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História Right By Your Side - KiriBaku - Na calmaria dos teus braços.


Escrita por: xabellquinn

Notas do Autor


Oi gente!

Bom, nesse capítulo nós damos uma breve revisitada no capítulo 2! Por quê? Eu não sei (hehehe)

Tomara que a formatação fique certinha, eu passei umas duas horas ajeitando e me preparando pra postar esse capítulo.

Música citada: Power Over Me, Dermot Kennedy.

Enjoy!

Capítulo 38 - Na calmaria dos teus braços.


16 de fevereiro, 06:56 da manhã.

Um dos passa-tempos encontrados por Izuku e Shouto durante aqueles dias sem Bakugou em casa foi ler, indiscriminadamente.

Quem sugeriu foi Toshinori em uma de suas visitas, alegando que a leitura era de fato algo renovador e trazia certa paz a alma, e bem, já que eles não dormiam devidamente, que pelo menos aproveitassem o tempo de alguma forma.

Se encontravam no escritório, cada qual folheando as páginas de algum exemplar, Deku provavelmente devorava ávido algum volume científico relacionado a individualidades e evolução humana, já Todoroki, se entretia num romance cyberpunk agitado que achara nas coisas de Bakugou.

- Veja só, o hacker foi hackeado! - Exclamou ao descobrir os fatos que levaram o androide a ter seu sistema infectado com um vírus que o deixou incapacitado. - As vezes caímos nas nossas próprias empreitadas. - Falando consigo mesmo, passou a página.

Izuku, que permanecia do lado oposto da sala deitado no divã, concordou com a frase. E já que Shouto estava tão disposto a debates, por que não...

- O que o Kacchan deve estar fazendo agora? - A quem Midoriya queria enganar fingido estar entretido no livro? Desde o dia que deixou as roupas para Ground Zero no hospital e recebeu novas informações de como seu tratamento ia bem que simplesmente não podia evitar de imaginar como estava sendo sua rotina.

- Espero que esteja dormindo. - Todoroki murmurou gélido em sua inexpressividade costumeira. Shouto não aguardava ansioso por notícias, ele mantinha suas preocupações longe das vistas alheias, guardando tudo e mais um pouco.

- Será que o Kirishima-kun deixou o travesseiro extra que eu falei? Tomara que sim, sabe como ele é manhoso dormindo.

- Querido, ele é manhoso com tudo, só gosta de fingir ser bravo. - Passando mais uma página, Shouto colocou o marcador onde parou a leitura, dando sua atenção total ao marido dessa vez. - Deve estar sendo um inferno para o Kirishima-kun ter que lidar com o Kacchan, já deve ter recebido tantas ameaças de morte. - Rindo sem vontade, ele relembrava nostálgico do jeito de seu namorado em contraste com a doçura do médico responsável por seu tratamento.

- Pois eu acho que eles se dão bem, Aizawa-sensei mencionou que os dois são constantemente vistos juntos pelo hospital. - Deku remexeu seus cachos desordenados. - O doutor Kirishima me pareceu muito competente e confiável, aposto 1,500 ienes que ele arranjou uma forma criativa de lidar com o Lord Explosion Murderer. - Usando-se de ironia, esqueceu que muitas vezes seu marido era tonto o suficiente para o levar a sério nessas apostas.

- Está apostado, eu digo que após a alta do Kazinho, Kirishima-kun não vai querer o ver nem pintado de ouro. - Não era por mal, ele apenas conhecia a personalidade  insuportável de Bakugou e como as pessoas geralmente reagiam a isso.

- Bem, não mudando totalmente de assunto, estou mais ansioso pois hoje será a primeira consulta dele com o Shinsou. - Deku se levantou para sentar ao lado do marido. - Aizawa pediu que ficássemos em alerta caso ele... Lembrasse de algo.

- Só podemos esperar, então. - Num beijo terno, eles abraçaram-se. - E já pode separar os ienes.

-X-

Então Eijirou havia sofrido uma pequena cirurgia para remoção do dente siso que tanto lhe pertubava nos últimos dias.

Era normal um médico pedir licença de seu trabalho para cuidar de sua saúde.

Mas era normal sentir tanta saudade de um paciente a ponto de pedir para ser liberado de seu descanso mais cedo?

Não. Eijirou nem se importava, já acostumado ao sentimento crescente em seu ser, que pedia para estar perto de Bakugou, ansiando todos os dias por novos momentos ao seu lado.

Loucura de fato, mas não evitava, e fazendo a barba avidamente, ele fez questão de passar daquela loção cheirosa que deixava sua pele hidratada e macia, a mesma qual Katsuki simplesmente passou o dia cheirando por estar impregnada em seu jaleco. Vestindo o jeans escuro, uma camisa preta apertada de longas mangas, e o cabelo jogado no ombro dava um que algo a mais no ruivo, pegou suas coisas sobre a cama colocando-as na bolsa assim como o jaleco.

Quase esqueceu de colocar uma meia para calçar as crocs, e optou pelo par repleto de tubarões miudinhos na estampa, presente de sua mãe, ao descer as escadas deu de cara com Toshinori Yagi sentado ao lado de Gran Torino, cada qual com uma xícara na mão.

- Bom dia, All Might! - Sorrindo e sem resistir sua animação, o loiro acenou com simpatia para ele. - Torino-kun, estou indo trabalhar e creio que não volto essa noite. - Ele explicou apenas por educação, pois sabia que o velho herói, de maneira quase mágica, parecia saber onde cada um dos seus hospedes estavam sempre.

