1. Spirit Fanfics >
  2. Royal High Academy >
  3. Urso de pelúcia loiro azedo

História Royal High Academy - Urso de pelúcia loiro azedo


Escrita por: chaootics

Capítulo 13 - Urso de pelúcia loiro azedo


A garota se virou devagar e viu o pescoço dele exposto, então pensou em lhe pregar uma peça e o cutucou de leve ali, mas assim que sentiu aquilo Sunghoon deu um grito e se virou depressa, rolando por cima dela. 

No segundo seguinte, os dois estavam cara a cara, a poucos milímetros de distância, seus corpos colados um no outro. Yunjin arregalou os olhos e sentiu seu coração acelerar no peito, e o mesmo aconteceu ao garoto em cima dela.

O que era aquele momento...? 

Quando recobrou os sensos, o loiro rolou para o lado rapidamente, um tanto sem jeito. Yunjin também estava sem reação, tudo tinha acontecido em um piscar de olhos. Depois disso, nenhum dos dois disse mais uma palavra, Sunghoon nem sequer falou sobre baratas. E assim, no silêncio mortal do quarto, eles pegaram no sono. 

Na manhã seguinte, o loiro estava dormindo esparramado na cama quando Yunjin levantou. Ela bateu no quarto ao lado e Xiaoting já estava de pé se arrumando. Ela tinha esquecido sua escova de dentes ali e aproveitou para se arrumar junto da amiga.

— E como foi dormir com o Park? Não ouvi barulhos, achei que vocês iriam se matar no meio da noite — a ruiva deu uma risadinha.

— Foi... normal.

Yunjin pensou sobre “aquele momento” e suas bochechas ficaram um pouco coradas. 

— Normal? Esperaria tudo menos normalidade vindo de vocês dois — Xiaoting a pressionou — O que foi então, rolou um clima?

A garota arregalou os olhos e se engasgou com a pasta de dente. Com o canto do olho, a ruiva apenas observou a situação, ela estava totalmente certa sobre isso, então havia um sorrisinho travesso pintado em seus lábios avermelhados.

— Não fale bobagens — Yunjin resmungou quando se recompôs — Como seria possível rolar um clima entre a gente? Somos as pessoas mais opostas do mundo. Você acha que ele gosta de pobre e que eu gosto de rico?

Xiaoting pensou sobre isso e se viu obrigada a concordar, era mesmo absurdo pensar que aqueles dois pudessem estar se apaixonando, mas o que não era ultimamente? Estava no fim do mundo com Park Sunghoon e Sim Yunjin…

O loiro demorou horrores para levantar e mais horrores para se arrumar, então quando ele desceu para o café da manhã, já estava quase no fim do horário. Ele deu uma olhada em volta com uma expressão enojada, pegou apenas uma xícara de café preto e sentou com as duas que já comiam ali. Yunjin estava com o prato e as bochechas cheios de comida, o que fez ele se perguntar como diabos ela podia comer aquilo.

— Como você consegue ter apetite para comer essas coisas? 

— A comida não é ruim e o café está incluído na diária, é claro que vou comer até minha barriga ficar redonda — ela disse de boca cheia.

Sunghoon revirou os olhos.

— Pobre é uma vergonha mesmo.

Depois disso, ele levou mais uma pisada no pé e parecia que os dois tinham voltado ao normal, era como se o ocorrido da noite passada nem tivesse existido. Por fim, Yunjin enfiou um pedaço de pão com queijo na obrigação dentro da boca dele, dizendo que ele tinha que comer agora porque eles não iriam almoçar tão cedo. Ele fingiu que ia vomitar enquanto mastigava aquilo e Xiaoting se meteu para mudar o assunto:

— O endereço da garota fica há uns dez minutos daqui — ela apontou no mapa no celular — O nome dela é Lisa, aliás. 

— Então vamos logo resolver isso — Sunghoon respondeu e levantou apressado antes que mais alguma comida daquela mesa fosse parar em sua boca.

Enquanto iam até o carro, Yunjin pegou um folheto no balcão da entrada do hotel que tinha informações sobre o tal festival dos chocolates. Se terminasse cedo, poderiam dar uma volta por lá, tinham o dia todo para gastar naquela cidade, partiriam de volta para Nova York apenas depois do check-out no outro dia.

Os três entraram no carro e a ruiva dirigiu até o local indicado em seu GPS. Aquele era um bairro bem simples com casinhas pequenas que pareciam confortáveis. Era um local muito familiar, bom para criar os filhos e viver uma vida tranquila, muito diferente da badalada Manhattan onde dois deles tinham crescido. A casa que procuravam era igual às outras e para a sorte deles havia uma mulher regando as flores no jardim da frente  quando estacionaram ali. 

— Será que é a mãe dela? — Yunjin se perguntou.

— Vamos descer e perguntar — Xiaoting respondeu enquanto tirava o cinto de segurança. 

Os três saíram juntos e pararam lado a lado na calçada em frente à casa. Assim que viu aqueles jovens ali, a mulher os encarou um tanto confusa, pela forma elegante como a maioria deles se vestia, certamente não pareciam locais. 

— Como posso ajudá-los? — ela desligou a mangueira e os encarou.

— Estamos procurando por alguém chamado Lisa — Xiaoting respondeu — Ela ainda mora aqui?

— Sim, Lisa é minha filha — a mulher assentiu — O que vocês querem com ela?

Ao ouvir aquilo, os três se sentiram bastante aliviados, não tinham perdido a viagem no fim das contas.

— Gostaríamos de conversar com ela, se for possível — Yunjin explicou.

A mulher não pareceu gostar muito daquilo. No entanto, antes que pudesse dizer qualquer coisa, uma garota de cabelos longos e escuros em uma cadeira de rodas saiu pela porta da frente da casa e os encarou.

