História Roles Reversed - Almost the end.

Lidar com crianças, era mais difícil do que lutar contra bandidos. Em bandidos, você pode bater. Em crianças chatas, você tinha que respirar fundo, sorrir e falar calmamente com a criatura do mal. Era enlouquecedor.

— Mãe, a Jessica está puxando meu cabelo! — América gritou.

— Ela me bateu, primeiro! — A tal Jessica rebateu. As meninas começaram a gritar todas juntas, e algumas começaram a gritar pra fazer palhaçada.

— Não bati, não! — América, gritou.

—Bateu, sim! — A garota gritou.

— Calem a boca! — Gritei, alto. As meninas se calaram.

— Titia, chata! —  Uma menina, resmungou.

— Vai tomar no seu cú! — Falei, sem pensar e arregalei meus olhos.

— Ela falou palavras proibidas! — Uma menina gritou e as outras começaram a gritar também.

— Desculpa, desculpa! — Falei, alto. As meninas começaram a se acalmar. Caralho, o que os pais dessas meninas dá pra elas de café da manhã?

Coloquei uma musica infantil, e as meninas começaram a cantar. Era uma tortura. Após alguns longos, muitos longos, inacabáveis, minutos, nós chegamos ao tal parque.

— Chegamos! — As meninas gritaram e eu bufei, entediado.

— Vamos, vamos, todo mundo pegando uma coleira! — Falei e joguei as coleiras nas meninas.

— Pra que isso, tia? — Uma menina me perguntou.

— Pra vocês não se perderam e eu consegui controlar vocês! — Falei e fui pegando a guia de cada uma.

— Queremos ir no carrossel! — Uma morena, gritou.

— Quero ir no pula-pula! — Outra, gritou.

— Vamos andar todo mundo junto e vamos nos brinquedos juntos. Entenderam? — Perguntei.

— Não quero! — Uma loira disse, emburrada.

— Então volte a pé pra casa, querida! — Falei, e sorri.

— Mamãe você está esquisita. — América disse e sorriu. — Mas estou gostando!

— É a tpm, querida! — Falei, sorrindo, e me virei para as garotas. — Em qual brinquedo vocês querem ir primeiro?

— Temos que encontrar os meninos, primeiro! — América disse.

— Que meninos? — Perguntei, assustado.

— Nossos amiguinhos! — Uma menina disse, sorrindo.

— E o namoradinho da América! — Jessica gritou e as meninas começaram a rir. América ficou vermelha. As meninas começaram a andar, antes que eu pudesse dizer alguma coisa. Como era uma manada de garotas, eu fui puxado.

— Que namorado, dona América? — Perguntei tentando conter meu nervosismo.

— O John, mamãe, eu já falei dele pra você! — América disse.

— Querida, você tem seis anos, você não tem idade nem pra saber o que é um garoto! — Falei.

— A senhora mesmo disse que ele é meu crush. — América respondeu.

— Sua mãe é uma desmiolada! — Respondi e revirei meus olhos.

Caminhamos mais um pouco, e logo avistei um grupo de meninos nanicos. Soltei as garotas das coleiras e elas foram cumprimentar os garotos, me espantei ao ver que Victoria, uma antiga amiga de Amanda, era quem guiava os garotos.

— Oi. — Vic disse e beijou minha bochecha.

— Oi. — Respondi — Foi você quem ficou responsável pelos garotos?

— Sim! — Vic disse e riu. Me aproximei de um dos garotos.

— Pirralho, quem é o John? — Perguntei pro menininho, ele demorou um pouco, mas logo apontou para um menino moreno, de pele escura e olhos claros. — Obrigada! — Respondi e baguncei seu cabelo. Me aproximei do menino, e quando ele me viu, correu ao meu encontro e abraçou minha perna.

— Oi, titia, Amanda! — Ele disse todo sorridente.

— Oi. — Falei e forcei um sorriso. Ele não pareceu perceber que eu queria mata-lo, pelo contrário, ele sorriu ainda mais e foi até América, pegou a mão dela e juntos eles guiaram o grupo de crianças para um brinquedo. Estava pronto para correr até ele e chuta-lo, quando Vic segurou minha mão e colocou a outra no peito.

— Eles crescem tão rápido! — Vic disse, emocionada.

— Pois é, nem parece que um dia eles eram apenas coisinhas pequenas na nossa barriga! — Falei.

— São tão fofinhos! — Ela disse sorrindo. — Mas não deixam de serem umas pestes, anda, vamos atrás deles! — Vic falou e puxou minha mão. Fui até o tal John, e separei a mão dele da de América.

— Vocês ficam mais bonitinhos assim! — Falei, sorrindo. — E vão ficar ainda mais, quando John estiver bem longe de você. — Falei e peguei John em meus braços,o coloquei do outro lado do grupo e fui até América. — Prontinho!

Vic e eu nos sentamos em um banquinho e deixamos as crianças brincarem.

Amanda POVS

Meu coração batia acelerado. Meu parceiro e eu estávamos investigando um suposto lugar onde alguns caras traficavam pessoas. A central havia recebido uma denúncia anônima e escolheram a nossa dupla para investigar o caso, porque éramos os melhores. Só que eles não sabiam que seu melhor policial, havia trocado de corpo com uma menina. Vulgo, eu.

Peguei minha arma e eu, e meu parceiro adentramos o beco com cuidado. O beco deu aos fundos de uma fábrica abandonada.