Kirishima deixou os dois conversando após isso e pegou seu carro na garagem, saindo dali rumo ao caminho conhecido do hospital, sem se importar colocou uma música no rádio enquanto dirigia despreocupado, uma melodia gostosa iniciou-se fazendo Eijirou bater os dedos no volante conforme o homem de voz rouca cantava.

I wanna be king in your story

(Eu quero ser o rei na sua história)

I wanna know who you are

(Eu quero saber quem você é)

I want your heart to beat for me

(Eu quero que seu coração bata por mim)

Oh I

(Oh eu...)

Após o primeiro verso, Kirishima reconheceu a canção, já havia a ouvido algumas vezes na internet enquanto estudava, e a letra era muito bonita, sendo assim aumentou o volume.

Want you to sing to me softly

(Quero que cante para mim suavemente)

'Cause then I'm outrunning the dark

(Porque então eu estou fugindo do escuro)

That's all that love ever taught me

(Isso foi tudo que o amor me ensinou)

Oh I

(Oh eu...)

Seus lábios moviam-se conforme as palavras do cantor, fez uma curva para a esquerda pegando uma rua principal com alguns semáforos fechados, e parando ali para algumas crianças passarem ele deu mais atenção a música.

Call and I'll rush out

(Ligue e eu saio correndo)

All out of breath now

(Sem fôlego agora)

You've got that power over me, my my

(Você tem esse poder sobre mim, meu, meu!)

Everything I hold dear resides in those eyes

(Tudo que eu amo reside nesses olhos)

Quase sem querer sua mente trouxe as vistas aqueles olhos apertados e de pupilas vermelhas, com os longos cílios aloirados que acariciavam as bochechas sempre quando as pálpebras eram fechadas...

You've got that power over me, my my

(Você tem esse poder sobre mim, meu, meu!)

The only one I know, the only one on my mind

(O único que eu conheço, o único na minha mente)

You've got that power over me (my my)

(Você tem esse poder sobre mim, meu, meu!)

De certo, o único ocupando seus pensamentos durante todo esse tempo era Bakugou Katsuki, o único que ele se preocupava em conhecer ainda mais, o que ele queria perto sempre e indiscriminadamente passou a desejar. Estava tão fodido! Pensar que podia estar apaixonado pelo herói, perdendo-se nos limites da sua moral e ética profissional.

Ele nem mesmo queria resistir, não conseguia, como Shiozaki  he disse, mesmo sabendo que se deixasse algo acontecer seria mais um motivo para o seu diploma ser caçado e ele perder o CRM. Tentando não se concentrar nisso no lado realista da sua mente, Eijirou buzinou para o carro a sua frente, voltando a acelerar.

Não demorou mais de 15 minutos e já estava parando na vaga de sempre no hall do estacionamento, pegou sua bolsa e desceu, percebendo que o carro de Tetsu estava ao lado do seu, ligado e trancado. Kirishima bateu no vidro do passageiro precupado, os fumês embaçados, o ruivo arrependeu-se de ter batido antes mesmo que o vidro abrisse.

- Ah oi, amor! - Tetsutetsu sorriu malandro ao baixar seu vidro, cobrindo o corpo de Monoma com o seu de forma possessiva, o loiro que parecia não usar nada além de meias caçou o jaleco para se cobrir, era só o que faltava, seu ex lhe vendo daquele jeito com o cara que casualmente ficava! - Já são dez e meia? - Tetsu perguntou mas gemeu ao final da frase quando Neito se moveu inquieto sobre seu colo.

- Nah, nove e quarenta da manhã... - Eijirou disse se debruçando na janela com a maior cara de pau que podia, ele e o platinado tinham sorrisinhos um para o outro como dois cúmplices de crime, claramente safados. - Essa posição é estranha mas parece boa, vou arranjar com quem test-

Antes de poder terminar a frase, viu o loiro indignado apertar o botão do vidro lhe expulsando, a risada de Kirishima foi inevitável, pois ao se afastar e ver a janela se fechando ainda conseguiu flagrar o momento exato em que Tetsutetsu foi agarrado pelo pescoço e puxado para um beijo.

Ele podia dizer que estava feliz pelo amigo e pelo ex-namorado insuportável, que pareciam se dar muito bem juntos, mas ele poderia ter se poupado da cena recém avistada.

-X-

Hospital central de Hosu, 09:15 da manhã.

- Bom dia, Bakugou Katsuki. - A voz de Shinsou Hitoshi chamou a atenção do loiro sentado na cama.

Bakugou levantou os olhos da tela de seu celular vendo o médico de cabelos roxos, olheiras e com uma caneca de café na mão. Secretamente Katsuki esperava que fosse Eijirou ao ouvir o barulho da porta, mas sua decepção deve ter ficado clara demais no rosto ao ver Shinsou rir anasalado e manear com a cabeça para o lado.

- Geralmente faríamos isso no meu consultório, mas o doutor Aizawa não quer lhe expor. - Sentando na beirada da cama sem ao menos pedir permissão, disse o médico passando as mãos pelos cabelos assanhados. - Sou o doutor Shinsou Hitoshi, seu psiquiatra. Antes de tudo deve saber que já nos conhecemos, imagino que não lembre de onde.

De fato, Katsuki não sabia o porque daquele rapaz ser tão familiar e ao mesmo tempo, um estranho.

- Eu não me lembro de muitas pessoas importantes, então não se sinta especial. - Foram as palavras de Katsuki para o arroxeado, ele estava cada dia mais com um humor péssimo e insuportável.

