, os trouxas caminhavam como se não houvessem problemas, apesar de que a garota achasse que no fundo eles viam, mas era melhor negar do que enfrentar certas coisas que não fariam sentido a mente deles. As vezes nem mesmo ela conseguia acreditar que fazia parte de um mundo onde a magia existia, e Aurora se sentia sortuda por isso, mesmo com todas as coisas perigosas, pois de certo modo ela tinha a sensação de que era única e que pertencia a algo.

Ela entrou em um pequeno estabelecimento, e foi até o banheiro certificando-se de que não havia ninguém nas cabines. Logo, Aurora respirou fundo preparando-se para aparatar, ela mentalizou o parque que ficava em frente ao Largo Grimmauld, cada espacinho do local foi se formando em sua mente, até que finalmente ela se sentisse pronta. Ela contorceu o corpo sentindo um puxão em seu umbigo, e então seus pés saíram do chao, e ela foi sugada para redemoinho.

(…)

Assim que ela chegou no parque, que para sua sorte estava vazio, Aurora observou a rua a procura de algo suspeito, afinal de contas, a localização da casa dos Black era confidencial. Somente os membros da ordem poderiam saber. Ela se sentiu um pouco importante ao lembrar-se da importância que tinha aquele segredo, e em pensar que ela jamais pensara que um dia faria parte de algo tão grandioso. Aurora sabia que não fazia parte da Ordem da Fênix, mas portar um segredo como aquele, com certeza lhe dava esperanças, ela não sabia exatamente o porquê, mas adorava a sensação que tinha todas as vezes que visitava o lugar, apesar de ser uma casa um tanto quanto macabra.

Ela atravessou a rua e aos poucos observou a porta com um número doze aparecendo em meio ao compilado de prédios.

Quando a porta apareceu por completo, ela abriu e entrou na casa que estava estranhamente fria. A garota se perguntou por um momento, se haviam fantasmas por lá, geralmente nos filmes de terror os locais ficavam mais frios – não que ela tenha constatado isso presencialmente, em Hogwarts ela mantinha uma distância razoável dos fantasmas da escola–

Aurora começou a procurar pela casa se havia alguém, mas a garota constatou que não tinha um sinal sequer de vida no andar de baixo, então ela subiu as escadas cantarolando uma música de um comercial aleatório, quando ouviu risadas vindo do quarto de sua amiga.

“Será que ela está ficando louca?”, Aurora pensou.

– Não seja idiota, Ced…– Catherine falou em meio aos risos. – Essa foi a coisa mais ridícula que eu já ouvi.

– Sabe... eu adoro quando você está assim, sorridente. – O rapaz comentou de maneira carinhosa. –  Eu sei que tem sido difícil para você lidar com tantas coisas ultimamente…, Mas acredite, você está se saindo muito bem.

– Não sei, não…– A garota respondeu apreensiva. – Não acho que as coisas vão terminar de uma maneira boa, são tantas pessoas desaparecendo, os pais da Aurora, por exemplo...– Aurora ao ouvir aquilo sentiu seu coração apertar. – Ela não merece estar passando por isso, ninguém merece… O caos está reinando por completo nas ruas... Até os trouxas estão percebendo que algo não está certo…

– Você e o Harry vão conseguir derrotar, Voldemort. – Cedrico disse com firmeza. – Eu sei disso.

Aurora concordava com Cedrico, Catherine e Harry tinham motivos suficientes para querer o fim de Voldemort, e ela sabia que a amiga estava treinando arduamente para usar seus poderes no momento certo. A jovem não gostava do pessimismo de Catherine, ela sempre via o pior lado das coisas, como se não houvessem finais felizes para ela, sendo que Riddle era quem mais merecia um final feliz depois de perder tantas coisas.

– Não aposte suas fichas em mim, Cedrico. – Catherine disse séria. – As coisas mudam, e eu não sei por quanto tempo vou ser, eu mesma... Está cada vez mais difícil.

“Lá vem ela, com seu pessimismo”, Aurora pensou revirando os olhos.

– Você está dizendo isso há muito tempo e para mim continua a mesma pessoa. – Ele retrucou.

– Está sendo tolo...

– Não acho que eu esteja sendo tolo… sou esperançoso é diferente. – Cedrico disse. Aurora notou que a voz do rapaz estava mais baixa, e de repente ouviu-se um silêncio repentino.

“Não, não, não... Esse casal, não! Me recuso!”, ela pensou e entrou no quarto com violência.

– BOM DIA! – Ela gritou.

