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História Roses - Octo: damnare canticum


Escrita por: beemochii

Notas do Autor


Primeiramente, desculpa a demora e a hora. Deu vontade de escrever, saiu agora (até rimou -q)

Tenho que dormir, então não vou demorar aqui. O capítulo está cheio de diálogos, não tem tudo o que eu pretendia colocar, mas eu goste de escrever, então tá aí ^^

Espero que gostem e boa leitura.

Capítulo 9 - Octo: damnare canticum


Octo: damnare canticum

Outra vez, o palácio de inverno estava agitado. Mas Jimin parecia estranhamente quieto; sentado no divã preto do seu quarto, com o semblante sério, os olhos relativamente desfocados e os pensamentos intensos, porém confusos, segundo a intuição daquele que lhe observava atentamente.

Jungkook se sentia deslocado consigo mesmo, afinal, tinha total ciência de que o ômega estava a, no mínimo, dez metros de distância e mesmo assim conseguia ter uma ideia, embora seus pensamentos estivessem misturados e meio confusos, do que ele fazia no momento. E isso era tão, tão, tão estranho que lhe fazia querer gritar, puxar os próprios cabelos e depois correr até ele para questionar-lhe o que havia feito consigo — embora soubesse a resposta, e também que nada daquilo era culpa dele, e nem sua. Mas era complicado aquietar-se quando seu lobo grunhia para que fosse até ele, o perguntasse o que estava havendo e lhe exigisse respostas; mas jamais faria isso. Podia estar enlouquecendo de preocupação e curiosidade, mas tinha a mente no lugar e não iria invadir o espaço pessoal dele, a menos que o próprio tomasse a iniciativa de lhe contar o que havia. De qualquer forma, não é como se a sua nobreza fosse aquietar o seu maldito alfa inquieto.

Agoniou-se de ficar tanto tempo sentado enquanto via um Taehyung despreocupado caminhando desde o guarda-roupa até uma pequena malinha de couro aberta por sobre a cama, dobrando e arrumando suas vestes ali dentro como se fosse fazer uma viagem de diversões e não estivesse prestes a seguir por um caminho que nunca havia ido na vida e que, segundo seus poucos conhecimentos sobre, era deveras perigoso. Depois de chocar seu solado do sapato contra o carpete um trilhão de vezes, esfregar as mãos na calça — que agora era uma preta — e andar de um lado para o outro enquanto pensava, concluiu que ficar quieto não era bem o seu forte quando os pensamentos tumultuavam.

— Não se supõe que quando se vai em uma missão secreta, se tem que usar roupas discretas? — Perguntou, se seguindo até o garoto e tentanto pegar de suas mãos um sobretudo de cor azul bebê. Ele desviou de si e negou cantarolando. — O que há com esse guarda-roupa cheio de azul claro, branco, vermelho, listrado e rosa, Taehyung?

— Ai, Jungkook, me deixa! — Esbravejou, lhe encarando com falso incômodo, mas escondia muito mal um sorriso divertido pela agonia do outro. — O Chim só usa roupas fechadas e escuras, nunca liga ‘pros meus conselhos de moda, então você é minha cobaia.

— Ele é lindo de qualquer maneira mesmo. E você está sendo injusto comigo. — Afirmou, somente notando suas palavras quando o dito virou-se para si com um sorriso gigantenorme.

— Ah, safado! Admitiu estar caidinho por aquele charme de bipolaridade? — Riu, lhe cutucando com o cotovelo, fazendo-lhe arregalar os olhos e enrubescer. — Sabia que o fogo no rabo não era só dos dois lobos.

— Não é nada disso… Eu acho. — Coçou a nuca, desconcertado. Em seguida, um sorriso sem tanto humor pairou nos lábios. — Não é como se pudéssemos ficar juntos mesmo.

Ele lhe devolveu o sorriso com um meio melancólico e nada mais disse.

