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História Royal High Academy - O príncipe da Royal High foi rejeitado por uma bolsista!


Escrita por: chaootics

Capítulo 26 - O príncipe da Royal High foi rejeitado por uma bolsista!


Jay estava sentado em silêncio rabiscando em seu caderno de desenho já fazia um bom tempo. Todos na família Park perceberam que tinha alguma coisa errada, porém ele não estava abrindo seu coração. Por fim, depois de vários dias de silêncio, Jongsuk decidiu que já era o momento de ter uma conversa com ele. 

Assim que entrou no atelier, viu que o filho não estava desenhando roupas como de costume. Ao invés disso, ele estava desenhando uma pessoa.

— Você mudou o foco da sua arte, ou está com saudades de um certo alguém?

Ao ouvir a voz dele, Jay levou um susto e tentou esconder aquilo, porém já era tarde demais, seu pai já tinha visto o desenho de Jungwon. Jongsuk puxou uma cadeira e sentou em sua frente, olhando para o seu rosto com atenção. O garoto não conseguiu sustentar aquele olhar, então o desviou para qualquer outro canto da peça.

— Apenas diga logo o que você quer dizer — falou por fim.

— Não é você quem devia falar? — o pai revidou.

Jay pensou por um instante e então suspirou, apoiando o rosto nas mãos.

— Jungwon e eu tivemos uma briga, ele tem esses novos amigos agora e subitamente não liga para mais nada — desabafou — Ele está por aí com as unhas pintadas, sendo ofendido todos os dias na escola.

Jongsuk piscou duas vezes, ouvindo com atenção.

— Eu pedi a ele que parasse com isso, mas ele não me ouve.

— E por que ele devia parar? — seu pai perguntou.

— Porque as pessoas estão tirando sarro dele e eu nem sequer posso protegê-lo.

— Hum, mas pela forma como você está me contando isso, não parece que ele queira que você o proteja — explicou — Jungwon não é mais um bebê Jay, ele pode tomar conta de si.

O garoto abaixou a cabeça e encarou a mesa de madeira sem dizer uma palavra sequer.

— Mas o problema é que você quer tomar conta dele, né? — Jongsuk continuou — Porque é isso que você tem feito desde o acidente, porque ele esteve grudado em você esse tempo todo. E agora, a ideia de que ele tenha amigos que não sejam você e que podem ajudá-lo também te assusta.

Os lábios de Jay se curvaram e algumas lágrimas se formaram em seus olhos. Era por isso que estava evitando falar com seu pai sobre o assunto, aquele homem era especialista em entender o seu coração.

— Tem mais alguma coisa nessa história, não tem? — o homem o pressionou.

Depois de alguns segundos de silêncio, Jay finalmente sucumbiu às lágrimas. Seu pai segurou em sua mão e o deixou chorar por algum tempo, até que ele conseguisse colocar aquilo para fora.

— Pai, eu não posso fazer isso, não posso pintar as minhas unhas, não posso dizer aos outros que eu sou gay — ele soluçou — Me sinto tão miserável e assustado, eu não posso estar ao lado do Jungwon, não posso viver essas coisas com ele, eu não consigo...

Seu pai deu um suspiro aliviado por ter conseguido arrancar aquela confissão dele, e então apertou sua mão com força para lhe dar apoio.

— Você não precisa, não é o seu momento ainda, meu filho. A pior coisa que você pode fazer é se forçar a algo como isso.

— Mas como Jungwon e eu vamos ficar juntos desse jeito? 

— Você já experimentou conversar com ele sinceramente sobre? Porque algo me diz que o que você fez foi dizer algo que não queria e que o ofendeu de algum jeito.

Jay olhou para ele e desabou em suas mãos.

— Pare de me entender tão bem...

— Vem aqui.

Jongsuk deu um sorrisinho e levantou para lhe puxar para um abraço apertado.

— Do mesmo jeito que Jungwon não pode te forçar a se expor, você também não pode forçá-lo a se esconder se ele se sente confortável agora. Vocês vão ter que dar um jeito de resolver isso. 

Jay o abraçou de volta e não soube o que pensar. Agora, até mesmo conversar com aquela pessoa parecia um desafio que ele não fazia ideia de como iria resolver. 


 


 

Jungwon estava diante do computador jogando um jogo violento quando Sunghoon bateu na porta e entrou no quarto. Assim que o viu atirando na cabeça de um homem — que explodiu ensanguentada — ele se aproximou confuso e sentou ao seu lado.

— Que isso?

— Estou bravo — o mais novo respondeu.

— Eu reparei.

Ele olhou para as suas unhas, hoje todas estavam pretas.

