18 de Janeiro de 2019.
Hawks estava de volta, voando pelos ares de seu país novamente, usava seu uniforme de herói. Não demorou para avistar o prédio grande com uma logo em chamas que era a marca da Agência Endeavor. Ele bateu as asas ansioso, pousando na varanda quando viu Tokoyami parado na porta de vidro que dava acesso ao seu escritório.
Ele era um jovem bonito, seus cabelos negros remetiam a maciez de penas, se espalhavam pelas laterais do rosto delicadamente, seus olhos vermelhos vivo pareciam cintilar, assim como a coloração dourada no seu nariz, ele realmente se assemelhava a um corvo, com toda aquela aura negra da Dark Shadow. Com uma feição de pura desaprovação, o moreno batia o pé no chão, de braços cruzados.
- Bom dia, Fumi! - Keigo achou graça do jeito que Dark Shadow imitava o dono sem que ele visse, fazendo uma interpretação de alguém dramaticamente raivoso para chacotar. - Bom dia, Shadow.
- Bom dia? Você me larga nesse inferno com o próprio satã e vem todo fofo falar comigo? Caramba, Takami-senpai!
Okay, Fumikage estava chateado, mas ele não podia fazer nada a não ser se desculpar, o que já havua feito por mensagem. Entrando de vez no prédio, Hawks jogou a mochila que segurava no sofá de sua sala, retirando também os óculos e jaqueta pelo calor do exercício físico, suas asas se espreguiçaram, e relaxaram, cansadas pela viagem longa e cansativa que ele havia feito entre uma pausa e outra.
- O Enji não é tão ruim assim, aposto que ele só ficou com uma cara azeda, e com isso estamos todos acostumados, hm? - Ele disse procurando por cima de sua mesa os arquivos que tinha pedido ao seu... amigo? Rindo por um segundo, pegou o pacote pardo, vendo os papéis dentro muito bem organizados assim como ele solicitou.
- O policial deixou para você, falou algo sobre o Shouto, e a investigação, não entendi nada. - Pegando o celular, Tokoyami desbloqueou a tela e remexeu no aplicativo de mensagens quando viu a notificação de Shouji brilhar na tela. - E o novo estagiário continua dando em cima de mim...
- Ih, olha só que safado você é! Vai aninhar com ele? - Brincando, ele recebeu um "sim, por favor" rouco de Dark Shadow.
- Não! Shadow, cala a boca.
- Ele tá doido pra ver todos aqueles braços musculosos apertando ele! - A sombra continuou, levando uma laternada na cara, ela se encolheu sumindo nas costas de Tokoyami.
- Vamos, o seu demônio chegou. - Caminhando sem dar tempo do tutor falar nada, eles andaram pelos corredores largos e iluminados da agência.
Hawks estava ansioso para ver Enji, estava morrendo de saudades afinal. Touya havia conseguido um voo para Tóquio, ele tinha contatos com um cara que trabalhava com transportes ilegais, não foi fácil de convencer, e apenas com a conta bancária alimentada ele cedeu o avião de baixo porte para que Todoroki voltasse sem ser percebido. Obviamente Keigo achou arriscado, mas não contestou.
Ele queria tanto poder agarrar Endeavor e o beijar assim que o visse, então, em passos apressados, com as asas farfalhando, ele seguia o caminho para o hall de acesso à gigantesca sala chique do herói número 2.
Lá vinha o ruivo, vestido com suas roupas formais de sempre, o linho azul marinho lhe caía perfeitamente, com o terno ajustado em pontos específicos de seu corpo, propositadamente dando destaque aos ombros largos, o peitoral mostra era praxe, Enji gostava de exibir os atributos físicos de seu tórax. Assim, a calça recaía apertando as panturrilhas fortes, finalizando com um sapato de costura italiana que o próprio Keigo havia lhe presenteado.
Takami adorava ver que Endeavor reclamava ao receber os presentes, mas sempre os usava no final, colocaria na lista um relógio para a coleção de seu amado, todos aqueles que ele tinha eram meio sem graça, e todos escolhidos por Rei, sua ex-mulher internada. Para Hawks era óbvio que Enji devia desapegar de algumas coisas...
Começando por Toshinori, e talvez alguns pertences. Ele repreendia esse pensamento, mas, claro... Era apenas um lapso de imaginação que não faziam mal a ninguém.
