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História Rosa Azul - Hyunsung - O xeque-mate


Escrita por: geniusbang

Notas do Autor


EAI SUAS GOSTOSAS

preparadas? eu também não. Parece que foi ontem que eu e a co-autora ainda estávamos fazendo as fichas do personagem pra postar a fic, ai senhor.

Enfim, boa leitura pra vocês🖤

Capítulo 20 - O xeque-mate




— Vai ficar me encarando pra sempre, porra? — Felix intimou após segundos demais de silêncio para o gosto dele.

— Seria mais fácil me concentrar com você não estando quase sem roupas.

O garoto deu um sorriso malicioso enorme, se afastando enquanto dava uma risadinha baixa e grave.

— Se eu estar quase sem roupas é o problema, podemos resolver isso rapidinho.. —Changbin quase caiu da cadeira quando ele deslizou para o chão a última peça que faltava, ficando completamente nu. — Pronto, agora não estou quase sem roupas.

Filho de uma bela puta.

— E então, vai me responder? — O ghoul engoliu a saliva quando ele se sentou em suas coxas enquanto passava a língua nos dentes da frente. — Diga, caralho. Me quer ou não? 

Ele estava quase quebrando a mesa — literalmente —, enquanto tentava impedir suas mãos desesperadas para tocá-lo. Com um homem daquele em seu colo e totalmente exposto, era um pouco difícil manter o juízo. Só um pouco. 

— Santo inferno, me responde! 

— Puta merda, você é o pestinha mais teimoso e insistente que existe — despejou por fim, agarrando o pescoço de Felix e puxando o rosto do mesmo até estar perto do seu próprio. — É, porra. Eu quero você. E no momento, você está me irritando tanto que o que eu mais quero agora é te foder até estar gritando pra eu não parar. 

A alegria era tanta na expressão do ruivo que podia estar saindo raios de sol dele.

— E está esperando o que? — Sussurrou com a voz ofegante graças à falta de ar com o enforcamento. Se ajeitou melhor e deu uma sutil rebolada contra as coxas do outro, fazendo ele apertar os lábios. — Por que só não para de se controlar?

Subitamente, foi tirado do colo alheio e brutalmente empurrado contra a parede também, fazendo-o dar um resmungo baixo quando suas costas reclamam de dor pelo impacto.

— Não entende? Isso é exatamente o que eu não posso fazer, Felix. 

— Por que não, porra? Se for por toda aquela merda de vulnerabilidade, ter algo a perder e blá-blá-blá, a gente dá um jeito, cacete.

Changbin deu um riso sarcástico com as palavras, se levantando da cadeira. 

— Acha que é por isso que eu te evito tanto? Por medo de usarem você pra me atingir? 

Não conseguiu deixar de adicionar traços de confusão à sua expressão.

— E não é?

— Caralho, Felix. Claro que não. Quem me dera se fosse por isso, porque seria muito mais fácil de resolver. Se alguém tentar te machucar, eu simplesmente arranco a cabeça desse alguém e pronto.

O coração do garoto se remexeu no peito com velocidade. Para alguém que demonstrava não se importar nada com ele, é estranho ouvir que o ghoul mataria para protegê-lo. 

Não que fosse uma criancinha indefesa, mas mesmo assim. Sabia que estaria mentindo se dissesse que não gostaria de presenciar Changbin dilacerando alguém que tentou o ferir.

E o pior é que sabia que faria o mesmo por ele. 

— Eu sei perfeitamente que te tratei como um lixo, que te magoei. Fiz isso porque te afastar tornaria mais fácil pra mim ficar longe de você, mas esse é o problema. Em que porra de universo paralelo eu conseguiria ficar longe de você? 

Felix não falou nada. Não conseguiu. Não estava tão preparado assim para ver um Changbin tão transparente. 

— Eu tentei muito, me obrigava a acreditar que você não tinha tanta importância. Mas quando comecei a analisar e decorar coisas que eu definitivamente não deveria saber, já estava na cara que eu estava fodido.