— Hum? Desistiu do colorido?

— Estou bravo — ele repetiu — A mãe disse que o preto fica bom em mim. 

Sunghoon deu uma risadinha e balançou a cabeça.

— Posso saber por que você está bravo? Alguma coisa me diz que o motivo começa com Park e termina com Jay.

Jungwon pausou o jogo e o encarou.

— Qual é, todo mundo viu a briga de vocês naquele dia — ele continuou — Eu sei que pessoas muito bonitas às vezes são desprovidas de inteligência, mas eu sou um caso raro de alguém que é tão bonito quanto é inteligente, por isso é claro que eu já saquei que existe algo entre vocês — ele deu uma jogadinha no cabelo.

Ao ouvir aquelas palavras, o mais novo ficou um pouco sem jeito, apesar de tudo nunca tinha imaginado que os pensamentos de seu irmão tinham chegado tão longe.

— Vocês estão namorando, não estão? Nem adianta mentir, até os sete chihuahuas já perceberam.

— Não sei... — ele respondeu por fim — Não sei se ainda estamos juntos...

Sunghoon balançou a cabeça.

— Então, você é gay?

— Não sei — Jungwon repetiu envergonhado — Eu só gostei do Jay a minha vida inteira, desde que eu era criança...

— Há tanto tempo? — ele arregalou os olhos e então refletiu — Espera, se faz tanto tempo assim... foi desde antes do acidente?

O mais novo assentiu e Sunghoon ficou verdadeiramente chocado.

— Uau... mas vocês nem sequer brigaram naquela época, por que brigariam agora? 

Jungwon não respondeu, ele apenas abaixou a cabeça e ficou brincando com suas unhas.

— Certo, você quer que eu converse com ele? — perguntou e o outro assentiu — Ok, seu irmãozão aqui vai resolver tudo, deixa comigo.

O mais novo deu um sorrisinho.

— Obrigado… por não me achar estranho.

— Eu não acho que você é estranho, mas eu acho que você e o meu melhor amigo se beijando é muito estranho — ele fez uma expressão enojada.

— Qual é o problema? — Jungwon fez bico.

— Tente imaginar eu beijando um amigo seu e depois me diga se não é estranho.

Ele pensou na imagem de Sunghoon e Niki se beijando e rapidamente seu rosto se tornou um espelho da expressão do irmão.

— Viu??? — ele apontou.

— Ok, vamos parar de imaginar coisas — Jungwon riu.

— Certo, volte para o seu jogo então.

Dito isso, ele levantou e saiu andando para fora do quarto. Aquela conversa era tudo que uma com Park Sunghoon poderia ser. Seu irmão não era uma pessoa emotiva, portanto não esperava uma comoção com lágrimas e abraços. No entanto, assim era confortável, uma conversa casual onde sua sexualidade não era mesmo um problema. Depois que ele saiu, Jungwon estava se sentindo tão confortável que seu peito desafogou um pouco e ele até mesmo fechou aquele jogo. Naquele momento, ter o apoio de sua família era o mais importante.


 


 

Sunoo estava dando alguns tiros naquela manhã — e os dele não eram em um videogame. Como parte de um projeto de seu pai para lhe tornar “mais homem”, havia sido carregado para treinar sua mira em um local específico para tal. Sanghun e seu pai também estavam lá e ele podia jurar que o amigo foi convidado para mostrar o quão “másculo” ele era naquilo. Não era mentira que era bom de mira, tinha acertado a maioria dos tiros direto no alvo. Sunoo, no entanto, errou a maioria deles, até mesmo o barulho do tiro lhe fazia tremer. Seu pai estava visivelmente aborrecido e vez ou outra fazia um comentário sobre como aquele amigo era bom em tudo, ao que ele cochichava baixinho coisas como “o adote no meu lugar então”.

Depois do treino de tiros, eles foram almoçar, ao que sua mãe se reuniu. Assim como o pai, ela também ficou um bom tempo elogiando o garoto, dizendo que ele tinha boa aparência, que devia ter muitas pretendentes, que ser um namorador nessa idade era normal. Por normal, é claro que era apenas se fosse um homem com uma mulher. Sanghun somente assentia com a cabeça e vez ou outra deixava uma palavra escapar, no fundo parecia com tanto tédio quanto o próprio Sunoo estava.

O dia acabou com uma visita a um museu da guerra, seu pai estava disposto a lhe expor a todo tipo de violência que conseguisse. Sunoo não conseguia imaginar o que se passava em sua cabeça, será que ver os massacres que aquele país havia cometido lhe transformaria em um homem hétero? Será que o cérebro de alguém poderia ser tão pequeno para pensar assim? Às vezes, ele se perguntava como diabos seu pai gerenciava uma empresa sendo tão burro.