Catherine e Cedrico se entreolharam espantados. Os dois estavam separados deitados com as cabeças em lados opostos, observando-a.

– O que faz aqui? – Catherine perguntou franzindo a testa. – Achei que viria somente nas festas de fim de ano.

– Ah, não… eu estava com saudades...– Aurora respondeu dando um sorriso. – O que o cabeça de cuia está fazendo aqui? Não deveria estar no trabalho?

– Aurora...– Catherine a chamou, parecia que ela estava tentando não rir a qualquer custo. – Você estava ouvindo atrás da porta?

Ela arregalou os olhos e mordeu o lábio antes de dar uma resposta.

– Euu?? Imagina! – Aurora deu uma risada nervosa. – Jamais faria isso.

– Sei…– Cedrico falou dando um sorrisinho.

– Fica na sua Diggory…– Ela disse sentando-se na cama. – Eu vim aqui, pois estava com saudades de você– ela abraçou a amiga. – Queria saber se estava bem... Não respondeu minha carta.

– Só a recebi hoje…– Catherine disse. – Como está a universidade de Alquimia?

– Vai saber quando ler a droga da carta! – Ela respondeu. – Pode indo pegar, mocinha…

Catherine nem ao menos se levantou, num estalar de dedos a carta apareceu nas mãos dela, fazendo com que Cedrico e Aurora se entreolhassem.

– Se está rápida tirando cartas assim tão rápido da mesa...– Aurora começou a dizer. – Imagina o que essa sem-vergonha não faz com a roupas...

Cedrico gargalhou alto.

– Eu ficaria tentado a ser seu cobaia...– O rapaz disse olhando para Catherine.

– Sai fora, Diggory! – Aurora falou colocando o pé na frente do rosto dele. – A Srta. Riddle me pertence!

– Crianças, não briguem por mim…– Catherine falou enquanto abria a carta. – Bom... vamos ver... – ela começou a ler a carta em voz alta.

“Querida e deslumbrante, Catherine

Estou demasiadamente saudosa de sua presença, gostaria muito que você estivesse ao meu lado durante essa jornada incrível e estressante que têm sido a universidade. Estou amando cada aula, principalmente conseguir manipular os materiais mais voláteis, mas ainda assim, nada se compara a ter você aqui, sinto falta de ter você, George, Fred e Lee ao meu lado, até mesmo do Diggory, – já notou como ele parece o Edward Cullen do Livro Crepúsculo?– Bom, espero que você esteja bem, e que esteja se cuidando, sei que as coisas andam difíceis  principalmente para você com toda essa mídia péssima, que podem acabar fazendo com que você duvide de si, mas saiba que eu e muitas outras pessoas estamos torcendo por você e sabemos que no fim, você irá tomar a decisão certa.

Nos vemos em breve.

Com amor e purpurina.

Aurora.”

– Por que vocês acham que eu me pareço com o Edward? – Cedrico disse quando Catherine terminou de ler.

– Porque você parece… Leve isso como um elogio. – Aurora disse espreguiçando-se.

– Obrigada pela carta, Aurora...– Catherine sorriu fraco. – Mas não é por isso que você veio, não é?  O que está acontecendo?

– Eu estou com medo de ficar lá sozinha. – Ela respondeu com sinceridade. Aurora temia mais que tudo ficar na universidade sozinha, ela não queria ser sequestrada, mesmo que tivessem uma quantidade razoável de Aurores tomando conta dela, ainda era inevitável sentir que estava sendo perseguida por alguém, como se algo estivesse sempre aguardando-a na esquina, e isso estava deixando-a levemente paranoica. – É estranho…

– Você está bem protegida lá. – Catherine falou. – Moody se certificou de colocar as pessoas certas…

– Mas não sei se é o suficiente. – A garota disse. – É como se…

– Algo estivesse só esperando para atacar...– Cedrico interrompeu a garota. – Eu sinto o mesmo todos os dias. Acho que todos estão sentindo isso ultimamente, Aurora..., mas precisamos seguir em frente e continuar resistindo, porque isso afeta Voldemort, quando mostramos que não vamos abaixar a cabeça para aquele cretino, isso de alguma forma o enfraquece. Ele despreza a união e qualquer sentimento humano.

– Cedrico está certo – Catherine concordou – E vamos achar seus pais, todos estão fazendo buscas e… – ela fez uma pausa. As feições da bruxa mudaram, e seu olho dourado brilhou de modo estranho, enquanto uma brisa leve balançava os fios brancos dos cabelos dela.

