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História Rewrite the Stars - VII - No one can say what we get to be


Escrita por: AsuaMai

Notas do Autor


hey guys!!!!
e vamos de primeiro dia de han jisung??? haha, confesso que to um pouco nervosa até agora porque escrever em primeira pessoa já é difícil, e fazer isso com personagens /diferentes é de foder lol
espero que tenha dado certo E que vocês gostem <3
beijao galero haha nos vemos segunda! <3333

p.s.: a história do jisung é kinda pesada, então por favor, não se forcem se não se sentirem confortáveis ok? ao contrário do hyunjin, ele realmente dá DETALHES, ainda assim, eu não deixei nada muito explicito porque alguns assuntos que ele passou são gatilhos até pra mim putz'' kkkk no geral não é tipo pra assustar, apenas um aviso carinhoso hihi

agora sim
baiii

Capítulo 7 - VII - No one can say what we get to be


VII

 

 

O dia seguinte ao beijo não foi estranho como Jeongin imaginava – não que ele tivesse pensado muito no caso assim que acordou, com o melhor amigo sentado na mesa do que devia ser a cozinha e ouvindo atentamente as conversas no gravador dele.

Suspirou ao olhar o relógio, vendo que ainda tinha boas duas horas até a entrevista com Han Jisung e, por isso, apenas seguiu em direção ao banheiro e tomou um banho demorado, passando mais tempo encostado na parede fria do mesmo pensando em tudo o que tinha acontecido do que se limpando de fato.

Ele tinha finalmente mandado Seungmin a merda e fingir que ele não existia, e então percebido minutos depois que ainda amava aquele desgraçado e talvez já o tivesse perdoado. O que era estranho porque Seungmin não tinha pedido perdão por nada e muito menos esclarecido a briga dos dois. Porque Seungmin tinha sido grosseiro e entendido tudo errado.

E, ainda assim, ali estava ele, completamente apaixonado por aquele idiota.

Jeongin só foi pensar na situação com Soobin quando saiu do chuveiro com a toalha molhada nos ombros e o amigo lhe encarou da mesa, estendendo uma caneca de café na direção dele em um pedido silencioso para que ele se sentasse na cadeira a sua frente.

- Então... – Jeongin começou dando um gole na bebida, Soobin pausou o gravador.

- Então... – falou quase ao mesmo tempo.

Os dois se olharam em um suspiro quase engraçado. E o que disseram ao mesmo tempo em seguida não surpreendeu realmente nenhum dos dois.

- Eu ainda amo o Seungmin. – Jeongin disse sem tirar os olhos dos de Soobin.

- Eu sou assexual mas provavelmente quero namorar o Hyuka. – O Choi falou ao mesmo tempo.

Os dois se encararam por mais um tempo.

E então caíram na gargalhada.

- Mas que merda a gente fez ontem, cara?! – Jeongin falou rindo. – Te beijar! Puta que pariu, só o Seungmin pra achar que eu ia gostar disso!

Soobin revirou os olhos: - Que merda digo eu! Tu foi o meu primeiro beijo e eu odiei.

- Nossa, Soobs. Eu beijo tão mal assim? – Jeongin provocou com um falso biquinho triste, o mais velho deu um soquinho no ombro dele.

- Claro que não, paspalho. É só que eu acho que não gosto mesmo dessa merda aí, e outra que é você. Tipo, não me leve a mal, eu te amo, mas você... hm... Não parece que foi feito pra ser meu desse jeito? Isso faz sentido?

Jeongin sorriu.

- Faz sim. Eu também te amo, e você é literalmente a pessoa que eu mais confio no mundo no momento, tipo, você tá ouvindo agora um arquivo confidencial que pode custar a merda do meu emprego. Mas o meu coração não quis bater por você, Soobs, e eu fico feliz de verdade que o seu também não tenha batido por mim.

Soobin piscou.

- Óbvio, né? Tu não é nem veia ou algo do tipo, cabeção. – Provocou mostrando a língua para o outro, Jeongin revirou os olhos. – Mas eu fico feliz que não seja estranho agora, só tô meio puto e triste porque o Seungmin é um babaca e agora eu vou ser obrigado a te ajudar a voltar com ele.

O Yang engasgou com o café.

- Oi?

- É óbvio que vocês precisam voltar, idiota. Ele tá se mordendo de ciúme de mim. E você tá chorando todo dia com saudade dele, você fala enquanto dorme, sabia? E é sempre sobre ele. – o Choi suspirou. – Você pode esconder essa sua tristeza de quem quiser, Innie, mas não tenta camuflar isso com raiva perto de mim, ok? O seu melhor só vai ser melhor com ele. E eu não te incentivaria a isso se eu não achasse que tudo não passou de um mal entendido.

Jeongin suspirou.

Ele estava certo.

A saudade de Seungmin, ela... Machucava.

- Não sei o que fazer, então. – disse simplesmente, encarando a toalha de mesa cheia de bichinhos. – Porque não sei se você lembra, mas eu meio que mandei ele ir tomar no cu e fingir que eu não existo ontem.

Soobin riu debochado.

- Como se ele já tivesse te ouvido antes! E ele? Fingir que você não existe?! Pff... nem se ele quisesse.

- O que você quer dizer com isso?

- Quero dizer que qualquer um sabe que ele ama você e ainda lambe o chão pra você passar, Jeongin. – Soobin falou sério. – É isso o que eu quero dizer.

Jeongin não falou nada depois disso, se sentindo mais confuso do que nunca. Sabia que aquele era o pior momento possível para tudo ter acontecido: beijar Soobin, brigar com Seungmin e aquela entrevista. Sentia que, no fundo, talvez perder o emprego não fosse lá tão ruim assim.

Mas as palavras de Seungmin sempre voltavam em sua mente.

“Eu nunca te pedi nada, Jeongin.”

Será que ele estava dizendo isso porque, se Jeongin pedisse para ficar, ele não ficaria?

Se isso fosse verdade, então Jeongin não tinha mais tanta certeza assim se queria aquele tipo de amor, ainda que doesse a possibilidade de nunca mais ter o Kim como queria em sua vida. Jeongin o amava e sempre o amaria, era verdade, mas fosse para doer ainda mais estando com ele, preferia ficar sozinho.

- Você vai contar para o Hyuka? – perguntou baixinho para o amigo. – Sobre o que aconteceu?

Soobin sorriu.

- Já contei. No instante em que você pegou no sono, peguei meu celular e liguei pra rádio e admiti que descobri que amava ele depois de beijar meu melhor amigo. – falou rindo. – Acho que tenho um encontro hoje a tarde, não sei.

- Você gosta dele de verdade, não é?

O amigo deu de ombros.