— Que coisas? — Quis saber. O ghoul suspirou.

— Tipo reparar em você a ponto de ter registrado na minha mente sua expressão quando está posesso: fechar o olhos e passar a língua na bochecha enquanto dá um sorriso desgraçadamente atraente. Ou saber que a ponta de seu nariz sempre fica um pouco avermelhada quando está com raiva ou bêbado. 

"Ou talvez o fato de saber que você soca melhor com a mão esquerda, mesmo sendo destro. As mesmas mãos minúsculas que você vive medindo porque mancha bastante sua imagem intimidadora, só pra ver se ela por algum milagre cresceu. E claro, nunca muda nada. Mas você continua conferindo como o grande teimoso que é."

Demorou até ele conseguir dizer alguma coisa, já que sua língua parecia estar muito bem presa num nó.

— Como…

— Como eu sei disso? Não faço ideia. Tem muitas outras coisas que eu sei sobre você que só um parceiro de cama não deveria saber. E é isso que me assusta e me irrita ao mesmo tempo. Você é tão… argh, temperamental, cabeça dura e chega até ser infantil quando as coisas não saem do jeito que você quer. Não entendo como tenho tanta vontade de ficar perto de você, mas eu tenho. Você é a porra de uma praga, Lee Felix. 

Era difícil articular tudo aquilo, e um tanto quanto confuso. Estava em dúvida se deveria enxergar aquilo como uma declaração, um desabafo ou os dois. Nunca foi seu forte lidar com sentimentos. Simplesmente os pegava e os transformava em vontade de trepar ou de quebrar alguma coisa. E pronto, acabou. 

— Se você se sente assim… por que continua fugindo tanto? 

Changbin suspirou tão profundamente que Felix cogitou que ele roubaria todo o oxigênio da sala. 

— Porque não quero que você veja minha outra versão — admitiu por fim. — Aquela que já matou pessoas a sangue frio e as devorou vivas. Se um dia eu me descontrolar perto de você… se eu te causar um mísero arranhão… 

Ele fechou os olhos e balançou a cabeça, como se estivesse expulsando a imagem horrível que criou em sua mente. 

— Nunca irei me perdoar. E não que você não saiba se defender, claro que sabe. Mas não quero te obrigar a isso, porque sei que vai ser horrível pra você ter que se obrigar a fugir de mim. Não quero ser uma ameaça pra você, Lix. Eu te amo demais pra te deixar perto de qualquer tipo de perigo, incluindo eu. 

A realidade pareceu se distorcer em volta dele. Sua expressão estava estática e seu cérebro se recusava a registrar o que ouviu. 

— Espera. V-você… disse… disse que… 

— Que eu amo você? — Repetiu, fazendo o fôlego do ruivo ir para o brejo. O ghoul deixou sair uma risadinha. — Você tem a horrível mania de ouvir só o que quer, sabia? 

Felix respirou fundo várias vezes, tentando conter a pulsação que parecia um tambor contra suas veias. 

— Porra. Eu… caralho. Puta que pariu — passou a mão na própria testa para tentar se acalmar. — Changbin, eu…

— Não. Não fala nada. — O cortou. — Se você falar, não vou conseguir ficar longe de você.

— Então não fica.

— Você não ouviu merda nenhuma do que eu acabei de dizer? 

— Sim, ouvi. E não dou a mínima. — Ele se desencostou da parede e foi até o ghoul. — Esse seu sangue de demônio idiota já te tirou muita coisa. E eu estou cansado de te ver acreditando que ele é maior que você, o que não é verdade. Você tem que parar de se subestimar, porra.

— É fácil falar. 

— Sim, eu sei que é. E acredite, eu também sei como é difícil causar danos irreversíveis por falta de controle. Falo isso por experiência própria, que a partir do momento que você começa a enxergar seus poderes de baixo e saber que eles fazem parte de você pra você os controlar, e não o contrário, tudo fica melhor. 