— Acabei de ouvir o meu nome. Quem são vocês?

Os três arregalaram os olhos ao mesmo tempo, podiam ter esperado qualquer coisa dessa viagem, menos encontrar aquela garota em uma cadeira de rodas.


 


 

Niki e Bahiyyih combinaram de ir juntos a um parque de diversões para gastar o dinheiro que tinham ganhado banhando o cachorro da vizinha, e o local escolhido foi o Luna Park em Coney Island, na região sudoeste do Brooklyn. Além do parque de diversões, também havia uma praia, mas como já estava esfriando nenhum deles trouxe roupas de banho. 

Aquele era o parque favorito de Niki, ele sempre ia com a família desde que era pequeno e seus brinquedos favoritos eram obviamente as várias montanhas-russas do local. Já Bahiyyih só tinha visitado o parque uma única vez porque seus irmãos mais novos tinham insistido. Ela era do tipo que não gostava de nada radical, então estava rindo de nervoso enquanto o garoto ao lado dela apontava para os brinquedos aos quais eles deviam ir.

O primeiro de sua lista — e também o mais popular — era o ciclone, a montanha-russa mais famosa do parque, também considerada a segunda mais íngreme do mundo. Niki estava dizendo que uma pessoa que morava em Nova York não podia viver sua vida sem pelo menos uma experiência naquele brinquedo, mas só de olhar para a altura daquilo Bahiyyih estava arrepiada.

— Vamos, vai ser divertido, eu prometo — ele disse empolgado — Se você for no ciclone comigo, depois eu vou no brinquedo que você quiser.

A loira pensou que era um sacrifício que valia a pena e então aceitou acompanhá-lo. Quando eles sentaram lado a lado no brinquedo, as mãos dela até mesmo tremiam e Niki reparou, então ele segurou na mão dela para lhe dar apoio. Ao sentir a mão do garoto na sua, Bahiyyih sorriu e pensou que aquilo não seria tão ruim.

Apenas alguns segundos depois e ela estava gritando e cerrando os olhos de pavor, enquanto Niki ria e aproveitava o “passeio”. Se a loira pudesse listar, essa seria provavelmente uma das experiências mais assustadoras que já havia tido na vida, e o pior era que parecia que nunca ia terminar. Quando o carrinho por fim os levou de volta de onde nunca deviam ter saído, ela estava pálida como cera e até meio tonta. Niki a ajudou a levantar e não conseguiu segurar o riso.

— Você é muito fofa.

— E você é maluco, como consegue sair pleno de um brinquedo como esse? — ela riu.

— Anos de experiência — ele se gabou — Onde você quer ir agora?

O brinquedo favorito de Bahiyyih era o Tea Party, aquele onde as pessoas se sentam dentro de xícaras que giram de um lado para o outro. Quando foi ao parque com os irmãos, eles se divertiram bastante nesse brinquedo. Niki nunca ia nos considerados “fáceis” então ele estava curioso para acompanhá-la. Ele achou que iria ser algo infantil, mas assim que a xícara começou a chacoalhar para todos os cantos, Niki ficou confuso porque era estranhamente radical.

Alguns minutos mais tarde, ambos estavam tontos. 

— Então você é uma garota radical no fim das contas, Huening Bahiyyih — ele a provocou.

— Eu tenho meus segredos — ela deu uma risadinha.

A loira achou que depois de ir naquela montanha-russa nada iria assustá-la, mas claro que o terceiro brinquedo que Niki escolheu foi a Astro Tower, a torre que despencava de quarenta metros de altura. Enquanto subiam e as pessoas ficavam cada vez menores aos seus olhos, a garota estava se perguntando o que diabos fazia em um brinquedo como esse... ela tinha mesmo enlouquecido.

— Olha, podemos ver a cidade toda daqui — Niki apontou — Não é romântico?

Bahiyyih o encarou confusa, o que diabos tinha de romântico naquilo??? E no segundo seguinte, a torre desabou.

— Acho que tive mais adrenalina hoje do que em toda a minha vida — ela suspirou quando os dois sentaram para tomar sorvete. 

— Que isso, não estamos nem na metade — Niki riu.

— Calma, calma — Bahi riu também — Vamos com calma, senão você vai me matar.

— Vamos fazer algo mais calmo então — ele olhou ao redor — Podemos tirar fotos na máquina de polaroides. 

A loira assentiu e os dois correram até a cabine para tirar algumas fotos engraçadas. Eles se divertiram tanto que suas barrigas doíam de rir quando saíram de lá, Niki era o campeão em tirar fotos fazendo caretas engraçadas. Eles dividiram as fotos que cada um queria e depois deram uma volta lado a lado. Num segundo, Niki pegou na mão dela, a surpreendendo. Ele não disse nada, mas aquilo era tão confortável que a garota ficou se sentindo maravilhosa. Ela nunca tinha gostado tanto assim de alguém, mesmo que Niki fosse muito diferente dela, achava que os dois se harmonizavam muito bem.

Eles ainda tiveram que ir em alguns brinquedos radicais — no meio disso, Bahiyyih desistiu e falou que se tornaria a apoiadora dele de longe — eles também andaram no carrossel e por fim, quando já estava anoitecendo, foram na roda gigante. Niki parecia alguém que tinha muita energia, porém até mesmo ele estava cansado agora.

— Sua bateria acabou? — a garota riu.

— Sim, preciso recarregar — ele pegou na mão dela e fechou os olhos. 

Aquilo era tão fofo que ela estava sorrindo para si enquanto eles subiam. Em certo ponto, a vista da cidade iluminada estava bonita demais para ser ignorada, então ela o sacudiu.

