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História Ruas de Fogo - Cap. Olhos perdidos 7 dia.


Escrita por: magodasfadas

Notas do Autor


POOOOOOOOOOOVO... mudei muira coisa...
Sei la... dei de louco, apaguei tudo que tinha escrito... ficou melhor assim... :)
A historia tem meio que vida propria... entao eu nao posso deixar de seguir o que a historia dita para si própria... :D
Espero que gostem...

Capítulo 56 - Cap. Olhos perdidos 7 dia.


Fanfic / Fanfiction Ruas de Fogo - Cap. Olhos perdidos 7 dia.

Cap. Olhos perdidos – 7º dia.

 

Hanabi dormia ainda a sono solto. Hinata, deitada ao seu lado, podia ouvir perfeitamente o ressonar tranquilo da respiração da irmã. Dormiam juntas nos últimos dias, devido os acontecimentos recentes.

O anjo via a claridade tomar conta do espaço fora do quarto. Certamente o sol já tinha nascido há algum tempo, e ela, insone há dias, vira a noite se transformar em dia mais uma vez. Imaginava se, talvez, breves cochilos rápidos, entrecortados por imagens desconexas e sem sentido, podiam ser consideradas como ‘noite de sono’.

Esfregou levemente os olhos opacos e aparentando sem vida. Não tinha mais forças ou lágrimas. Nos últimos dias, desde o enterro simbólico do demônio loiro, apenas se deixava levar, sem vontade alguma.

Já fazia sete dias desde aquele fatídico momento. Ainda lembrava-se dos lábios dele, das últimas palavras não ditas, o pequeno movimento de lábios proferindo um ‘te amarei para sempre’. Ele não tinha aquele direito. Ele não podia tê-la prendido daquela forma. Ele não podia dizer que a amaria por toda vida dele e sumir daquela forma, porque agora, mais do que nunca, ela tinha certeza absoluta que o amaria por toda vida dela. Vida essa que jamais voltaria a ser a mesma.

Ouviu parte da manhã passar, ainda deitada. Hanabi levantou-se, bem como seu pai. Ouviu também Sakura, Tsunade e Ino virem saber notícias, mesmo sem entrar no quarto. Sasuke não apareceu.

Desde o incidente, ninguém se mostrou tão desconfortável próximo a ela quanto Sasuke. As palavras de Naruto, pedindo para que o moreno cuidasse dela, ainda ecoavam praticamente como uma sentença ou uma maldição. Ela não queria ser cuidada por outro homem, queria o seu... E sabia que o moreno tão pouco queria precisar cuidar a mulher de seu melhor amigo, mas sim queria ele presente. Um abismo vazio mostrava-se entre eles como que lembrando a todo o momento, nos olhos um do outro, tudo que fora perdido. Olhos perdidos.

 

Havia passado a noite na borda da caverna, aguardando os raios do sol iluminarem o caminho de sua escalada, mesmo tendo que conviver mais algum tempo com as moscas e o cheiro de decomposição que vinham do corpo do homem que fora seu companheiro de buraco por sabe quanto tempo.

Subiu com agilidade de quem parecia acostumado com aquilo. Mesmo que a mente não lembre, o corpo e os músculos com certeza se lembram, foi o que pensou.

No topo da colina, uma visão quase tão desoladora quanto a que tinha na escuridão: destroços do que parecia um grande incêndio, e a contar pelos restos de madeira bastante secos, parecia que o evento era bem recente. Seu estômago doía vazio sabe-se há quanto tempo, e se deixava guiar, como um cachorro revirando o lixo, na direção das pilhas de destroços. Sentia cheiro de algo comestível, e na situação em que se encontrava num lugar aparentemente ermo e isolado, qualquer coisa que pudesse ter sobrevivido ao incêndio seria bem vindo.

Não sabia há quanto tempo estava naquela busca desenfreada, mas já havia conseguido remover alguns blocos de concreto, apesar de que com certa dificuldade, ainda assim mostrando que realmente parecia ter uma grande força física. Havia encontrado debaixo de um bloco maior e muito bem escondido, o buraco no piso por onde devia ter caído e ido parar na caverna, já que podia ver de relance o corpo do homem que estava com ele uns 30 metros abaixo de si. Fato que no momento levantava mais dúvidas do que certezas, pois não se recordava de nada, menos ainda de um incêndio.

Conseguiu, com certo custo, chegar à fonte do cheiro. Debaixo de muitos escombros, uma porta de metal que levava a uma sala subterrânea, revelou ser uma cozinha. Apesar do estado da construção acima dele, a cozinha era um lugar bem isolado do restante da casa, com grossas paredes e portas, quase parecendo um bunker de guerra, e estava praticamente intacta, apenas sem eletricidade.