Do outro lado do castelo, encontrava-se Jimin, da mesma forma que o Jeon havia lhe imaginado; sentado no estofado de couro, parado e apenas pensando, enquanto Namjoon ordenava à duas damas da corte que organizassem a pequena mala que ele precisaria levar para a viagem de cinco dias — só três era o tempo estimado para chegarem lá, e a volta seria menos demorada. Park estava sinceramente amedrontado, não com o caminho, mas com a ideia de desobedecer as leis e seu pai; horas, não era alguém completamente certinho, mas não tinha espírito rebelde e jamais havia quebrado uma lei tão grave. Era um príncipe exilado e até que lhe decretassem o contrário, deveria permanecer ali, foi o que lhe instruíram desde seus pequeninos dois anos de idade. Era assustador a forma como ele invadiu seu espaço e virou sua vida de cabeça para baixo em tão pouco tempo; ainda não sabia dizer se isso era algo bom ou muito ruim.

Também havia a euforia de seu ômega, que faltava querer lhe assumir apenas para dar cambalhotas com a ideia de passar cinco dias ao lado do alfa e tal pensamento lhe deixava em alerta — Nammie estava louco em lhe fazer ir com ele desta forma, durante tanto tempo. Não que não quisesse sair dali, ou estivesse com medo de Jeongguk; longe disso, estavam em uma boa vibe, ao menos no momento, e acreditava ter dado uma trégua com o garoto. Uma ótima trégua, deveria enfatizar para si mesmo. Porém, tinha realmente medo, de fato, do que era capaz de fazer estando a sós com ele.

Era perigoso, não ele, mas a si mesmo estando à sós com ele.

— Eu preciso mesmo ir? — Questionou, tão baixinho que se o Kim não fosse um alfa de boa audição não teria escutado. Este desviou a atenção que mantinha na arrumação das coisas e lhe encarou.

— Sooshin, pode ir agora. — Dispensou a empregada, que reverenciou-se grandemente ao príncipe e um pouco menos ao conselheiro, antes de se retirar. Namjoon soltou um longo suspiro. — Sabe que o que menos quero é te deixar sair daqui sozinho com um alfa, não sabe? — Jimin riu baixo, concordando. — Me desculpe por não poder ir junto com vocês.

— Tudo bem, não se desculpe. Eu entendo, alguém tem que cuidar do castelo em minha ausência; Jin está fora e Tae, apesar de saber administrar o lugar melhor que eu, não bate muito bem da cabeça. — Riu outra vez, sabendo do jeito avoado de seu melhor amigo. No entanto, diminuiu um pouco o sorriso e suspirou. — E porquê ele tem que ir também?

— Jimin, você sabe que não consegue sair do domo e ele conseguiu entrar, é sua única chance. — Esclareceu, mesmo que o menor já soubesse disso. — Além de que uma das poucas informações que temos do clã, doloriums são ótimos em achar caminhos. Ele vai conseguir levar vocês até lá, espero.

— Hum. — Limitou-se a murmurar.

Houve alguns minutos de silêncio, em que o Kim tratou de tentar fechar o zíper da mala de prata, mas após quase quebrar o objeto, Jimin, aos risos, o mandou parar e fez o serviço ele próprio. Por fim, sentou-se em sua cama, olhando para a própria enquanto alisava o tecido bordado com fios de ouro, pensativo.

— Acha que eu devo contar a ele? — Questionou, em tom ponderado, antes de voltar seu corpo para a frente e colocar as mãos sobre o colo. — Digo, ao Tae; acha que eu devo contar a ele?

O esverdeado estranhou a pergunta repentina, mas não levou dois segundos para responder.

— Porque perguntas-me isto agora, alteza? — E o tom formal estava presente, afinal, agora não atuava mais como o amigo do príncipe, e sim como seu conselheiro real.