 

 Aurora franziu a testa.

– O que houve? – Ela perguntou.

– Fred está lá embaixo…– Catherine respondeu entredentes, e levantou-se da cama às pressas e de repente ela sumiu.

– Mas que porra! – Cedrico e Aurora praguejaram.

(...)

Ela e Cedrico saíram do quarto com rapidez, passando pelos corredores pensando o pior, mas ao descerem as escadas, eles encontraram Catherine de braços cruzados barrando a passagem de Fred e Florence.

– Querida, somos membros da ordem… você até onde eu saiba não é.– Florence falou.

– Hã... Fred não é membro da Ordem, muito menos você. – Catherine retrucou. – E quanto a mim, bom… não se preocupe…

– Não estou preocupada. – Florence disse, Aurora notou o canto da boca da garota tremer. – Apenas viemos aqui para saber no que poderíamos ajudar.

– É, Catherine...– Fred disse. Aurora quase tomou um susto ao reparar em Fred. – Por que você sempre está na defensiva? Estamos Florence quer ajudar, ao contrário de você que não mexe um músculo sequer…

O garoto parecia não muito melhor do que a Catherine, seus rosto estava magro e círculos roxos rodeavam seus olhos, sua boca estava rachada e seca como se ele estivesse viciado em alguma droga, as pupilas estavam dilatadas e seu olhar era vago.

– Escutem aqui, não é para vocês ficarem aqui. – Cedrico falou calmamente. – Moody não me disse que viriam, então não posso permitir que continuem aqui. E acredito que ele nem queira vocês dois aqui.

– Escute bem… Sr…– Florence começou a dizer. 

– Diggory.

– Isso… Sr. Diggory, acho que você não entendeu… Viemos ajudar, somos muito melhor do que essa…– Ela olhou para Catherine com uma expressão de nojo. – Coisa.

– A única “coisa “que eu estou vendo aqui, é você Florence. – Aurora disse em defesa da amiga, que parecia tentar manter-se no controle, mas as luzes da casa começaram a piscar.

– Não fale assim da minha namorada, Cooper. – Fred disse alterando a voz com irritação.

– Escuta aqui, garoto... Você é meu amigo desde que tínhamos onze anos! – Aurora falou no mesmo tom de voz que ele, enquanto se aproximava. – Nunca sequer levantou a voz para mim, e não vai ser agora que você vai fazer isso. Acho bom o senhor abaixar a bola ou eu vou abaixar para você e acho que não vai gostar…

Fred olhava para Catherine de um jeito estranho, como se quisesse dizer algo a ela, mas sabia escolher as palavras, a garota pareceu notar e aos poucos suas feições foram ficando mais tranquilas.

Havia algo estranho entre Fred e Florence, porém Aurora não conseguia dizer exatamente o que era, mas aquilo a incomodava.

– Vocês realmente acham seguro ficar aqui com a filha de Você- Sabe- Quem? – Florence alfinetou mais uma vez.

– Catherine nunca fez mal a ninguém daqui, então cale a sua boca...– Aurora disse.

– Mas ela adora machucar as pessoas...– Florence retrucou. – Soube de algumas coisas, ela bateu numa garota da escola de vocês duas vezes, e rolaram outros boatos de que ela havia matado duas pessoas…

– Cala a sua boca, garota…– Catherine disse, Aurora e Cedrico notaram que ela não parecia bem.

– Todos sabemos que você adora provocar o caos…– Ela disse novamente dando um sorriso.

– Eu não provoco o caos…– A garota falou entredentes. – Eu estou tentando salvar as pessoas.

– Ah, claro… assim como você salvou a sua mãe, não foi? – Fred disse sem demonstrar emoção alguma.

Catherine pareceu perder o fôlego naquele momento, o rosto dela tinha uma expressão irreconhecível.

– Fred, sai daqui…– Aurora disse. – Parabéns, você se tornou um merda!

– Vamos, Catherine…– Cedrico a chamou, para a sala de estar a garota saiu da vista deles, mas Aurora sabia que haviam acertado uma ferida que ainda não tinha se curado, Fred sabia disso também, e ela se perguntou o porquê de ele ter sido tão rude com a garota, nem mesmo ela o reconhecia mais. – Não vou dar um soco na sua cara, porque mesmo que você esteja agindo como um moleque, sei que a Catherine não iria querer isso. Você nunca vai merecer essa garota…

Fred continuou encarando-os sem expressão alguma.