Encontrou dois freezers bem fechados, onde os alimentos, apesar de não estarem mais congelados, pareciam ainda apropriados para consumo. Carnes variadas, algumas de animais que sequer conhecia. Encontrou também água e uma adega com várias garrafas de vinho com nomes que não soube ler, imaginando que fossem estrangeiros.

- Acho que o dono disso tudo não vai se importar se eu tomar uns goles, afinal... Não sei o que houve aqui, mas o dono disso devia ter dinheiro... Será que era eu? – perguntou, em voz alta. Parecia ouvir a voz de um completo desconhecido, visto que não reconhecia sua própria voz.

Aproximou-se do fogão, e colocou um enorme bife para fritar. O cheiro da carne lhe enchia a boca d´água, e seu estômago roncava mais ainda, chegando a doer. Enquanto esperava, tomou em mãos uma panela muito bem lustrada, admirando seu rosto, ainda sujo de fuligem, com os cabelos desgrenhados e chamuscados e a barba por fazer.

- Bom... A barba não tá queimada, então nasceu depois do fogo... E pelo tamanho – analisou, passando a mão no próprio rosto e sentindo o comprimento – sei lá quanto tempo uma barba demora pra ficar assim... Uns dias, com certeza.

Comeu sem pressa. Sentia pequenas contrações quando engolia pequenos pedaços. Imaginava que estava já há alguns dias sem comer nada. Vagou por algum tempo, procurando qualquer coisa no ambiente que lhe fosse familiar. Encontrou num armário um par de tênis que felizmente lhe serviram, e um avental que, apesar de não cair bem, era melhor do que ficar sem camisa. Juntou tudo que lhe parecia bom para consumo em uma sacola, e voltou para o andar superior.

O sol já estava alto, mas ainda não sabia para onde ir. O mar às suas costas, uma pequena floresta e um morro à sua frente. Estava no topo de uma colina, mas não via sinal de civilização nas proximidades. Tinha o olhar perdido, sem qualquer noção do que fazer. Sentou-se, admirando a paisagem.

 

Kiba, Hanabi e Sakura se encontraram por coincidência próximos ao jardim nos fundos do condomínio Konoha. Cada qual por seu motivo sentaram-se no banco onde, há pouco mais de um ano, Naruto e Hinata se conheceram, depois de um incidente que envolveu o ataque de uma gangue de arruaceiros.

- E aí? Como estão? – Kiba perguntava mais por cordialidade do que por realmente querer saber, até porque todos sabiam da situação geral do grupo.

- Precisamos voltar ao trabalho... – Hanabi tinha os olhos perdidos no canteiro de flores. Mas tinha razão, precisavam voltar ao trabalho, afinal a vida continuava e várias pessoas na clínica dependiam do trabalho do grupo.

Sakura apenas balançou a cabeça, de forma afirmativa. Sem dizer nada, levantou-se. Iria falar com Sasuke e com sua mãe. Realmente, precisavam voltar.

 

O sol estava a pino quando algo chamou atenção de seus olhos. Pequenos flashes de luz entre as árvores, na encosta do morro se moviam com velocidade. Talvez houvesse uma estrada escondida naquele ponto, mas não importava: estradas com certeza levariam a uma cidade.

Tomou a pequena sacola com alguns restos de comida, seus únicos pertences conhecidos e tomou caminho. Percebeu surpreso que existia uma estrada em meio às árvores que não estava visível de onde estava sentado.

Chegando a estrada, uma nova dúvida. Certamente existiria uma cidade em cada ponta da estrada, já que é para isso que são construídas, mas para que lado seguir? Para que lado ficaria a mais próxima? E especialmente, a qual delas ele pertencia? Voltou a sentar-se na beira do asfalto. Quando não se sabe para onde seguir, qualquer lugar serve, pensou. Tentaria carona para qualquer dos lados.

 

Com muito custo Sakura convenceu o pequeno anjo a sair da cama. Seus argumentos eram bastante lógicos e racionais: voltar ao trabalho, ocupar a mente, tentar retomar o controle da vida. Mas com podia pensar em outra coisa em um prédio com seu nome, batizado por um homem que não estava mais presente em sua vida, mas que havia deixado sua marca pessoal nela em cada tijolo daquele lugar?

Mas saiu. Forçando-se a motivar pela presença das crianças que lhe tomavam o dia todo e que com certeza a deixariam tão cansada que talvez uma noite de sono descente deixasse de ser um desejo distante para se tornar uma necessidade latente. Quem sabe tendo seu corpo e mente exauridos pelo trabalho fosse de alguma forma recompensador, ou melhor, lhe deixassem um pouco mais alheia ao buraco que trazia em seu peito. Era o que mais desejava, e assim, com esse pensamento, arrumou-se para que todos juntos voltassem aos seus postos, no início da tarde.