Por fim, eles se reuniram para uma partida no mini campo de golfe que os Kim tinham na cobertura, como estava finalmente liberado do seu dia másculo, Sunoo foi para o quarto. Ele apenas tinha sentado na cama quando alguém bateu na porta e logo depois o amigo entrou. Ele deu uma olhada para os lados, para o enorme pôster da Britney Spears acima da cama, mas não disse nada.

— Não vai jogar com eles? — O Kim perguntou.

— Por que eu deveria? 

Sanghun puxou um livro que estava em cima da escrivaninha e começou a folheá-lo sem prestar muita atenção — era uma biografia de Marilyn Monroe. Sunoo deu de ombros e começou a tirar um pouco de suas roupas, tinha ligado o aquecedor do quarto, odiava passar frio. A princípio, o Lee não estava prestando atenção, no entanto quando ele tirou a camisa, seus olhos pousaram em seu abdômen por um certo tempo. Sunoo reparou naquilo, então decidiu provocá-lo demorando mais do que o normal para se vestir novamente.

— Então, você gosta daquele garoto? — Sanghun perguntou do nada.

— Hum? 

— Niki.

— Oh — Sunoo o encarou — Então você estava prestando atenção.

— Eu nunca disse que não estava, apenas não me interesso na vida dos outros.

— E por que você está interessado agora? 

Eles estavam rebatendo um ao outro daquele jeito e Sunoo não sabia se era porque estavam se encarando de um jeito um pouco intenso, mas parecia estar rolando um clima.

Por fim, Sanghun não respondeu e apenas voltou seus olhos ao livro novamente, então ele decidiu continuar.

— Você é gay, não é? 

Os olhos do outro frearam no papel, aquela falta de resposta era como o sim que Sunoo já esperava receber.

— Então, meu amigo heterossexual, está afim de me ajudar com a minha sexualidade? — ele o provocou irônico.

— Onde você quer chegar com isso?

— Você era mais corajoso quando me beijou quando tínhamos dez anos — Sunoo jogou na cara dele.

Sanghun engoliu em seco. Será que aquele aquecedor estava muito forte ou era a temperatura de seu corpo que tinha subido?

— Então você brinca com fogo, Kim Sunoo.

— Eu brinco com as cartas que eu tenho.

O amigo o encarou por um tempo, parecia que estava em um debate mental. Como ele não fez nada no fim das contas, o outro se cansou.

— Está bem, eu vou tomar um banho então.

Sunoo tinha levantado da cama, mas nem sequer chegou até a porta antes de ser empurrado em direção a ela. No segundo seguinte, Sanghun colou os lábios aos seus. Aquele beijo não se parecia em nada com o que trocaram na infância — fofo, puro e inocente. Aqui agora eram dois adolescentes provocando um ao outro, seus corpos pegando fogo, então eles mal conseguiam respirar. 

Para um garoto tímido e calado, Sanghun era alguém que parecia saber ao certo o que fazer, Sunoo ficou se perguntando se ele havia tido alguma experiência na Europa. Suas mãos estavam apertando sua cintura por debaixo da camiseta que vestia e enquanto se perdia em seus lábios, ele quase quis cometer uma loucura. No entanto, já não era arriscado demais que estivessem se beijando debaixo do nariz de seus pais?

Por fim, ele tomou consciência da situação e o empurrou para longe. Ambos ofegavam e seus corações estavam disparados. Sanghun ainda tentou se recuperar por um tempo, até decidir sair, deixando Sunoo sozinho para trás. Quando estava a sós, deslizou pela porta e caiu sentado no chão. 

Uau, aquele era o final perfeito para o seu dia como um garoto heterossexual. 


 


 

Sunghoon achou que iria enlouquecer. 

Eles estavam no meio da aula de educação física e ele tinha pego ranço só do nome dessa disciplina. Para variar, Yunjin estava flutuando ao lado do professor, ela era tão prestativa que o homem a havia dado a posição de “ajudante oficial”, isso significava que ela recolhia as bolas e equipamentos e levava tudo para a sala de equipamentos com a ajuda dele. Enquanto faziam isso, os dois conversavam sobre coisas que Sunghoon nem sequer queria imaginar. Ele não sabia se aquele professor era burro e não notava que ela estava quase se entregando em uma bandeja, ou se ele estava fazendo por gosto. Se fosse, o colocaria na prisão, mais um homem que aquela garota arranjava que não prestava, só podia ser carma.

Sim, ele sabia que era hipócrita, ele mesmo saindo com aquelas mulheres adultas. No entanto, estava com ciúmes e apenas queria ser irracional.