- Sei disso, e sei que você não suporta estar no escuro com tantas coisas acontecendo ao seu redor. - Hitoshi foi incisivo olhando diretamente para o rosto do loiro, sua expressão de raiva aumentou e Shinsou riu de lado mais uma vez. - Minha individualidade permite que eu acesse áreas do seu cérebro e o faça obedecer a cada ordem que eu lhe dê, responder qualquer questão que eu indague, e controlar suas ações, mas isso apenas após um consentimento seu... Não iremos usar os meus métodos caso você não queira. 

Explicando a ladainha de sempre, Shinsou deu um gole na bebida quente e amarga de sua caneca térmica, analisando cada mínimo mover do herói, seus olhos de longos cílios piscavam lentamente,  as sobrancelhas unidas e os lábios num bico, ele mirava um ponto aleatório na parede como se fosse algo interessante.

- Se eu deixar você entrar, você vai embora mais rápido dessa consulta idiota? - Ponderou rude como de costume, para Hitoshi nem era novidade.

- Certamente, mas não é algo tão simples assim.

- Não? Então por que sugeriu? - Entredentes e rouco Bakugou perguntou.

- Não sugeri, eu informei. Vejo que você não está no seu estado normal, vamos começar com algo simples, tudo bem? - Esperando a resposta do rapaz, o psiquiatra lhe viu oscilar entre olhar para o aparelho nas mãos e para a janela, também olhou para a porta, ele estava ansioso, como se esperasse alguém, isso deixou Shinsou desconfiado.

- Sim.

Um silêncio permeou o quarto após a afirmação de Ground Zero, seus olhos vermelhos ficaram opacos por um minuto, sinalizando que Hitoshi ativara sua individualidade de maneira suave, usando pouco dela ainda.

- Diga-me Bakugou, quem são  Midoriya Izuku e Todoroki Shouto na sua vida? - O arroxeado cruzou as pernas e aguardou novamente.

- Eu não sei. - Foi sincero, mas mesmo assim suas sobrancelhas se franziram e Shinsou usou mais da individualidade.

- Tem certeza disso? - Outra pergunta forçou o loiro a procurar na mente mais memórias e respostas. De fato Shinsou estava apenas começando com seus testes, ele queria saber até onde essa quirk psíquica apagadora se memórias se estendia para depois agir com seus aparelhos de recuperação e tratamento.

- Não.

Resposta correta.

O próprio Bakugou estava se obrigando a pensar e recuperar o controle se sua mente.

- Ótimo, me diga quem eles são, Bakugou.

O loiro teve seus olhos tomados pelo branco das escleras e suspirando, seus lábios moveram mas nada saiu de sua boca...

"Estava caminhando pelos corredores da U.A. num dia comum, havia saído de uma aula há pouco tempo.

- Kazinho! Me espera! - A risada fofa que se fazia presente no corredor chamou sua atenção, Katsuki virou para procurar quem era, não vendo ninguém.

- Saiu tão rápido que quase não te alcançamos. - Dessa vez a voz grave e séria, mas ele ainda parecia sozinho.

- Vamos, combinamos de tomar um sorvete, não lembra?

Não, ele não lembrava."

"- Eu acho que o meu pai está passando dos limites com a idéia do processo, estávamos lá na noite, vimos a maioria dos profissionais quase morrer para salvar as pessoas... E aquele médico que salvou Touya, quase morreu nos braços do Katsuki, e... Ele vai ser processado também? Não é certo.

- Ele quer chamar atenção, obviamente. Os holofotes para a grande tragédia que All Might não conseguiu impedir a tempo, é fácil de raciocinar. Kacchan, sei que você está irritado com isso, mas remoer os fatos não esclarecidos e importunar a polícia só vai atrapalhar, você sabe. Vamos esquecer isso um pouco? Aliviar esse estresse de uma forma bem gostosa..."

"- Estou pensando em pedir o Izuku em casamento. O que acha disso?

Ahn? Por quê ele não conseguia ver o dono daquela voz?

- Acho que te acertaram com muita  força na cabeça, icyhot. "

Shinsou não sabia o por que de tanta demora para a resposta, Bakugou parecia cada vez mais confuso.

- Me diga o que vê, Ground Zero. - Ordenou firme, Katsuki respirava superficialmente, sem controle das próprias reações, franziu o cenho conturbado.

- Não vejo nada... Não consigo ver nada.. - Ele informou estressado. - Mas tem essa voz... Icyhot? O que porra é isso? - Balançou a cabeça para o lado e Hitoshi sorriu ao ouvir o apelido que Bakugou pronunciou.

- Bem, você sabe quem é, consegue ouvi-lo não é?

- Sim.

- O que ele lhe disse? - Mais uma pergunta e o branco nos olhos do loiro se intensificou.

"- Claro que não, amo o Izukuchan, tanto quanto amo você. Mas eu sei que você ão pretende firmar um compromisso tão sério quanto casamento no início da sua carreira. - Cada vez mais perto, ele podia ver Tóquio inteira de cima do prédio onde estavam.

- Olha, Shouto... Sem mim vocês são um casal bem melosinho mesmo, e muita gente faz isso depois da formatura, casa e tem filhos. - Katsuki respondeu inconsistente, virando-se para ver um borrão sem rosto. - E 'pra falar a verdade eu sempre soube que vocês seriam esse tipo de casal, me pergunto se depois do casamento ainda vão me querer por perto. - Riu insosso e sentiu uma mão quente sobre a sua.