— Veja que bonito. Nunca pensei que morasse num lugar tão bonito.

— Vê? Eu disse para você, a vista de cima é romântica.

— Essa aqui sim, mas não aquela da torre assustadora — ela fez bico.

Niki apertou a bochecha dela com a mão e sorriu.

— Você é muito fofa.

— Você sempre diz isso — ela respondeu envergonhada.

Ele esteve pensando sobre algo a semana inteira e agora que estavam ali achou que era o melhor momento para falar sobre isso. Era romântico e privado só os dois naquela cabine, então tomou coragem de dizer o que sentia.

— Bahiyyih — ele se endireitou e pegou na mão dela — Nós nos damos muito bem, né?

— Sim — a garota sorriu.

— Então eu queria te perguntar uma coisa... eu não sou muito bom com isso, por isso não vou tentar fazer bonito — ele deu uma risadinha sem graça, agora estava um tanto nervoso.

A loira o encarou ansiosa, ela também esteve pensando sobre algo já há algum tempo, mas não sabia se era o momento certo de falar sobre isso, então estava esperando que ele se sentisse mais confortável. Pelo visto, aquele momento tinha chegado, no entanto ainda parecia um sonho.

— Bahiyyih... — ele limpou a garganta e recomeçou — Você gostaria de namorar comigo?

Aquelas eram as palavras que ela mais esperou ouvir, tanto que quando se tornaram realidade, ela nem sabia como reagir.

— Sim, sim, claro que sim — sorriu envergonhada — Eu gostaria muito de ser a sua namorada.

Ao ouvir o que esperava, Niki se sentiu mais relaxado, então sorriu para ela também. Ele não tinha qualquer experiência nisso, nunca antes tinha gostado de alguém ou namorado, mas pela forma como se sentia perto dela, achava que era o que definiam como paixão. Por isso, sem pensar muito sobre, ele só queria viver aquele momento.

Um tanto atrapalhado, ele tentou beijá-la. Bahiyyih também não era alguém experiente, tampouco tinha namorado antes, por isso estava sem jeito. O beijo foi meio estranho no começo, mas quanto mais relaxavam, mais se tornava algo memorável. Eles estavam no topo da roda-gigante, com a cidade toda debaixo deles e era como se as estrelas estivessem ao seu redor. Naquele simples momento, ambos sentiram que estavam realmente felizes.

Aquele foi um dia memorável, então quando se despediram mais tarde, ambos estavam sorrindo. Bahiyyih foi embora com seu motorista e Niki pegou um ônibus, ele tinha negado a carona dela dizendo que seria mais rápido se fosse dessa forma. Ambos estavam pensando sobre estarem namorando alguém e o quanto isso era diferente quando seguiram em caminhos opostos.

Quando Niki entrou no ônibus e escorou a cabeça na janela, ele estava olhando para as polaroides que haviam tirado juntos mais cedo e um sorriso estava pintando seus lábios. Parecia que finalmente ele tinha se entendido e estava em paz consigo mesmo. Tinha sido só uma confusão tudo aquilo que sentiu por Kim Sunoo um dia, não era real, não era quem ele era. No fim das contas, parecia que ele apenas gostava de garotas mesmo, e era melhor que fosse desse jeito. Estar com Bahiyyih era fácil, era tranquilo, era bom. Ele não precisaria se preocupar com nada, todo mundo os aceitaria facilmente. Era melhor assim, era melhor desse jeito.

Quanto ao passado, ele apenas iria se esquecer de tudo e seguir em frente. Ou pelo menos era o que pretendia fazer.


 


 

Xiaoting, Yunjin e Sunghoon foram recebidos por Lisa e a acompanharam até a sala da pequena casa, sob os olhos atentos de sua mãe. Aquele era um assunto muito difícil de ser abordado e não era todo mundo que se sentia confortável para falar sobre um abuso, então quando ouviu o nome de Cash, a garota ficou agitada logo de cara. No entanto, ela queria ouvir o que aquelas pessoas tinham a dizer e como a tinham encontrado ali. Por fim, quando descobriu o que pretendiam, ela ficou um tanto pensativa.

— Essa pessoa está morta na minha vida — disse por fim — Eu não quero mais vê-lo ou saber sobre ele, entendo o motivo pelo qual vieram até aqui, mas sinto desapontá-los, não posso ajudar.

— E vocês deviam fazer o mesmo — sua mãe emendou — Não se metam com essa pessoa, ele é muito perigoso.

— Nós sabemos — Yunjin assentiu — Se eu não tivesse sido salva, seria uma vítima nas mãos dele também. No entanto, não podemos permitir que ele continue machucando mulheres por aí, se ninguém fizer nada ele nunca vai parar.

Lisa pensou sobre isso e assentiu.

— É muito corajoso da parte de vocês, espero que consigam fazer justiça por todos nós.

Xiaoting achou que era uma pena, eles tinham até mesmo conseguido contato com ela, mas não parecia que ela queria falar do assunto e não iria pressioná-la. Sunghoon, no entanto, estava pensando algo diferente.

— Como você acabou em uma cadeira de rodas? — perguntou de repente.

Aquela parecia uma pergunta rude de se fazer a um estranho, então as duas garotas viraram o rosto e o encararam nervosas. 

— Ei, não me olhem assim — ele se esquivou — Meu irmão é cadeirante também, eu só fiquei curioso sobre o motivo pelo qual uma garota tão bonita estaria assim.

Yunjin balançou a cabeça pela falta de noção dele, mas Lisa pareceu amolecer um pouco ao ouvir aquilo.