- Não sei. Acho que sim. Eu confio nele e quero ele por perto, mas não sei se consigo me forçar a beijar ou ser um cara carinhoso o tempo inteiro. Eu te abraço porque sei que você não quer mais do que isso de mim, mas se o Hyuka tiver um problema com isso... Então não sei. Realmente não sei.

- Eu acho que ele só quer que você goste dele também, Soobs. – Jeongin respondeu com um sorriso mínimo. – Não precisa se forçar, vocês moram juntos e agem como um casal de casados por 47 anos. Só... seja você mesmo. Sei lá? – ele bateu a mão na testa. – Ai, esse conselho é horrível, desculpa.

O Choi deu mais um gole no café quente: - Relaxa, nunca ouvi nenhum conselho seu. Olha a merda que a tua vida, tá. – o Yang revirou os olhos para ele e Soobin riu. – Mas, sim... Eu entendo. Eu acho que não queria assumir nada porque achava que a gente já tinha, mas... Beijar você mudou alguma coisa. Eu meio que quero chamar ele de namorado, seja lá o que isso signifique.

- Significa que você tá boiola. – Jeongin simplificou sem dar muita atenção para o assunto e o outro bufou.

- Enfim, a gente precisa sair daqui uns 15 minutos se você não quiser se atrasar pro lance com o Han. Eu posso te dar uma carona de novo, a Ryujin vai tentar uma vaga na área da contabilidade da revista e me pediu pra levar ela, então vou ter que ir lá de qualquer jeito.

Jeongin piscou surpreso. Ele sabia que a Shin vivia no computador com documentos e mais documentos confusos e planilhas que ele nunca entenderia, mas nunca imaginou que ela era contadora, e Soobin pareceu notar aquilo no rosto dele, porque só deu uma risadinha.

- Pois é, quem diria que a garota que roubou o coração de Hwang Yeji é uma nerd, não é? – comentou. – Mas isso também é só porque ela é emocionada, só quer trabalhar na revista porque é o mesmo prédio onde o agente da Yeji fica. Sem condições. Dou três meses e aquelas duas tão morando juntas.

O Yang riu.

- Sinceramente, não duvido nada.

- Você tá nervoso pra hoje?

- Por causa do Seungmin?

- Não... O lance do Jisung, ele é meio reservado, não é? A Ryujin e a Taeyeon me falaram tipo umas 5 coisas dele só e foram todas sobre como ele é um gênio chato pra cacete que só confia em poucas pessoas, bla bla bla. – Soobin falou revirando os olhos, Jeongin riu de nervoso.

- Um pouco... Não sei, meio que me sinto próximo dele depois do que a Hyunjin me falou. Ele parece ter passado por muita coisa, sabe? Não consigo julgar ou algo do tipo. – falou pensativo, colocando a bolsa com o gravador e o notebook nos ombros. – Eu só espero que ele me conte mais coisas que o Hyunjin... O Seungmin foi um babaca, mas ele não errou muito em dizer que ele me falou nada de importante.

Soobin arqueou as sobrancelhas.

- Ele falou o que era importante pra ele, cara. – disse enquanto trancava o apartamento e os dois iam em direção às escadas. – Eu entendo que você estava focado em Rewrite the Stars e a Byulyi, mas tá meio óbvio que ele quer esquecer essas duas coisas. O cara te falou da crush dele num homem mais velho, das punhetas que ele batia, como nunca se encaixou em lugar nenhum e até fez um exposed do pai.

O melhor amigo se virou para ele.

- Eu não acho que ele não te falou nada de importante, ele só não te falou o que você queria ouvir. – Explicou. – É diferente.

Jeongin assoviou.

- Cirúrgico.

Soobin riu.

- Aqui é Tramontina, meu filho, corte rápido. – falou rindo, dando partida no carro.

Jeongin gargalhou junto enquanto o amigo focava na estrada, conectando seu telefone com o rádio do carro e deixando que a trilha sonora de Rewrite the Stars ecoasse por todo o automóvel.

Como era de se esperar, se sentiu animado com Awaken e Tightrope – a música que Tiffany cantava em sua participação especial e os dois personagens principais do filme, Sam e Peter, davam as mãos no teatro onde a cantora se apresentava. Sam sussurrando algo baixinho no ouvido de Peter, que ficava vermelho e ria.

A câmera cortava do rosto de Tiffany para Kim Taeyeon depois disso.

Cantou alto junto com Soobin quando Ex começou e riu da cara do amigo quando o mesmo lembrou que aquela era a música que tocava quando Peter anunciava que ia embora ao mesmo tempo que Sam escondia o diagnostico de sua doença do mais novo. E então foi a vez dele de ficar triste quando Peter descobre do pior jeito possível os resultados e Rewrite the Stars começava – os dois cantando a letra da música de lugares diferentes, com Sam no quarto lendo todas as cartas do amigo e Peter no trem, vendo o rosto do melhor amigo em todos os vagões enquanto procurava um livre.

Jet Pack Blues de Christopher e Changbin começou e o Yang quase se encolheu dentro do banco do carro, pensando em todas as vezes que ele e Seungmin cantaram aquela música e como diabos ela fazia sentido naquele momento. Porque no filme Peter mentia em todas as cartas que enviava para Sam e o outro tinha parado de responde-las, os dois personagens se perguntando se o que viveram tinha sido verdade ou não. Ele só se acalmou quando You de Taeyeon começou e eles voltaram a cantar juntos, Soobin parecendo aliviado ao ver o rosto roxo dele voltar ao normal.

Quando as últimas três músicas do filme chegaram, uma dobradinha safada de TALK e CAN’T YOU SEE ME? Vindas de Tiffany e terminando com Find Me de Taeyeon, que encerrava o filme junto com o suposto beijo dos dois personagens. Aquele final que até hoje deixava Jeongin puto, porque ele vivia esquecendo de perguntar aquilo para a Kim quando eles se encontravam e porque diabos nem Hyunjin conseguia responder se ele estava abraçando o ar ou não.

Inferno.

Soobin riu ao ver a cara desgostosa do amigo.

- Meu Deus, você vai muito encher o saco pra saber o fim desse filme, não vai?

Jeongin bufou.

- Vou mesmo. – falou decidido.

- Então pode ir, guri. – Soobin disse achando graça. – A gente chegou.

 

X

 

Jeongin atravessou o jardim da mansão de Hyunjin lentamente, tendo plena noção de que não estava atrasado e sem se importar com as risadinhas de Soobin ao seu lado, que continuava com aquele sorrisinho sem vergonha de quem sabia algo e não queria contar.

Ele apertou a campainha e os 50 segundos que levou para Ryujin atende-lo pareceu uma eternidade, mal percebeu quando se despediu da menina e se viu parado no salão enorme da casa, ainda podendo ouvir ao longe as risadas animadas da Shin e de Soobin, que pareciam ter se dado bem.