- Ei! Sempre vamos te querer, Katsuki. - Bakugou viu aquela mão tomando forma conforme lhe tocava, ele subiu os olhos para o rosto da pessoa com esperança de ver seus traços, e o borrão gradativamente sumia.

- Ah, porra... Você faz ficar difícil 'pra mim. - O beijou conseguindo visualizar por completo a fisionomia calma do rapaz de cabelos bicolores.

Era Shouto... Seu namorado, o cara com quem ele falava sobre seus sentimentos, o cara que ele amava encher o saco."

- Bakugou?

Sem resposta.

Shinsou se preocupou tocando o ombro do loiro e sentindo a angústia dele, o herói suava conforme era bombardeado pelas emoções, revivendo momentos isolados dentro de si que o guiavam lentamente a uma consciência paralela.

16 de Setembro de 2018

Esse incêndio mexeu comigo, me deixou pensativo que só a porra. - O loiro viu Shouto apertar os olhos e Izuku bufar tristonho. - Eu sei, a gente transou gostoso e eu parei de pensar nessa droga de tragédia enquanto estávamos juntos, e isso me fez acordar mais ainda para o fato de que eu estou me tornando cada vez mais dependente de vocês, emocionalmente falando.

- E acha que abrindo o relacionamento que construímos ao longo de anos vai ser a melhor maneira de resolver isso? - Midoriya questionou querendo saber com certeza do que seu amante queria, ele sabia o quanto impulsivo Bakugou era em alguns casos, mas se tratando de amor o loiro parecia estar sempre com um pé atrás, sempre foi assim, e não mudaria tão fácil.

- Acho que pode me ajudar, sei lá, ter outras experiências comigo mesmo, com a minha sexualidade, vocês são os meus primeiros namorados, eu perdi todas as virgindades possíveis com vocês, e nem é só pelo sexo, é  sobre essa... Essa codependência que nós temos um pelo outro.

- Kacchan, isso não faz sentid-

- Não faz sentido? Cacete Deku, imagina se um dia você morre 'numa dorga de missão! Ou se o Shouto... Eu não consigo me imaginar sem vocês dois, porra! Eu não posso, eu ainda preciso entender essa parte confusa e maluca sobre amar tanto algo ou alguém, eu preciso...

- Ei, eu sei que tudo sobre o hospital e o Touya foi uma porra, mas... As coisas não são assim. - De uma forma, Shouto tentava contornar a situação.

Não, icyhot... Merdas acontecem e pessoas morrem, pessoas morrem o tempo inteiro, ficam queimadas como o seu irmão, passam anos numa cama vegetando e a vida continua para quem fica, e se eu ficar sem vocês um dia? E se vocês ficarem sem mim? - Gesticulou voltando a abraçar os dois rapazes agora os beijando na testa. Reviver a imagem do ruivo caído em seus braços fez um arrepio ruim percorrer sua espinha. - Quando tirei aquele médico do fogo eu percebi isso, ver ele quase sendo consumido pelas chamas sem se importar fez eu me lembrar que não posso continuar dependendo tanto de vocês desse jeito, eu poderia ter morrido junto daquele cara doido, e como vocês ficariam?

- Você está certo. - Izuku falou novamente após um longo silêncio, sorrindo com algumas lágrimas nos olhos, ele abraçou o loiro pelo pescoço e ficou nas pontas dos pés pera lhe roubar um selo de lábios. - Contanto que você seja sempre o nosso Kacchan, por mim tudo bem...

Shouto acenou positivamente também deixando beijos pelo rosto de Bakugou.

- Sabendo que seu tiro sai pela culatra se você se apaixonar por mais alguém. - Shouto concluiu fazendo Katsuki rir anasalado concordando.

- Está tudo bem mesmo? Por que eu não quero que vocês dois pensem que o meu sentimento mudou ou diminuiu, seria imbecilidade demais até para vocês. - Olhando entre as orbes verdes e as bicolores, Bakugou se certificou.

Se você estiver feliz, nós estaremos felizes também"

Após os olhos de Katsuki retornarem do branco ao mais puro vermelho com lágrimas ao redor espontaneamente, Shinsou desativou sua Quirk, sentindo-se zonzo também por usá-la de maneira tão intensa.

Seja qual fosse a individualidade que privou Bakugou de suas memórias, era forte demais e obrigava o arroxeado a colocar toda concentração num ponto só da mente de Katsuki, isso retardaria o tratamento se perdurasse por mais sessões.

Ele respirou fundo e olhou para o paciente que agora tremia e mordia o lábio inferior para não cair no choro.

- Bakugou? - Hesitante, ele viu Katsuki suar e apertar mais ainda os travesseiros e os lençóis. A quirk do mesmo cintilando sob a pele e causando um frio na espinha do psiquiatra, se houvesse uma mínima explosão ali o risco era enorme, ele remexeu no Smartwatch afim de chamar Ashido com os supressores.

Enquanto isso, Ground Zero fechou os olhos com força, vendo na sua frente o rosto bonito de Izuku, as feições delicadas de Shouto, os corpos, os beijos, tanta coisa vinha na sua cabeça de maneira súbita, uma sequência de imagens desconexas que o fazia se sentir confuso e dolorido.

Lembrava dos meninos, lembrava do abraço gostoso de Todoroki, do toque suave de Izuku, lembrava do amor e a vontade de os ter por perto latejando como de fosse uma ferida sendo rompida, uma profunda angústia e saudade daqueles dois, dos seus melhores amigos e namorados.

Tudo isso junto somado à falta que a voz Eijirou lhe dizendo que tudo ficaria bem fazia.