Ele segurou o rosto do outro, o obrigando a olhar. Então continuou:

— Changbin, você foi obrigado a ser o que é. Nós dois fomos. Isso te custou sua vida, sua família, seus sonhos… tudo. Não deixa ele te tirar isso também, não deixa ele vencer de novo. A gente pode dar um jeito de passar por cima dessa merda. Eu não quero ter que passar mais um segundo sem saber que você não é meu, porque eu também te amo pra cacete.

Felix se aproximou mais e colou a testa com a dele, fechando seus olhos.

— Por favor, não deixe que isso nos separe. Você é mais forte que isso. 

Eles ficaram ali no completo silêncio por vários minutos, mas era um silêncio confortável dessa vez. As respirações se cruzavam, tornando aquela pouca distância cada vez mais insuportável.

E Changbin foi o primeiro a se render. Segurou a nuca do ruivo e o beijou como se sua vida dependesse de seu contato com ele. Felix retribuiu na mesma moeda, se derretendo por inteiro quando os toques dele em sua pele quente e nua começaram.

— Só pra saber — ele disse se separando. — O que exatamente isso significa?

Changbin mordeu o interior da bochecha enquanto refletia sobre a resposta.

— Prefere continuar a conversar sobre emoções, ou aproveitar nosso tempo juntos comigo te comendo do jeitinho que você gosta? 

Ele escorregou os dedos pelas costas do ruivo, que suspirou em arrepio. Como qualquer simples toque físico conseguia fazê-lo se sentir tão… amado? 

— É, ótimo ponto. — Concordou voltando a beijar o ghoul, mas quando os dois estavam caminhando em direção à mesa grande que ficava na frente da sala, ele interrompeu o ósculo novamente. — Mas tipo, você não vai voltar a ser um completo cuzão comigo, vai? 

Ele riu soprado em resposta.

— Não, relaxa. Agora vem cá — o puxou pela cintura de volta para si, selando novamente aquela boquinha tão viciante com a sua. 

E quando as costas de Lee encostaram na mesa que desejavam chegar, para a irritação de Seo, ele apartou o contato mais uma vez. 

— Sério mesmo? Porque se você me ignorar ou ser um escroto de novo, eu juro…

— Tá bom, porra. Já entendi. Só pelo amor do inferno, pare de falar. 

O ghoul avançou de novo no garoto, mas não foi em seus lábios dessa vez. Partiu para o pescoço, fazendo uma trilha de selares desde o ponto atrás de sua orelha até a curva de seu ombro. Puxou sutilmente a pele daquela região com os dentes antes de afundá-los ali para valer. 

Felix se encolheu, agarrando os cabelos de Changbin com força enquanto gemia arrastadamente num resmungo manhoso, sua respiração se tornando desesperadamente rápida. 

— Porra, adoro quando faz isso — pensou alto, fazendo-o erguer o olhar enquanto acariciava os lábios sujos de vermelho com a língua. 

— É, dá pra ver — provocou num sorriso de canto, erguendo Felix e o colocando sentado no móvel. Em seguida desceu para as coxas dele, deixando mais uma mordida na parte interna da mesma. Ele apenas gritou. 

— Acho que… um dia vamos ter que agradecer àquela pombinha. 

O ghoul riu com a fala enquanto abria o botão da própria calça.

— É — ciciou enquanto puxava-o pelo pescoço e o colocava em pé novamente, apenas para virá-lo e empurrá-lo e fazendo seu peitoral colidir com a mesa. Com isso, conseguiu captar um sorriso largo do ruivo enquanto mordia a ponta da própria língua em ansiedade quando Changbin separou mais suas pernas com o pé. — Com certeza vamos. 

Foi a última coisa que o ghoul declarou antes de se desligar completamente do mundo e se concentrar em sua pequena praguinha, cuja já não sabia esconder o quanto amava.

E se aquilo ia dar certo, eles não sabiam. Apenas sabiam que com certeza não iam pensar no futuro agora. 








───────⊹⊱✫⊰⊹───────








— Vou ter que soprar até derrubar? — gracejou Hyunjin, quase conseguindo visualizar a expressão de pânico das duas. Era hilário. 