- Você não vai encontrar o Han hoje, Jeongin? – ouviu uma voz de uma das poltronas no salão, dando de cara com uma das filhas adotivas de Taeyeon, Lia.

- Ah... Sim. Ele... ele já está pronto?

Lia sorriu.

- Está sim! Mas ele não quer que seja no lugar de sempre, prefere que seja no estúdio dele, você sabe onde fica, não é? – ela perguntou com um sorriso gentil.

Jeongin negou com a cabeça. Ele nem sabia que tinha um estúdio ali, até então.

A menina sorriu de novo enquanto se levantava da poltrona e fechava o livro que lia, Jeongin nunca tinha trocado mais que três palavras com Lia e Yuna – ao contrário de Ryujin, que sempre o mandava mensagens sobre outras coisas além da entrevista nos últimos dias – mas as duas nunca o trataram mal ou algo do tipo.

Na verdade, quando a garota o pegou pela mão e o guiou por uma direção totalmente oposta da que ele estava acostumado, tagarelando sobre como o vestibular era difícil e ela só queria uma nota boa o suficiente para passar em enfermagem, ele notou como as três garotas eram uma réplica exata de Taeyeon – seja no jeito de falar ou como observavam tudo muito bem.

Lia pôde prever o nervosismo dele no instante em que o pegou pela mão, dando uma risadinha e fazendo com que os dois parassem na cozinha para que Jeongin tomasse um copo de água gelada e se acalmasse.

- O tio Jico não é tão ruim assim, juro. – Lia falou rindo, achando graça da cara preocupada do outro, que não tirava os olhos do relógio. – Todo mundo só fala que ele é grosso assim porque é trouxa, sério. Ele sempre foi o tio que mais brincava com a gente quando éramos crianças.

- Com a Ryujin e a Yuna? – Jeongin perguntou dando mais um longo gole na água, mas a outra negou com a cabeça.

- Ah, não. As duas sempre gostaram mais do tio Hyunjin, ele era próximo de mim e do Minnie. – respondeu com uma piscadela. – Mas aí o Minnie foi embora e só sobrou eu aqui, aí ficou meio chato. Eu fiquei sabendo da briga de vocês, também, ele mereceu o soco! – completou séria e Jeongin riu.

- Quantos anos você tem, hein?

Lia piscou.

- Hm... 17, por que?

Jeongin riu.

- Nada... Só queria saber. Então, você e o Minnie eram próximos?

A menina pareceu pensar por um tempo, colocando um dos dedos no próprio queixo com uma careta, mas logo negou com a cabeça.

- Nah. O Minnie só confiava no tio Jico, por isso nunca entendi porque ele foi embora. Mas eu só tinha 6 anos quando ele foi embora, também, então não lembro.

- Entendi. – ele falou com um sorriso carinhoso na direção da menina, que tinha voltado a reclamar sobre o professor de seu cursinho e só parou quando foi interrompida por Seungmin, que entrou na cozinha parecendo irritado.

Aquela altura, Jeongin achava estranho quando ele não parecia bravo com alguma coisa.

- Você está aqui?! A entrevista já era para ter começado há 5 minutos, Jeongin! – resmungou o puxando pelo braço, olhando furioso para Lia. – Eu te falei para levar ele lá no segundo que chegasse! Por que vocês estão aqui?!

Lia deu de ombros.

- Ele parecia nervoso, Minnie. – explicou sem dar muita bola para o olhar furioso do mais velho. – Eu ia levar ele já já, ok? Deixa de ser chato.

- Deixa de ser chato! – Seungmin falou em uma voz infantil, dando um peteleco na testa da garota antes de voltar a arrastar Jeongin pra fora da cozinha. – Só fala isso porque não é o seu emprego em risco, não é?

Jeongin arqueou uma sobrancelha, então agora ele se importava com o emprego? Ia até comentar sobre isso, mas tinha algo na mão suada de Seungmin e como ele andava rápido demais que o impediu.

Ele estava nervoso.

- Por que você tá assim, Seungmin? – perguntou com a voz baixa enquanto deixava que o Kim o levasse até o estúdio de Jisung, passando por corredores e portas que Jeongin nunca tinha visto na vida.

- Porque você vai finalmente descobrir a verdade então para de perder tempo ouvindo as merdas que a Lia tem pra falar! Que inferno, Jeongin! Não era você que estava levando tudo a sério, hein? Vai cagar logo com o Han?!

- E tá putinho com isso por que? Meu deus, cara, eu só tava tomando água. Não é motivo pra ser babaca com a garota, vestibular já é estressante o suficiente sem você reclamando no ouvido dela.

Seungmin revirou os olhos, mas não falou nada, parando na frente de uma porta de madeira cor azul celeste, totalmente diferente das portas enormes da mansão. Ele deu três batidinhas na mesma, só a abrindo quando ouviu um ‘pode entrar’ baixo do outro lado da porta.

O estúdio de Jisung era exatamente o que Jeongin esperava e, ao mesmo tempo, completamente diferente. Era um quarto metade do tamanho da kitnet de Soobin e Hyuka, com um canto cheio de instrumentos musicais e uma mesa gigante com todas as quinquilharias que Jeongin nem sabia o nome.

Ao lado, um pequeno sofá de couro amarelo com alguns cobertores e um travesseiro dava um pouco de cor no local, que era completamente preto e branco.

Han Jisung estava sentado de pernas cruzadas na cadeira giratória, mordendo o cordão do moletom amarelo largo que vestia e se virou para eles com um sorriso de lado e uma sobrancelha arqueada na direção de Seungmin. O Kim deu de ombros, ficando vermelho.

- Oh. Oi, Seungmin. – Jisung falou na direção do mais velho, que apenas se sentou em outra cadeira giratória de frente para o cantor e ficou quieto. O Han se virou para Jeongin com um sorriso engraçado, como se tivesse acabado de ouvir uma piada. – Você deve ser Yang Jeongin, certo? Sou Han Jisung.

Jeongin tremeu ali mesmo, o olhar duro do cantor o analisando como se pudesse ver sua alma enquanto apontava com os dedos longos para a cadeira ao lado de Seungmin, deixando a bolsa em cima de uma mesinha de centro entre as duas cadeiras que provavelmente só estava ali para a entrevista.

- E-eu sei. – Jeongin falou baixo, se amaldiçoando por ter gaguejado, fazendo o Han rir. – Q-quer dizer, prazer em ter conhecer.

- Está nervoso? – Jisung perguntou achando graça de como o Yang se atrapalhava em abrir a bolsa e tirar de lá o gravador e o caderno, as mãos tremulas enquanto tentava desbloquear o celular para ver o horário. – Quer uma água?