Ele só se deu conta que a enfermeira pedia para administrar o supressor quando ela lhe tocou amedrontada, e ele só pode negar agarrando-se ao próprio corpo defensivamente. Ele estava na eminência de explodir com o mínimo dos movimentos, pela adrenalina no seu sangue atiçando a nitroglicerina abundante e reprimida em seu organismo, faiscando nos dedos e formigando a pele.

- Saiam daqui!

Bakugou queria tanto seus meninos ao seu lado agora.

Mas também... Queria Kirishima Eijirou na mesma intensidade.

-X-

Eijirou seguia seu caminho no hospital, trocara de roupas e habia até ajudado Levi com um paciente no elevador, aquele barrigão dele estava começando a atrapalhar na simples atividade de mover um paciente, talvez estivesse na hora de dar um descanso, mas ele sempre foi um cara independente, gostava de fazer tudo sozinho ou com pouca ajuda, e se estava teimoso agora, imagine quando o neném nascesse.

Parou no posto de enfermagem para checar alguns prontuários e se tudo estivesse Okay, se dirigir ao quarto de Bakugou. O movimento estava meio caótico hoje, Kaminari era avistado correndo com Shiozaki Ibara.

- Kirishima Eijirou! - Ela parou sua corrida com o anestesiologista para abraçar apertado o ruivo muito mais alto, sendo erguida do chão por alguns segundos. - Está melhor da dor? - Fofa, ela indagou.

- Muito melhor. - Eijirou não tardou concordar para abrir o prontuário de Katsuki, com pressa digitou os números de sua identificação, tudo estava bem agitado, pessoas correndo e até mesmo Mina passou segurando uma cuba rim cheia de medicamentos.

- Eiji, graças a Deus! O Bakugou está mal! - Sem dar tempo para o ruivo fazer indagações ela continuou seguindo o rumo para o quarto sendo acompanhada por Kirishima no mesmo momento. - Ele acabou de ter uma consulta hoje com o Shinsou, e no meio do procedimento ele começou a surtar e-

Com as pernas longas para dar passadas maiores afim de chegar no quarto de Bakugou o mais rápido possível, Kirishima sentia o coração acelerado bater forte, mais ainda quando viu Aizawa segurando suas fitas de contenção.

- Kirishima, ele não deixa ninguém se aproximar, está com a Quirk extremamente agitada. - O psiquiatra disse lhe segurando quando o ruivo impulsivamente correu para socorrer Bakugou,

O herói estava deitado na cama usando uma bermuda cinza de algodão e uma regata branca, tremendo-se enquanto segurava um lençol com força, as suas mãos suavam em abundância, enquanto ele apenas mordia o lábio inferior claramente numa ardua tentativa para não chorar. Bakugou nem mesmo lhe olhou, concentrando-se demais em para não entrar em pânico na frente de todos.

Kirishima soltou-se de Hitoshi, tocando o ombro de Bakugou sem se conter, ver o loiro assim tão quebrado cortava seu coração.

- Kirishima cuidado, ele-

- Ei, cara, o que houve? - Não sabia como agir, falando a primeira coisa coerente que organizou-se em sua cabeça.

Katsuki acordou de seu torpor por um momento, e Eijirou também procurou uma forma de o amparar quando viu seus olhos cheios de lágrimas que não caiam.

- Tira eles daqui... - Quase sem voz e tremendo-se Bakugou segurou sua mão e lhe puxou para mais perto da cama Mina já se aproximava dos dois para intrometer-se no meio e administrar o supressor. - Não! - O herói gritou se encolhendo cada vez mais, a enxurrada de pensamentos incoerentes doíam sua cabeça, as lembranças desorganizadas tomando conta e trazendo um arrepio ruim por todo seu corpo.

- Fala 'pra ele, Kirishima, explica que ele precisa desse remédio, ele escuta você. - Apelando para o amigo, a rosada se afastou novamente do paciente.

Bakugou se agarrava cada vez mais a ele, e sob os olhares curiosos de Hitoshi, Shouta e Mina o herói ficava mais nervoso a cada segundo.

- Deixa que eu faço isso. - Dessa vez olhando para o loiro, ele pegou o material da enfermeira cuidadosamente. - Ashido, tem como nos deixar à sós agora? - Ele pediu mas Aizawa interferiu no mesmo momento.

- Ele está instável, é perigoso, Kirishima. - A frase do supervisor fez Eijirou lhe olhar repreensivo, Katsuki cerrou os punhos e travando a mandíbula para não gritar com o mais velho e armar um escândalo maior ele retraiu-se ficando vermelho, apoiou-se na cama estressado e bufando, cobrindo os olhos com as mãos suadas para não deixar as insistentes lágrimas caírem.

- Eu sou o médico dele, e preciso ter uma conversa com o meu paciente, Doutor Aizawa. Pode nos deixar sozinhos, por favor? - Eijirou disfarçou seu nervosismo crescente com uma firmeza na voz que supreendeu até ele mesmo. - Agora preciso administrar a sua medicação, Baku. - Ele sorriu para o paciente que parecia mais perto de desabar, Aizawa suspirou se virando e sinalizando para os outros profisisonais que entenderam pontamente.

Ele ainda viu Kirishima sussurrando algo no ouvido de Katsuki e limpando seus olhos antes de sair.

Bastou um minuto.

- Baku-

Katsuki chorava sem conseguir segurar, as lágrimas descendo pelos olhos automaticamente, sem parar ele sentia o corpo inteiro colapsando, o abdômen doer, e os soluços aumentarem.