— Sinceramente? Não sei. Eu falei um pouco sobre com o Jungkook e, não sei, não me parece certo esconder coisas do meu amigo. — Afirmou, em um respirar longo. — Sinto que isso tem nos afastado, e eu odeio isso. Eu realmente queria ter o Tae aqui conosco agora, poder contar para ele minhas frustrações também; falar sobre tudo sem receios, mas eu tenho… Medo, eu acho.

— Medo? De exatamente o quê, Alteza?

— Dele se preocupar demais e acabar se machucando no final. — Confessou — Nós dois sabemos que ele se faz de forte, mas não é tanto assim, Nam. Eu não quero que ele se envolva nos meus problemas, mas…

A frase morreu no ar e o alfa analisou a expressão tristonha do garoto que remexia com os dedos em seu colo por um instante.

— Olha, Jimin… — Umedeceu os lábios — Eu sei que depois que aquilo aconteceu, é difícil para todos nós acreditar que o Taehyung tem a capacidade de suportar os problemas, mas sinceramente acho que deveria dar uma chance a ele. Não falo só como seu súdito, mas também como amigo. Já fazem anos, e eu sei que ainda existem sequelas, porquê algo assim não se esquece facilmente, mas ele cresceu, todos nós crescemos, e eu acredito que ele tem maturidade o suficiente para saber e apoiar o melhor amigo nessa fase tão difícil.

— É, você tem razão. — Jimin concordou de leve com a cabeça. — Acho que eu deveria conversar com ele quando nós voltarmos.

— Vai ser uma boa coisa, mas quer outro conselho? — Ele acenou consentindo — Preocupe-se com isso apenas quando voltar, por hora, concentre-se apenas no seu objetivo para com essa viagem e não faça nada imprudente, sim?

•     •     •

— Tem certeza de que não falta mais alguma coisa? — Namjoon se auto questionou pela enésima vez, enquanto observava Jungkook arrumar uma mochila escura e grande nas costas.

— Hyung, pela Lua, logo irá anoitecer caso continue retardando-os devido as suas paranóias. — Taehyung acusou, naneando com a cabeça e recebendo como resposta um semicerrar de olhos por parte do irmão.

Já estavam no jardim de neve, os raios solares em tons de laranja e roxo indicavam que o ocaso estava se manifestando. Jeongguk estava em pé, parado quieto ao lado de Jimin enquanto Taehyung discutia sobre as mil e uma recomendações que vinham em conjunto com um sermão de serem responsáveis por parte do Kim mais velho, que atrasava-os ainda mais do que já estavam. Não que eles tivessem um horário fixo de sair e voltar, mas quanto mais rápido fossem, mais rápido chegariam e, com sorte, obtendo respostas.

— Certo, certo. Eu não quero parecer chato, então vou deixar vocês irem agora… Mas, pelo menos confiram tudo uma última vez, sim? — Insistiu.

— Namjoon! — Um coro se fez presente, e somente então o viderinum calou a boca.

— Enfim, vamos logo ver se conseguiremos passar pela droga do portal, porquê, caso não, nada disso fará sentido algum. — Jimin afirmou, recebendo um aceno por parte dos outros três, que logo o observaram caminhar alguns passos por sobre a neve até se aproximar do muro duro coberto de plantas longas e exóticas.

— E como vamos fazer isso? Digo, é possível que ele consiga sair daqui? — Curioso, Jeon perguntou. Nam suspirou.

— A barreira foi projetada pelo pai dele, o atual Rei e, como sendo alguém de poder evoluído, Ele consegue controlar quem tem permissão de atravessá-la; por isso, foi uma surpresa para todos nós quando tu pôde fazê-lo, Jungkook. — Explicou-lhe. — E, se Ele tem o controle, obviamente, sua Alteza não está incluída na lista de saídas.

O lúpus trincou o maxilar, compartilhando um último olhar com o mais velho antes de voltar a encarar o ômega, que parecia um tanto quanto melancólico, embora tentasse disfarçar. Ao fim, fitou Namjoon novamente.