Mas algo que era bem mais de seu interesse o chamou.

— Aí, capetinha — disse o arcanjo no fim do corredor. — Não tá mais afim de brincar comigo?

Jisung o instigou dando passos de ré, o Cicatriz do amanhã repousando em sua mão direita enquanto na esquerda havia uma adaga qualquer. Ele as rodava como se fossem palitos de dente ao invés de armas mortais, uma cena definitivamente nem um pouco sedutora para Hyunjin.

Ele se desencostou da porta no mesmo segundo, mas se manteve no lugar enquanto olhava interessadamente para Jisung. 

— Podemos continuar aquela caçada — recitou num sorriso malicioso. — Vamos ver se consegue me pegar dessa vez. 

E saiu em disparada no próximo corredor. Hyunjin sorriu abertamente num ar animado, sabia que ele estava aprontando alguma, mas ele não era o único que tinha cartas na manga. Veremos no que aquilo vai dar. 

Ele seguia tranquilamente sua pequena presa, mesmo não a tendo em sua vista, podia sentir sua presença. E isso já bastava. 

Mas apesar disso, Jisung parecia estar fazendo um bom trabalho por enquanto em driblá-lo. Ele zanzava de um local para outro muito rápido, mantendo Hyunjin ocupado na tarefa de finalmente alcançá-lo. Tanto que se submergiu demais a ponto de não reparar que ele a trouxe para sua própria linha de lasers até ele desviar no último milésimo. 

— Boa tentativa, anjinho. Mas um tanto quanto estúpida também, já deve saber que eu não me machuco. 

— Que bom — respondeu numa postura aliciadora. — Seria uma pena se esse rostinho lindo fosse prejudicado. 

Ele continuou a andar rapidamente, fazendo o demônio semicerrar os olhos para ele. Talvez, se fosse uma pessoa normal, recusaria em nome da autopreservação do que sabe se lá o que Jisung planejava. 

Mas ele não era uma pessoa normal, era Hwang Hyunjin. Ele ria do perigo e flertava com a morte. 

O íncubo andava atrás do arcanjo como um cachorro indo atrás do osso. Sabia que se tratava de algum tipo de emboscada, mas sinceramente, não se importava. Era assim a vida de quem não conseguia sentir medo, você acha empolgante até mesmo quando apontam uma lâmina para seu pescoço. 

O que foi o caso assim que ele chegou ao seu local preferido: o terraço.

— Atrair você é mais fácil que quebrar um pescoço. — Ele sorriu de canto enquanto pressionava o Cicatriz do Amanhã contra a pele alheia. — Não sei se você é surtado ou só um inconsequente mesmo. 

— Inconsequentemente surtado conta? — Argumentou, e o arcanjo deu um riso nasal enquanto dava passos para frente, fazendo o demônio andar no mesmo ritmo para trás. — Então, por que estamos aqui?

Quando suas costas encostaram na parede, Jisung usou a mão livre para colocar seus fios azuis já molhados graças à chuva para trás, fazendo um calor subir por Hyunjin assim que pôde ver com mais clareza aqueles dois mortais olhos safira, que pareciam quase fluorescentes à luz da noite. 

— Porque seria lindo ver seu sangue se misturar com a água — respondeu com um sorriso que exibia umas migalhas da atrocidade que o demônio sabia perfeitamente que existia dentro dele. 

— Se a sua intenção é despertar meu pavor, gracinha, saiba que tudo que está conseguindo é despertar outra coisa — ele revirou os olhos com a insinuação, fazendo Hyunjin erguer a sobrancelha em ameaça. — Já mandei não fazer isso na minha frente. 

— Uh, e vai fazer o que? Acho que você não tem muitas opções quando está a um passo de ter a garganta aberta. 

— Ah, querido — disse com a voz macia. — Não faz a menor ideia do que eu poderia fazer com você. E até onde eu ouvi… está louco pra descobrir. 

