Depois de Minhyuk ter atrapalhado tudo, eu me tranquei em meu quarto morrendo em vergonha, mas não arrependido. Eu não estava nada arrependido. Aliás, eu queria mais. Muito mais. Há todo momento as cenas voltavam-me a mente e eu criava pensamentos de como teria sido se nada tivesse nos atrapalhado.
Ainda estava com planos de matar Lee Minhyuk, mas depois eu cuido disso.
Depois de algumas horas assistindo filmes aleatórios, desenhado coisas aleatórias como algumas fotos que tirei de Jooheon, e tomado um banho gelado, recebi uma mensagem de Minhyuk, pedindo para me encontrar.
Aceitei só para não ficar chato e me arrumei, saindo do apartamento quase em cima da hora e tendo que correr até o local. O mesmo café de sempre, a mesma mesa, o mesmo pedido, quase uma rotina. Minhyuk me olhava todo feliz. Transou, só pode.
— Dormiu mais? — Ele perguntou.
— Não. — Respondi seco.
— Ih, acordou de mau humor, é?
— Minhyuk, você é muito tapado! — Fui sincero.
— Devo ser... — Ele disse. — O que aconteceu?
— Você é um empata-foda.
— Eu sou um o que? — Ele parou e me encarou. — Espera... Não...
— Sim, Minhyuk, você chegou quando eu e o Jooheon estávamos quase transando. — Falei baixo.
— Eu não acredito. — Ele disse incrédulo. — Não brinca.
— Não estou brincando Minhyuk, você acabou com tudo. — Respondi bravo.
— E como aconteceu?
Contei tudo a Minhyuk, desde o ensaio fotográfico até o momento em que ele atrapalhou tudo. Minhyuk me olhava com a boca aberta em um “O” perfeito, quase babando. Só então a ficha caiu para ele e para mim também.
— Meu Deus. — Ele ainda estava incrédulo. — Me desculpa.
— Tudo bem. — Dei de ombros.
— Mas e ai, você gostou?
— Gostei tanto que quero mais. — Suspirei. — Mas não acredito que eu esteja amando o Jooheon, talvez tenha sido o calor do momento.
— Então você transaria com ele, mas tipo, não sente nada por ele?
— Meu coração está dividido Minhyuk, isso não vai sumir da noite pro dia.
— Tenta ver o Jooheon como mais que um amigo, ele entre aspas se declarou para você. — Ele sorriu. — Ele estava bêbado, sim, mas todo mundo fora de si só fala verdades.
— Você acha que eu não to tentando?
— Não parece. — Ele tomou um gole do café. — Você ainda foge dos seus sentimentos Lim.
— Não fujo não.
— Changkyun, você está quase negando que não gosta do Jooheon e está estampado na sua testa que você o quer.
— Eu sou muito inseguro. — Confessei.
— Agora você tem total certeza do que o Jooheon sente por você, só vá.
Depois do café com Minhyuk decidi ir até um parque perto dali. Precisava pensar um pouco. Aproveitei para fotografar algumas coisas aleatórias e colocar a cabeça no lugar.
Minhyuk está certo. Eu realmente fujo dos meus sentimentos. Fugi do que sentia por Kihyun, aleguei que não queria magoa-lo, mas tudo o que eu fiz foi exatamente isso, e também acabei machucando a mim mesmo. Com Jooheon não estava sendo diferente, tudo estava se repetindo. Uma pequena amizade, um beijo, uma transa, uma negação infinita do que sentia. Fora exatamente assim com Kihyun e estava se repetindo.
Eu não conseguia tirar Kihyun da minha mente, e naquele momento eu me dei conta de como ele me fazia falta, e como eu precisava de seus conselhos que sempre me tiravam de minhas confusões. Mas eu não o tinha ali e teria que aprender a lidar com meus problemas sozinho.
Eu me sentia mal e ao mesmo tempo confuso. O que eu realmente sinto por Lee Jooheon? No momento pode ser denominado desejo, não amor. Não o amo como ele me ama, ainda. Quero sim poder sentir o mesmo, quero que seja recíproco, mas não é tão fácil pra quem nunca se apegou a ninguém e sempre fugiu de qualquer coisa que fosse relacionado ao amor.
Eu nunca amei de verdade. Eu não sei como se sente alguém realmente apaixonado. Parece até que eu nasci pra nunca amar.