- O que houve, Katsuki? - Preocupando e largando o que tinha nas mãos em qualquer lugar, Kirishima sentiu o aperto do loiro aumentar com um abraço desesperado de Bakugou. - 'Tá sentindo dor? O que foi que aconteceu? - Ele retribuiu o aperto ao envolver os ombros do herói e levar a palma esquerda aos fios dourados da nuca, enquanto a destra fazia um carinho em suas costas.

Bakugou respirou fundo procurando o ar, também não queria que seu descontrole aumentasse e reprimiu alguns soluços ao morder o lábio, escondendo o rosto na curva do pescoço de Eijirou, ele inspirou profundamente antes de fechar os olhos e deixar as gotas escaparem escorrendo por seus cílios.

O cheiro de Kirishima lhe confortou imediatamente, fazendo o seu pânico crescente estagnar no peito e apenas as lágrimas continuarem abundantes por uma resposta do corpo. 

- Baku... - Kirishima queria saber por que daquele repente, mas não conseguia nem mesmo respirar quando Katsuki lhe segurava firme apertando-o contra o próprio corpo quente. - Shh, não chora! Meu Deus, o que é que eu faço?

- Cala essa boca! - A resposta veio em um rosnado abafado pelo contato dos lábios de Bakugou na sua pele, o que causou um arrepio instantaneamente no ruivo. - Você some por dias, e... Ainda pergunta o que houve? Seu idiota, ridículo, cabelo de merda do cacete... - Os xingamentos na voz vacilante do herói eram totalmente contrários aos seus atos, já que os costumeiros socos e tapas que ele se utilizava junto das palavras ofensivas eram substituídos pelo abraço e suas mãos nervosas tocando o peitoral firme, subindo pelos ombros, até alcançarem a nuca do ruivo, onde seus dedos se fecharam sobre as mechas de maneira suave. - Eu senti sua falta, maldito! - Mal podia esconder seus sentimentos sob a capa de constante raiva, ele estava com tudo tão a flor da pele que simplesmente não conseguia entender.

Ver Eijirou foi a gota d'água, ele tinha arquitetado tantos planos para acabar com a raça de Kirishima com uma surra bem dada e muitos palavrões que fariam o ruivo se arrepender de ter nascido, apenas por ter lhe deixado sozinho durante aqueles dias inteiros. Mas agora tudo parecia explodir dentro de si. A consulta com o psiquiatra fez tudo em sua cabeça se desorganizar, a pura abstinência que sentia do médico ajudava a lhe deixar mais alterado ainda.

Tudo isso junto a saudade absurda que ele também nutria por Deku, Shouto, seus pais, a agência. Ele evitava demonstrar seus sentimentos, repreendia cada faísca que ameaçava despontar no seu interior, mas agora não, a força das poucas  memórias recém recuperadas, a intensidade que as lágrimas e as comoções que lhe atingiam, tudo contribuía para seu choro, sua fragilidade.

Bakugou tinha que se conformar que nem tudo na vida tinha uma explicação lógica, e muito provavelmente o que sentia por Eijirou era um desses casos, pois ele agarrava-se de forma tão ferrenha ao médico, queria apenas ser acolhido naqueles braços e ser consolado pelo ruivo.

- Eu senti sua falta no almoço, senti sua falta na fisioterapia, senti sua falta, senti sua falta, senti sua falta, porra! - Se repetindo como se isso fosse tornar o sentimento menos verdade, ele não conseguia controlar, juntando suas testas, podia ver a feição assustada de Kirishima lhe observando.

O ruivo queria muito poder fazer algo para aplacar aquela onda de pânico que parecia tomar Bakugou a ponto de o deixar nesse estado.

- Eu também senti a sua falta, Katsuki. - Ousou lhe beijar a bochecha carinhosamente, o gosto salgado das lágrimas na derme pálida do herói pareceu lhe dar mais coragem para distribuir mais beijos em seu rosto, usou a mão entre os cabelos do loiro para segurar seu rosto, sem desgrudar seus corpos ele percebeu o quão quente Katsuki estava. - Você precisa do supressor, sabia?

- Não, não, eu não quero ficar sem a minha individualidade.

Kirishima colocou Bakugou no colo, deixando-o com a cabeça em seu peito e pouco se importando em deitar na cama, retirando seu jaleco rapidamente, ele puxou o loiro para se aconchegar com ele, sendo abraçado imediatamente. Sabia que Katsuki já estava se odiando por parecer extremamente frágil e suscetível, por demonstrar tão explicitamente seus sentimentos daquela maneira, então asseguraria de pelo menos minimizar esses efeitos no loiro.

Ele imaginou que quando a terapia de Bakugou começasse esses episódios aconteceriam, pois era comum naquelas situações, o choque afetava o organismo de todas as maneiras, e levando em consideração como Katsuki estava agora ao iniciar um sério tratamento psiquiátrico que mexia diretamente com seu emocional, a crise nervosa não era de se surpreender.

Ele sorriu ao perceber que Bakugou lhe encarava sério, vendo-o voltar a esconder o rosto avermelhado pelo choro e pela vergonha no seu pescoço.

- Eu lembrei deles, Kirishima... Do icyhot e do Deku. - Bakugou sussurrou pertinho do ouvido de Kirishima, na mania de desenhar figuras aleatórias no peito do médico com a ponta dos dedos, suas falanges percorriam o decote do uniforme, vez ou outra esbarrando na pele morna que estava exposta após o fim do pano.

