Alexandra's P.O.V.
O recinto estava animado. Após a grande comemoração da torcida, quem festejava agora, eram os jogadores. A casa de David estava lotada, filhos e mulheres do time os acompanhavam e eu me sentia uma intrusa naquele meio.
Cler estava sendo apresentada a todos pelo dono da casa, e havia me deixado na sala, com cara de paisagem. Eu não conhecia muitas pessoas ali, então estava sentada sozinha num sofá, à espera de alguém que me salvasse, tirando-me daquele profundo tédio.
Já havia me levantado, - percebi que passaria horas ali, e ninguém me ajudaria - e estava prestes a ir embora, quando ouvi uma voz fininha me chamar:
⁃ Tia Alex!
Ao virar, deparei-me com Bautista, que estava parado no meio da sala me olhando, com um grande sorriso no rosto.
⁃ Bauti... - sorri para o pequeno e o vi correndo em minha direção, para ganhar um abraço apertado.
⁃ Que saudades, tia Alex! Você sumiu... Por quê? - Bauti me questionou com os olhinhos brilhando.
⁃ Oh meu amor... - antes que eu pudesse completar minha desculpa esfarrapada, uma voz grave me interrompeu.
⁃ Bautista! - Cavani apareceu na porta da sala com cara de poucos amigos, e assim que me viu, ficou sem graça. - Estava te procurando. - ele se aproximou - Nunca mais suma assim do nada! - voltou-se para a criança, a repreendendo.
⁃ Desculpe, papá. Mas eu vi a tia Alex pelo vidro, e precisava vir perguntar porque ela sumiu. - o pequeno respondeu, e eu sorri fraco, com os lábios fechados.
⁃ Filho, já te expliquei que a tia Alex arrumou um outro emprego, e precisou ir. - Edinson tratou de mim como se eu nem estivesse ali; e por fim, me transformou na vilã da história.
⁃ É verdade, tia Alex? - Bautista me questionou esperançoso.
⁃ Infelizmente, meu amor. - ao ver a tristeza nos olhos do menino, minha vontade de socar o uruguaio em minha frente, e contar toda a verdade a seu filho, só aumentou. - Mas olha, eu prometo, que sempre que der, eu vou visitar você e o Lucas, e nós vamos brincar de pique-esconde igual fazíamos antes; Fechado?!
⁃ Fechado! - Bauti abriu um sorriso e saiu correndo para a área aberta da casa, que ficava em frente à sala em que nos encontrávamos.
⁃ Obrigado. - Edinson se virou para mim assim que seu filho saiu do recinto.
⁃ Não precisa me agradecer por nada. - após responde-lo secamente, estava prestes a ir para a mesma área que a criança; mas parei, e me voltei para o atacante: - Na verdade, eu quem agradeço por ter me mostrado o verdadeiro canalha que você é. - retomei meu caminho, e quando cruzei a porta; pude ouvir Edinson me chamar. Contudo, dessa vez, me privei de andar para trás, e fui de encontro com Clarisse; que estava sentada numa mesa, junto de Belle e de esposas de outros jogadores.
Horas haviam se passado, e o ânimo de todo aquele povo só aumentava. Bebíamos, comíamos e dançávamos. Nos ensinaram até mesmo a sambar; e tirando a cena de mais cedo, que não saía de minha mente, eu estava me divertindo à bessa.
⁃ Alex, venha aqui. Deixe-me te apresentar à Kevin. - Belle me chamou com a mão, e eu fui até ela. A mesma estava acompanhada de um cara loiro, de olhos claro, com um maravilhoso porte físico.
⁃ Kevin, essa é Alexandra. Ela já foi babá dos meninos, e é uma excelente dançarina. E Alex, esse é Kevin; goleiro do Paris. - a morena nos apresentou e recebi um beijo nas costas de minha mão em cumprimento.
Além de bonito, é educado. Aaai pai; me dê sanidade.
⁃ Prazer. - sorri após ganhar o beijo.
⁃ O prazer é todo meu! - Kevin sorrio galanteador e eu senti que poderia derreter ali mesmo.
⁃ Bom, agora que já se conhecem, vou deixar vocês à sós. - Belle deu uma piscadela e saiu. Eu dei um sorriso tímido ao goleiro, e quando dei por mim, após alguns minutos, estávamos envolvidos em uma íntima conversa, como se nos conhecêssemos há tempos.
Poderia até dizer que tudo estava caminhando bem; mas eu sentia o olhar de um certo uruguaio quase que cremando o loiro com quem eu conversava. Edinson não disfarçava sua raiva, e uma grande dúvida crescia em minha cabeça. Afinal, por que diabos ele sentiria ciúmes ou alguma coisa do tipo, sendo que, para ele, eu não passara de uma simples diversão?!
A resposta, infelizmente, eu não sabia. Contudo, tentei manter aquela conversa ao máximo, pois não vou mentir; estava adorando ver a inquietação de Cavani. E por mais que isso também me deixasse completamente confusa e enraivecida, eu tinha o direito de me divertir um pouco; e até o momento, Trapp se mostrava bem interessante.
⁃ Hey, vou pegar mais uma cerveja. Já volto. - pisquei ora Kevin, e me dirigi até a cozinha.
No momento em que me debrucei para alcançar a bebida na geladeira, senti braços fortes me envolverem. Eu reconheceria aquele toque até mil anos depois da primeira vez que o senti. E o lembrar dos nossos primeiros momentos juntos, me permiti fechar os olhos, e ser invadida pela saudade.
⁃ Por que está fazendo isso comigo? - questionei ainda de costas.
Silêncio.
⁃ HEIM? - me virei já com lágrimas nos olhos. - Por que fica me olhando, depois de tudo o que fez? Por que você não pode, simplesmente, me deixar em paz? POR QUÊ?
⁃ Porque eu te amo. Porque você é minha. - Cavani me respondeu, e eu comecei a rir instantaneamente.
⁃ Você me ama? Depois de ter me deixado, do jeito que deixo; você me ama?
⁃ Alex, - suspirou - você não entende.
⁃ Não. Não entendo mesmo! Porque, até aonde eu sei, quando você ama alguém, demonstra tal sentimento. E não machuca a pessoa! - explodi, mas logo voltei a chorar. - Porra, Edinson. Você não tem ideia de como eu estou mal. - não expor minha situação assim, mas a dor que eu estava sentindo interiormente, parecia rasgar meu peito se eu não desabafasse com alguém.
⁃ Meu amor, é tudo tão complicado. - Cavani pegou meu rosto e ao colar nossas testas, ficou acariciando minhas bochechas. - Eu sinto tanto por você estar assim. Juro que sinto. Mas foi o melhor a se fazer. Acredite em mim. - ao fim da fala, pude notar que o atacante também se encontrava em meio às lágrimas. Mas eu simplesmente, não conseguia acreditar em nada do que fora dito.
⁃ Fique longe de mim, por favor. - me desgrudei de Edinson, e fui em direção à porta da cozinha.
⁃ Alex... - ele segurou meu braço.
⁃ Só... me deixe em paz. - falei por último, e sai.
Eu realmente não entendia aquela situação. Se ele realmente me ama como diz, por que fez o que fez? Por que me machucou tanto? Por que foi tão cruel?
Eram tantas perguntas rondando minha mente, que tudo o que eu queria à aquela altura, era ir embora, e me enterrar em meio aos travesseiros.
" Todos nós estamos numa fila invisível da morte, onde ninguém sabe sua senha. A qualquer momento gritam "14!", era você. Por isso, o melhor dia de sua vida, é hoje!"
#forçachape ⚫️��
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