– Vamos embora, Fred…– Florence disse com nojo. – eles não precisam de nós.

O garoto se virou como se tivesse recebido uma ordem, e caminhou até a porta de entrada junto com a megera.

Aurora se virou para Cedrico boquiaberta.

– Você viu isso, que bizarro? – Ela perguntou a rapaz que parecia muito irritado.

– Acho que Catherine está certa… Tem uma coisa muito errada com essa garota, e com Fred, ele nunca a tratou assim, por que faria isso agora?

– Exatamente… – ela concordou. – Mas não podemos dizer nada a ele, muito menos deixar que Florence saiba que nós estamos vendo o que ela está fazendo.

– Mais tarde eu vou falar com o George sobre isso. – Cedrico falou.

Aurora assentiu com a cabeça, e os dois foram para a sala de estar. Catherine estava sentada em um dos sofás, como se estivesse numa especie de devaneio.

Os dois sentaram-se no sofá, cada um de um lado, e abraçaram.

– Sabe que aquele não é o Fred que conhecemos, não é? – Aurora disse baixinho.

– Eu sei…, mas machuca do mesmo jeito porque é verdade o que ele disse… O que a Florence disse...– Catherine falou com a voz monótona. – Antes de vir para cá eu matei um comensal da morte, o que tinha matado a minha mãe… Lucius Malfoy quem ordenou que ele fizesse aquilo, – Aurora ficou surpresa ao ouvir aquilo, ela jamais havia imaginado que o pai de Draco poderia fazer algo tão horrendo, agora ela compreendia o motivo de tanta raiva que Catherine tem do próprio pai, e de Lucius Malfoy .–mas apesar de ter tido a chance de dar o mesmo destino a ele no Departamento de Mistérios… eu não consegui, não quis que Draco tivesse um motivo para me odiar, e muito menos quero causar dor a ele... E tem a questão da Lauren, eu realmente bati nela duas vezes…

– Merecidamente...– Aurora acrescentou. – Aquela garota é um pentelho encravado…

– Mas eu poderia ter perdido o controle, e quantos poderiam ter se machucado com isso? – Catherine estava com o corpo quente, como se estivesse com febre.

– Mas não perdeu...– Cedrico falou dando um beijo no topo da cabeça da garota, e segurou a mão dela. – Catherine, você é boa… Vejamos, você poderia ter feito muitas mais coisas ruins e ainda assim, escolheu não fazer, mesmo com todas as cartas na manga, você escolheu lutar contra isso…

– Não gosto de concordar com o vampirão com cabelo de laquê…– Aurora começou a dizer, fazendo Catherine rir. Cedrico resmungou alguma coisa parecido com “não sei da onde vocês tiraram isso…” – mas ele está certo... Existem pessoas no mundo que não teriam a mesma força de vontade que você possui para mudar o mundo…. Agora vamos tirar essa sua cara de defunto, e vamos comer um MacDonald.

– Não podemos sair…– Catherine falou.

Vocês dois estão de guarda, não eu. – A garota disse levantando-se. – Eu compro os lanches e vou trazer a vocês.

– O que é esse lugar? – Cedrico perguntou.

– Ah, meu pequeno gafanhoto… Você vai saber logo...– Aurora falou antes de sair da sala.

Aurora sabia que o bem-estar seria temporário para eles, mas faria qualquer coisa que pudesse amenizar aquela tensão, ela sentia raiva de Fred por ele ter sido tão hostil com as pessoas que gostam dele, principalmente com a Catherine, que por mais que a amiga não dissesse uma palavra sequer sobre ele, Aurora sabia que Fred ao dizer aquelas palavras cheias de ódio, ele partiu mais uma vez o coração dela.

A bruxa sentiu-se extremamente tentada a ir atrás de Fred e dar uma lição nele, mas algo em seu coração dizia que o correto a ser feito, era esperar e conseguir o máximo de provas que pudesse para fazer Florence pagar por suas maldades.

(…)
Draco estava na comunal da Sonserina lendo um livro de feitiços do sexto ano, mas seus pensamentos não estavam focados no que ele estava lendo, e sim em sua missão ordenada por Lord Voldemort. Ele estremeceu ao pensar naquele nome.