Jeongin negou com a cabeça, preferindo omitir que já tinha tomado uma água por estar nervoso e não tinha adiantado merda nenhuma. Ao seu lado, Seungmin continuava extremamente quieto e sem olhar para ele. Mas era impossível não notar como ele só parecia feliz. A câmera pousada no colo dele como um perfeito bebê, o sorriso animado na direção do Han.

Quando tudo estava pronto, Jisung bateu palmas.

- Bem, vamos começar, então? O que você quer me perguntar? – falou sem tirar os olhos de Jeongin, que suspirou nervoso.

A energia que emanava de Han Jisung era totalmente diferente da de Hyunjin. Hyunjin tinha um sorriso gentil e carinhoso, uma presença que o fazia se sentir acolhido como um sol morno de manhã que o deixava com sono e o embalava em uma canção de ninar. Hyunjin parecia ser mais aberto e propenso a contar tudo, mas Jisung parecia só... um mistério.

O homem mais velho a sua frente estava de braços cruzados com um sorriso de canto, mas sem demonstrar mais nenhuma expressão além daquela. Jeongin não se sentiu com medo ou desconfortável por estar ali, mas Jisung não parecia estar de braços abertos como Hyunjin. Na verdade, ele parecia apenas estar esperando por alguma coisa.

Como se... Como se só fosse contar algo se Jeongin provasse que merecia saber.

- Eu... Meio que não tenho. – respondeu finalmente, Jisung arqueou uma das sobrancelhas. – O que fiz com o senhor Hwang foi ele me contar sua história e eu fizer as perguntas adequadas depois, mas se não se sentir confortável com isso posso apenas seguir a lista que meu chefe me mandou, sem problemas.

Seungmin o olhou de canto e Jeongin não correspondeu o olhar.

Lista o caralho, ele não respondia as mensagens de Felix tinham dois dias.

Jisung estalou a língua, balançando a cabeça.

- Francamente... Só o Hyunjin pra topar essa merda, fala sério. Ele te contou tudo sobre a vida dele, foi? Desde o início? – Jeongin balançou a cabeça cautelosamente e Jisung cruzou os braços novamente, se ajeitando na cadeira de rodinhas. – Tsc, tudo bem então. Eu também posso te contar sobre a minha vida... – ele encarou Jeongin com os olhos penetrantes. – Mas não é uma história bonita, garoto.

- T-tudo bem, estou aqui para te ouvir. E só vou publicar o que vocês dois deixarem.

Jisung acenou com a cabeça.

- Pois muito que bem. – falou batendo palmas uma vez, acenando com a cabeça para o gravador esquecido na mesinha enquanto ajeitava o capuz na cabeça. – Então vamos fazer isso.

 

X

 

HAN JISUNG – DIA 1

 

 Eu sempre me vi como duas pessoas: a que todos conheciam e gostavam, que sorria e sabia exatamente o que dizer e tinha a vida como um suposto livro aberto. E então, também tinha eu – pouca gente gosta dessa versão, alguns tentam gostar dele até hoje, na verdade.

A versão que a maioria das pessoas conhece é a que você pode encontrar em qualquer pesquisa rápida na internet, o garoto que caçava rãs para pagar ingressos de cinema e viajou com a tia para Los Angeles, que passava dias inteiros em lanchonetes e cinemas famosos e, por um acaso do destino, conheceu Tiffany Hwang e ficou famoso da noite pro dia.

Eu gosto mais dessa versão, sendo bem honesto. A vida desse Jisung parece boa, quase que tirada de um filme, sabe?

Tive a sorte de ter uma tia amável que me tirou daquela merda de cidade natal e me abrigou com outras 5 filhos pra um destino sem muita validade. De conhecer uma atriz e cantora super famosa com um marido legal e uma filha fofa, que me acolheu e me ensinou tudo o que eu sei e me ajudou a lançar um CD.

Então eu fiz sucesso e participei de um filme, e então dois e então três. Fiz parcerias com o filho de um diretor famoso que se tornou meu melhor amigo, ganhei um Oscar, um Grammy e um Emmy no mesmo ano e então eu briguei com ele pelo coração de uma garota bonita e sumi depois disso. E aí eu fiquei lançando música na surdina e vivendo uma vida boa, sendo visto em bares com modelos três vezes mais novas que eu ocasionalmente até decidir criar a minha própria companhia. E agora todos querem ser como eu.

Aparentemente, eu não me aposentei ainda e não consegui encontrar a mulher perfeita, sabe como é. Ainda preciso explorar o território antes de me decidir, hahaha. Uma vida boa, não acha? Te juro que eu mataria pra ter a vida desse cara, onde tudo aconteceu tão fácil e conseguiu paz quando queria. Onde o maior desastre foi perder o amor de sua vida em um acidente de carro e depois sumiu do mundo.

Esse cara... É. Ele não sou eu.

Na verdade, eu não tinha família. Nunca tive, pelo menos não naquela época.

Eu nasci em 14 de setembro de 1960 em um prostibulo no subúrbio de Seattle, minha mãe morreu no parto e, sendo bem sincero, eu não acho que isso ia fazer alguma diferença porque ninguém escondeu que ela nunca me quis. Meu pai era um pé rabado que foi encontrado bêbado quando fiz 6 anos e nunca nem fez questão de me visitar, mas a dona do local se sentiu culpada de deixar um bebê na rua, e então ela me criou.

Eu nunca tive uma tia ou algo assim, cresci cercado de putas e gemidos esquisitos, e eu sei que isso devia causar uma espécie de problema mental ou algo do tipo, mas na verdade todas elas faziam o possível para eu não entender realmente o que acontecia naquele lugar.

Todo mês elas juntavam parte de suas despesas e alugavam um quartinho no canto que poucos clientes iam pois era uma zona mais cara do lugar, e era lá que eu ficava. Eu não tinha documentos para ir para a escola porque nenhuma queria colocar lá que era minha mãe, então aprendi a ler e escrever sozinho. Todas as noites, uma delas ia lá para me fazer companhia e escutar o que eu tinha aprendido – eu não ficaria surpreso se me dissessem agora que eu provavelmente aprendi a ler e escrever com metade das mulheres que viviam lá.

Elas eram pessoas amáveis, sabe? Apesar do local ser um pouco sujo e definitivamente nada adequado para uma criança, elas lavavam minhas roupas e cuidavam de mim quando eu ficava doente, me compravam brinquedos e materiais para a escola. E, quando a dona do puteiro morreu, uma delas finalmente criou coragem para dizer que eu era seu filho e correu atrás dos meus documentos.

Então com 7 anos eu fui para a escola pela primeira vez.