— Está tudo bem, vocês até mesmo sabem que eu fui abusada, não é como se eu pudesse esconder um segredo — ela suspirou — Cash me fez abortar o fruto do abuso dele, pagou uma grande quantia pelo nosso silêncio e tivemos que aceitar. Naquela época, meu pai estava muito doente e usamos todo o dinheiro para o tratamento dele. No fim, ele acabou falecendo, mas pelo menos foi de forma confortável, então eu estou cumprindo a minha parte em ficar em silêncio sobre tudo.

Xiaoting ficou pensando que a história dela era muito parecida com a da outra garota, Cash aplicava o mesmo golpe em todo mundo e era irresponsável do mesmo jeito todas as vezes. Ele tratava abortos e corpos femininos como se fossem coisas supérfluas e descartáveis, era só pagar o procedimento aqui e ali e tudo se resolvia, até porque não era o corpo dele, logo não importava. E quanto mais ouvia sobre isso, mais ela ficava irritada.

— Lisa, você não precisa falar sobre isso — sua mãe pegou em sua mão e a avisou.

— Está tudo bem — a garota assentiu — Não há muito o que se dizer, eu tive depressão depois da morte do meu pai e tentei tirar a minha vida, foi assim que acabei paraplégica.

Aquilo pegou os três desprevenidos. Sunghoon arregalou os olhos e não soube o que dizer, a Shen estava se sentindo ainda pior e Yunjin ficou um tanto emotiva. Lisa tinha passado por coisas horríveis, sua vida tinha sido arruinada para todo o sempre por causa daquela pessoa. E o pior de tudo era que não podiam ajudá-la, não havia mais nada que pudessem fazer para salvar aquela garota.

— Não se sintam mal, eu estou bem agora — Lisa sorriu — Eu só não posso mesmo ajudá-los, desculpem.

— Tudo bem — Yunjin levantou e se ajoelhou em frente a ela — Obrigada por ter nos contado a sua história, vai nos dar força para seguirmos com o nosso objetivo.

A garota assentiu e eles estavam prestes a se despedir e ir embora quando Sunghoon teve uma ideia:

— Ei, você já foi ao festival do chocolate?

Meia hora mais tarde, eles tinham chegado no festival. Apesar de morar naquela cidade desde que nasceu, Lisa não ia ao festival há anos, então quando Sunghoon a convidou ela aceitou acompanhá-los. Eles chamaram um veículo equipado para levá-la até lá e quando chegaram o festival já estava cheio de gente.

— Uau, é um grande evento mesmo — Yunjin ficou impressionada. 

Sunghoon disse que se responsabilizaria a levar a cadeira de Lisa, ele já era acostumado a conduzir seu irmão. No entanto, logo percebeu que a cadeira dela era bem simples, nem se comparava ao modelo moderno de Jungwon que lhe permitia ter muito mais liberdade. Ao pensar sobre isso, Sunghoon achou que era uma pena.

Mas Lisa estava radiante, nem parecia que tinha lhes contado uma história tão trágica mais cedo. Ela apontava para os lados animada e queria provar todos os chocolates que lhe eram oferecidos. Sunghoon a levava onde ela queria ir, mostrava o que ela queria ver e não tinha reclamado de nada por um bom tempo. Xiaoting e Yunjin vinham lado a lado atrás deles, as duas de olho nele um tanto intrigadas.

— Sunghoon é estranho, do nada as vezes parece que ele vira um ser humano decente — a Sim comentou.

Ela estava olhando para ele por bastante tempo já, aquele era um lado dele que não conhecia, então estava um pouco abalada. Desde que saíram naquela viagem, era como se estivesse descobrindo outras coisas sobre ele e quanto mais isso acontecia, menos achava que não gostava dele.

— O que foi Sim Yunjin, está encantada pelo príncipe da Royal High? 

Ao ouvir aquilo, ela voltou a si e lhe deu um empurrãozinho com o braço, ao que a outra riu. Ela não estava encantada, nada disso, só tinha achado que ele estava sendo legal. 

Era só isso, né?

Naquele momento, os dois à frente pararam em uma barraca do evento. Eles estavam vendendo ursos de pelúcia marrons com lacinhos vermelhos no pescoço, era o tipo de pelúcia mais tradicional do mundo, mas Lisa estava olhando para eles, então Sunghoon olhou também.

— Você quer um? 

— Ah, não, não — ela sorriu tímida — Eu só estava olhando.

O dono da barraca viu o interesse deles e os chamou com a mão.

— Você pode comprar os ursos de pelúcia, mas também poderá ganhá-los de graça se acertar vinte cestas seguidas no jogo de basquete.

Sunghoon olhou para a cesta e para a bola e deu um sorrisinho. De repente, aquela tinha virado uma situação na qual ele poderia exibir os seus talentos e seu ego quase saltou para fora do corpo.

— Para a sorte de vocês, eu sou um jogador de futebol americano — ele balançou os cabelos e sorriu.

— E o que isso tem a ver com basquete? — Yunjin o cortou.

Sunghoon a ignorou e virou para a outra garota.

— Lisa, eu vou conseguir um ursinho para você.

Ao ouvir aquilo, Yunjin ficou um pouco enciumada. O loiro então pegou a bola das mãos do dono da barraca, se alongou um pouco — apenas para se exibir — e começou a jogar a bola na cesta. O pior de tudo era que ele era realmente bom naquilo, então algumas pessoas até se aproximaram para observar e Yunjin estava chocada. Depois de vinte cestas seguidas, o dono da barraca estava sem palavras, não parecia que aquilo era algo fácil. 

Sunghoon agradeceu aos aplausos, pegou o ursinho das mãos dele e entregou para Lisa, que sorriu e agradeceu. Depois, seus olhos foram parar na garota ao lado dela e percebeu que Yunjin o encarava com uma expressão emburrada no rosto.