Jisung era ótimo em esconder emoções, isso era fato. Mas para um mestre em linguagem corporal como o íncubo, a tensão que se instalou nele com a fala não passou despercebida.

— Eu estava fora dos eixos quando disse aquilo. Mas agora que estou de novo em meu juízo perfeito, posso afirmar com toda a certeza do mundo que minha maldita atração por você é muito menor do que a vontade de te matar. 

O cicatriz foi pressionado com mais força contra a jugular de Hyunjin,  que fechou os olhos e tombou a cabeça para trás num sorriso radiante enquanto passava a língua no canino. Uma risadinha baixa soou dele.

— Então, prove. — Desafiou. — Prove que sua sede de sangue é realmente maior do que seu desejo por mim. Me mate. 

Um trovão explodiu no céu, fazendo Jisung dar uma rápida piscada em surpresa e se distrair minimamente, fazendo-o amolecer o braço que segurava a lâmina o suficiente para que Hyunjin pegasse seu pulso e levasse a arma até a frente do próprio rosto, e então… 

A lambeu.

Sua língua deslizou por toda a extensão da adaga, a prata do piercing raspando no ouro causando um baixo e fino tinido. Aquela cena era enlouquecidamente sugestiva em tantos níveis que Jisung teve que se esforçar mais do que gostaria para sua concentração não sair dos trilhos de novo. 

— Vamos, docinho. O que te impede? Está com medo de alguém ouvir? Hmmm… vamos checar — ele posicionou o dedo médio e o polegar em cada canto do lábio, emitindo um assobio alto. Nenhuma resposta. — Parece que não podemos ser ouvidos daqui, e muito menos vistos. Então, vá em frente. Acabe comigo de uma vez.

Ele ergueu as mãos na altura da cabeça em rendição, mas seu olhar dizia claramente que acreditava plenamente que Jisung não conseguiria. 

E para seu próprio ódio, uma pequena parte do arcanjo, uma tão minúscula que faria uma formiga parecer um prédio, concordava com ele. Mas todo o resto de Jisung apresentava completo ódio de si mesmo, a voz na sua cabeça gritando e o descascando de xingamentos. 

"Ande, inferno! Faça! Por que está tão travado? Por que não consegue? Você é ou não é o maior assassino de Aurum, maldição?"

E infelizmente, sua demora colocou aquele alegre e insuportável sorriso no rosto do íncubo.

— Você mesmo disse, querido. — Ele encostou o indicador na ponta da lâmina, a abaixando e a colocando na altura do próprio peito para que pudesse encarar o arcanjo melhor. — Sou sua maior tentação. Nem mesmo seu amor por matar supera isso. 

Nunca se odiou tanto quanto agora. Ele nunca hesitou na hora de matar, nunca

— Aliás, você debochou de mim por ter te seguido até aqui sem questionar — ele estalou a língua. — Mas acho que dessa vez, o descuidado foi você. 

Jisung não teve tempo de preparar uma reação antes da merda acontecer. Num segundo a porta de repente se abriu com um estrondo, e no seguinte, algo pulou em sua direção e o derrubou. 

Tudo aconteceu tão rápido que primeiramente, tudo que conseguiu captar foram dentes enormes sendo exibidos a centímetros de seu rosto junto com um rosnado, que vinha junto de um hálito horrível. 

— Olha só, esse com certeza foi o seu recorde de velocidade. Boa garota! — Elogiou Hyunjin, que já havia sumido da onde estava e se encontrava encostado na parede do outro canto do terraço. 

Assim que a voz dele se dirigiu ao animal responsável pela queda do arcanjo, rapidamente se afastou do mesmo e foi empolgadamente até o íncubo, que agachou para recebê-lo.

— Quem é a carnívora assassina mais linda do papai? — Dizia ele com uma voz infantil enquanto acariciava as orelhas dela. Jisung não podia acreditar no que estava vendo.

— Você tem uma hiena de estimação? 

— Oh sim, mas que mal educação a minha — falou se levantando. — Anjinho, conheça a Trix. Trix, anjinho. 