Os garotos lá não gostavam muito de mim, mas não era por eu morar com prostitutas ou algo do tipo, era porque eu sempre fui meio inteligente e calado. Eu não sabia bem como falar com pessoas, quem dirá crianças da minha idade, então sempre me interpretavam como o cara inteligente pra diabo que se achava melhor que todo mundo. Eu tomava surra calado todos os dias, não porque não podia me defender, mas porque achava perca de tempo.

Aqueles garotos eram só crianças, sabe? Eu não conseguia nem ficar com raiva, só aceitava aquilo porque pelo menos estava tendo a oportunidade de aprender alguma coisa, sei lá. E eu dei sorte também, porque não revidar deixaram eles entediados bem rápido, e quando eu cresci mais um pouco e provas escolares valiam mais que cinco estrelas douradas, comecei a vender meus trabalhos para conseguir uma grana extra.

Eu nunca cacei rãs, tudo bem? Eram os trabalhos. Todas as noites que passava acordado com um fone de ouvido gigante nos ouvidos para não ouvir os gemidos ecoando pela casa enquanto focava em geografia, geometria ou química. Era assim que eu fazia o meu dinheiro. Fazendo riquinhos pagarem por suas boas notas.

Acho que foi por isso que eu gostei tanto de música, a música me ajudava a fugir para um mundo onde eu não precisava trabalhar tanto. Eu tinha essa mania de comprar discos para tocar na vitrola empoeirada no meio do salão do prostíbulo, e então selecionava as músicas adequadas para as matérias que eu fazia. Eu percebi que, com a música certa, meu desempenho seria melhor.

Comecei a estudar essa teoria com o tempo, colocava músicas felizes e as garotas ao meu redor ficavam felizes também, quando eu colocava algo triste elas ficavam chateadas, quando era algo barulhento elas ficavam irritadas e só uma música calma as deixavam com vontade de conversar.

Eu percebi que gostava daquilo, de controlar o humor das pessoas ou melhorar um momento com a música perfeita. Então comecei a correr atrás em como criar essas músicas eu mesmo ao invés de depender de discos caros e vitrolas empoeiradas.

Aos 14 anos eu comprei meu primeiro violão e chorei até que pagassem aulas particulares, com 15 eu consegui que me contratassem para dar aulas a outros alunos e aos 16 eu conheci a pessoa que me fez meu coração disparar.

Era um dos clientes da minha mãe.

A minha mãe era uma pessoa bonita, sabe? Não só pelo corpo ou o sorriso gentil, mas porque ela era gentil. Ela cuidava de todos e se preocupava com tudo. Diabos, foi a mulher que me registrou! O nome dela era Solar, como o sol, e ela foi muito provavelmente a única mulher que eu amei sem questionar o porquê.

Solar foi a mulher que me incentivou a correr atrás das coisas, que sempre me pedia para tocar o que aprendia nas aulas de violão e ficou surpresa quando revelei que estava estudando piano por contra própria. Ela foi a primeira pessoa que eu contei que queria ir para Los Angeles estudar cinema e ser produtor, e foi a única que não riu da minha cara quando entendeu o que eu queria dizer.

- Isso é incrível, Hannie! – ela disse batendo palminhas, se curvando para me abraçar bem forte no instante que a porta do quarto se abriu. – Oh, Byungho, você chegou mais cedo.

Byungho era seu cliente mais popular, sabe? O cara que basicamente bancou minhas aulas de violão porque a gorjeta para ela sempre foi a mais alta, ele sempre sorria para mim quando saía, mas eu nunca conseguia ver seu rosto por causa da máscara e do chapéu de coco que ele vivia usando.

Mas, naquele dia, eu vi seu rosto claramente.

E então alguma coisa mudou.

Para ser sincero, eu nunca me preocupei muito com namoros ou algo do tipo. Eu tinha um plano, e meu plano era ir para Los Angeles, estudar cinema e ficar famoso. E eu faria o que fosse preciso para conseguir isso. Eu não tinha passado quase 3 anos da minha vida abdicando noites de sono estudando acordes de violão e fazendo trabalhos e mais trabalhos para desistir pelo primeiro cara que meu coração batesse forte.

 

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Heh? Ah, não. Eu vivi numa casa de prostituição, garoto. Não existiam só putAs lá, sabia? Eles não fizeram da homossexualidade um tabu para mim, só me alertaram que o mundo lá fora não era um local tão bom para eles, e por isso eles ficaram ali.

Então, não, eu não dei muita bola que foi um cara que me fez coração bater. A minha reação de ignorar o sentimento seria a mesma se fosse uma garota, francamente. Que pergunta idiota! É só uma pessoa idiota que iria me ferrar, naquele momento.

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Eu engoli aquele sentimento, obviamente. Não estava muito interessado em perder tempo pensando em beijos, por isso foquei ainda mais nas minhas aulas. Pegava turnos longos para ganhar mais dinheiro e me esforçava para manter minhas notas, eu queria um histórico perfeito para conseguir uma bolsa de estudos na universidade de Los Angeles, não podia vacilar.

Claro que a vida é uma vadia, então por isso eu vivia topando com Byungho por aí. Via ele quando saia do colégio, e então nas aulas de violão, via ele quando entrava no meu quarto no puteiro e quando saía de manhã, onde ele estava calmamente sentado com Solar no colo.

Ele sempre sorria para mim. Eu sempre ficava vermelho.

A história continuaria assim se, em um dia qualquer, ele não tivesse me oferecido uma carona.

 Era uma madrugada de 1978, eu tinha ficado até mais tarde na biblioteca da cidade e acabei caindo no sono ali, só acordando porque o guarda me pegou lá dentro e me expulsou. Eram só duas horas da manhã, mas minha cidade era interiorana demais para ter medo de andar por aí e, além do mais, eu morava com prostitutas que sabiam se defender, sempre tinha um canivete no bolso da calça.

Estava cruzando a avenida quando o carro dele me parou, abrindo a janela do motorista e revelando aquele sorriso que me deixava um pouco zonzo.

- Oi, Jisung, está indo para casa? – ele perguntou sem tirar o sorriso do rosto. – Quer uma carona? Estou indo para lá, também.

- Não precisa. – Falei com a voz firme, já que não tinha o menor interesse em me meter naquilo. – Posso ir andando, você não deveria se atrasar para o encontro.

Ele estalou a língua: - Ora, garoto, sou eu quem estou pagando! Vamos, é perigoso andar por aqui sozinho, e estou de carro, chegamos lá em quinze minutos!

Eu percebi que ele não ia desistir. Já conhecia as pessoas o suficiente naquela altura, percebi que, se eu dissesse não, ele ia insistir e insistir até que aquilo se transformasse em uma ameaça. E, além do mais, estava frio naquela época do ano e eu não tinha dinheiro para comprar um casaco que me servisse ainda. Por isso, apenas suspirei baixo e contornei o carro, abrindo a porta do passageiro.