— Ei bolsista, você quer um urso também? 

— Por que eu ia querer um urso? É tão infantil — ela resmungou.

Xiaoting deu uma cutucada nela, estava parecendo óbvio demais que ela tinha ficado enciumada. Por fim, Sunghoon ignorou as palavras dela e pediu a bola de basquete novamente, ao que o dono da barraca já estava nervoso. Alguns arremessos depois e havia mais um urso em suas mãos, ao que muitos o aplaudiam agora. Do nada Sunghoon tinha virado a atração do evento. O dono da barraca teve que estabelecer uma regra de que só era permitido dois ursos por pessoa, então ele não pôde tentar mais uma vez.

— Toma bolsista — estendeu o urso diante dela.

— Eu disse que não quero isso — ela foi teimosa — Você não precisava ter se exibido.

— É mesmo? Nesse caso então, você quer Xiaoting? — estendeu diante da outra.

A ruiva encarou a outra, até que por fim Yunjin pegou o urso da mão dele e saiu andando sem olhar para trás. Até mesmo Lisa deu uma risadinha ao ver aquela cena e quando Sunghoon se afastou reclamando que aquela bolsista era doida da cabeça, perguntou para Xiaoting se tinha algo acontecendo entre aqueles dois. A ruiva deu de ombros, ninguém sabia, mas parecia que definitivamente tinha algo ali.

O festival acabou no final do dia, eles assistiram apresentações de música, show de talentos e voltaram para casa com dois ursos e vários chocolates. Lisa foi acompanhada de volta até em casa, eles também precisavam pegar o carro e ir para o hotel. Apesar de não terem conseguido atingir seu objetivo, os três estavam muito satisfeitos.

— Foi um prazer conhecer vocês, são todos muito amáveis — Lisa apertou a mão de um por um — Obrigada por terem me proporcionado um dia muito divertido.

— Foi um prazer te conhecer — Yunjin respondeu — Vamos manter contato, ok? 

A garota assentiu, todos eles tinham trocado números de telefone, então ela ligaria sempre que quisesse conversar.

— Desculpe vir até a sua casa para te fazer lembrar de coisas tristes — Xiaoting acrescentou.

— Sobre isso... — Lisa refletiu — Eu estava pensando e... eu ainda não tenho certeza, mas talvez eu possa ajudar vocês no futuro. Me contem como estão indo as coisas, se eu tiver coragem, vou fazer a minha parte.

— Você não precisa se forçar — Yunjin acrescentou.

— Estou fazendo de coração — ela sorriu — Se eu puder ajudar, eu irei.

Aquilo era melhor do que o que tinham esperado, parecia que Lisa estava mesmo pensando sobre e havia uma chance de que fosse ajudar. Se isso tudo desse certo, era mais alguém de grande peso do lado deles e não poderiam estar mais felizes de terem feito amizade com uma garota tão forte e tão corajosa quanto Lisa era.

Parecia que cada vez mais estavam próximos de ter sucesso e derrubar Cash para sempre.


 


 

Jongsuk estava cozinhando quando o interfone tocou. Ele baixou o fogo e foi atender, era um aviso de que Jungwon estava aguardando ser liberado para subir, o que ele fez prontamente. Como aquele garoto não costumava visitar, ele não estava na lista de quem tinha passe-livre para subir, por isso mesmo Jongsuk estava curioso com aquela visita.

Ele abriu a porta e ficou esperando, ao que logo viu o mais novo saindo do elevador. Assim que o viu, ele sorriu.

— Ei Jungwon, o que te traz aqui?

— Olá senhor Park — o cumprimentou — Jay está?

— No atelier — o homem apontou para a última porta no corredor e deu um sorrisinho.

Agradecido, ele conduziu sua cadeira até lá. A porta estava entreaberta, de forma que conseguia ver Jay sentado desenhando algo. Ele estava tão concentrado que nem sequer tinha ouvido sua chegada. Foi só quando Jungwon deu uma batidinha na porta que ele ergueu o rosto e levou um susto.

— Oh — disse e logo sorriu — É você.

— Desculpe vir sem avisar — o mais novo sorriu de volta — Você está desenhando?

Jay assentiu e o chamou para ver. Era o esboço de um colete moderno e elegante que tinha começado a rabiscar com alguns detalhes que estava imaginando. Jungwon achou que era muito bonito, Jay certamente cresceria para ser um estilista famoso tão bom quanto seu pai. 

— Mas você não veio até aqui para ver os meus trabalhos, eu imagino.

— Hum — Jungwon assentiu com segurança — Podemos conversar?

Havia um lugar no qual Jay gostaria de levá-lo, o telhado do prédio onde vivia era muito bonito, tinha uma vista panorâmica de toda a cidade e como fazia um clima agradável, achou que era uma boa ideia. Quando ofereceu, o mais novo aceitou acompanhá-lo até lá. Seu pai então ajudou para que carregassem a cadeira dele pelas escadas e por fim os dois estavam do lado de fora. Ventava um pouco, mas o céu estava em um tom confortável rosado tão bonito que valia a pena. Jungwon deu uma volta pelo local com sua cadeira, de lá dava para ver vários pontos importantes da cidade, como o Empire State Building, por exemplo. 

— Não é legal aqui? — Jay perguntou — Sempre tive vontade de te trazer para dar uma olhada.

— Parece aconchegante — o mais novo sorriu.