— E como espera que consígamos sair daqui? — Questionou, falhando ao tentar não demonstrar sua indignação com aquilo.

— Não sabemos. — Park respondeu primeiro, chamando a atenção do alfa quando se aproximou de si a passos longos, parando à sua frente com um olhar ameno. — E é por isso que você está aqui.

— O quê? — Exclamou, assustado. — E como é que eu irei conseguir romper uma barreira feita pelo Rei? Perdoem-me, mas, outra vez, estão me superestimando.

Jimin suspirou, passando a palavra para seu conselheiro, que a assumiu rápido.

— A questão é, Jeongguk, você a quebrou uma vez, há a possibilidade de que possa o fazer de novo. Talvez seja algo relacionado com o seu clã, não sabemos muito sobre ele e talvez essa possa ser uma das suas habilidades; e nossa esperança é que, de alguma forma, consiga projetar isso no Jimin e permitir que ele atravesse também. — Esclareceu.

— Exatamente, e é isso que você vai tentar fazer agora, Jung. — O príncipe pontuou, em um tom que não deixava nenhum espaço para objeções, enquanto encerrava a conversa por ali e se seguia em direção ao muro, rapidamente.

Todos se concentraram, calando-se e apenas fitando atentamente o garoto mais baixo que, por fim, parou, respirando fundo para afastar o nervosismo que veio junto com a tensão da pressão que a situação lhe exercia. Suas mãos começavam a suar frio quando, devagar, ergueu a direita, encaminhando-a para a parede. Olhou por cima dos ombros, encontrando as orbes castanhas lhe fitando preocupadas, e sorriu, como para lhe demonstrar confiança.

— Tente se focar em mim, uh? Só em mim. Não quer que eu me machuque, certo?

E, pelos Céus, aquilo era o que Jungkook menos desejava e, talvez, esse fosse seu maior problema naquele momento: o medo de falhar.

Jimin, retomando seu olhar à parede úmida, inspirou forte uma vez, soltando o ar pela boca antes de, com cautela, encostar seus dedos, sentindo o molhado gélido quase penetrar sua pele. Quase poderia senti-los querendo atravessar aquela coisa, mas quando a pontinha de seus dígitos conseguiram, finalmente, romper a barreira, desaparecendo sob sua visão, se permitiu sorrir aliviado, se virando para parabenizar o Jeon.  Mas, meio segundo após, uma queimação subiu como se estivesse rasgando todo o seu braço.

Grunhiu alto, puxando seu membro com força e trazendo-o para perto do corpo, retesando um passo por reflexo. Jungkook se assustou com a cena, querendo se aproximar ao vê-lo se encolher ainda de costas pela dor latente, mas foi impedido quando o esverdeado estendeu o braço na frente de seu tronco, lhe fazendo olhá-lo indagativo. Kim lhe encarou brevemente.

— Precisa deixá-lo respirar uns instantes, aproximar-se imediatamente irá deixar o lobo dele vulnerável pela presença do seu Alfa e isso o deixará debilitado. — Alegou, em tom pesaroso por seu amigo e situação.

O sentirinum agarrava o braço contra o próprio corpo, de olhos fechados, tentando regular sua respiração e fazer a dor, aos poucos, passar; e assim ela o fez, em partes, afinal, a magia deixa vestígios que demoram bastante para se dissiparam.

— Precisamos tentar outra vez. — Foi o que primeiro disse, ao abrir os olhos.

— Jimin, eu não… — Tentou argumentar, mas foi calado quando, à passos apressados, o ômega se prostrou à sua frente e, meio segundo depois, tinha os olhos arregalados por ter a boca macia e úmida colada a sua.

Ouviu, ao fundo, uma exclamação de Taehyung e um xingamento mal contido do Kim mais velho, mas isso era o de menos. O beijo durou pouco, foi apenas um selar, mas o suficiente para deixá-lo desnorteado por longos segundos. Um sorriso bobo nasceu em seu rosto, sem que percebesse.