Ele sorriu para mim enquanto eu colocava o cinto de segurança.

- Como está a escola? – perguntou sem tirar os olhos da estrada.

- Está bem. – Respondi educado, porque parte de mim sabia que quem bancava todos os meus livros e materiais eram ele. – Vou me formar daqui há dois meses.

- Isso é ótimo, Jisung! Fico feliz de verdade. E você já sabe o que vai fazer quando se formar?

Eu sabia que ele sabia a resposta daquilo, Solar sempre contava para todos com orgulho do meu sonho.

- Vou para Los Angeles. – Falei com a voz baixa, sem olhar para ele ou comentar que ele estava pegando o caminho mais longo para o puteiro. – Estou pesquisando alguns apartamentos ou pensões com preços justos nos jornais, e então quero entrar para a faculdade.

- Faculdade... Uau, isso é... Realmente algo, Sung. – ele falou com um sorriso, parando o carro em uma rua sem saída e depositando a mão cuidadosamente na minha coxa. – Eu estou muito orgulhoso de você. Quando nasceu, eu jurava que você não ia aguentar, fico feliz que se tornou esse homem de hoje em dia.

Quero deixar claro uma coisa, eu sabia que ele não estava me elogiando por não ter desistido. E ele sabia que eu já tinha entendido o que ele queria no segundo em que sua mão apertou minha coxa direita. Mas, aparentemente, ele estava esperando para que eu dissesse aquilo em voz alta.

- Que bom que você acha isso, Byungho. – continuei com a voz cansada. Honestamente, eu estaria mentindo se dissesse que já não estava duro, aquele cara podia estar me provocando, ter o dobro da minha idade e ser um maníaco, mas era o cara que fazia meu coração disparar e eu estava ignorando por quase um ano e meio.

Eu pensei que me formaria em dois meses. Que já tinha gasto noites em claro demais estudando e evitando essa porcaria.

Eu pensei que eu merecia um pouquinho dessa diversão. De saber como é.

- Eu quero que você me chupe e não é de hoje, Sungie. – ele falou com a voz rouca, uma das mãos apertando minha coxa e a outra deixando os dedos passear pela minha boca. Ele sorriu baixinho enquanto se aproximava de mim. – E algo me diz que você ia gostar disso.

- O-o que te faz pensar isso? – falei com a voz baixa, gaguejando, o rosto vermelho, suando. Ele sorriu de novo e me beijou. Um beijo delicado, que me deixou confuso porque eu nunca tinha feito aquilo antes mas me deixou ainda mais zonzo.

Eu me derreti ali, na boca dele. A língua dele explorando a minha e a mão dele apertando de leve a minha coxa, subindo devagarinho até alcançar o meu pau duro, passeando os dedos pela minha ereção e rindo quando gemi de leve.

- Isso. – ele respondeu se separando de mim, a mão ainda no meu pau. – É isso que me faz pensar isso.

Eu não respondi nada, ainda tentando processar tudo o que tinha acontecido.

Eu... gostava dele, sim. Foi um cara importante porque me fez perceber que eu provavelmente era viado, mas também foi o cara que me fez entender que um beijo calmo não significa amor. Porque eu não senti nada com o beijo dele além de tesão.

Ele... Ele não foi o cara que fez meu coração disparar.

- Se você me chupar, Sungie, eu te dou dinheiro o suficiente para conseguir uma passagem só de ida para Los Angeles. – ele disse desenhando pequenos círculos no jeans cobrindo minha ereção, eu suspirei. – E se você deixar eu te comer, eu te levo comigo quando me mudar pra lá no fim do ano.

E sabe de uma coisa, Yang Jeongin?

Eu sabia que gostava de caras, mas não gostava daquele cara. Eu sabia que queria ser famoso, mas aquele cara tinha o que eu precisava. Ele ia me levar com ele se eu desse o que não queria dar, mas que ele ia gostar.

Eu pensei que talvez aquele fosse um dos testes que os religiosos dizem, se Deus quer saber se vamos nos entregar a tentação do diabo ou não. Pensei que eu poderia muito bem negar tudo aquilo e ralar ainda mais para chegar em Los Angeles, bancar um apartamento de bosta e entrar na universidade. Pensei que, se eu continuasse trabalhando e focado no que queria, eu conseguiria do mesmo jeito.

Mas Park Byungho tinha o dinheiro que eu precisava, e aquele era um caminho tão mais fácil que eu não pude recusar.

Então eu fiz o que eu soube que devia fazer, eu chupei ele, então eu dei pra ele e, depois de meses chupando e deixando que ele me comesse e me batesse e me chamasse de puta, eu entrei em um avião para Los Angeles com ele.

Eu nunca tive uma tia generosa com seus cinco filhos, eu tive uma puta que chorou quando eu fui embora e um cara de 42 anos que me bancou no começo para que eu chegasse onde estou agora. O cara que me deu o mundo por 1 um ano inteiro e bebia demais e batia forte demais. Que perdeu o dinheiro em um jogo ruim e me obrigou a me prostituir.

Foi o cara que morreu em uma vala em 1987 e eu nunca mais vi na vida desde que tentou me estuprar na saída de uma boate gay, mas foi impedido por um soco certeiro de Christopher Bang enquanto eu caia sangrando e desacordado porque até para quem sempre lidou com a violência, tinha um limite.

Park Byungho foi um bosta comigo, tudo bem? Ele me tratou como rei até que eu não fosse mais bonito o suficiente para ele, me usou e me espancou e me impediu de fazer quase todas as coisas que eu gostava. Mas, ainda assim, até hoje eu sou grato por aquele filho da puta, porque foi ele quem me apresentou Tiffany Hwang.

E foi Tiffany Hwang quem me apresentou Hwang Hyunjin.

 

.

 

Jeongin pausou o gravador sem saber o que dizer depois que Jisung terminou sua história, ao seu lado, Seungmin estava com o rosto indecifrável. Jisung seguia com o olhar misterioso, parecendo não se importar muito com o peso que aquelas palavras tinham.

- O que foi? – o Han perguntou achando graça do rosto pálido do Yang. – Quer uma água ou algo assim?

- Você... Você foi estuprado? – perguntou com a voz baixa, sentindo um embrulho no estômago. Ao seu lado, Seungmin parecia tremer.

Jisung deu de ombros.

- Bem... Sim. Mas não por ele, quando ele tentou tomou uma surra e, depois disso, nunca mais o vi. – explicou analisando as próprias unhas. – Mas fui violado pelos caras com quem ele me obrigou a deitar.

- E por que você não fugiu? – Jeongin continuou apreensivo. – Por que você não fugiu quando as coisas começaram a dar errado?