— Mas… da onde caralhos ela veio? Como que… — se interrompeu assim que viu um sorrisinho de "te peguei" ser lançado para ele. — O assobio. Filho da…

Quando fez menção de se levantar para atacar o íncubo, recebeu um rosnado protetor em advertência. 

— Ela aparece por aqui de vez em quando, mas prefere ficar a maioria do tempo sozinha — explicava enquanto acariciava a cabeça peluda e encharcada. — A adotei quando era um filhote e a adestreei. Você sabe, sou ótimo em amansar gatinhos agressivos. 

Ele deu uma piscadela, fazendo Jisung franzir o cenho e desviar o olhar com a indireta.

— Ela é a mascote perfeita, já que não depende de mim para se alimentar. É uma caçadora formidável e com um gosto bem refinado, assim como o dono. Digamos que… ela adora o sabor de carne celestial. 

Trix deu mais um rosnado e também um passo sutil para frente enquanto fazia menção de entrar em posição de bote, mas Hyunjin a barrou.

— Epa, nem vem. Ele é o meu jantar, não o seu. Senta. — Ditou apontando para o chão, e ela obedeceu o comando imediatamente. — Muito bem. E… o que é isso? Onde se sujou assim? 

Ele raspou o dedo no queixo de Trix, revelando um conteúdo vermelho que parecia bem fresco.

— Uh, parece que alguém decidiu caçar durante o esconde-esconde.

O estômago do arcanjo gelou com a insinuação. Preferiu pensar que aquele sangue no pelo era de algum roedor insignificante que cruzou o caminho dela, e não de quem estava pensando. 

— Enfim, voltando ao que interessa. Considerando que agora estou livre da sua lâmina e você tem uma predadora mortal pronta pra te despedaçar se eu mandar, acho que quem está encurralado agora é você. 

— E posso saber por que você acredita que seria tão difícil pra mim eliminar a bichana?

— Bela tentativa — sorriu matreiramente. — Mas eu sei perfeitamente como funciona o código moral de vocês com animais. 

Merda. O blefe foi por água abaixo. 

— Continuando, o negócio é o seguinte, anjinho, achou mesmo que eu simplesmente te seguiria até aqui sem um plano em mente também? 

Ele tirou um dos vários acessórios do pescoço e o exibiu para o arcanjo, que o reconheceu imediatamente. Uma corrente com pingente de retângulo vermelho com bordas prateadas. É o colar que ele saiu da sala das celas para procurar certa vez, dizendo que havia deixado cair na sala de treinamento. Um evento que parecia ter acontecido há um milhão de anos atrás. 

— Tem a menor ideia do que é isso? 

Jisung franziu a testa em resposta, indicando o óbvio. Não, ele não sabia.

 — Bem, digamos que por ser imortal e ainda por cima não poder dormir, tenho muito tempo livre. E em um dos meus dias de tédio, eu resolvi pensar: e se não fosse água normal que saísse dos irrigadores de teto?

A ficha de Jisung caiu na hora.

— Você não fez isso. 

— Os sensores estão diretamente ligados com essa jóia — ele olhou para o colar. — Se quebrar… 

A respiração do arcanjo tornou-se mais apreensiva do que já estava, seu peito congelou e pareceu passar o efeito para seu estômago, depois para todo o corpo. Ele cerrou os punhos.

— Sabe, seus amigos podem não ter conseguido fugir ainda. Uma chuva ácida talvez não mate a cachinhos dourados e a pombinha. Mas os machucariam, e muito. E a pequena sereia e a bruxinha… hmm…. — ele estalou a língua enquanto fazia uma falsa expressão de pena.

— Você está blefando. — O arcanjo concluiu rapidamente, fazendo o íncubo dar aquela expressão misteriosa e travessa que ele ainda não sabia decidir se era atraente ou revoltante. 

Nada era claro com Hyunjin, nada. Mesmo que o conhecesse há um milênio, ainda não conseguiria definir se ele era um gênio ou um completo maluco. 