— De novo, Jungkook! — Soou rude, embora aquilo de nada adiantasse perante ao que havia acabado de fazer.

Dito isso, o loiro foi outra vez em direção ao muro, dessa vez de costas para ele e com os olhos fixos no castanho, que lhe seguiu com a vista, meio preocupado. Não fazia a mínima ideia de como conseguiria fazer aquilo, mas sabia que não queria vê-lo com dor e aquilo lhe dava um pouco mais de espectativa para consigo mesmo.

— Tente não pensar em nada, uhm? Esvazie a mente... — Ele lhe aconselhou, mantendo um tom ameno e calmante, com um sorriso sem dentes no rosto. Jeon ainda se sentia tenso, e era complicado obedecê-lo. — Vamos, Kook-ah.

Sentindo suas mãos soarem, estalou os dedos e respirou fundo, expirando devagar. Tentou esquecer as outras presenças ali e focou-se no rosto de feições delicadas e pálidas do menor, que dava passos cautelosos para trás, colocando o corpo todo em direção ao domo. O gosto doce do beijo ainda estava vívido em seus lábios, mas vê-lo se inclinando sobre a barreira fez com que ficasse ainda mais nervoso.

— Se concentre, Jungkook. Ou eu irei realmente me machucar. — Alertou, e embora seu rosto fosse calmo, o alfa conseguia notar seu receio com aquilo.

Tentou, realmente tentou se concentrar e imaginar seus poderes se expandindo. Se realmente tinha aquela habilidade, seria sim capaz de fazer aquilo pelo bem dele. Mas nem tudo acontece como queremos.

Ao vê-lo cair de joelhos, com um grito dolorido escapando da garganta, o acastanhado automaticamente quebrou o elo que quase conseguiu iniciar entre os dois, sentindo seu lobo rosnar e uivar ao mesmo tempo. Embora dolorido e com as costas queimando, Jimin ergueu a cabeça, de olhos marejados, sorriu débil, falhando na tentativa de dizer que estava tudo bem. Jeon conseguia ouvir perfeitamente sua respiração fraca e o coração acelerado. Estava machucando ele.

— Não dá, me desculpe. E-Eu não consigo. — Alegou, já querendo desistir de tudo aquilo. Se a dor fosse para consigo, não se importaria com tal, mas suportar vê-lo sofrer era demais para que aguentasse.

— Jimin, se você quiser, eu posso… — o esverdeado, preocupado, tentou propor, mas foi negado prontamente. O Park, mesmo debilitado pela queimação forte em todas suas costas, ombros, braços e parte interna das pernas, apoiou suas mãos no chão e se ergueu outra vez.

— Não, Nam. Eu sei que ele consegue. — Assegurou, com um olhar tão intenso que fez o mais novo sentir seu coração palpitar fortemente no peito, se enchendo de coragem.

— Mas, gente, se ele é um dolorium, está explicado porquê ele consegue passar pelo domo sem problemas, e eu não acho que isso tenha alguma coisa haver com as suas habilidades de manipulação. — o Kim mais novo chamou a atenção dos outros para sua silhueta, que estava sentada no gelo, todo encolhido e com o nariz rosado pelo frio, com uma panela de chocolate e uma colher na mão. — Acho que tem relação com a forma com a qual a própria barreira foi criada e é manipulada pelo Rei.

Namjoon não se atentou muito às palavras de seu irmão, às vezes ele falava coisa com coisa, mas o ômega deu um passo à frente, interessado no que tinha a dizer.

— Como assim, Tae? — Questionou-lhe.

