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História Royals - Yoonmin - Bossa


Escrita por: parkcyr

Notas do Autor


Antes de mais nada, queria dar o devido crédito a algumas citações usadas nesse capítulo. A primeira foi “Somos filhos da época e a época é política”. Essa frase dita pelo Jaehyun é de um poema chamado “Os filhos da época” de uma escritora chamada Wisława Szymborska. A segunda foi o poema recitado por Jimin, durante a "discussão" na aula de mandarim. De fato, aquilo é sim um poema e se chama “A rosa do asfalto” de Eduardo Alves da Costa. A terceira foi o poema “Ausência” de Vinicius de Moraes, dito por Jimin no finzinho do capítulo. Deixarei os links nas notas finais pra quem se interessar.
Em segundo lugar, queria agradecer de novo a todo mundo que tem lido Royals.
Espero que essa estoria esteja deixando a vida um pouco mais leve pra todo mundo :)
Até as notas finais!

Capítulo 5 - Bossa


Fanfic / Fanfiction Royals - Yoonmin - Bossa

 

Eu sei que vou chorar
A cada ausência tua, eu vou chorar
Mas cada volta tua há de apagar
O que esta tua ausência me causou – “Eu sei que vou te amar”, Vinicius de Moraes

 

Com a notícia da coroação iminente, os dias passavam mais rápido para Yoongi do que ele conseguia acreditar. Suas manhãs eram preenchidas com insuportáveis reuniões com os nobres antiquados que compunham o conselho de seu pai e que, em um dia bem próximo, seria seu. O período da tarde era gasto com estudos sobre os chefes de Estado que eram seus aliados e com provas de roupas e joias que usaria na cerimônia. Mesmo com toda insistência do mundo, Yoongi não conseguira convencer seus familiares a deixa-lo continuar usando a coroa que lhe acompanhava desde muito jovem. Quando o Sol finalmente se punha, Yoongi encontrava-se cansado demais para procurar Jimin.

Ele estava vivendo nessa rotina caótica há quase uma semana e a saudade de seu pequeno o estava quase levando a insanidade. Yoongi acordou naquele dia e resolveu ignorar toda a programação que, supostamente, deveria fazer.

Seus passos eram lentos ao atravessar o enorme corredor que o levaria à área de visitas, onde Jimin estava hospedado em um quarto que Yoongi conhecia quase tão bem quanto o dele próprio, devido às inúmeras vezes que fugira de sua cama para dormir na de Jimin.

Pensar no garoto quase fazia o coração de Yoongi saltar do peito, de puro desgosto. Ele sabia que Jimin depois da cerimônia não passaria de uma memória agridoce em seu cérebro. Ele sabia que jamais conseguiria sentir os toques suaves do moreno em sua pele, observar o rosto de Jimin enquanto este dormia despreocupado, sentir o gosto doce de seus lábios. Cada passo que Yoongi dava em direção ao quarto de Jimin era silencioso, mas o futuro rei sentia o som de despedida com a aproximação.

Parou receoso em frente à porta de mogno que se estendia até quase o tamanho do teto. Yoongi passara poucos dias longe de Jimin, mas não sabia como reagir ao reencontrar o garoto que povoava seus pensamentos a cada segundo de liberdade que ele tinha. Yoongi estava terrivelmente assustado, o medo de ver o rosto de Jimin e chegar à conclusão que tudo que ele mais queria na vida se encontrava naquelas feições, preenchia seu peito e fazia seus pulmões falharem no trabalho de lhe provir oxigênio.

Bateu duas vezes levemente na porta. Sabia que se Jimin ainda estivesse dormindo aquele barulho seria quase inaudível, levando em consideração o sono pesado que o mais novo possuía. Suspirou derrotado depois de alguns minutos de espera. Ele deveria saber que encontrar Park Jimin acordado àquela hora era uma missão quase impossível.

Tal foi a surpresa de Yoongi ao ver uma figura sonolenta, esfregando os olhos com as mãos pequenas enquanto bocejava cansado. Yoongi não conseguiu controlar o desejo que sentiu crescer dentro de seu peito e abraçou o garoto de forma apertada, o fazendo exclamar em surpresa, afinal, ele havia acabado de acordar e seu cérebro ainda não conseguia fazer associações de forma rápida e clara.

- Senti tanto a sua falta, Jiminnie. – Yoongi falou, apertando mais ainda o moreno contra si, como se tentasse encontrar uma maneira de deixar o corpo de Jimin permanentemente colado ao seu.

- Hyung? – O garoto perguntou um tanto confuso, mas já retribuindo o abraço. – Pensei que você tivesse várias coisas a fazer até a coroação. – Jimin disse com sua voz rouca de quem havia acabado de acordar, fazendo Yoongi sentir uma vontade imensa de beijá-lo ali mesmo, no meio do corredor.