- Keigo! - A voz potente chamou sua atenção, as penas arrepiaram sob o olhar analítico do mais velho. - Na minha sala. - Ele andou, fazendo questão de bater os ombros na lateral do loiro, Takami virou para Tokoyami, ele deu curtas batidas com a palma na mão fechada, gesticulando sussurrou "tomei no cu".
O caminho foi feito rápido, abriu a porta grande, dentro do escritório, Enji já abria uma carteira de cigarro, acendendo com uma pequena chama no seu mindinho.
- Classudo até 'pra acender essa porra. - Esgueirou-se para dentro, trancando a porta atrás de si.
Todoroki tragou dando as costas, ele não queria olhar para a cara dissimulada de Keigo, logo soltando a fumaça e procurando algo sobre a mesa.
- Você foi útil para alguma coisa e achou meu filho? - Perguntou baixo, segurando um tablet nas mãos, ele sentou no sofá de couro vermelho, era uma bosta aquele acolchoado chique, super desconfortável, mas ignorou isso, tragando novamente. - Te perguntei algo, além de burro é surdo também?
- Tão cedo para esse seu mal humor. - Hawks quase se arrastou, ficando em frente ao herói, agachou até estar de joelhos entre suas pernas, queria tanto avançar sobre Enji, lhe roubar um beijo daqueles lábios com sabor de nicotina. - Não o achei... Mas queria, talvez ele me desse um pouco de atenção. - Seu tom safado seguiu junto com suas mãos que subiam desde a lateral dos tornozelos de Endeavor até o interior de suas coxas.
- Hm... - Soltou a fumaça, irritado pelos números baixos de batalhas, mas satisfeito pela onda pacífica que se instaurava nas cidades, os vilões estavam sumidos, e a liga nunca mais foi vista em público desde o Natal.
Talvez estivessem armando algo maior.
Quando soltou o aparelho ao seu lado, viu Keigo sorrindo com a cabeça em sua perna, parecia um cachorro ansiando carinho do dono. Suas mãos grandes passraram pelos cabelos lisos e loiros, desarrumando os fios, prendeu os dedos na base da nuca, apertando o suficiente para ter controle sobre a mobilidade de Hawks.
Sabendo o que provavelmente viria, Takami encheu os olhos de expectativa, Enji no entanto pegou o cigarro que estava pela metade, jogando as cinzas no carpete, repuxou o pescoço do amante, beijou a extensão lateral, próximo ao lóbulo da orelha.
- Eu acho que você está exigindo demais... Acha que eu sou o que? O seu namorado? Seu amorzinho? - Numa risada seca, ele segurou com força o loiro, apertando junto suas bochechas com a outra mão, o cigarro pendia entre seus dedos. - Você não passa de uma puta que arreganhou as pernas 'pra mim, eu gosto de te usar por que você é apertadinho e obediente. - Ele mordeu o lábio inferior do outro, sugando o rastro de sangue que se delineou. - Me entendeu, Keigo?
- Sim, senhor. - Recuperou o fôlego que nem sabia ter perdido quando foi solto brutalmente, ele caiu sentado no chão, estando excitado e sem mais toques do outro, suspirou frustrado por não ganhar o que queria.
- Agora sai daqui, some da minha frente que preciso trabalhar, vadia. - Ele chutou o loiro de leve, levantando para sua mesa. - Fica cheiroso 'pra mim hoje a noite, talvez eu esteja inspirado para usar aquelas algemas. - Um sorriso malicioso e tudo foi perdoado, por que Keigo acenou positivamente, erguendo-se e saindo rápido.
Sozinho finalmente, Enji permaneceu remoendo o resultado de seu exame. Aizawa explicou tudo direitinho depois, só não dava para imaginar que aquilo podia acontecer, Shouta também lhe falou algo como "Você não precisa de mais filhos, trate bem os que já tem." De fato.
Seu celular tocou, mostrando o nome de Toshinori, ele estanhou e atendeu como sempre.
- O que é?
- Bom dia, Todoroki-san, gostaria de saber se você pode se dirigir ao nosso antigo ponto de encon-
- Eu tô muito ocupado agora. - Ele mentiu, recostado na cadeira de sua mesa.
- Por favor, tenho certeza que vai querer estar aqui, e saber o que tenho em mãos.
- Para de demagogia e fala logo antes que eu me estresse, Toshi.
- Eu achei arquivos do Radioctive.
Enji ergueu-se num pulo, abrindo o leitor de digital que dava acesso ao seu uniforme.
- Estarei aí num segundo.
-X-
Hospital Central de Hosu.