— Chim, você sabe que, mesmo que eu viva aqui desde sempre, eu passe aquele tempo fora, certo? — O dito assentiu — Então, acho que eu não te contei, mas nesse meio temp-po, eu fiquei abrigado em um antigo templo de oração, e lá tinha uma xa-xamã que servia à Coroa na época em que você foi mandando para c-cá. — Fungou, começando a bater os dentes pelo frio descomunal que sentia, afinal, não costumava ficar tanto tempo do lado de fora e não tinha tanta resistência quanto os outros lobos. — E-Eu ouvi e-ela dizendo…

— Jungkook, por favor. — Jimin pediu-lhe com poucas palavras, mas ele foi capaz de entender mesmo assim, e assentiu.

— Claro.

O lúpus se aproximou do beta e se abaixou ao seu lado, colocando as mãos em seu casaco. Fechou os olhos, regulando a própria respiração e se concentrando. Como estava acostumado a fazer aquilo desde o início de sua adolescência — quando descobriu poder fazer essa coisa esquisita — não precisou de mais que meio segundo para que o calor começasse a, visivelmente, emanar de seu corpo, acoplando-se às roupas do Kim e o deixando, imediatamente, quentinho.

— Prontinho. — Sorriu para o amigo.

— Woah! Valeu, Kook-ah. Você é dez. — Fez um sinal positivo com o polegar, o fazendo rir por seu jeitinho único.

— Nah, eu sou onze. — Sorriram juntos.

— Bem, continuando… — Prosseguiu, agora mais confortável que antes. — Eu ouvi ela conversando com uma mulher, uma vez, e ela disse que sua majestade não projetou o domo impedindo a passagem universal e a permitindo apenas para quem conhecia não, Ele teve problemas para fazer isso porquê, segundo ela, Ele estaria perturbando o caminho, até mesmo, dos mortos; então, ele teve de impedir a entrada de cada pessoa, uma por uma, e as que ele deixou de fora eram as que poderiam atravessá-lo, como você Namjoon, o Yoongi e o Jin hyung. Por isso ele é um rei considerado tão poderoso, não é qualquer um que consegue fazer o que ele fez.

Por fim, calou-se, mantendo o olhar tranquilo enquanto os outros tinham os cenhos franzidos sem entender o propósito dele ter iniciado aquele falatório.

— ‘Tá, mas o que isso tem haver? — Foi Jungkook a perguntar, recebendo um revirar de olhos por parte do loiro.

— Tem haver que deve ser por isso que você consegue atravessar e mais ninguém, além dos Permitidos, não. — Afirmou, com ar de óbvio, mas todos permaneceram com as mesmas expressões confusas. Taehyung bufou, se estressando com a burrice de seus amigos. — Francamente, o QI de vocês é igual a zero? O Jungkook é um dolorium, seus idiotas. Doloriums, tecnicamente, não existem; porquê o Rei privaria um ser insistente de entrar aqui?

— ‘Aaaaah! — Exclamaram, em coro.

— E depois dizem que o retardado sou eu. — O Beta resmungou, negando e rindo. — Enfim: se o Kook só consegue atravessar a barreira porquê, tecnicamente, ele não existe, logo concluímos que, ele pode ser o cara mais fodão do universo, se o Jimin existe, não vai conseguir sair. A não ser…

— A não ser...? — Todos se aproximaram, curiosos com as idéias engenhosas dele.

— A não ser que o Jimin vire o Jungkook. — Deu de ombros, enfiando uma colher do doce que havia roubado da cozinha na boca. Os outros tiveram suas esperanças para com a mentalidade daquele ser estando, finalmente, amadurecendo, indo por água abaixo em instantes.

— E eu que achava que você tinha cérebro. — Namjoon comentou, negando.

— Nem é algo tão difícil assim. — Insistiu, em tom despreocupado.

— Claro que não é, precisa apenas que eles nasçam de novo no corpo um do outro, não é mesmo? — Ironizou, o esverdeado.

— Nós temos o imprinting. — Jungkook murmurou, de repente, como se uma luz houvesse acendido sobre sua cabeça.

Todos lhe encararam. Taehyung, de boca cheia, lhe apontou a colher de prata.