- Eu tenho na verdade. Mas não quero nada disso hoje. Hoje eu só quero você, Park Jimin. – Yoongi falou, empurrando o garoto atônito para dentro de seu quarto e fechando a porta pesada atrás de si. Ao escutar o barulho da porta fechada, Yoongi avançou em direção aos lábios de Jimin, fazendo o moreno recuar com risadas. – O que diabos deu em você? – Yoongi perguntou, irritado com a reação do mais novo.

- Mianhae, hyung. – Jimin respondeu em meio a risos abafados. – O que diabos deu em você, Min Yoongi? Fugindo dos compromissos, invadindo meu quarto a essa hora da manhã atrás de beijos?

- Isso foi o que você fez comigo, palhaço insolente. Você me deixou assim, Jimin. Completamente refém de seu cheiro, sua voz, seu toque, seus beijos. É como se você fosse uma espécie de droga que só me deixa mais viciado. Então não reclame, Jimin. A culpa dessa situação toda é inteiramente sua. – Yoongi passou, passando a mão pelos cabelos dourados.

- Não estou reclamando, hyung. Eu só achei esquisita essa afobação toda. – Jimin disse, indo em direção a Yoongi para abraça-lo novamente.

- Então vem cá e me dê um beijo. – Yoongi puxou o garoto para mais perto de si, fazendo Jimin cobrir o rosto vermelho com as mãos.

- Aish, hyung. Deixe-me pelo menos escovar os dentes seu tarado. – Jimin falou se soltando dos braços calorosos de Yoongi e indo em direção ao banheiro.

X

Yoongi tentava se concentrar nas palavras que saiam alegres da boca de Jimin, mas de alguma forma, seu pensamento estava longe demais para ser alcançado pelo garoto. Jimin, por outro lado, falava sobre como seus dias haviam sido quase insuportáveis sem a companhia de seu hyung predileto.

- Eu realmente não sei o que teria acontecido comigo se Jaehyun hyung não estivesse aqui. Provavelmente teria morrido de tédio sem ninguém pra conversar comigo. – Jimin falou inocentemente, enquanto olhava distraído para as flores plantadas aleatoriamente pelo jardim por andavam.

- Espere um pouco. – Yoongi pediu enquanto segurava o braço de Jimin, o forçando a parar a caminhada que fazia. – Você esteve esse tempo inteiro que eu passei resolvendo essas bostas da coroação pedindo companhia ao Jaehyun? – Ele perguntou incrédulo.

- Primeiro: eu não pedi companhia ao hyung, Yoongi. Segundo, qual o problema de eu estar perto do Jaehyun? Ele estava me ensinando mandarim. Não é como se nós tivéssemos feito algo demais.

- Eu não gosto de você perto daquele cara.

- Você não gosta de mim perto de ninguém, Yoongi. Esse é o problema. – Jimin falou soando cansado. O mais novo tentou soltar o aperto de Yoongi em seu braço, mas todas as suas tentativas foram falhas.

- É. Talvez seja. Mas você me conheceu assim. – Yoongi disse, finalmente soltando Jimin. – Aliás, por que diabos você quer aprender mandarim? – Ele perguntou deixando a curiosidade lhe vencer naquele momento de raiva. – Você já não fala línguas demais, Park Jimin? – Jimin finalmente sorriu ao ouvir as palavras de Yoongi, se aprontando para começar a falar sobre sua mais nova paixão.

- Bem, não. Você sabe quantas línguas existem no mundo? – Ele perguntou e Yoongi negou com a cabeça. – Nem eu! – Jimin respondeu rindo. – Sei que existem muitas e eu gostaria de aprender todas, mas como isso não é possível vou aprendendo enquanto posso. E mandarim é muito lindo, sempre quis aprender, principalmente quando descobri que Jaehyun era fluente. Ele é um excelente professor, Suga. Se você não fosse tão idiota, podia nos acompanhar em nossas aulas. – Jimin falou e Yoongi revirou os olhos. A última coisa que ele desejava no mundo era ter aulas de mandarim com Jaehyun.

- Obrigado, mas dessa vez eu vou passar. Você já sabe falar alguma coisa em mandarim? – Yoongi perguntou interessado. A verdade era que ele ansiava por ouvir a voz de Jimin, mesmo que essa falasse coisas que ele não entendesse.

- Claro! Já sei falar muitas coisas, hyung. – Jimin respondeu sorridente.

- Então me fale algo em mandarim, Park Jimin.

- Ni shi meili de, Yoongi. – Jimin falou com a pronúncia perfeita fazendo Yoongi rir e passar a mão em seus cabelos, bagunçando os fios negros tão bem arrumados.