— Será? — Indagou se sentando no parapeito com uma perna para fora, e o coração de Jisung pareceu se deslocar para o abdômen quando ele esticou para trás a mão que segurava o acessório, ameaçando largar. — Quer testar? 

Tentava olhar no fundo daqueles olhos negros como carvão para tentar decifrar alguma coisa, mas o desgraçado era completamente imprevisível. Era plenamente capaz de não estar mentindo e de estar também. 

— Sabe, anjinho, seus amigos já sofreram tanto pelas escolhas erradas que fez… tem certeza que quer arriscar mais uma vez e arruinar o que mais quer para eles desde que pisou aqui? Liberdade e segurança? 

Não, não, não. Esse truque idiota de leitura mental não. 

— É melhor parar com isso.

— E por que? — Interrompeu. — Por que sabe que é verdade? Por que sabe plenamente o quanto se sente insuficiente para conseguir protegê-los? Ou por que talvez se sinta culpado por não conseguir os priorizar tanto assim que não consegue evitar de os colocar em perigo?

—  Cala essa boca! Você não sabe de merda nenhuma. 

— Então me mostra que eu estou errado, querido. A prova do quanto você se importa… — ele começou a balançar a corrente de um lado para o outro no dedo indicador. — ...vai depender se irá ou não me permitir soltar isso aqui. 

Pânico, indecisão, angústia, ansiedade, tudo aquilo eram apenas apelidos para o caos que a mente de Jisung se encontrava agora. Pelos deuses, era a mesma coisa que escolher entre duas escadas, uma que subia direto para um incêndio, e outra, descia para um tanque de enguias. Era indescritivelmente torturante. 

E se ele estiver blefando?

Mas se não estiver?

E se seus amigos já fugiram?

Mas e se não? 


Porra! 


— Afinal, o que diabos você quer? 

Sabia que aquilo não era questão de luta. Hyunjin não estava o desafiando, estava o chantageando. Ele desistiria de deixar o maldito pingente cair com uma condição que não havia revelado até agora, mas Jisung já sabia que existia. 

O demônio lhe dedicou um enorme sorriso formado por seus dentes impecavelmente brancos e alinhados. 

— Sua esperteza me fascina, anjinho — colocou sua perna para dentro de novo, mas o colar ainda estava na mira da queda. — Por isso acho que não seja necessário que eu verbalize o que eu quero. Tenho certeza que já sabe.

Ele pensava que não sabia, até a resposta cair sobre sua cabeça mais clara do que nunca. Não pôde deixar de dar um passo para trás quando seu ar fugiu dos pulmões, e a forma como Hyunjin sorriu perversamente e o devorou com aqueles olhos não ajudou em nada. 

O arcanjo fechou os olhos e respirou fundo, e como o mentalmente desequilibrado que era, enquanto abaixava a cabeça, não conseguiu não dar uma risada baixa da própria desgraça.

— Tinha isso em mente o tempo todo, não é? — Questionou retoricamente ao demônio. — Desde o primeiro momento que colocou os olhos em mim, era isso que planejava.

O silêncio e a permanência da feição depravadamente alegre do íncubo já serviram perfeitamente como resposta. 

— Bem que eu desconfiei de você escolher fazer um jogo como esse bem quando estão em menor número. E ainda por cima, em um momento que os outros dois que sobraram estão concentrados mais nos próprios problemas entre eles. Além disso, as armadilhas eram fracas demais para você. Mas você queria isso. Esse tempo todo, queria estar em desvantagem.

"Você realmente não dava a mínima para os outros seres puros, nunca deu. Não os considerava importantes o suficiente nem para feri-los como os outros demônios fizeram. Tudo o que queria era se livrar deles. Como um bando de piões que você elimina para chegar até a rainha… e dar o xeque-mate."

Ele ergueu seu olhar novamente, então desligou seus pensamentos. Sempre que fazia isso, era um imenso alívio ou uma completa catástrofe. Vamos ver o que seria dessa vez. 