Tinha um banco ali, então o mais velho sentou para admirar seus arredores. Ele não estava pensando muito sobre nada, enquanto a mente do outro estava cheia de ideias. Ele tinha passado a semana inteira refletindo sobre a conversa que teve com Niki e o fato de que já tinha o não, por que não tentar o sim? Se doesse mais tarde, não poderia dizer que não sabia que isso ia acontecer, mas pelo menos tinha tentado sair de sua zona de conforto. O que lhe faltava agora era apenas a coragem de colocar isso em palavras.

Jay notou que ele estava nervoso e deu um sorrisinho.

— O que você quer me dizer, apenas diga. Mesmo que seja que você me odeia, eu vou entender.

Jungwon balançou a cabeça.

— Bobo.

Ele pensou mais um pouco, então tomou coragem de seguir adiante.

— Eu quero falar sobre nós dois... nós dois juntos.

Aquilo surpreendeu o outro, que o olhou intrigado.

— Juntos? Então você...

— Eu pensei muito — assentiu — E eu gosto muito de você, gosto de verdade. Eu também tenho muito medo de te machucar, de não ser bom, de te deixar frustrado, eu tenho medo de tantas coisas... mas... 

Jay deu um sorrisinho e pegou a mão dele para deixar um beijinho no dorso.

— Eu também tenho essas preocupações, isso apenas significa que gostamos e nos preocupamos muito um com o outro. Eu não acho que não vamos nos machucar, também acho que vamos ficar frustrados, mas não é ainda pior não estarmos juntos? Eu quero tanto, tanto ser o seu namorado — confessou.

Jungwon ficou envergonhado ao ouvir aquilo, suas orelhas estavam subitamente vermelhas.

— Eu também quero... quero ser o seu namorado.

— É mesmo? — Jay sorriu — Então vamos tentar isso?

O mais novo assentiu sem jeito.

— É mesmo? De verdade? — ele não conseguia acreditar.

— É, se você quiser...

Jay estava tão eufórico que pegou o outro nos braços e o carregou de um lado para o outro, o surpreendendo. Jungwon nunca tinha o visto daquele jeito, Jay estava correndo com ele nos braços enquanto ria. Ele até mesmo gritou um “ele aceitou ser meu namorado” para todo mundo ouvir, o grito ecoando pelos prédios ao redor deles. Jungwon estava totalmente envergonhado, aquela pessoa tinha enlouquecido!

— O que você está fazendo?

Como resposta, ele ganhou um beijo na testa. 

— Você está tão feliz assim? — o mais novo riu também.

— Hum, dizem que a gente fica maluco quando está apaixonado, agora eu entendo.

Jungwon se aconchegou nele e sorriu.

— Obrigado por gostar tanto de mim. 

— Obrigado por abrir o coração para mim mesmo que seja difícil.

— Agora parece tão fácil, muito mais do que eu achei que fosse.

Ao ouvir aquelas palavras, Jay ficou tão feliz que lhe roubou um beijo nos lábios, o que surpreendeu o outro. Mas antes que Jungwon pudesse dizer qualquer coisa, ele roubou outro beijo e mais um depois desse. Quando percebeu, seus lábios já estavam se tocando com muita intimidade, mais intimidade do que jamais havia tido com qualquer outra pessoa em sua vida. Ele não podia negar que era estranho, mas ao mesmo tempo era confortável, mais confortável do que jamais teria imaginado. E em seu coração, ele só queria que aquele sentimento perdurasse, que pudesse se sentir assim para sempre. Porque ali, nos braços daquela pessoa, era como se finalmente tivesse recuperado a vida que lhe foi tirada há dois anos.


 


 

Quando Bahiyyih chegou em casa, foi correndo fazer uma chamada de vídeo com seus amigos para lhes contar a novidade. Ela esperava sorrisos animados e muita felicidade, mas logo que disse que estava namorando Niki, Sunoo apenas lhe desejou parabéns de um jeito estranho e disse que precisava sair para fazer alguma coisa. Wonyoung ficou em silêncio por um tempo, e então por fim lhe disse que não era uma boa ideia aquele namoro. Ela ficou o tempo inteiro falando sobre como não daria certo porque eles eram de classes sociais diferentes, que seus pais odiariam, que Niki iria sofrer porque nunca iria se adequar ao que seus pais esperariam dele. Era um monte de coisas que Bahiyyih não tinha pensado ainda, que nem sequer queria pensar, ela só queria aproveitar o momento, mas agora estava com várias preocupações graças à amiga. 

Mais tarde, ela contou a Niki sobre isso, o garoto ficou bastante irritado e disse que Wonyoung não devia se meter no namoro deles. Se ela não gostava e achava que seria ruim, aquilo era problema dela. Os dois fariam dar certo.

Com aquelas palavras de conforto, Bahiyyih foi dormir sossegada naquela noite. Mas quem não estava nada feliz era Niki, quanto mais conhecia aquelas pessoas, mais tentava entender por que sua namorada tinha amigos tão idiotas. 

Wonyoung, por sua vez, estava preocupada com Sunoo, depois daquela ligação o amigo desligou o celular e sumiu. Ela só esperava que ele ficasse bem...


 


 

Xiaoting, Sunghoon e Yunjin tinham ido jantar em um restaurante que descobriram ser o melhor da cidade — segundo o loiro, era apenas “razoável”. Depois, voltaram para o hotel pois estavam exaustos. Dessa vez Sunghoon não precisou dizer nada, Yunjin tomou banho e apareceu no quarto dele de pijama e carregando aquele urso de pelúcia marrom nos braços. Assim que a viu ali, ele deu um sorrisinho.

— Sabia que não ia me deixar dormir sozinho com as baratas, bolsista. Já movi você da minha lista de pessoas que detesto para pessoas que considero. 

Yunjin o fuzilou com o olhar, mas não disse nada. Ela apenas deitou na cama de costas para ele.