- Isso é bom, muito bom. - Era para ele estar feliz, era para ele estar pulando de alegria agora, mas o que conseguiu fazer foi fechar os olhos e focar em não dar importância ao lado egoísta que doía ao pensar no loiro voltando a sua vida normal e lhe deixando ali...

Como apenas mais um médico que cuidou dele.

- E só agora eu percebi como sinto saudade deles. - Conseguindo rir anasalado, Katsuki inflamou mais o assunto. - Não lembro de tudo, óbvio, mas algumas coisas... E eu lembrei de você. - Com mais uma risada que chamou a atenção de Eijirou, ele inspirou o cheiro do ruivo.

- De mim? - Sem compreender, Kirishima o perguntou, vendo ele acenar positivamente.

- Eu lembrei de você na noite do incêndio ... E algumas outras coisas que não consigo ver claramente.

- Você só deve estar confuso por... Não lembrar de tudo. - Eijirou quis se desfazer dos pensamentos indesejados e tristes, voltando-se ao foco que sempre foi restaurar a saúde do herói e o devolver para a família, como se faz com todo bom paciente. Parecia tão errado.

- Também senti muita saudade de você, nossa, eu acho que nunca senti tanta falta de alguém em tão pouco tempo. - O loiro que antes chorava inconsolável agora parecia instantaneamente mais leve, relaxando-se nos braços de Kirishima. - Eu gosto... Gosto da sua companhia. - Meio vacilante deixou a informação escapar pelos seis lábios.

Sem deixar de perceber como Eijirou engoliu seco tensionando os ombros antes de limpar as lágrimas remanescentes nos seus olhos.

- Você 'tá bem falante hoje, isso é bom... - Sorrindo sem aquele brilho que Katsuki tanto gostava, deixou o loiro a se perguntar se ele havia feito algo errado. - Eu também gosto bastante da sua companhia, demais até... Isso me preocupa.

Sem querer, seus olhos se encontraram.

A proximidade entre os corpos e os rostos.

- Por quê? - A maneira que o timbre de Katsuki soou suavemente indignado deixou Kirishima sem argumentos. - Eu sei que surtei, e pareci um filho da puta idiota agarrando você assim, 'só que-

- Não me entenda mal, Bakugou, eu gosto de você e sou grato por tudo que fez por mim, eu só não sei se essa aproximação que estamos tendo pode ser considerada saudável, digo... Você é meu paciente. - Procurou se explicar da melhor forma, Bakugou se afastou um tanto do corpo quente de Eijirou, mas manteve a destra sobre o peito dele. - Ao mesmo tempo eu não sei se consigo simplesmente te deixar ir...

- Então não me deixa ir, porra! Não me deixa...  - Bakugou não conseguia compreender o motivo daquele desejo intenso e ardente de querer o médico junto dele, de forma que não se resumia ao contato físico, não! Era isso e muito mais, mais do que simplesmente estar perto dele, mais.

Suas palavras ficaram suspensas no ar como se flutuassem ao redor da cabeça do ruivo, os olhos vermelhos de ambos pareciam querer se encontrar, suas mãos ansiosas remexiam-se, era aquele sentimento incerto e desconfortável de medo do desconhecido que os deixava assim.

- Não posso, mesmo sabendo que mais um abraço desse e eu não vou resistir. - Sincero, ele assumiu.

-  Não resiste, Eijirou...

O aproximar lento dos dois findou com o selo definitivo entre os lábios.

A boca de Katsuki gelada pelo frio deixou um leve formigar percorrer sob a derme de Eijirou no contanto quase inocente. Sutil, afável, sem pressa... Era assim que podia ser descrito aquele breve toque.

Mas não por muito tempo, fechando os olhos, Bakugou deixou suas mãos soltarem a camisa do médico, levando uma a sua bochecha, e a outra na nuca de fios vermelhos meio presos meio soltos que fez Eijirou arrepiar, suspirando ao endireitar as costas e puxar Katsuki pela lateral de seu quadril.

As bocas roçando, olhos que não se abriam, o desejo latenjando entre ambos, as respirações irregulares ornando com o ritmo descompassado que os corações tomavam. Na faculdade, Kirishima aprendeu que a resposta normal do organismo humano é se adaptar, e com os amantes  até os batimentos cardíacos entram na mais perfeita sincronia, os fazendo pulsar juntos. O contato se intensificou quando Katsuki foi ousado para entreabrir sua boca com um toque morno da língua.

A carne lassa e doce percorreu com a ponta o lábio inferior de Eijirou, dando a coragem que o médico precisava para a tomar com a sua própria, causando um frenesi molhado e quente, uma de suas mãos se firmou na base do rosto de Bakugou, apertanto a pele branca leitosa da mandíbula. E Deus do céu, o herói era um homem de atitude, percorreu com a destra até a cintura do mais alto, colando seus corpos e fazendo o calor que emanava dos dois falar por si só.

O gosto das bocas se misturando, era como se completassem, dando ao carinho uma harmonia ora suave, ora agitada, mas sem dúvidas, era bom demais.

E o mundo? Ah, parou ao redor dos dois, o tempo congelou, e nada mais fazia sentido, os bipes das máquinas, o barulhinho do ar condicionado, até mesmo o motivo para Kirishima realmente estar ali havia sido esquecido, prendendo ambos apenas ali, os lábios colados e as línguas em movimento saboreando uma a outra sem a menor delicadeza ou hesitação.