E aquilo continuou acontecendo. Em um momento era “professor” para cá, “minha aluna favorita” para lá. Um tapinha na cabeça de Yunjin, um sorrisinho que ela só dava para ele. Aquele professor podia fazer qualquer coisa, pedir qualquer coisa, do nada aquela garota briguenta que vivia lhe dando chutes tinha desaparecido. Sunghoon sabia que não iria aguentar muito tempo, seu sangue estava fervendo.

E então ele simplesmente explodiu.

A aula tinha acabado e Yunjin saiu correndo para o lado daquele professor. Ela estava o ajudando a juntar as bolas do chão quando os dois — e todo mundo ao redor — ouviram o grito dele.

— Sim Yunjin, largue isso agora mesmo!

A garota pensou que tinha alucinado, então se virou confusa na direção dele.

— O quê?

— Larga essa bola, ele tem mãos, você não é empregada de professor.

A expressão de Sunghoon parecia feroz, não era como se estivesse brincando.

— Você ficou maluco? — ela não estava entendendo nada.

O professor Kwon olhou de um para o outro confuso e agora todo mundo que estava na arena tinha parado para ver aquela cena.

— Sim, eu estou maluco, você finalmente conseguiu me enlouquecer! — Sunghoon revidou — Correndo atrás desse homem, dando chocolates, ajudando a juntar o material da aula!

— E o que diabos você tem a ver com isso?

Yunjin estava brava também, do nada aquele garoto tinha decidido comprar uma briga ali. Além de tudo, estava a envergonhando diante do professor que tanto gostava.

— Eu tenho tudo a ver com isso! — ele gritou.

— Por quê??? — ela gritou de volta.

Sunghoon hesitou agora, ele estava ciente de todos aqueles olhares em sua direção. No entanto, se não dissesse nada, sabia que aquela garota iria apenas sair dali acompanhada do professor e isso era algo que não poderia mais tolerar.

— Você quer saber o motivo? — ele respirou fundo — Está bem! Eu gosto de você, eu estou apaixonado por você! Você está me enlouquecendo, bolsista! Meu sangue está fervendo por sua causa e se eu te ver do lado desse homem mais uma vez eu vou ter uma crise de ciúme!!!

Assim que ouviram aquilo, todos caíram em um silêncio chocado. Yunjin arregalou os olhos enquanto o professor olhou de um para o outro e deu um sorrisinho sem graça. Meu Deus, ele tinha acabado de se meter em um romance adolescente, logo ele que além de tudo era gay. Claro que os alunos não sabiam disso…

Sunghoon respirou fundo, seu rosto estava vermelho agora, em partes pela vergonha e em partes pela raiva. Depois que colocou seus sentimentos em palavras, estava começando a se arrepender. E o pior, ele tinha gritado aquilo na frente de todo mundo!

Claro que as pessoas já tinham filmado e nesse momento sua declaração torta e estranha já estava indo para o Instagram de fofocas da escola. Por fim, os burburinhos ao seu redor começaram.

Yunjin não sabia o que fazer, ela apenas olhou para os lados e então correu para longe dali sem dizer uma palavra sequer. Parecia que Sunghoon tinha acabado de ser rejeitado, então além de tudo seu orgulho estava ferido. Por que teve que surtar daquele jeito? Por que nunca conseguia ser uma pessoa discreta?

Na postagem do Instagram já se lia a legenda: O príncipe da Royal High foi rejeitado por uma bolsista!


 


 

— Ah, eu vou enlouquecer...

Wonyoung apoiou o rosto nas mãos e suspirou. Já fazia uma hora que ela estava no campo de futebol americano avaliando os candidatos para o time de torcedores. Bahiyyih e Sunoo estavam sentados um de cada lado e ainda não estavam se falando, por isso ela era a única ali interagindo com os dois.

Todos que tinham aparecido para as audições até o momento eram muito ruins, tão ruins que parecia uma piada. Duas das melhores torcedoras do time tinham se formado no meio do ano, mas pelo visto seria impossível substituí-las. 

— A próxima é… — Wonyoung leu aquele nome e deu um grito — AH???

— O que foi? — Sunoo deu uma espiada na folha e sua sobrancelha se ergueu — Espera, a bolsista???