Jisung deu de ombros de novo.

- As coisas sempre deram errado para mim. E eu não fugi porque não tinha para onde ir. Veja, não foi tão ruim assim como parece. Ele realmente me tratou bem nos primeiros meses, íamos em teatros e cinemas e ele me ajudou a estudar para a faculdade. E tudo bem que ele bebia, mas eu enchia a cara com ele e não sei se os roxos que ganhava era por violência ou pelo sexo que ele gostava. – Jisung explicou com a voz baixa. – Tudo deu errado quando ele perdeu tudo. Quando o dinheiro apertou e eu precisei trabalhar de verdade. Quando perdi a prova para a faculdade e tudo deu merda porque ele estava botando fé que a bolsa que a faculdade dava ia nos ajudar.

Jisung suspirou.

- Então ele passou a me levar em casas de prostituição e arrumar clientes para mim. Homens, mulheres, idosos ou adultos ou adolescentes. Me deitava com qualquer um que pagasse bem e não me deixasse dormir com fome. Algumas vezes eu recusava, mas ele apertava meu braço mais firme até que ficasse roxo, então eu continuava e ele ficava puto que eu ficava mancando no dia seguinte. – o Han não olhou para os dois. – Foi só naquela boate que ele tentou, quando eu falei não pela primeira vez porque estava cansado e zonzo de bebida. Ele me deu uma surra e então tentou me comer ali naquela vala, e então Christopher Bang apareceu e o apagou.

- E o que aconteceu depois disso?

Quem perguntou aquilo foi Seungmin, e ele parecia querer chorar.

Jisung não disse nada.

Seungmin mordeu os lábios.

- Tio...

- Aconteceu que eu acordei com um braço quebrado no quarto de hospedes da casa de Kim Taeyeon. Um médico de confiança tomando conta de mim porque Byungho me fez ter uma concussão e eu quase morri de perda de sangue e as drogas que ele injetou no meu estômago. – Jisung disse com a voz dura, não parecendo gostar nem um pouco de dar aquela informação para o Kim. – Fiquei lá por cerca de três meses, o que foi o suficiente para Byulyi se apegar a mim e entender tudo o que acontecia ali.

- O quê? – Jeongin perguntou apreensivo, pouco se importando que o carregador continuava desligado e se Seungmin não anotasse aquilo e ele esquecesse, estava fodido.

- Que o casamento era uma farsa, óbvio. Que o apartamento deles tinha um quarto secreto que ligava as duas casas. Que Kim Taeyeon se deitava com Tiffany Hwang e Christopher Bang era casado com Seo Changbin. Que a filha de Tiffany e Christopher tinha vindo de uma noite de bebedeira e que ela ficou sem falar com Taeyeon por meses quando a Taeyeon descobriu da gravidez. – Jisung suspirou, ajeitando novamente o capuz amarelo. – Sei lá, eles não ficaram tão putos comigo quando eu saquei. Changbin fez sua pesquisa, quando acordei no dia seguinte eles já sabia que eu vim de um puteiro e era um prostituto também.

Ele deu um sorriso pequeno antes de continuar.

- Mas focaram nas minhas boas notas e nas anotações dos meus professores de música. E quando fiquei melhor, Christopher me chamou em um canto e me estendeu seu violão, me pediu para tocar algo. – ele olhou para Jeongin. – Foi a primeira vez que eu toquei Changed My Mind para alguém.

- Eu... não conheço essa música. – Jeongin falou se sentindo culpado, Jisung percebeu e riu de novo.

- Claro que não, nunca lancei. – e então suspirou. – Enfim, ele ficou surpreso que eu também compunha e chamou o Changbin e a Tiffany, os três concluíram que eu era um gênio ou algo do tipo e queriam me dar uma chance. Mas com uma condição.

- E qual era?

- Eu teria que mentir. – Jisung falou rindo. – O que não condiz com a música, e é por isso que eu nunca lancei. Seria meio hipócrita, sei lá. Talvez eu lance quando você publicar essa entrevista aí. – ele deu de ombros. – De qualquer forma, nós passamos os próximos meses bolando a história da minha vida. Eu nunca faria sucesso se soubessem que eu era gay e um ex-puto. A Tiffany era um gênio maligno, cara. Ela bolou tudo. Criou uma tia fictícia, a história das rãs para que vissem como eu me esforçava, fez com que eu perambulasse por cafés e nos pegassem juntos para que a história vazasse. Changbin e Chan pagaram um apartamento para mim não muito longe dali. Meses depois, eu debutei.

Jeongin não falou nada e Jisung continuou.

- Não me arrependo de nada, sabe? Já fico agradecido o suficiente que não peguei uma DST ou algo do tipo, e fico muito grato que eles tenham confiado em mim a ponto de me levar para a casa deles e cuidarem de mim. Mas isso não quer dizer que eu seja, ahn, fácil de lidar. Eu sempre fui um pouco merda como pessoa. Especialmente com a Byulyi.

- Por que?

- Ah, ela só falava do Hyunjin. Me enchia o saco isso. – Jisung revirou os olhos. – E eu tenho zero senso, eu jurava que aquele bostinha aparecia lá depois que me conheceu pra ficar tarando a Tiffany ou algo assim. E a Byulyi e a Taeyeon pareciam nem notar?! Me deixava um pouco puto, sei lá.

Jeongin sorriu.

- Mas ele gostava de você.

Jisung sorriu também.

- É, gostava mesmo. – e então voltou a ficar carrancudo. – Fico puto que pra descobrir isso tive que dar um soco em um homofóbico cuzão.

Jeongin ia falar algo, mas foi impedido por Seungmin, que segurou sem braço enquanto falava.

- Ei, tio, já está um pouco tarde, não acha? Você falou demais por hoje... Talvez você continue amanhã, sim?

Jisung deu de ombros.

- Tanto faz, não ligo. – e então se virou para Jeongin. – Pode escrever aí que eu era sonso, mas o Hyunjin era bem mais. Ele nem notava o quanto a Byulyi admirava ele, só sabia achar ela irritante. Muito menos como ele sempre olhava todo babão pra Tiffany e rosnava para o Christopher... Francamente, acho que o Changbin morreu sem saber do tesão que ele sentia por ele.

Jeongin engoliu em seco, olhando desesperado para Seungmin, mas o ex-namorado estava ocupado demais empacotando as próprias coisas.

- Quando eu o vi naquela reunião, Yang Jeongin. Alguma coisa mudou dentro de mim, eu fiquei com medo.

- Medo?

Jisung acenou com a cabeça.

- Ele tinha a carinha certa de quem eu sabia que ia me destruir.

 

.