Que Kirishima praticamente morava dentro da unidade de Bakugou todos tinham noção, mas o que ninguém sabia era das conversas que ele mantinha animadamente com o loiro.
Sobre qualquer coisa, ele falava, falava e falava, sempre fazendo algo, remexendo nos tubos e aplicando a medicação, mas dessa vez ele decidiu cantar meio desentoado uma música nem tão conhecida de Michael Jackson.
Para o divertimento de Bakugou, que ouvindo, sabia que estava achando muito engraçado, mas não sabia se conseguia rir realmente do médico
- You rocked my world, you know you did (Você abalou meu mundo, você sabe disso) - Balançando a cabeça de um lado ao outro, Eijirou sussurrava, tentando achar o melhor acesso venoso periférico para o soro que foi receitado. - And everything I own I give, The rarest love who'd think I'd find (E tudo que tenho eu dou, O mais raro amor quem iria pensar que eu acharia) - Rindo de si mesmo, ele colocou sua máscara e logo as luvas, pegando o braço esquerdo de Katsuki para limpar com o algodão embebido em álcool, colocou um garrote para puncionar, e logo as veias surgiram, ele fez tão rápido a colocação do cateter que surpreendeu até a si mesmo. - Someone like you to call mine (Alguém como você para chamar de meu) - O refrão acabou, e Katsuki sabia que se tivesse o controle de seu corpo estaria se contorcendo de gargalhar agora mesmo.
Puta merda, Kirishima, o que deu em você hoje?
- Eu sei, tô meio patético cantando isso, mas eu vi no Instagram um vídeo com esse refrão, era daquele herói loiro com uns Jeans legais... - Eijirou sentiu a obrigação de explicar, rindo consigo novamente, Bakugou permanecia inexpressivo.
O Best Jeanist? Aquele cara é foda, estagiei com ele no primeiro ano.
- Lembro de ver você com ele um monte de vezes, e depois no Big Three, eu sempre soube que você iria ficar entre os três melhores um dia. - O acesso pegou direitinho, e logo Kirishima estava regulando as gotas. Pegou sua lanterna para analisar outros acessos, levantando a colcha e vendo os pontos na barriga já secos e cicatrizados, podiam ser retirados.
Big Three?
Caralho, é como se uma nuvem de fumaça me impedisse de lembrar algumas coisas, essa porra é normal?
- Eu vou tirar os pontos do seu abdômen, tá bom? - Começou a separar todo o material. - Aliás, suas costas estavam com sinais de inflamação, eu receitei uma pomada para prevenir as assaduras... Sua pele é muito fina, e inacreditavelmente cheirosa.
Ih, você tá enfiando o nariz em mim? Para com isso, ou vou explodir sua cara quando acordar.
- Isso me faz pensar, como esses Vilões conseguiram te sequestrar, ah... Não o fato da sua pele ser cheirosa e macia, mas sim de você ser muito forte e ágil. - Com as pinças corretas, ele começou uma limpeza simples, testando cortar uma linha, vendo que ela soltou sem dificuldade. - Manter um dos heróis mais incríveis em cativeiro por sete dias, devo dizer que esses caras são barra pesada.
Então foi assim que me foderam, do pior jeito possível...
Como isso se liga ao incêndio?
- Um cara que tem coragem de entrar em um prédio pegando fogo e salvar um desconhecido é definitivamente super másculo, fazem quatro meses dessa porra e ainda não consigo me desfazer das memórias... Você lembra do cativeiro, Baku?
Então fazem quatro meses do incêndio. E quantos meses que estou aqui?
Não lembro de nada, Kirishima.
Calma, que sensação é essa na minha boca?
- Se nossa teoria estiver certa, então não. - O ruivo suspirou, estava retirando o quinto ponto quando ouviu a máquina vital apitar, e de repente, Katsuki movia o peitoral e a cabeça.
Oh, Eijirou tem alguma coisa me impedindo de respirar!
Os índices de oxigênio desregularam, e seus músculos do peito contraiam, como se tentasse regurgitar algo.
Eu tô morrendo...
Eu não consigo puxar o ar!
O coração acelerou, a pressão subia rapidamente.