Que fosse para o inferno todas as juras de ética nesse mísero momento, Eijirou podia simplesmente perder sua liberdade, profissão e carreira por um crime que não cometeu, 'pro inferno todas as vozes dentro de sua cabeça que o mandavam desgrudar agora mesmo de Katsuki e não lhe olhar nunca mais. Se seria condenado, se jamais pudesse exercer a medicina, que fosse por esse beijo, por essa boca na sua e os pensamentos desorganizados entre ambos.

Que fosse pela paixão latente que percorria seus corpos como uma aura que os acompanhou desde o início dessa história até aqui.

Aos não-acidentes, as palavras ditas para um homem nem-tão-inconsciente, que fosse por eles...

O ar infelizmente se fazia necessário entre o ósculo, ofegantes e sem coragem de realmente se afastarem, Bakugou lhe abraçou pelo pescoço, deixando suas testas coladas e narizes se tocando enquanto sentia a respiração pesada e o hálito sempre fresco de Kirishima, suas mãos se moviam em pequenos círculos na cintura do loiro, querendo atiçar a pele de forma automática.

- Eiji... - Seu chamado baixo e tímido como nunca foi antes, o apelido soando tão certo naquela hora, fez o médico abrir os olhos e acariciar o rosto de Bakugou, envolvendo um dos braços em sua cintura. O herói pendeu a cabeça para o afago na sua bochecha, beijando ali a palma antes de descansar nos braços de Kirishima. Sentia-se seguro, salvo, e podia ser quem ele era...

Tudo tão novo, tudo tão sem precedentes que chegava a assustar os dois rapazes confusos, parecia a primeira paixonite da escola, onde os olhos se encontram e os sorrisos surgem simultaneamente, onde o espaço pessoal se torna algo mais relativo para os dois apaixonados.

Sim, o mundo sumiu por aqueles eternos minutos em que puderam pertencer apenas um ao outro, na infinidade de segundos que suas células se conheceram e suas essências se demonstram.

Mas nem tudo era perfeito, o barulho da porta se abrindo aparentemente não foi escutado antes, e agora, um Kaminari de olhos arregalados e mão na boca encarava os dois.

- Vocês se beijaram? - Sussurrando, ele alternava o olhar entre o amigo e o paciente.

- Não. - Disse Bakugou.

- Sim. - Eijirou falou no mesmo momento.

Os dois se afastaram lentamente, envergonhados pelo flagrante, mais ainda pelas respostas destoantes.

- Sim... - Katsuki mudou de idéia ao olhar para o médico, mas este já tinha sua resposta no ar também.

- Não. - Novamente na confusão de vozes e respostas, Denki arqueou uma sobrancelha, caminhando na direção  de ambos com sua seringa montada numa bandeija estéril.

- Bem... Se aqui fosse lugar de beijar, eu sairia e deixaria vocês terminarem o que começaram. - As  vezes ele parecia com Shinsou, ao baixar a cabeça e os observar de rabo de olho, que por sua vez também arremetia a Aizawa, aquela famosa encarada desconfortável que o médico mais velho era especialista em usar. - Mas como aqui é local de trabalho e tratamento eu vou fingir que não vi absolutamente nada.

Após isso, o silêncio entre os três só era quebrado pelos estalindos da agulha no metal e do látex da luva ao ser colocada e retirada. Bakugou mostrou o braço que receberia a medicação e o anestesiologista não se importou ou disse mais nada, fazendo seu trabalho ao injetar o supressor e sair com um sorrisinho malicioso.

Demorou mais ou menos uns dois minutos após a saída de Denki para Katsuki reassumir o controle e trazer sua persona de volta.

- A gente apaga ele se você achar necessário, porém o Shinsou vai nos matar depois disso. - Mas Kirishima foi mais rápido ao mascarar sua voz com um tom baixo e brincalhão, desarmando completamente a resposta atrevida que era desenvolvida pelo loiro, ele riu negando, no clima ainda constrangedor, mas leve, Kirishima também sorriu sabendo que agora sim havia burlado as regras e com dois dedos trouxe o queixo de Katsuki para perto sem medo de afirmar com todas as letras... - Esse foi o beijo... - Apenas para ele, disse cheio de significado, levantando dali rumo ao seu escritório onde ligaria para Izuku e Shouto.

Quando Kirishima Eijirou escolheu medicina ele sabia que durante seu período acadêmico não teria tempo para namorados ou romances, mesmo assim isso não impedia seus pensamentos de viajarem para diversos cenários onde ele se encontrava perdidamente apaixonado por algum cara, ele até gostava de pensar assim, de criar a cena perfeita onde seus lábios tocavam os de seu amado e o mundo parecia parar...

Ele também imaginava que seu parceiro seria um outro médico, algum cirurgião talvez.

Imagine sua surpresa ao mirar as orbes vermelhas de Bakugou Katsuki agora, e perder-se no mar de sentimentos que podia-se avistar naquela simples troca de olhares, a maneira que brilhavam os olhos de ambos após o beijo..

Eijirou sorriu extasiado  com o coração batendo forte e uma dúvida no peito.

E agora?


Notas Finais


E AGORA KIRISHIMA? COMO É QUE FICA A SITUAÇÃO?

MANO EU SURTEI TANTO POR ESSE CAPÍTULO, AAAAAA.

O MOMENTO MAIS ESPERADO DE TODOS CHEGOU! E a partir de agora... Ai ai...

Então Bakugou pediu pra abrir o relacionamento pq tava se sentindo mto dependente dos meninos? Sim. Mas e agora que ele tá caidinho pelo Eijirou? Como vai ficar o namoro e a pegação? KKKKK eu tb não sei!

Beijos e até o próximo capítulo, amo vcs!


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