— Se eu soubesse que você ia gostar tanto desse urso, tinha comprado todos para você — ele continuou — Vai dormir abraçada nele pensando em mim, é?

A garota se virou, deu uma “ursada” na cara dele e depois voltou para a mesma posição.

— Cala a boca.

— Bruta — ele acariciou o próprio nariz.

O loiro levantou para fazer o skincare e quando voltou, parecia que Yunjin já estava dormindo, então ele apagou a luz e deitou ao lado dela. Depois de um tempo, no entanto, ele pensou ter ouvido um barulho de choro. 

— Ei… Bolsista, você está chorando?

Apenas uma fungada foi ouvida vindo do lado dela, o que era o mesmo que um sim.

— Ei Yunjin — ele insistiu — O que foi? Está com dor de barriga?

— Estou triste porque tive que ver a sua cara feia antes de dormir.

Sunghoon deu um peteleco na testa dela, que resmungou.

— Sério bolsista, por que essas lágrimas agora?

Yunjin pensou sobre isso, então limpou o rosto molhado com as mãos e o encarou no escuro.

— A história da Lisa me deixou muito triste, tudo o que ela perdeu por causa daquele cara... é injusto, tão injusto. Por que o mundo tem que ser assim?

O loiro deu de ombros, ele não fazia a menor ideia.

— Podia ser eu, podia ser essa a minha história — ela continuou.

— Mas não foi, eu estava lá. 

— É, você estava lá — ela assentiu.

— Então para de chorar, a gente vai colocar esse cara na cadeia — jurou a ela — Para que a sua cara fica ainda mais feia chorando. 

— Você nem está vendo a minha cara.

— Estou imaginando. 

E foi assim que ele levou um chute.

— Posso te abraçar para dormir? Estou carente — ela pediu logo depois. 

— Acaso está esclerosada, bolsista? Bota o nome desse urso de Sunghoon e abraça ele.

— Vou botar o nome dele de loiro azedo então.

— Pois vou comprar um urso e colocar o nome de bolsista pobretona. 

— E vai dormir agarrado em mim?

— Cruzes.

Alguns segundos depois, quando ele já tinha deitado de costas para ela, Yunjin o abraçou por trás, o que o fez congelar no mesmo instante. Ele nunca tinha imaginado que ela faria aquilo mesmo.

— O... o que você está fazendo? — perguntou chocado, seu coração batendo alto nos ouvidos.

— Quieto, me deixa dormir assim, estou carente e não tenho a minha mãe aqui.

Yunjin fechou os olhos e logo pegou no sono, mas Sunghoon estava paralisado, tão em choque que nem conseguia se mexer.... como diabos iria dormir naquelas condições???

Talvez tenha levado horas, mas em algum momento seu corpo finalmente relaxou e ele pegou no sono. Em sua vida, já havia dormido com mulheres muitas vezes, mas aquela era a primeira vez que tinha ficado tão nervoso. E dessa vez, por mais maluco que fosse, absolutamente nada tinha acontecido entre eles.

Quando Sunghoon acordou na manhã seguinte, Yunjin não estava mais no quarto. Ele suspirou aliviado, mas ainda estava se sentindo esquisito. Ele ficou um bom tempo se arrumando, depois arrumou suas malas e desceu para tomar o café da manhã. Assim como no dia anterior, pegou apenas um café preto e sentou na mesa onde as outras duas comiam. Yunjin parecia normal como em todos os dias, e ela também não estava mais chorando, então aquilo era melhor. Como ela não se comportou de um jeito estranho, Sunghoon se esforçou para agir o mais normal possível também, mas vira e mexe se lembrava da forma próxima como dormiram noite passada e não sabia se tinha arrepios ou se ficava mexido. O pior de tudo era que nem sabia dizer se tinha odiado aquilo como esperava que tivesse...

A viagem de volta para Nova York foi muito mais calma do que a ida, depois de tudo o que descobriram ninguém tinha animação para nada. Xiaoting apenas colocou uma playlist de músicas lentas e eles trocaram poucas palavras enquanto o dia ia passando pelas janelas do carro. Sunghoon ainda reclamou para usar o banheiro do posto de gasolina, ele também reclamou do cheiro do salgadinho de queijo de Yunjin, mas além disso, nada aconteceu.

Uma nova semana estava prestes a começar, mas nenhum deles sabia ainda qual seria o próximo passo.


 


 

Yeonjun estava no food truck preparando o pedido de um cliente quando Niki se aproximou. Seus pais tinham uma encomenda de quatro cachorros-quentes — Yunjin estava viajando, então seria para os que sobraram em casa. O Choi pegou o pedido e começou a preparar os ingredientes enquanto o mais novo ficou esperando do lado de fora com uma expressão um pouco amarga.

— Ei, por que você está desse jeito? — Yeonjun perguntou.

— Ah, é verdade, você é amigo daquela pessoa — ele bufou — Pois se você ver aquela patricinha diga para ela cuidar da vida dela. 

— Hum?

— Wonyoung, a falsa boa samaritana — ele continuou — Ela vem aqui e faz todo aquele teatro de boazinha que salvou o seu negócio, mas segue sendo uma metida nojenta.

— Ei, você não precisa falar assim dela.

— Então diga para ela parar de forçar a minha namorada a terminar comigo porque eu sou pobre — ele resmungou.

— Wonyoung disse isso? — Yeonjun ficou confuso.

— Disse, ela não suporta que Bahiyyih namore uma pessoa pobre, ela é apenas uma preconceituosa idiota. 