- E o que você disse, Jiminnie?

- Disse que você era bonito, Yoongi. Wŏ kĕ yĭ wĕn nĭ ma, Suga hyung? – Jimin perguntou, se aproximando de Yoongi.

- O que isso significa?

- Perguntei se podia beijar você.

- Acho que você não precisa de resposta, Park Jimin. Nem em mandarim e nem em língua alguma que não seja a minha. – Yoongi disse, fazendo o garoto moreno rir alto.

X

- Somos filhos da época, Yoongi. E a época é política. – Jaehyun falou irritado, encarando o príncipe de cabelos loiros que insistia em contestar tudo que passava por seus lábios. Jaehyun realmente não sabia explicar em que momento a aula de mandarim que dava diariamente a Jimin havia se tornado em um campo de batalha em que nenhum dos lados envolvidos encontrava-se com desejo de ceder.

- Sim, de fato. Mas você acha que a política que fazemos está certa, Jaehyun? E você, Yoongi, acha que algum dia conseguirá ser um rei como seu pai com toda essa sua atitude? – Jimin perguntou levantando o rosto do grosso livro que lia desde que os dois haviam resolvido começar o show particular. – Os dois estão completamente errados. As pessoas que tem o poder, que recebem a coroa, nós, deviam ser responsáveis por proteger o povo, mas é exatamente o oposto do que fazem. Mandamos nossos homens aos campos para morrer aos montes por um ideal que será apagado da história em alguns anos. Sim, Jaehyun, a época é política, os políticos são políticos e o povo continua apoiando esse jogo de tronos. A pergunta que deve ser feita, entretanto, não é nenhuma das insanidades que Yoongi vem dizendo apenas para lhe irritar. A verdadeira pergunta é: se todos são políticos, a política o que é? – Yoongi olhou para Jimin com um sorriso estampado no rosto.

- É exatamente por isso que você será um bom rei, Jimin.

- Não. – Jaehyun contestou, recebendo em retorno olhares frios vindos de Yoongi. – É exatamente por isso que Jimin será um péssimo rei. É revolucionário demais para governar.

- E porque há entre nós um mudo entendimento e porque nossos corações transbordam como taças nos festins da imaginação, e porque nossa vontade de gritar é tamanha que se nos amordaçassem a boca nosso crânio se fenderia, não nos deterão! Ainda que nos ameacem com suas armas sutis, nós os enfrentaremos num derradeiro esplendor. – Jimin declamou, orgulhoso de si mesmo por conseguir lembrar-se de um poema que lera a tantos anos atrás.

- Meia dúzia de palavras bonitas não muda a situação do mundo, Park Jimin. Infelizmente, palavras não fazem diferença. – Apesar de concordar com Jaehyun, Yoongi sentia vontade de quebrar a cara dele apenas pelo o mesmo estar entristecendo Jimin. Afinal, Yoongi conhecia aquele garoto a tempo demais para esquecer que aquele assunto fazia Jimin ficar doente pelo fato de não conseguir concertar tudo que queria.

- Sabe, você tem razão. Quanto a isso e sobre o fato de que serei um rei muito ruim. Já falei isso com meu pai, mas ele não tira da cabeça que eu que devo subir ao trono. Sim, Jaehyun, palavras não fazem diferença. As revoluções são iniciadas com sangue camponês e espadas e nós as tememos mais do que a morte. Me pergunto o que eles não fariam ao descobrirem que a nobreza não passa de um cão que insiste em roer um osso há muito acabado. Imagine só o que os pobres não fariam ao descobrir que nós somos tão assustados em perder a droga de coroa que pomos em nossa cabeça apenas para termos uma ilusão maior de grandeza que acabamos esquecendo coisas valiosas como a coragem e bondade e nos aprisionamos em castelos altos e murados e temos filhos apenas para que eles possam viver a mesma vida miserável, sem direito a nenhuma gota de felicidade. – Jimin olhou sugestivamente para Yoongi ao dizer tal frase. – Você tem razão, Jaehyun. Palavras não iniciam revoluções, para nossa sorte. Porque se iniciassem, estaríamos totalmente fudidos.

- Jimin, não precisa ficar assim. – Jaehyun falou, passando as mãos nos cabelos lisos. – Só quis dizer que você tem que mudar antes de subir ao trono ou o conselho de seu pai o deixará louco, Jimin. E a última coisa que eu desejo é ver você perdendo a cabeça.