Yunjin entrou no campo um tanto envergonhada e sem jeito, não apenas porque estava usando uma saia plissada, algo que nunca na vida imaginou vestir, como também porque sabia que a escola inteira estava falando sobre a declaração de Sunghoon mais cedo. Se pudesse, se enterraria no solo para não ter que passar por isso, mas não tinha escolha…

Há alguns dias, ela e os irmãos foram chamados no prédio administrativo da escola, porém dessa vez não era por alguma confusão que tinham causado. A responsável pela secretaria estava preocupada porque nenhum deles tinha se inscrito para participar de um clube até agora e por mais que tivessem notas boas, não ter os pontos do clube afetaria seus currículos. Os Sim não tinham sido informados sobre a importância dos clubes, por isso ficaram bastante nervosos. Jake fazia parte do The Outsiders, porém obviamente aquele tipo de clube não contava pontos no seu currículo. O problema era que a maioria dos clubes considerados fáceis — nos quais você só ia para enrolar e no final ganhava uns pontos — já estava com todas as vagas preenchidas, sendo assim as opções que tinham sobrado eram as mais desconfortáveis possível. 

Niki sabia que Jungwon fazia parte do clube de cinema — basicamente, eles se reuniam uma vez por semana para assistir a algum filme premiado e depois debater sobre isso, era moleza — e por ele ser filho do diretor, acreditava que lhe conseguiria uma vaga mesmo o clube estando lotado. Isso fez com que sobrassem apenas duas opções para Yunjin e Jake: líderes de torcida e futebol americano. O primeiro estava com duas vagas abertas e o segundo com uma, a vaga que tinha sido de Cash. Jake pensou que aquilo era pior do que o inferno, ele era péssimo em esportes e provavelmente seria torturado por aqueles riquinhos malditos, mas o que podia fazer? Não podia se dar ao luxo de perder aqueles pontos. Ao seu lado, Yunjin estava pior. Só de se imaginar fazendo aquelas dancinhas, ela queria morrer…

E então lá estava ela…

Wonyoung, Bahiyyih e Sunoo tinham a mesma expressão de assombro quando ela começou a dançar em frente a eles. Tinha ensaiado assistindo alguns vídeos que encontrou no youtube, porém era claramente desengonçada. Dentre tudo que tinham visto naquela tarde, ela era a pior…

— Ah, obrigada… — a Park deu um sorrisinho forçado — Nós vamos colocar o nome dos escolhidos no mural da escola quando tivermos decidido.

— Obrigada — Yunjin forçou um sorriso também e saiu correndo o mais rápido possível, suas orelhas estavam pegando fogo.

— Ela é definitivamente um não — Sunoo estava prestes a riscar o nome dela com caneta vermelha quando Wonyoung o segurou pelo pulso.

— Espera.

— O quê?

— Ela é amiga do Yeonjun… e se ele ficar bravo comigo? — ela fez bico.

— Então você quer sacrificar a nossa formação impecável por ela? — o Kim estava pasmo.

— Eu acho que ela tem potencial — Bahiyyih se meteu apenas para contrariá-lo — Talvez possamos transformá-la em uma torcedora perfeita!

— Nos seus sonhos!

Wonyoung parou os dois antes que brigassem e respirou fundo. O que iria fazer? De repente tinha se deparado com uma situação muito inesperada…


 


 

Heeseung estava escorado na parede nos fundos da escola e fumava um cigarro. Jay estava ao seu lado, ele usou seu isqueiro para acender o cigarro do amigo e os dois fumaram em silêncio enquanto Sunghoon os observava. Por fim, foi o Lee quem começou o assunto.

— Por que você nos chamou aqui? Acaso precisa de consolo depois de ter sido rejeitado? — ele deu uma risadinha.

— Ainda não acredito que você se declarou daquele jeito — Jay acrescentou — Você não odiava aquela bolsista?

Sunghoon revirou os olhos e bufou.

— Não quero falar sobre isso...

— Onde ela está? Vocês conversaram? — Heeseung quis saber.

— Ela desapareceu, está me ignorando... mas se ela pensa que eu vou desistir, está muito enganada.

Os outros dois se olharam e deram uma risadinha em conjunto. 

— Enfim, não viemos aqui para falar sobre mim — o loiro continuou — Vamos falar sobre você — apontou para o Jay.

— Eu?

— Você tem estado há dias com cara de que comeu fruta podre e se recusa a falar o que está acontecendo, você acha que a gente é cego?

— É verdade — Heeseung disse depois de expirar a fumaça — O que aconteceu?

Jay olhou para os dois, seu semblante se tornou um tanto sério e apenas desconversou.

— Não aconteceu nada.

— Então você só ficou louco? — Sunghoon perguntou.

— Não mais do que você — ele rebateu.

— Se você não disser o que é, quem vai dizer sou eu.

— O quê?

— É a sua última chance, nos diga qual é o problema, somos amigos ou o quê?

Heeseung olhou de um para o outro, tentando entender o que estava acontecendo.

— Eu já disse, não aconteceu nada — Jay insistiu.