 

Na volta pra casa, com Ryujin um tanto altinha enquanto comemorava o novo emprego e Soobin com glitter por todo o corpo – algo sobre uma comemoração esquisita com a Shin. Jeongin plugou o pendrive que Jisung tinha lhe dado antes de sair, dizendo que podia ser considerado um presente por tê-lo ouvido falar por horas (Como se Jeongin fosse reclamar de algo assim).

 

I’m sick of biting my tongue,
I’m sick of hiding in eggshells hurting like hell underneath my feet
Sometimes I just wanna run,
I’m sick of trying to live life on the edge of a broken scene

 

[Eu estou cansado de morder a minha língua,
de me esconder em cascas de ovo ferindo como o inferno debaixo dos meus pés
As vezes eu só quero correr,
Eu estou cansado de tentar viver na beira de uma cena quebrada]

 

- ... então a Ryu meteu o beijão na frente do Bomin e do Daehwi, né? Inclusive, aquele viadinho acha que você foi demitido, hahaha, mal sabe ele. Esse otário. É, então, aí ela beijou ela e ele ficou todo... Oh. Meu. Deus. Querendo fofocar e tal, mas aí o Minho impediu ele porque esse tipo de fofoca não. Foi isso que ele falou. – Soobin riu, mas logo parou. – Whoa, que música bacana! De quem é?

- Do Jisung. – Jeongin respondeu baixo, ainda focado na música. – Ele me... Deu ela? Algo assim.

 

But it’s time for the glass to crack
‘cause I love imperfection
Even facts should be questioned

 

[Mas está na hora do vidro quebrar
porque eu amo a imperfeição
até mesmo os fatos devem ser questionados]

 

- Eu acho que ele não está sendo tão hipócrita assim. – Jeongin falou para ninguém especial. – Você sabia que ele foi salvo por Christopher Bang em um puteiro?

Soobin engasgou.

- Ahn... Sim? Obviamente esse é o tipo de coisa que alguém me fala no primeiro encontro. – ele olhou para Jeongin sem acreditar. – Que merda esse cara te falou, Innie?!

Jeongin encarou o amigo.

- A verdade.

 

I know I said I’d play by the rules
Do what they want me to do
And I’d color inside the lines
But I lied, I changed my mind

 

[Eu sei que eu disse que ia seguir as regras
Fazer o que eles querem que eu faça
E que eu iria pintar dentro das linhas
Mas eu menti, eu mudei de ideia]

 

Quando os dois chegaram, Soobin já foi se aprontar para o encontro com Huening, que já estava sentado no sofá jogando alguma coisa e pausou tudo no instante que os dois chegaram. O sorriso enorme ao olhar para o Choi, que só acenou com a cabeça para ele enquanto entrava no chuveiro para tirar todo o glitter.

Hyuka se virou para Jeongin.

- Diz aí, meu futuro namorado beija bem?

Jeongin riu.

- Sim, mas ele não gostou muito, você sabe. – Kai acenou com a cabeça, parecendo não ligar muito. – Mas eu acho que ele vai gostar se for com você. Sempre é quando é com quem a gente gosta de verdade.

- Eu também gosto dele de verdade... – o mais novo falou parecendo um tanto tímido, se virando para Jeongin com o rosto vermelho. – Eu nunca pensei que ia dizer, mas... Obrigado por beijar o meu crush. Você... Abriu os olhos dele.

Jeongin acenou com a cabeça.

- É. Ele abriu os meus também.

- Você ama Kim Seungmin. – Kai falou sem tirar os olhos dele e Jeongin sorriu.

- Amo sim.

- Ele está a só uma ligação ou mensagem de distância, você sabe. – o outro continuou.

Jeongin não falou nada.

Ele não estava errado.

 

And I’m all outta fucks, don’t care
Middle fingers up in the air
I know I said I’d rather live a lie than die

 

[E eu estou tacando o foda-se, não ligo mais
O dedo do meio pra cima
Eu sei que eu disse que prefiro viver uma mentira do que morrer]

 

Yang Jeongin [11:45]: Seungmin?

Yang Jeongin [11:45]: Posso ir com você pra entrevista amanhã?

 

Kim Seungmin [11:57]: Pode sim.

Kim Seungmin [11:58]: Passo te buscar às 8 e meia.

Kim Seungmin [11:58]: Não se atrase.

 

Yang Jeongin [11:59]: :o

Yang Jeongin [11:59]: Eu NUNCA faria isso.

 

Kim Seungmin [12:01]: kkkkk’

Kim Seungmin [12:01]: Claro que não ; )

Kim Seungmin [12:01]: Boa noite, Innie.

 

Yang Jeongin [12:25]: Boa noite, Minnie.

 

But I changed my mind.

 

[Mas eu mudei de ideia.]

 

X

 

HAN JISUNG EM PARCERIA COM NOVOS ARTISTAS NO MERCADO

 

A curiosidade? Todos são abertamente LGBTQ+. A decisão do compositor não surpreende fãs, visto que o Han sempre apoiou abertamente a comunidade e participa ativamente de campanhas contra a lgbtfobia.
Han Jisung é famoso pela parceria de sucesso com Hwang Hyunjin e as incríveis conquistas de um Oscar, um Grammy e um Emmy no mesmo ano, em 1985. Atualmente, o compositor tem 52 anos e mais de 500 músicas cadastradas em seu nome.

 

Após mais de 50 anos na indústria musical, Han Jisung finalmente abre sua própria gravadora. O Han, que trabalhou com grandes nomes no passado com Tiffany Hwang, Kim Taeyeon e Christopher Bang, hoje em dia é famoso por trabalhar com os grandes nomes atuais da música, como Ariana Grande, Bae Suzy e Lee Sunmi.

A decisão de abrir a própria companhia não choca os fãs e admiradores do trabalho do cantor, que estão esperando por isso há tempos. O que é curioso é o fato de que a maior parte dos artistas anunciados sejam LGBTQ+, a assessoria do compositor emitiu uma nota alegando que, por enquanto, Jisung quer focar nos artistas talentosos com pouca chance de atingir o sucesso da grande mídia, mas que contratos com outros artistas já famosos no ramo também estão sendo conversados.

O último lançamento oficial de Han Jisung como cantor solo foi com o single Lies em Outubro de 1997.

Esperamos um grande sucesso para Jisung em sua nova fase! Já sabemos que os hits musicais vão continuar vindo por um bom tempo!

 

Acessado por: @YangIn em setembro de 2020
Matéria original de março de 2012 pelo Blog da Música Popular


Notas Finais


novamente, a playlist da fific: https://open.spotify.com/playlist/7aLjQlqliWafLey4X8O4xi?si=CJMZ8QztTtKq7443P7hfXQ

e, caso queiram me gritar no twirte eu to no hyunjinrules haha

espero que tenham gostado desse capítulo!!! até dps <3


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