— Enfim alguém resolveu usar o cérebro por aqui. — o Non-Notan alegou, divertido.

— E o que tem esse erro da natureza haver com a situação alarmante que temos aqui? — Namjoon questionou, e seu irmão lhe encarou como se ele fosse um idiota.

— O que dizem sobre os imprintings lupinos, ô gênio da inteligência? — Soou sarcástico, mas Jimin lhe respondeu antes que o dito abrisse a boca para retrucar.

Imprinting é a união de lobos e almas. — Balbuciou, encarando o lúpus a seguir. — Precisamos nos unir, Jungkook-ah.

— Opa, é agora que começa a pegação? Já quero! — o mais velho fuzilou o beta, que lhe deu a mínima.

— E como é que a gente vai fazer isso, Jimin? Digo, nossos lobos são estão unidos e você ainda não conseguiu atravessar. — Afirmou, com pesar.

Reflexo de almas. — Namjoon lembrou. — Talvez precise ser em um momento assim. Isso já aconteceu antes com vocês, certo?

— Uhm, duas vezes. — Park disse-lhe.

— Quando foi a primeira?

— Naquele dia, aqui no jardim, quando quando ele me tocou e nossos olhares se encontraram. — Jungkook contou, suas bochechas esquentando pela memória.

— E a segunda foi à pouco tempo, aqui no jardim também, quando… — Ponderou por uns instantes. — Estávamos nos beijando e… nos encaramos intensamente por algum tempo.

— Estão narrando alguma historinha de romance, ao acaso?

— Taehyung, fica quieto! — Namjoon repreendeu, o fazendo resmungar o quão maltratado estava sendo naquela casa. — Então, para que possa acontecer, é necessário que haja um momento intenso entre os dois? — Sua Alteza assentiu, embora um tanto quanto incerto sobre tal. — E o que acham que os levarão a isso?

— Pegação! — o aloirado se animou, sem se importar com o olhar repreensor que veio em sua direção. — Ainda quero.

— E eu quero te matar, posso? — o Kim esbravejou, sorrindo sem expor os dentes.

— Grosso. — Acusou, se calando.

Ignorando a discussão boba e comum entre os dois irmãos, Jimin se pôs a pensar um pouco, enquanto o Jeon estava envergonhado e se sentindo exposto em demasia para poder pensar coerentemente. Como o Park conseguia falar sobre aquilo tão abertamente, quando para si ainda parecia ser apenas um sonho surreal? Jamais conseguiria entender, e não houve tempo naquele instante, pois pouco depois ouviu o menor exclamar, indicando ter tido uma idéia.

— E então? — o conselheiro incentivou.

— Eu posso… Cantar, um pouco, talvez. — Todos guiaram suas atenções a ele, que parecia ter ruborizado de repente. — Digo, uma vez, uma pessoa me disse que o meu canto era… intenso. Acho que posso tentar.

Ele tinha a cabeça baixa, mas Jeon podia notá-lo mordiscando o lábio inferior, inseguro. Seu peito, no entanto, se encheu de curiosidade para com ouvir sua voz em uma melodia que, certamente, acharia linda. Queria ouví-lo cantar. E, pensando nisso, se aproximou do ômega, segurando seu rosto entre as mãos e o erguendo de modo que o fizesse lhe encarar, e então, sorriu sincero, mostrando seus dentinhos que lhe faziam lembrar vagamente um roedor, enquanto lhe acariciava as maçãs.

— Eu adoraria ouvir você cantar, Jimin-ah.

Com suas palavras, ele abriu um sorriso tão doce que esquentou completamente seu peito, os olhinhos sumindo por entre as bochechas e lhe fazendo se sentir como o mais bobo apaixonado que existe; porquê sim, não tinha mais nem como negar, havia se apaixonado por aquele garoto e sabia que isso lhe colocaria em maus lençóis futuramente, no entanto, não lhe importava nem um pouco no momento. Timidamente, como raramente ficava — embora ômegas lúpus fossem três vezes mais carinhosos e envergonhados que os comuns, Jimin tinha uma personalidade tão forte que se sobrepunha a qualquer estereótipos que insistissem em lhe impôr; ele era único. — ele assentiu uma vez só.