Sunghoon perdeu a paciência.

— Você é gay.

Assim que ele disse aquilo, os outros dois arregalaram os olhos e Heeseung quase se engasgou com a fumaça.

— O quê? — Jay estava surpreso.

— Qual é, você brigou com o meu irmão daquele jeito, você acha que eu não percebi? — ele deu de ombros — Depois eu conversei com o Jungwon e ele me confirmou que vocês estão namorando.

— Espera, o quê? — Heeseung se virou na direção do outro — Você é gay e está namorando o Jungwon? Aquela criança?

— Que criança o quê, ele só é um ano mais novo — Jay resmungou.

— Para mim ele vai ser sempre uma criança — ele deu de ombros.

— Que seja, então é esse o motivo pelo qual você anda desse jeito, por causa da briga que vocês tiveram, não é? — Sunghoon insistiu.

Jay deu uma tragada no cigarro e ficou em silêncio por um tempo.

— O que eu posso dizer além de sim? Você acabou de me arrancar do armário.

— Ah qual é, nós somos amigos de infância, eu não faço ideia do motivo pelo qual você não se sente confortável para conversar com a gente sobre isso — o loiro disse — Não deveria haver qualquer segredo entre nós.

Assim que disse isso, ele reparou que Heeseung cortou o contato visual no mesmo instante. O radar de Sunghoon logo captou aquilo, e então ele se virou em sua direção.

— Lee Heeseung, acaso você tem um segredo também?

Ele encarou os dois um pouco sem jeito.

— Talvez eu esteja saindo com alguém — confessou.

— Alguém? — Jay perguntou curioso.

Heeseung limpou a garganta e suspirou.

— Jake — confessou.

Sunghoon e Jay pensaram “Jake?” por um segundo, até que a mesma pessoa lhes ocorreu e eles gritaram em coro.

— Como assim? O bolsista? O irmão da Yunjin??? — Sunghoon estava desesperado.

— Espera aí, você é gay? — Jay acrescentou.

— Eu sou bi — Heeseung deu de ombros.

— Uau... — Sunghoon olhou para os dois — Como pode ser que tenhamos tantos segredos agora, nem parece mais que somos amigos.

Havia uma certa culpa pairando no ar. No passado, aqueles três tinham sempre sido inseparáveis, dividiam todos os segredos, os problemas e as felicidades. No entanto, nos últimos meses apenas conversavam coisas banais, deixando suas vidas pessoais de fora. Era quase como se fossem estranhos e aquilo era triste.

— Eu acho que devíamos nos esforçar para não manter tantos segredos — Heeseung declarou por fim.

— Hum, precisamos ser amigos melhores — Sunghoon assentiu.

Jay olhou para os dois e concordou com isso também. Ainda achava muito difícil se abrir sobre as suas questões, mas iria tentar desabafar com seus dois amigos. 

— Então no fim das contas Heeseung é o que está melhor entre nós — ele deu uma risadinha.

— É verdade, a gente aqui sofrendo e ele aproveitando às escondidas — Sunghoon resmungou.

O Lee deu uma batidinha no peito e se gabou.

— Fazer o que, né.

Jay o empurrou com o ombro e Sunghoon ameaçou tirar o sapato para atirar nele. Por fim, os três estavam rindo depois de tantas frustrações. Ainda haveria muitos desdobramentos naquilo tudo, mas pelo menos a amizade deles estava segura. 


 


 

O aniversário de Jake era na terça-feira. Ele não tinha pensado em nada específico para a ocasião, estava satisfeito com um jantar em família. No entanto, seus pais insistiram em fazer uma festinha, iam preparar bolo e algumas guloseimas e queriam que ele convidasse alguns amigos da escola. Não era como se Jake conhecesse muitas pessoas, seus únicos amigos na escola eram os garotos do The Outsiders Club. Por isso, quando mencionou a eles sobre a festa, alguns disseram que iriam aparecer. Isso não incluía o líder, é claro, ele não poderia aparecer em um aniversário com uma máscara no rosto. O clube vinha bem calmo desde que entrou, ninguém novo tinha aparecido, então eles não tinham nada a fazer. Parecia que o líder estava envolvido com coisas maiores — ele sempre estava — porém membros como Jake e os demais apenas ficavam jogando videogame ou conversando sobre futilidades no intervalo das aulas. 

Além deles, o Sim também mencionou sobre a festinha para Heeseung. Ele não achou que o Lee fosse aparecer, afinal de contas ele estava sempre ocupado com reuniões da empresa do pai, porém o garoto jurou a ele que daria um jeito de escapar com alguma desculpa. Quando pensou sobre tê-lo ali naquele dia importante, o coração de Jake ficou caloroso. A cada dia mais parecia que estavam se encaminhando para um namoro saudável.