- Puta merda! - Eijirou agiu rápido, pegando uma seringa nova, puxou o ar que prendia o tubo orotraqueal na garganta de Bakugou. Suas narinas expandiram, fazendo o oxigênio adentrar aos pulmões no mesmo momento que o tubo foi vomitado. - Calma, calma, tá tudo bem... - Ele impediu que o rapaz se movimentasse, seu coração quase saía pela boca, aquilo foi um susto e tanto, segurando as laterais do rosto de Katsuki, o viu tossir sem força, ainda Inconsciente, mas agora respirando por si mesmo com muita dificuldade, Eijirou colocou sobre seu rosto uma máscara de venturi para auxiliar na respiração dele.
Como alguém consegue se acalmar quando não consegue respirar, porra? Mas o que cacete tinha enfiado na minha goela?
- Você quase me infartou, Katsuki... - Engolindo seco, Kirishima não soltava do loiro com medo que ele se movesse e se machucasse mais. - Ótimo, agora quem precisa de um respirador sou eu, tô morrendo...
A adrenalina subiu muito rapidamente, e agora ele estava em estado de alerta, sentindo o peito apertado lhe irritar. Uma dor de cabeça irradiava pelas laterais de sua têmpora, quase como um calor por baixo de sua pele.
Eu que entalo, tu que sente a dor?
Eijirou, eu juro por Deus...
- Mas isso é maravilhoso, você tá respondendo ao tratamento. - Sorrindo por conseguir ver o lado bom, não pode negar que quase deu um beijo na testa de seu paciente pelo orgulho que sentia tanto pela sua boa aceitação aos medicamentos, quando pelo acerto de sua equipe ao achar o melhor método de cuidado.
É... Acho que sua voz chata tá me ajudando, Kirishima.
-X-
Na casa dos Togata, Tamaki fazia o almoço com a ajuda de Izuku. O esverdeado na verdade só picava algumas verduras, e entregava os pedacinhos de maçã para Naomi quando ela vinha correndo atrás de um. Vendo Shouto e a menina brincando no quintal, seu marido parecia tão lindo vendando os olhos para procurar a pequena pelo espaço, ela obviamente com suas risadas e gritos sempre que era capturada.
Era algo que Izuku nunca poderia lhe dar, um filho, com 17 anos teve uma hemorragia interna inexplicavelmente após os treinos, lhe levaram para o hospital e lá descobriu ter rompido as tubas uterinas... Eles pensaram em adotar, quando estivessem com suas vidas consolidadas, mas agora, imaginar trazer uma criança para o caos de suas vidas
- Da um alívio, né? - O moreno se pronunciou lavando as mãos sujas de tempero, com um sorriso sincero no rosto, ele também vizualizou a cena junto do amigo.
- Ah, sim, o Shouto estava mal... Nossa vida está de cabeça 'pra baixo... Tamaki-san, as vezes penso que sumir seria melhor, por que eu não 'tô suportando. - Midoriya tinha lágrimas nos olhos, ele odiava chorar por tudo, odiava com todas suas forças não conseguir ajudar seu amado, Kacchan sempre foi seu amigo, namorado. - Desculpa falar assim, essas coisas idiotas.
- Eu já senti isso, a vontade de desaparecer, até conhecer o Mirio, então entendo bem o que está se passando nesse coraçãozinho. - Com o pano de prato ele enxugou o rosto do amigo. - Mas eu costumo falar sempre, e a Naomi não entende a maior parte das vezes... - Ele riu, e viu Todoroki deitado na grama molhada rolando aos que a garota tentava lhe acertar com um martelinho de borracha. - Tudo fica bem se você acreditar.
Surpreendentemente, Midoriya fez a mesma feição de sua filha, confuso, mas organizando seus pensamentos para compreender logo depois.
- Se eu acreditar que tudo fica bem, então tudo... - Ele remexeu os dedos murmurando baixo. - Oh, entendo.
O moreno riu lhe dando um toque no ombro para que o seguisse.
- E você sabe que o Mirio não se controla, ele vai virar o mundo de avesso para ajudar vocês, me traz o arroz, por favor. - Ele colocou os pratos na mesa, sendo auxiliado por Deku, o esverdeado sorriu, e Tamaki decidiu que já estava na hora de banhar sua filha. - Daqui a alguns anos isso vai ser só uma lembrança meio amarga, e gente tem de aprender a tirar o melhor dela. - Finalizando, ele sorriu e saiu para pegar a pirralha suja de lama no gramado.
(Que fofo, ele acha que você consegue.)
[Não dê ouvidos, desista!]
(O Kacchan nunca vai acordar)
[Isso, deixe o Lemillion fazer tudo! Você é fraco.]
As vozes diziam, ele sentiu um tremor em suas mãos e as fechou com força, procurando uma cadeira para sentar e acalmar-se.