— Essa música era uma canção de ninar que alguém cantava para mim quando eu era criança. Eu não lembro quem era, mas sei que significava muito para mim. — Afirmou, com a voz baixa, enquanto fechava os olhos vagarosamente.

Os dedos curtos se ergueram devagar, todos ao redor fizeram absoluto silêncio. Tocou, com sutileza, o pulso do alfa, que ainda mantinha as mãos em seu rosto, por cima das vestes que trajava. Jeongguk tinha a vista focada e prestava atenção em todo e cada detalhe do rosto alheio, relaxando seu corpo e, quando as primeiras notas vieram, baixinhas e melódicas, acalmando sua alma. Era bonito, muito bonito; a música, a melodia, a voz e a forma como ele soava cantando-a. De olhos também fechados, ainda assim, conseguia perceber a calmaria de ambos emanando para fora de seus corpos, se tornando visíveis a olho nu e se unindo, em um brilho reluzente, uma com a outra.

Mas, a medida em que aquela melodia ia aumentando e penetrando seus ouvidos, inundando seu ser. Estranhamente, começou a parecer como se já houvesse a ouvido antes e… Abriu os olhos em um rompante, foi empurrado contra o domo e, de olhos arregalados, sentiu-se ser sugado juntamente com Jimin pela parede fria; mas dela, nada sentiu, apenas um arrepio ruim subiu pela sua espinha e sua vista, embora externamente prateada, lhe fazia enxergar uma completa vermelhidão.

Outra vez, sentiu como se o mundo estivesse se passando em câmera lenta, e o som do seu coração parecia descomunalmente alto. O canto ainda se fazia presente, mas em uma voz distante que não pertencia à Jimin e, talvez estivesse apenas ficando louco, mas seu peito se aquecia ao ouvi-la. Flashs apareceram sob seus olhos e, com eles, a imagem distorcida e confusa de alguém, uma mulher; mas não conseguia ver seu rosto, apenas seus cabelos longos castanhos e seu sorriso acalentador.

“— Sim, Jungkookie-ah… Durma, querido. A mamãe está aqui com você. A mamãe sempre estará aqui com você…”

E então, como um choque de realidade, seu corpo sofreu o impacto contra o solo de grama, acolhendo Jimin em seus braços. Seu coração ainda estava acelerado, parecendo bater fora de seu peito, e a respiração  descompassada fazia par com os fios de seu cabelo grudado na testa pelo suor que ali se acumulou. As imagens ainda estavam nítidas  em sua mente. Encarou o corpo inconsciente sobre o seu, talvez pelo esforço, e suspirou fundo. Fazendo a si mesmo aquela pergunta que nunca imaginou que faria a si mesmo: Quem é você, afinal, Jeon Jeongguk?


Maldita canção e as lembranças que ela lhe trás.



Notas Finais


Gostaram? Realmente espero que sim e que me perdoem pela demora. Provavelmente, eu só vou conseguir me organizar direito quando entrar de férias (próxima semana), mas até lá estarei me esforçando pra postar <3

Bjs, me digam o que acharam do capitulo e até o próximo, byeee

Link da postagem no blog: https://benfeitofeito.blogspot.com.br/2017/07/roses-por-srtapark.html?m=1

Trailer: https://youtu.be/QSNDVrlYuU0

Quiz: https://pt.quizur.com/quiz/a-qual-cla-de-manipulacao-voce-pertence-fanfic-jikook-roses-3bMs?nq=1&tm=1509264152

Trailer da sidefic (que será postada em breve): https://youtu.be/f4vLps-uAJ0


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