Estava tão entretido em meus pensamentos que mal percebi quando alguém sentou ao meu lado debaixo da árvore. Virei meu rosto para o lado, encontrando a causa — talvez — maior de toda a minha confusão, Lee Jooheon.
— Sabe, você é muito especial pra mim. — Ele começou.
— Sou? — Perguntei.
— Sim, até demais. — Ele sorriu. — Você, sei lá, é a única pessoa que é próxima a mim.
— Como assim?
— Você é tipo a única pessoa da minha vida. Eu não tenho amigos e nem família, então... Você, meu colega de quarto, dono dos meus pensamentos impuros e da minha insônia, e do meu coração, obviamente, é simplesmente tudo o que eu tenho. — Declarou-se.
— Sou tão importante assim? — Ri soprado.
— Uhum. — Ele suspirou. — Eu amo você, mas percebo que você está confuso.
— Está tão na minha cara?
— Uhum, você sente algo pelo Kihyun, ou... — Ele tombou a cabeça para o lado. — Talvez não sabe o que sinta.
— Vai virar psicólogo é?
— Olha, sempre pensei nisso, mas desisti da ideia. — Riu.
— Sinto muito não ser recíproco. — Entristeci.
— Tudo bem. — Ele pegou em minha mão. — Eu só quero que saiba que eu não penso em você somente no sentido sexual.
— Eu sei disso Jooheon, você bêbado é pior do que criança, conta toda a verdade.
Ele riu e nós ficamos em silêncio. Jooheon ainda segurava minha mão, fazendo um carinho singelo com o polegar enquanto nós apenas observávamos a paisagem. As crianças correndo, os casais de mãos dadas, os pássaros voando. Tudo muito feliz.
— Sabe... Eu nunca entendi por que você fugia de mim. Era até engraçado. — Ele comentou.
— Acho que era vergonha. — Olhei para as folhas da árvore. — Ou sei lá, medo de me apaixonar.
— Eu aposto na segunda opção, porque os rumores sobre mim nunca foram os melhores. — Riu.
— Nunca ouvi nada sobre você... — Respondi sincero. — Mas o que falavam de mal? — Perguntei curioso.
— Pega todos, galinha, puta. — Ele riu do último. — Pau pra toda arara.
— Meu Deus. — Ri alto. — Que horror.
— Era horrível, eu pensava que era por isso que você fugia. Medo de se apaixonar, eu ser idiota e só te pegar e partir seu coração.
— Nem eu sei porquê fazia aquilo. — Comentei.
Durante o resto da tarde, nós ficamos conversando sobre tudo o que sentíamos. Jooheon havia se declarado novamente e desta vez, sóbrio. Quando o sol se escondeu no horizonte e o vento frio anunciava que anoitecera, nós nos colocamos a caminho de casa. Paramos no mercado e compramos algumas coisas para fazermos o jantar, e também compramos doces e mais salgadinhos, tendo planos para uma maratona de filmes de terror.
Durante o caminho de casa, tirei algumas fotos de Jooheon que ficaram bem legais, e que eu com certeza guardaria por um bom tempo. Chegamos em casa e fomos direto cozinhar. Eu sou péssimo quando se trata de cozinhar, então Jooheon me ajudou em algumas partes, ensinando uma receita de macarrão que era especialidade da mãe dele.
Jantamos juntos, e eu percebia em toda frase como Jooheon estava adorando aquilo. E eu idem, não podia negar que aquilo estava sendo legal por demais. Me ofereci para lavar a louça, e ele não negou, apenas deixou eu com os pratos e a pia. Mas meus planos de lavar a louça toda sossegado foram interrompidos quando — de repente — Jooheon me abraçou por trás, beijando o topo de minha cabeça. Virou-me delicadamente e selou nossos lábios num beijo calmo.
E eu fiquei sem reação, apenas retribui o beijo e o aprofundei sem tanta intensidade, sentindo-o segurar firme minha cintura e morder meu lábio inferior. E por Deus, como Jooheon beijava bem. Ele sorriu todo tímido e me deixou terminar a louça, saindo da cozinha e me deixando com um sorriso todo bobo no rosto. Af Lee Jooheon.
Quando terminei, fui tomar um banho rápido enquanto ele escolhia os filmes que iriamos assistir. Coloquei uma blusa e um shorts confortáveis e voltei a sala, encontrando-o com dois filmes em mãos.
