Interrompemos o beijo e Todoroki começou me puxar em direção à saída do bar.
Ele abriu a porta do carro e entramos nos agarrando como loucos no banco estofado.
Shouto tirou os lábios dos meus e partiu diretamente para o meu pescoço. Seu contato me causava arrepios da cabeça aos pés. Mergulhei os dedos no seus cabelos e deixei que ele tomasse o controle da situação.
Seus dedos traçaram um caminho sinuoso entre minhas costelas e ele me encostou no banco do carro, colando o corpo no meu. Ele era tão envolvente. Tão errado e certo ao mesmo tempo.
Levantei o seu rosto e comecei a beijá-lo, totalmente atrevido. O beijo, o cheiro e o toque dele levavam qualquer um a loucura. Definitivamente, eu me derretia por Todoroki.
Continuamos o beijo até o bicolor separar sua boca da minha, em um movimento repentino. Olhei confuso para o seu rosto, notando que ele também estava sem fôlego. Foi então, que percebi que havia um cara a espreita do carro, ao lado da porta do motorista.
- Fica aqui. Não saia do carro - disse Todoroki, virando-se para abrir a porta.
- Mas o que você vai fazer? - Perguntei.
Não obtive resposta, pois a porta do carro foi fechada naquele instante.
Olhei através da janela ele começou a dizer alguma coisa com aquele cara. O sujeito usava boné e seu corpo parecia ter ganhado forma numa sala de academia.
Continuei olhando. Senti vontade de sair do carro para saber o que estava acontecendo, mas aquilo não me dizia respeito.
Tentei relaxar e me encostei no banco. Segundos depois, houve um baque de alguma coisa contra o carro, que quase me fez pular de susto.
Nem raciocinei ao ver Todoroki sendo enforcado pelo cara de boné. Saí do carro como um relâmpago, enfrentando a brisa da noite.
- Ei! Deixa ele em paz! - Falei.
- Midoriya, fica no carro - disse Todoroki, tentando tirar a mão do cara que tentava enforcá-lo.
- Olha só, até que seu garoto é uma gracinha -disse o cara.
- Tira os olhos dele filho da puta - rosnou, fazendo o possível para que o cara não o enforcasse.
- Solta ele agora - falei, tomando coragem e me aproximando.
- Fica caladinho. A parada é entre eu e ele - disse o cara, me olhando de soslaio.
- Eu vou chamar a polícia se você não o soltar! - Ameacei.
- Olha - disse o cara, sorrindo e olhando para Todoroki. - Ele tem mais atitude que você seu saco de merda.
- Não é a toa que ele é meu namorado, seu otário - Shouto fincou os dedos na mão do cara, finalmente deixando seu pescoço livre e então, proferiu um soco no rosto do oponente, que cambaleou para trás.
- Entra no carro. Rápido! - Disse Todoroki, entrando no carro dentro de segundos.
Corri e fiz o mesmo. Ao fechar a porta, o cara bateu os punhos na janela do motorista, deixando o vidro rachado.
Ainda deu para escutar o que ele disse, quando Todoroki arrancou com o carro:
- Você ainda vai me pagar muito caro, Todoroki!
Com o coração a mil, eu olhei para o bicolor, querendo uma resposta.
- O que foi isso? - Perguntei assustado.
- Relaxa, tá? Você vai para casa - disse ele, como se fosse a coisa mais natural do mundo.
- Eu não quero ir para casa. Você está sendo ameaçado, é isso?
- Depois a gente conversa -disse, mantendo os dedos pressionados no volante.
- Nada de depois, me fale agora - exigi.
- Izuku, por favor. Estou dirigindo.
- Não importa. Me diz quem é aquele cara!
- Agora não. Depois eu falo, tudo bem?
- Depois? Quando você estiver morto? - Falei, exaltado.
Ele olhou para mim. Seu olhar não devolvia nada, apenas consumia.
- Isso é coisa minha. Por favor, não se mete nas minhas merdas.
Não acredito.
- Ok - falei. - Não vou me meter - respirei fundo. - Para a merda desse carro. Posso muito bem voltar sozinho.
Ele continuou dirigindo, calado, fingindo que não me ouviu.
- Para o carro, por favor -falei.
- Não começa. Como eu disse, vou te deixar em casa.
- Não, obrigada. Prefiro voltar sozinho.
Ele riu. Uma risada sem humor. Quase sarcástica.
- Por que você faz isso? -Perguntei. - Me trata como uma criança? Pra você tudo é depois e acabou. Me diz a verdade, caramba!
- É você que se faz de criança. Nem tudo é na hora que queremos, Midoriya.
- Mas que ódio! Eu estou preocupado com você, Todoroki. Sei que você está escondendo uma coisa muito séria de mim e se caso acontecer uma merda... eu nunca vou te perdoar - me afundei no banco, segurando minhas lágrimas.
Segundos depois, sua voz ecoou no carro:
- Fica a seu critério. A escolha é sua, anjo.
O que ele disse serviu para me irritar ainda mais.
- Você nem se importa, não é? Para você tanto faz! Me diz, pelo amor de Deus, o que está acontecendo com você.
Ele negou com a cabeça.
- Ok. É assim? Eu vou perguntar para o Bakugou e ele sim vai me dizer. Só que depois não venha ficar bravo comigo. A culpa é toda sua.
Ele respirou fundo. Parecia estar se controlando para não explodir.
- Se você quer fazer suas coisas sozinho, que faça. Não quero mais saber. Se não tem mais confiança entre a gente, ficamos nessa mesmo. Um escondendo as coisas do outro.
Todoroki olhou para mim. Seu rosto era pura seriedade.
- Você fala, hein? Eu já te disse que vamos conversar sobre isso, mas não agora.
- Então vai ser quando? Vai agendar data e horário, por acaso?
- Tirou as palavras da minha boca.
- Você só pode estar brincando.
- Pareço estar brincando? - Ele olhou para mim rapidamente.
Respirei fundo.
- Ok. Já que não tenho escolha.
Dez longos minutos depois, Todoroki estacionou o carro de frente à minha casa. Tirei o cinto de segurança e me preparei para sair.
- Até mais - falei, abrindo a porta.
- Se cuida - disse ele.
- Pode deixar, você não precisa me dizer isso - saí do carro e fechei a porta com força.
- Quebra mesmo — O olhei sério.
Assim que entrei, Todoroki saiu com o carro, deixando uma saudade profunda dentro de mim.
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