Yeonjun foi convidado para cuidar da parte da comida e oferecer seus cachorros-quentes para os convidados. Os tios de Jake e alguns primos pequenos também tinham aparecido, então no fim das contas a casa estava cheia naquela terça-feira à noite.

A situação atual era os familiares conversando entre si, Yeonjun tinha puxado assunto com alguns meninos do The Outsiders Club e Sakura e Niki estavam jogando algo no celular — tinham descoberto gostos em comum para alguns jogos. O clima estava um tanto pacífico, até que a campainha tocou. No mesmo instante Jake soube que era Heeseung, por isso ele precisou conter um sorriso quando caminhou até lá para abrir.

— Feliz aniversário — o Lee disse assim que seus olhares se encontraram e estendeu um pacote na direção dele. 

— Obrigado — Jake sorriu um pouco bobo e pegou o presente das mãos dele — Você não precisava ter se incomodado.

— Eu tenho outro presente para você — Heeseung deu um sorrisinho travesso — Mas esse eu te dou depois.

Jake balançou a cabeça e riu, foi quando reparou que ele não tinha vindo sozinho. Ali parado atrás dele na porta estava ninguém menos do que Park Sunghoon. Até onde sabia, ele não o tinha convidado.

— Por que você está aqui?

— Sua irmã está em casa? 

Foi só naquele momento que Jake reparou que havia um imenso — imenso mesmo — buquê de flores nas mãos dele. Depois que se confessou daquele jeito e foi rejeitado, Sunghoon começou a arrancar os próprios cabelos, ele estava tão enlouquecido que nem sequer apareceu na escola naquela manhã, tinha vergonha que ficassem olhando para o seu rosto derrotado. Yunjin estava nervosa também, tinha contado para os pais o que aconteceu — até porque aquele vídeo estava no Instagram e todo mundo de Nova York já tinha visto — e não sabia o que fazer. Ela passou a noite inteira rolando de um lado para o outro na cama, pensando no beijo que trocaram nas Bahamas e no fato de que tinha se convencido cedo demais de que aquele garoto não gostava dela. Tudo aquilo era por medo, medo de aceitar que pudesse ter sentimentos por alguém tão diferente.

E agora aquilo tinha virado uma bagunça.

Depois de tudo, estava disposta a ter uma conversa com ele, porém ele não apareceu na aula. Agora estava ajudando Yeonjun a preparar os cachorros-quentes, então tinha até se esquecido momentaneamente de toda a confusão. Foi quando Jake se aproximou discretamente e avisou que Sunghoon estava ali, o que quase a fez se cortar sem querer com a faca que segurava.

Assim como em tudo o que fazia, Sunghoon não sabia ser discreto. Apenas um segundo tinha se passado e ele já tinha entrado no quintal carregando aquele enorme buquê de flores. Absolutamente todo mundo estava com os olhos voltados a eles agora — e sim, isso incluía aqueles tios que sempre provocavam Yunjin sobre ter namoradinhos. Quando ela o viu ali, respirou fundo e quis muito que um buraco aparecesse diante de seus pés, aquilo não podia estar acontecendo. Heeseung apenas deu um sorrisinho e observou, ele que tinha colocado lenha na fogueira para que o outro fosse até lá se declarar novamente.

— Yunjin — Sunghoon estendeu o buquê diante dela — São para você.

Logo que ele disse isso, os familiares da garota e alguns convidados fizeram um “oooooooh” e ficaram esperando sua reação, o que a deixou ainda mais pressionada. Suas bochechas estavam reluzindo quando pegou as flores da mão dele e agradeceu baixinho. Para todos os jovens ali aquilo era vergonhoso, porém a senhora Sim e o marido tinham achado muito adorável. Ela até mesmo o cutucou dizendo “você nunca me deu flores assim”, ao que ele ficou pensando que nem sabia onde Sunghoon tinha arrumado um buquê daquele tamanho.

Alguém puxou um coro de “beija, beija”, o que deixou os dois ainda mais envergonhados. Por fim, Yunjin apenas saiu correndo para dentro de casa, o que parecia bastante com uma reprise da cena na arena da escola no dia anterior. Ela foi até a cozinha, sentou diante da mesa e ficou olhando para aquele buquê que era tão extravagante quanto Park Sunghoon. Diferente do outro dia, dessa vez o loiro a seguiu e veio sentar em sua frente. Parecia que o clima do lado de fora tinha voltado ao normal, pois logo a música já estava tocando de novo.