Não deixaria as vozes lhe controlar, por mais difícil que fosse.
-X-
Toshinori estava dentro de seu carro com os arquivos esperando o amigo, mal acreditou quando encontrou aquilo nas coisas de Naomasa, ele retirou logo do envelope que iria levar para alguém quando viu, se descobrissem esses papéis, Endeavor seria preso sem a mínima chance de defesa, e All Might teria sua imagem manchada para sempre.
Apenas ao avistar Enji ele saiu do carro, estavam naquela colina onde ninguém os perturbava, sempre iam até lá quando podiam, para jogar conversa fora ou simplesmente admirar o por do sol. Mas agora era diferente, no horizonte, muitos prédios poluíam a visão.
- Como achou isso? Pensei que tivesse queimado essa porra! - Desesperado, Endeavor pegou os documentos, lendo rápido as páginas.
- Você queimou os originais, essas cópias estavam nas coisas do Naomasa.
- Aquele filho da puta! Isso significa que...
- Que alguém está investigando, procurando nossos podres mais secretos, Enji! - Toshinori não era de perder a compostura, mas não conseguiu evitar. - Alguém está procurando uma forma de... Fazer a coisa certa...
- Coisa certa? O Radioctive foi desativado há muitos anos! Éramos... Éramos jovens... Não sabíamos onde estávamos nos metendo. - Todoroki colocou uma mão na cabeça, a outra gesticulava.
- Não anula o fato que nos envolvemos no projeto! e agora um bando de vilões surge do nada! Acha que tem alguma relação? - Irônico, o loiro perguntou.
- Não foi do nada, eles... Foi coisa da liga. - Ele disse certeiro, mas ainda com um tom de dúvida.
- Enji, por favor, sabemos o por que disso... - Ouvir aquele tom pesaroso foi o suficiente, Todoroki lhe olhou de canto. - Eu amava... - Aquelas palavras sairiam, e Toshi se sentia errado, mas não conseguiu segurar. - ... Amo você demais para deixar algo acontecer, não se aproveite disso.
- Não me aproveitar? - Enji riu sem a mínima vontade. - Acha que eu não... - Ele desistiu, negando com a cabeça.
- Você não consegue dizer que me ama, mesmo depois de tantos anos, depois de tudo que fizemos juntos. Eu voltei da América por você, larguei Shield e a Melissa, por você! - Yagi segurava firme as lágrimas. - Eu quase destruí minha carreira por você, eu precisei esconder um monte de merda as sete chaves e vivo com medo que alguém descubra... Por que eu te amo... - Ele puxou Todoroki pelo braço, forçando a o encarar, mas o ruivo lhe empurrou, se mantendo de costas pois não queria ser visto aos prantos. - Em busca do filho perfeito. - Uma risada saiu amarga de Toshinori. - Nunca foi sobre me superar... Era sobre nós dois, juntos! E você sabe disso, por mais negue.
Levando as mãos aos cabelos loiros, Toshinori sentia sua cicatriz do ferimento doer pelo estresse.
- Admite que você ainda pensa em mim, que todo esse sentimento entre nós não é coisa da minha cabeça... Por favor.
Calado, Enji se virou limpando o rosto molhado, frente a frente com Yagi, ele disse...
- Depois de tudo que possamos? Não tem pra quê. Eu te deixei ir a muito tempo. Por covardia, por que eu queria que voce voltasse para América e ficasse com Shield, para seguir em frente como eu fiz. - Aquela resposta fez Toshinori desabar ainda mais, a dor em seu peito ardia também. - Por que... Mesmo que ainda exista o sentimento... Nós nunca vamos poder ficar juntos.
O loiro lhe deu um tapa forte no rosto, bateu no seu peito, desferia tapas desconexos querendo exaurir aquela raiva, precisou ser apertado num abraço para que fosse contido.
- Você é um imbecil, Enji! - Sussurrando, só eles dois sabiam o que estava sendo dito agora. - Aquele bebê podia ter sido nosso... Devíamos ter feito como o Shouta e o Hizashi, nós podíamos ter criado o Touya juntos!
Endeavor segurou a boca de Toshinori em sua palma, seus olhos desesperados implorando para que ele parasse de gritar.
Enji só queria que tudo aquilo desaparecesse.
Toda dor, todo sofrimento... Ele... Nem mesmo sabia o que fazer agora.
- Eu sei.... Podíamos ter sido uma família.
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