— Você já assistiu Boneco do Mal? — Ele perguntou.
— Não. — Respondi.
E assim o primeiro filme estava escolhido. Apagamos todas as luzes e nos sentamos no pequeno sofá da sala, começando a assistir o filme. O filme começou calmo, e eu estava era com tédio porque tudo o que acontecia era que o boneco se movia e assustava a moça. Ri demais quando ela descobriu que ele estava se movendo, enquanto Jooheon me dava um tapa morrendo de medo.
— Para, Changkyun! — Ele gritou. — Eu estou com medo.
— Mas isso nem dá medo, olha a cara de idiota do boneco. — Dei risada.
— Para.
O filme só ficou legal no final quando toda a verdade fora descoberta. O filme não dá medo em si, e sim sustos, mas de resto, a história é bem merda e eu não gostei tanto não. Eu o maior crítico de cinema.
— Eu não entendi nada. — Jooheon disse.
— Nem eu, esse filme é meio doido. — Comentei.
— Esse boneco é idiota demais. — Ele fez um biquinho.
— Eu disse. — Falei convencido. — Eu escolho agora.
Escolhi um dos meus filmes de terror favorito. A Maldição de Helena é um ótimo filme pra você ter um pouco — lê-se muito — de medo. E nesse eu me tremi quando assisti. Jooheon gritava quase há todo momento e eu ria do desespero do mesmo.
— Tira esse filme agora Changkyun. — Ele pediu.
— Não, ele é legal, vamos assistir.
— Chang... — Ele choramingou.
— Vem cá. — O chamei para um abraço.
Jooheon durante o resto do filme me apertou com vontade e força, se assustando com tudo e mais um pouco. O filme realmente é muito bom, tem toda uma história por trás e os fatos se interligam muito bem. Eu adorei, já Jooheon quase fazia nossos corpos se fundirem pelo medo que ele sentia.
— Acabou? — Ele perguntou.
— Sim, acabou.
— Aish Chang, que filme horrível. — Resmungou.
— Ah você não pode negar que é uma história muito bem bolada. — Respondi para ele.
— Eu mal prestei atenção por medo. — Ele fez um biquinho.
— Seu bichinho medroso.
Decidimos não assistir mais nada depois daquele filme, Jooheon já estava bem assustado e não tinha mais nada tão interessante. Depois de termos arrumado tudo na sala e na cozinha, Jooheon não parou de me seguir. Eu ia para todo lado e ele estava comigo. Mais grudento que chiclete.
— Jooheon, o que foi? — Perguntei.
— Estou com medo, não quero ficar sozinho.
Quando a gente acha que não pode piorar. Assistir filmes de terror com o Jooheon está cortado da lista de coisas para fazer com o mesmo. Ri de como ele estava realmente assustado e avisei que iria dormir. Quando cheguei ao meu quarto depois de apagar todas as luzes da casa, só quis deitar e dormir horrores, mas um pequeno detalhe me chamou a atenção.
— Posso dormir com você? — Ele perguntou se encostando na porta.
A última vez que dormimos juntos ocorreram coisas que não acabaram tão bem. Não acabaram por causa de Minhyuk, mas se eu pudesse teria ido até o final. Mas não, eu não sabia se queria que algo rolasse ali entre nós, pelo menos agora eu não queria, meus pensamentos bagunçados não ajudariam em nada.
— Não vou te agarrar, eu prometo. — Ele disse juntando as mãos. — Por favor.
Deitei-me mais para o lado da cama e bati com a mão no colchão levemente, chamando-o, e o mesmo veio até mim, deitando-se e cobrindo-se por inteiro. Ri de como ele estava com medo e desliguei — ou pelo menos tentei — o abajur, mas Jooheon me impediu.
— Deixa ligado, por favor. — Ele pediu.
— Tudo bem.
Eu odeio dormir com luz, seria um pouco difícil pegar no sono, mas o que a gente não faz pelo amiguinho — quase crush — que está com medo até uma sombra. Me virei para o lado contrário ao que ele estava e tentei dormir, sentindo Jooheon se grudar a mim e me abraçar forte.
— Boa noite, Chang. — Ele suspirou. — Eu amo você.
— Boa noite, Joo.
Ah Lee Jooheon, por que você tem que ser tão apaixonável?
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