Aquela história deixou o dono do food truck um tanto pensativo, ele não imaginava que aquela garota fosse assim, gostava dela justamente porque parecia simples, mesmo sendo muito rica. Foi como um balde de água fria, talvez no fim das contas ela tivesse algum tipo de intenção oculta para vir ao seu negócio? No fim, talvez Yunjin e aquela mulher com a qual dormiu na sexta-feira estivessem erradas, era improvável que Wonyoung tivesse qualquer sentimento por ele.

Aquilo ficou em sua cabeça por horas e para sua surpresa a garota apareceu no meio da tarde. Estava toda graciosa com uma saia rodada e um blusão que certamente era de marca e o cabelo tinha sido preso em um rabo de cavalo com um laço. Trazia um livro em mãos e seu notebook, estava sorridente como sempre e tinha pedido uma salada antes de sentar para estudar. Yeonjun, no entanto, ainda estava pensando nas palavras de Niki e se não tirasse aquilo a limpo sentia que não teria paz.

— Sua salada — ele disse e colocou o pote diante dela, sua expressão um tanto fechada.

— Está tudo bem? — ela perguntou confusa.

O mais velho respirou fundo e sentou em frente a ela.

— Escuta, só vou falar sobre isso porque eu acho que você está errada — começou — Por que você não quer que a sua amiga namore o Niki? Qual é o problema de ele não ser rico como vocês? Isso faz dele uma pessoa inferior…

Ele tinha pretendido só falar umas duas palavras, mas quando começou, as palavras simplesmente voaram de sua boca sem controle algum. Wonyoung esperava ouvir qualquer assunto menos aquele, então ela estava em profundo choque.

— Como...? Como você....?

— Niki me contou, ele está muito chateado.

A garota deu um suspiro e escorou a cabeça nas mãos, isso era péssimo, péssimo. O motivo de não querer que Bahiyyih namorasse Niki não era ele ser pobre, ela só tinha inventado aquilo porque era convincente. O motivo real era porque não queria que Sunoo sofresse, mas era um segredo que não poderia contar para ninguém. Agora estava magoada, não conseguia acreditar que Yeonjun tinha facilmente acreditado nas palavras do outro, não quando ela tinha feito todas aquelas coisas por ele. 

— Então você acha que eu sou fútil — ela fechou o livro e o encarou.

— Eu achei que você não era, mas agora não sei mais — ele foi sincero — Não sei por que você vem até aqui quando não gosta de pobres. Não sei se você notou, mas eu sou um. 

Quanto mais ele falava, mais Wonyoung se sentia irritada. Ela queria que Yeonjun acreditasse nela, que pelo menos achasse que havia algo de errado nessa história, ao invés de facilmente acreditar no que Niki havia lhe dito. E ela não podia negá-lo, mas honestamente naquele momento nem queria. Se Yeonjun não acreditava nela mesmo tendo deixado suas intenções claras, então o problema era dele.

— Realmente, não sei o que estou fazendo em um lugar pobre como esse — ela levantou e começou a guardar suas coisas.

Yeonjun ficou olhando confuso para ela, ele esperava pelo menos um argumento, mas ela não disse nada, não negou nada. Então aquilo tudo era verdade? Por que ela tinha sido legal até aquele momento?

Havia uma porção de dúvidas na cabeça dele, mas não conseguiu falar nada. Wonyoung também não disse mais uma palavra sequer, ela apenas levantou e foi embora. O táxi nem tinha chegado e ela já estava chorando na calçada como se alguém de sua família tivesse morrido. O motorista tentou lhe oferecer ajuda, mas tudo o que queria era chegar em casa.

No caminho, ela ligou para Sunoo e o amigo se apressou para ir visitá-la. Ela estava abafando o choro nas almofadas da cama quando ele entrou. Assim que se viram, Sunoo correu para abraçá-la e os dois caíram no choro juntos. Era quase engraçado, aqueles dois adolescentes chorando como se suas vidas tivessem acabado. 

— Por que você está chorando? — ele finalmente perguntou depois de um bom tempo chorando nos braços dela.

— Yeonjun me odeia! — ela soluçou — Ele acha que sou metida e que odeio pobres…

— E ele está errado?

— Kim Sunoo!!! — ela deu um gritinho e o outro riu.

— Amiga, confessa para mim, você está apaixonada por ele, não está?

Wonyoung apoiou o rosto na almofada, incerta.

— Está sim, nem tente negar — ele secou o rosto molhado dela com os polegares — Ele é mais gostoso do que o Sunghoon, nem duvido.

— Ei! 

Sunoo apoiou as costas na cabeceira da cama, sentado ao lado dela. Wonyoung fez o mesmo e ambos suspiraram juntos.

— Não acredito que estamos aqui chorando porque nos apaixonamos por dois pobres — ele confessou.

— Você acha que o que eu sinto é mesmo paixão?

— Você não choraria assim se não fosse... mas a sua situação é muito mais fácil, apenas termine com aquele babaca do Sunghoon e vá atrás do seu homem, diga a ele que você adora a salsicha de pobre dele e pronto, tudo certo.

Wonyoung balançou a cabeça e deu com a almofada na cara dele.

— Kim Sunoo, eu te mato! Isso se eu não matar o seu crush antes, aquele idiota fofoqueiro... você merece mais do que isso.

— Fui eu mesmo que o afastei, que culpa ele tem?

— Então eu vou matar o seu pai.

Sunoo sorriu e a puxou para um abraço.

— Wony, eu amo você.

— Eu também amo você. Nós vamos ser felizes, você vai ver.

— Hum, vamos ser.

Ali agarrada ao melhor amigo, Wonyoung não parava de pensar em tudo o que tinha acontecido. Como podia ser que estivesse apaixonada por Yeonjun? E como iria resolver isso? O primeiro passo, com certeza, era terminar com Sunghoon amanhã mesmo.



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...