O Armário sumidouro estava quebrado, e estava na sala precisa, ele tinha ido checar no dia anterior se tudo estava correto, mas ao mesmo passo em que ele estava se dedicando, ele temia o que estava por vir. Draco não queria fazer aquilo, ele queria gritar em plenos pulmões que não queria ser a pessoa a matar Dumbledore. O pânico tomou conta dele, ele não queria matar ninguém, e não queria que as pessoas morressem numa guerra, sem motivo algum ele pensou em Catherine, e no poder que ela possuía, ela poderia ser a salvação e a ruína de todos em um estalar de dedos, e pensou em como ela tinha agido de forma misericordiosa quando não matou seu pai, sendo que ela possuía todos os motivos para isso.

Draco não suportava olhar para o rosto dele, agora completamente marcado com grandes cicatrizes de queimaduras devido ao choque que fora desferido contra ele. O garoto não sentiu pena do próprio pai, não depois que descobrira que ele havia mandado matar a mãe de Catherine. Ele se imaginou num mundo sem a sua mãe, e sentiu um desconforto no fundo do estômago.

 

Ele já estava entediado, e não havia achado nenhum feitiço que o ajudasse a consertar o armário, o bruxo tentou usar o “reparo”, mas não houve efeito algum, agora ele precisava achar algo que funcionasse.

Draco fechou o livro e respirou fundo, e notou a presença de uma garota que ele nunca tinha visto, ou pelo menos não havia percebido que ela estava por lá. Ela era bonita, possuía longos cabelos castanhos presos num rabo de cavalo, seu rosto não era anguloso, e os lábios eram avermelhados. O rapaz percebeu que estava encarando-a demais, e logo abriu novamente o livro, mesmo que não fosse ler novamente, apenas para fingir que não estava observando-a. Ele se perguntou qual seria o nome dela...

– Astoria Greengrass... – Blaise falou sentando-se ao lado dele com um sorriso grande no rosto. – ela não é muito de falar, mas sei que anda com a Lovegood às vezes, e com a Weasley…

– Não perguntei quem era ela...– Draco respondeu com indiferença.

– Mas não parava de olhar para ela com essa cara de boboca...– Zabini debochou. – Vai dizer que não a achou interessante?

– Não é da sua conta. – Draco falou nervoso, ele tinha coisas mais importantes para se preocupar.

– Você está muito na defensiva, Draco…– O rapaz falou espreguiçando-se. – Até a Parkinson está saindo com aquela garota da Corvinal…

– O que a Pansy faz ou deixa de fazer não é da minha conta, Blaise. – Ele disse seco. – E não estou pedindo que você seja meu cupido, caso não tenha percebido eu tenho coisas mais importantes para resolver. – ele mostrou o livro.

– Sei...– O garoto disse dando uma risadinha. – Se você diz…– Ele então se levantou e começou a andar na direção da garota e sentou-se ao lado dela.

Draco ficou irritado e tentado a ir até Zabini e arrastá-lo para longe, ele sabia que o garoto iria fazer alguma idiotice, ela foi educada com o rapaz que puxava assunto com ela, Draco tentava disfarçar fingindo que lia o livro, mas quando olhou novamente para o local onde eles conversavam, a jovem olhou para o Draco e sorriu desajeitada e foi como se o sol tivesse aparecido em meio as nuvens, e ele retribuiu o sorriso, sentindo uma sensação estranha em seu estômago, como se estivesse quente e borbulhando. Ele nunca havia sentido tal sensação, e aquilo o deixou apavorado não que ele fosse dizer isso em voz alta.

(…)

Já estava perto do horário do jantar, quando Draco resolveu passar na biblioteca, ele tinha a esperança de que encontraria algum livro no mínimo descente que lhe desse um feitiço que funcionasse no armário sumidouro.

Ele estava andando no corredor que aquela hora poucos alunos circulavam, Draco estava distraído em suas lembranças péssimas de quando ele se tornou um comensal da morte, a marca ainda o incomodava..., Mas naquele momento ele esbarrou em alguém, sem querer derrubando a pessoa no chão.

– Você não olha por onde…– Ele começou a dizer, mas ao ver em quem havia esbarrado, o garoto apenas se calou por um instante e estendeu a mão para ajudar Astoria se levantar.

– Desculpe, eu não o vi…– Ela disse envergonhada. Draco ao ouvir a voz dela, sentiu uma arrepio em sua espinha.

– Sem problemas… Acho que todos estamos um pouco distraídos...– Draco falou embolado. “Que droga, o que está acontecendo comigo?”, ele se perguntou.

– É, tem sido tempos difíceis para todos…– Astoria respondeu.

– É…– Draco olhou para ela, e os dois ficaram em um silêncio constrangedor por alguns minutos. – Bom, eu vou indo… tenha uma ótima noite.

– Voc...