Jisung conseguia ouvir, no fundo de sua consciência, aquele mesmo trem rumo ao inferno que embarcou no exato momento em que colocou os pés naquele lado da cidade. 

E não havia ingressos de volta para ele.

Chuu Chuu!

— Meus parabéns, capetinha. Você venceu. — Ele largou o Cicatriz do Amanhã. — Se poupar meus amigos e não soltar esse colar, eu…

— Sim, estou ouvindo — estimulou Hyunjin, sedento para ouvir o resto da frase.

— Eu vou ficar. É o que tanto quer, não é? O caminho livre para ter seu precioso anjinho só para você. Bom, que seja. 

Os olhos do demônio se acenderam como chamas incandescentes e ele mal conseguia controlar a euforia que pulsava em cada centímetro de seu corpo com a cena tão inesperada e única que estava presenciando.

O próprio Han Jisung ajoelhado diante dele. 

— Eu serei seu agora, Hwang Hyunjin. 

Silêncio. Por um segundo...

Dois segundos...

Três...

Quatro…

Cinco.

Uma risada reverberou. Alta, presente e arrepiante. 

— Quem disse que demônios não vão para o céu cometeu um grande erro — ele se levantou e recolheu o colar. — Porque o que está em minha frente agora, é a mais plena visão do paraíso. 

O primeiro passo na direção do arcanjo foi dado no piso molhado da tempestade que ainda prosseguia, então o passo seguinte e assim foi lentamente se aproximando de Jisung como um perfeito predador indo na direção da presa para apanhá-la. 

E esse predador estava com fome. 

— Não se preocupe, anjinho. Vamos nos divertir muito. Posso lhe garantir que essa será a melhor decisão que já tomou em toda a sua vida.  

O predador finalmente chegou até sua deliciosa presinha, aquela que trabalhou tão arduamente para finalmente conseguir colocar as garras.

— Prometo cuidar muito bem de você. Afinal…

Hyunjin levou sua mão até o rosto angelical e assim que o levantou para o arcanjo olhá-lo, Jisung quase conseguia visualizar a si mesmo. Ver o quanto estava desarmado, entregue, vulnerável.

"Pode arrancar quanto sangue quiser de um arcanjo, mas jamais arrancará dele a insubmissão." — Lembra claramente de ter declarado isso uma vez. 

E ali estava ele, afinal de contas, completamente dominado por aquele insaciável, incompreensível e instável demônio. 

Você é todinho meu agora, Han Jisung.






























 


Notas Finais


E vamos lá, todos juntos no coral cantando:
🌈FODEEEEEEEEEEEEEEEU🌈

Sim gafanhotos, eu tô ouvindo as perguntas de
MAS COMO ASSIM ACABOU? E AGORA?

Confesso que foi pura maldade demorar tanto pra divulgar essa informação oficialmente, mas o que é um drama sem suspense?
Sim, meus amores, é claro que Rosa Azul irá ter continuação. Vocês só viram a ponta do iceberg, tem MUITO chão pra percorrer ainda.

"Mas quando"? Bom, isso é imprevisível. Eu e a co-autora vamos deixar essa história quietinha no canto dela por enquanto e passar a nos concentrar em shorts fics e one shots por enquanto, mas tentaremos dar nosso melhor para não deixar a ansiedade de vocês as consumir por tanto tempo.
(Inclusive uma short fic já esta sendo escrita e logo será postada, fiquem de olho viu)
Enfim, além desse capítulo ainda teremos um breve epílogo, mas da história em si, ela para por aqui por enquanto e permite que vocês criarem quinze mil teorias com esse final mais aberto possível :)

Espero que tenham paciência com a gente até conseguirmos voltar a postar aqui, mas posso dizer que a espera não vai ser tanta. Escrever isso aqui virou meu segundo oxigênio, eu sou completamente apaixonada por esse universo, sério.

Enfim, comentem, comentem e comentem, isso é MUITO importante e significa muito pra nós.

Obrigado por nos acompanhar até aqui, até o epílogo! 🖤


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