— Você ainda vai me enlouquecer — ela escondeu o rosto nas mãos — Meus parentes vão me zoar por isso pelo resto da vida.

— Estou apaixonado por você — ele disse como se isso fosse fácil agora.

Yunjin o espiou pelo meio dos dedos e sentiu suas bochechas ferverem.

— Como você pode apenas dizer isso assim?

— Porque eu estou apaixonado por você — ele deu de ombros.

Ela deu um gritinho e se escondeu ainda mais, a cada vez que ouvia isso seu coração balançava.

— Eu sei que você gosta de mim também — ele continuou — Então esqueça aquele professor idiota e vamos namorar.

— Você ficou maluco — ela suspirou — Sabe o que está dizendo? Você acha que isso daria certo?

— Por que não daria? Podemos fazer dar certo.

Yunjin o encarou um tanto envergonhada, seu coração estava uma bagunça agora.

— Eu vou me declarar para você todos os dias até que você aceite namorar comigo, então se prepare — por algum motivo, aquilo parecia uma ameaça.

Yejin não queria atrapalhar a conversa dos dois, porém estava na hora de cantar parabéns, então apareceu um pouco sem jeito e os convidou para irem ao lado de fora. Yunjin pensou que tinha sido salva pelo momento e escapou o mais rápido possível.

Todos estavam reunidos ao redor da mesa agora, Heeseung estava trocando algumas palavras com o senhor Sim enquanto Jake tinha parado diante do bolo e estava tentando acender a vela — que Niki ficava assoprando por gosto. Por fim, eles puxaram o coro de parabéns e ele assoprou as velas sob os aplausos dos amigos. A todo o instante ele procurava discretamente pelo olhar de Heeseung, que sempre estava sorrindo em sua direção.

Quando cada um recebeu um pedaço de bolo, alguns grupos foram se formando. O Lee tinha ficado interessado quando soube que alguns garotos ali eram do The Outsiders Club, por isso foi sentar ao lado deles.

— Então, existe um jeito de sair da lista de alvos do seu clube? — perguntou de cara — Acho que ter sido punido duas vezes já foi o suficiente.

— Você quer sair? — Sakura deu uma risadinha.

— Talvez — outro garoto respondeu — Podemos falar com os líderes, quem sabe sob condições especiais... 

— Vocês apagariam o vídeo que me compromete?

— Talvez.

Heeseung não gostava daquelas pessoas, parecia que tinham ar de deboche, o lembravam de si mesmo e aquilo o incomodava. No entanto, faria qualquer coisa para ter seu nome desassociado daquele clube.

Niki tinha colocado uma música para tocar a pedido de sua mãe e tinha puxado uma de suas primas pequenas para dançar com ele. Outros corajosos também tinham se juntado — um tio que já estava meio bêbado, Sakura e duas amigas do clube e Yeonjun que tinha puxado Yunjin para dançar e deixou Sunghoon morto de inveja. Aproveitando que todos estavam distraídos, Heeseung pegou Jake e o levou para o quarto do garoto, que ele já sabia onde era por conta da última visita.

A porta nem bem tinha sido fechada e os dois já estavam aos beijos. Era difícil fingir que eram apenas amigos, porém Jake ainda não tinha se aberto com sua família sobre a situação, tampouco com os demais familiares, o pessoal do clube e seus amigos. No momento, aquilo era um segredo que não poderia ser exposto para ninguém, especialmente porque se aquela notícia vazasse, a família de Heeseung iria enlouquecer.

— Sobre o seu segundo presente — o Lee interrompeu o beijo para falar — Meus pais vão viajar para a Europa neste final de semana e não vão me levar porque eu não posso perder as aulas da sexta-feira — ele deu um sorrisinho — Nesse caso, eu estarei livre.

— Hum? E o que isso significa? — Jake perguntou curioso.

— Significa que eu serei todo seu, podemos fazer o que você quiser, posso te dar todos os presentes do mundo.

Dito isso, os dois sorriram e voltaram para aquele beijo. Jake sabia que não podia ficar muito tempo ali, porém sua mente tinha se dispersado pensando no que fariam naquele final de semana. Heeseung também tinha perdido a noção do tempo, então vários minutos se passaram enquanto eles trocavam alguns amassos fortes.

Jake nem conseguiu raciocinar o que aconteceu a seguir. A porta do quarto se abriu, sua mãe estava com um presente na mão que tinha vindo colocar em sua cama, inconsciente de que ele estivesse ali, provavelmente não tinha notado que ele tinha escapado do lado de fora. No momento em que entrou, viu quando os dois se afastaram nervosos daquele beijo. E pelo assombro em seu rosto, Jake sabia que aquilo não seria nada bom.



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