— Vai pela direita, eu vou pela esquerda! — Meu parceiro sussurrou e eu o obedeci. Meu parceiro se chamava Brad.

Subi algumas escadas, e caminhei entre um corredor com muitas portas. Estava tudo escuro eu não enxergava muito bem, ouvi um barulho de um corpo cedendo e me escondi atrás de uma caixa.

— Brad? — Sussurrei. Nada.— Brad? —Sussurrei novamente mais dessa vez um pouco mais alto. Nada novamente.

Levantei-me rapidamente e endireitei o silenciador em minha arma, caminhei por entre a fábrica a procura de Brad e as pessoas sequestradas, entrei em um corredor com muitos salas, abri todas as portas na esperança de acha -las, mas não encontrei nada.

Subi as escadas para o segundo andar e havia um outro corredor, mas esse era diferente, havia apenas uma sala, andei pé a pé até o quarto, meu coração batia acelerado.

Encarei a maçaneta a minha frente e suspirei, a apertei com força e abri a porta rapidamente, encontrei Brad jogado no chão.

— Matthew? — Ele sussurrou.

— Brad, sou eu, Matthew, vem vamos sair daqui! — Falei.

— Matthew é uma armadilha, você tem que sair daqui. — Brad disse, me virei para analisar o local, mas senti uma pontada em minha cabeça, meu corpo se chocou violentamente contra o chão e Brad rosnou, virei-me para cima e avistei um homem com um bastão em suas mãos.

—Vamos pega-lo assim como pegamos o parceiro dele. — Ouvi uma voz dizer.

Minha arma estava longe, e eu não conseguia alcança -la, o homem levantou o bastão novamente contra mim e e fechei os olhos esperando pelo golpe, mas ouvi um corpo se chocando ao chão.

Abri os olhos rapidamente temendo ser o corpo de Brad, mas apenas encontrei o bastão e o dono dele jogados ao chão, olhei para cima e encontrei minha arma em suas mãos, ela estava toda machucada e sua respiração estava ofegante, ela ajudou-me a levantar e entregou-me a arma, ela pegou o bastão e entregou a Brad.

— Laryssa? — Sussurrei, assustada.

— Porque eu sempre tenho que te salvar, Matthew? — Laryssa perguntou e sorriu. — Anda, vamos, tem mais deles e precisamos achar as pessoas sequestradas.

Fui a frente de Laryssa e Brad. Não por opção, mas ao que parecia, Matthew era o líder. Ouvi um barulho atrás de mim e me virei rapidamente, encontrei Laryssa me encarando assustada por ter apontado a arma para ela, sussurrei um "desculpa" e fomos andando, ouvi um barulho ainda mais estrondoso e o grito de Laryssa, virei-me rapidamente pronto para atirar.

— Você quase me matou de susto, garota! — Laryssa sussurrou para uma garotinha que aparentava ter dez anos.

— Vocês estão aqui para nos ajudar? — A garotinha perguntou.

— Sim! — Respondi, tremendo. Laryssa me encarou estranho.

— Matthew, vai com ela e ajude os outros a saírem, Brad e eu iremos criar uma distração e mandar esses capangas para o inferno! — Laryssa disse e sorriu.

Murmurei alguma coisa em concordância e segui a garotinha por um corredor. Ela me levou até uma sala onde encontrei mais dez garotas. Elas pareciam estar machucadas. Meu sangue ferveu. Elas deveriam ter no máximo dezesseis anos. Me senti como mãe deles. Coloquei América na situação delas e fiquei furiosa! Eu tiraria elas dali, nem que isso custasse a minha vida.

— São só vocês? — Perguntei. Elas assentiram. Ouvi barulhos de troca de tiros e meu corpo se arrepiou, quase vacilando, mas tomei coragem e encarei as garotas. — Me sigam, vou tirar vocês daqui! — Falei e as garotas assentiram.

Tudo passou bem rápido. Corri com as meninas para fora do local, e chamei por resgate. Um capanga apareceu, mas eu nem tive que lidar com ele, logo Laryssa e Brad apareceram e lidaram com ele. As garotas choravam, aliviadas, e abraçavam eu, Laryssa e Brad com força e nos chamavam de heróis. Confesso que chorei.

No caminho pra casa, me dei conta do quanto a adrenalina havia me ajudado e também os reflexos de Matthew. Acredito que não trocávamos apenas de corpos e sim, algo a mais. Eu podia sentir a coragem de Matthew comigo. Era reconfortante.
Estacionei o carro na frente da minha casa e desci, Matthew já estava me esperando.

— Oi, flor do dia, como foi o trabalho? — Matthew me perguntou assim que abriu a porta.

— Estou me sentindo uma heroína! — Falei e sorri.

— Bom,eu quase matei um menino hoje, mas isso não importa. Coloquei América pra dormir, acho que eu levo jeito pra ser pai. — Matthew disse com os olhos brilhando ao falar de América. — Mas agora vamos transar até o nascer do sol e trocar logo esses corpos porque eu quero meu corpo sarado de volta.

— E porque você acha que vai dar certo? — Perguntei.

— Porque vamos aonde tudo começou! — Matthew disse sorrindo.

Não entendi de primeira o que ele disse, mas então ele me arrastou até a casa da árvore e eu me lembrei de nossos momentos ali. Aquele era o nosso lugar, o nosso cantinho, o berço do nosso amor. E seria ali que finalmente voltaríamos aos nossos corpos e então teríamos o mais próximos que os seres humanos podem chegar de um final feliz!