- Sabe, Jaehyun, eu pensava que você era só mais um idiota que, por alguma volta errada do Sol, nasceu numa família real e acabaria por governar um povo com uma falta de sorte que eu nem mesmo posso pôr em palavras. – Yoongi começou, se levantando da mesa e indo instintivamente em direção a Jimin. – Vejo que estava enganado. Você consegue ver esse garoto aqui, Jaehyun? Você consegue vê-lo de verdade? – Yoongi perguntou, segurando as mãos de Jimin entre as suas. – Eu acho que não. Se você visse Jimin do jeito que eu o vejo, saberia que a possibilidade de ele ser um péssimo rei é nula. Você saberia, Jaehyun, que Jimin será um rei melhor do que eu e você jamais sonharemos em ser porque Jimin é bom, ele possui o material da qual os grandes heróis são formados. Jimin é Ícaro, Jaehyun.

- Ícaro afogou-se no mar devido a sua curiosidade desmedida, Yoongi. Talvez você esteja confundindo Ícaro com Apolo. – Jaehyun falou, olhando irritado para as mãos dos jovens a sua frente.

- Não, Jaehyun. Uma pessoa muito especial pra mim me fez ver a história deles com outros olhos. – Yoongi disse, sorrindo para Jimin. – Do jeito que eu vejo agora, Ícaro amava demais o Sol para ficar longe. Isso foi destrutivo para ele, mas o permitiu voar, ver a água de cima e sentir o sopro do vento no rosto. Ícaro teve a audácia de ir atrás das coisas que amava, e isso lhe custou a vida, e também fez seu nome ser lembrado como um grande curioso e inventor. Em algum momento, Jaehyun, você, assim como eu, terá que entender que Jimin é a ovelha negra. E ele não poderá ser pintado de branco.

X

- Muito obrigado por ter me defendido mais cedo, Yoongi. Fez toda a diferença. – Jimin falou soando extremamente agradecido enquanto observava o céu que se estendia luminoso até onde seus olhos podiam alcançar.

- Não foi nada, Jiminnie. De verdade. Eu não poderia deixar Jaehyun falar aquilo de você. Pelo menos não na minha frente. – Yoongi disse puxando o menor para mais próximo de si. Jimin, agradecido pelo contato que lhe proveria calor naquela noite tão fria, encostou a cabeça no ombro de Yoongi, se permitindo inalar o cheiro que exalava do mesmo.

- Mas você sabe que é verdade, amor. – Jimin falou sem se dar conta da palavra que acabara de sair de sua boca. – Mianhae, hyung.

- Pelo o que está pedindo desculpas?

- Por ter te chamado de amor...- O moreno respondeu constrangido.

- E isso foi errado? – Yoongi perguntou um tanto aborrecido.

- Sim, Suga. Foi sim. Eu não posso me acostumar com a ideia disso, de nós. Eu não posso me acostumar com a ideia de você porque você será tirado de mim, mais cedo ou mais tarde. E então, eu ficarei só. – Jimin disse, sentindo as lágrimas teimarem em escapar de seus olhos.

- Meu amor, você nunca ficará só. Eu nunca te deixei só, Jimin. Nem mesmo quando você sumiu enquanto tentava se encontrar. Nunca te deixei sozinho e nunca deixarei. Nem mesmo quando for coroado e...

- E obrigado a casar com alguma princesa. – Jimin completou triste. – Eu sei, hyung. Não precisa se chatear. Eu não estarei aqui para ver tudo isso acontecer. O Norte me espera com todo o seu vento gelado.

- Jimin.... Eu queria que você soubesse que esse casamento não servirá de nada, não me significará nada.... Eu sou seu Jimin. Completa e miseravelmente. – Yoongi disse, abraçando o garoto frágil com toda a força que podia.

- Mas eu te possuirei como ninguém, meu amor. Justamente porque poderei partir. E todas as lamentações do céu, das aves, do mar, das estrelas, serão a tua voz ausente, a tua voz presente, a tua voz serenizada. – Jimin falou, pegando nas mãos de Yoongi e depositando beijos nas mesmas, fazendo o garoto loiro rir da sensação.

- Ás vezes eu me pergunto onde você guarda todas essas citações.

- Aish, hyung. É que eu tenho essas frases guardadas em minha cabeça. Eu as uso quando fazem sentido.

-  Típico de você, Jimin. Bem típico de você.


Notas Finais


1- Os filhos da época - Wislawa Szymborska (https://atencaoflutuante.wordpress.com/2012/02/15/wislawa-szymborska-1923-2012-filhos-da-epoca/)
2- A rosa do asfalto - Eduardo Alves da Costa (http://depredando.tumblr.com/post/53157727313)
3- Ausência - Vinicius de Moraes (http://www.viniciusdemoraes.com.br/pt-br/poesia/poesias-avulsas/ausencia)
E pra finalizar, a música do capítulo cinco é If You do meus mozões do Big Bang (https://www.youtube.com/watch?v=hkStCKeLlec)


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