Antes de ouvir o resto da frase, o garoto andou rapidamente a fim de sair do campo de visão de Astoria. Ele não entendia o porquê de estar tão nervoso, ao menos ele não deveria sentir-se assim, apenas havia encontrado ela uma única vez, nada fazia sentido para ele.

 Ele continuou andando pelos corredores extensos da escola ouvindo seus passos ecoarem, enquanto tentava entender o que estava acontecendo em sua mente.

O jovem entrou na biblioteca e foi direto para a sessão dos livros de feitiços. A maioria ele já tinha lido e já estava começando a ficar entediado e irritado, ele pegou um livro de aspecto envelhecido a capa de couro vermelha estava gasta e o nome era impossível de se ler.

– Está procurando algo, Malfoy? – A voz doce e suave de Luna o tirou de sua concentração.

– Porque se importa, Lovegood? – Ele perguntou olhando para a garota. Luna era um pouco mais baixa que ele, era bonita, mas Draco a achava muito avoada e não tinha muita paciência para os delírios da garota. Uma vez ela quis dar um amuleto para ele dizendo que afastava as energias ruins, ele aceitou por pura educação, mas nada daquilo funcionou como ele previra, a energia ruim, agora estava morando na sua casa e tinha o controle de sua vida.

– Não é que eu me importe, mas ajudar alguém nunca é demais. – Luna respondeu balançando os ombros. – Mesmo que a pessoa seja desagradável às vezes…

– Eu não...– O rapaz suspirou e balançou a cabeça em concordância. – Estou procurando um feitiço que conserte uma coisa importante… é bem antiga.

– Bom, feitiço para consertar… já tentou o...

Reparo, sim…– Ele disse com impaciência. – Olha aprecio a sua ajuda, mas pode deixar que daqui eu assumo…

– Então, ok…– ela fez uma pequena pausa, mas não saiu do lugar. –  já procurou na sessão de encantamentos? Talvez ache algo que possa te ajudar…– Ela sugeriu.

Draco sentiu-se burro ao não pensar nisso, o garoto olhou para ela por um segundo, então disse.

– Obrigado, Lovegood.

– Não há de que…– A garota respondeu. – Posso fazer uma pergunta? – ela disse antes de sair.

– Depende da sua pergunta...– Draco disse receoso.

– É verdade que você descolore o cabelo? – Luna perguntou franzindo o cenho. – Sabe, tem alguns boatos que...

Draco revirou os olhos com a pergunta. Aparentemente algum engraçadinho achou que seria legal inventar que o rapaz descoloria os cabelos com água oxigenada, ele tinha certeza de que havia sido um dos gêmeos que começaram aqueles boatos que desde então, Draco era obrigado a ouvir perguntas como aquela.

– Não. – Ele respondeu com rispidez, mas Luna não pareceu ligar, ela apenas olhou para ele por alguns míseros segundos inclinando levemente a cabeça para o lado.

– Então por que suas sobrancelhas são escuras? – Ela questionou mais uma vez.

Ele saiu da sessão de feitiços sem responder à pergunta da garota, não havia tempo para entrar nos devaneios de Luna Lovegood e procurou a sessão de encantamentos que ficava uma fileira antes da que ele estava. O rapaz procurou em pelo menos três livros e quando já estava terminando o terceiro, ele achou algo interessante.

“Harmonia Nectere Passus” – ele sussurrou. – Mas que merda… um ano inteiro? – Draco praguejou ao ler as instruções.

“Vou precisar agir com mais rapidez…, mas o que fazer?” ele se perguntou.

Aos poucos outras possibilidades foram sendo formadas em sua mente, ele só precisava executá-las, havia uma parte dentro dele que não queria fazer aquilo. Draco sabia que tinha escolhido um caminho sem volta e que carregaria para sempre aquela marca.

O rapaz fechou o punho na tentativa de fazer suas mãos pararem de tremer, ele precisava ser forte pela sua família, mesmo que ela não fosse perfeita.

(…)


Notas Finais


Eu já comecei a revisar a história e assim que estiver tudo certinho com todos os capítulos devidamente revisados, eu vou disponibilizar um PDF com o livro para vocês. <3
Eu fiz algumas mudanças somente em relação a idade dos personagens, porque era uma coisa que já me incomodava há algum tempo, mas isso não muda o enredo da história. Eu estou muito ansiosa para terminar esse primeiro livro e entrar de cabeça no segundo!!
Espero que tenham gostado desse capítulo.
Fiquem bem e se cuidem!
Ana XX


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