 

O caminhoneiro era uma pessoa simples e conversadora, visto que não parava de falar um segundo desde que pegou carona. Mas suas palavras encontravam o vazio de uma mente sem lembranças ou ideias.

Por mais que o motorista perguntasse, o loiro não tinha respostas, não sabia o que dizer e apenas se esquivava, o que já estava na vista do homem.

 - Então, parece que o senhor tá fugindo de alguém, não?

O loiro sorriu. Não sabia dizer se estava fugindo. Acordou sem memória numa caverna debaixo de uma casa incendiada, junto com um homem morto. Mesmo não sabendo se fugia ou não de alguém, sua situação não era das melhores.

- Pois é... Eu também queria saber... Pelo menos se alguém tá me procurando, por um motivo ou outro, devem saber quem sou. – respondeu, sem dar detalhes de sua situação.

- E te deixo aonde? Tem uma cidade uns quilômetros pra frente aí... Devia ir à polícia.

O loiro pensou. Um homem morto. Uma casa incendiada. Alguns dias desaparecido. Nada de documentos ou memória de nada disso. Não, definitivamente não era algo que gostaria de explicar para a polícia no momento.

- Ou quem sabe... Dizem que tem um lugar aí que ajuda pessoas perdidas, pessoal de rua e tudo. Lá tem comida, médico, lugar pra dormir quando precisa, e poucas perguntas.

“Poucas perguntas” foi o que mais lhe chamou atenção naquele momento. Precisava de um lugar pra descansar o corpo e com certeza pra tomar um banho, antes de pensar em seus próximos passos.

- Sim, acho que é o tipo de lugar pra onde eu devia ir no momento. Qual o nome do lugar?

- Centro de Apoio Hinata Hyuuga.

 

Mais uma vez, como tantas outras, o grupo estacionou a van em frente ao grande letreiro que dava nome ao complexo de prédios onde existia uma clínica médica, alojamentos, refeitório, creche e salas de cursos profissionalizantes do grande complexo chamado Centro de Apoio Hinata Hyuuga. Conhecido na cidade e orgulho de todos, especialmente de seu idealizador, o lugar oferecia uma chance a quem precisava de ajuda.

Desceram em silêncio, um a um, cada qual tomando direção de suas áreas. Sakura tomaria conta da clínica médica, com apoio de sua mãe e diretora do lugar. Gaara seguiria para a segurança, e lá certamente se encontraria com Shikamaru, que manteve tudo funcionando nos últimos dias com certeza se virando em vários para dar conta de atender todas as demandas do centro.

Hanabi e Kiba seguiram de mãos dadas em direção aos fundos, verificar o trabalho que ficou abandonado nos últimos tempos, onde seria montada uma clinica veterinária e oficinas de petshop.

Kakashi fazia serviços gerais de manutenção, e Neji participava do treinamento em artes marciais de jovens junto com sua esposa Tenten, atualmente menos chorosa e emotiva, agora grávida de cinco meses e com uma barriga já bastante saliente.

Hinata foi a última passageira a descer do carro. Respirou fundo, admirando a placa enorme e a fachada imponente do prédio. Lembrou-se de quando Naruto anunciou o nome, em um churrasco no salão de festas, e foi aplaudido por todos, e ela ficou roxa de vergonha, e ao mesmo tempo orgulhosa - não pela homenagem, mas pela dedicação dele ao projeto.

Quase formada em pedagogia, cuidava das crianças entre 5 e 8 anos com aulas complementares às atividades escolares, e também com muitas brincadeiras e histórias. Apesar de cansativo, sempre se divertia muito com eles.

Sasuke trancou a van, dando a volta. Era a primeira vez que se encontravam sozinhos daquela forma, e um silêncio desagradável se instaurou. Admiraram a fachada por algum tempo. O prédio antigo da faculdade tinha era uma construção imponente de paredes largas e grandes arcos, e se destacava naquele bairro de casas residenciais e pequenos comércios.

Ao longe, ouviram a buzina de um caminhão. Não era algo incomum, visto que havia um cruzamento de veículos pesados, e era frequente utilizarem a buzina para indicar passagem. Com surpresa viram o grande veiculo dobrar a rua, geralmente dedicada ao tráfego de pequenos veículos, e parar logo atrás da van do grupo. A porta se abriu, e a voz que ouviram a seguir parecia ter saído de um filme de ficção científica ou de terror com zumbis.

- Valeu a carona, chefe... Daqui eu me viro... – respondeu uma cabeleira loira, enquanto descia se despedindo do motorista, que lhe desejou sorte antes de partir.

Hinata tinha os olhos vidrados. Sua respiração era descompassada, seu coração disparou. Como em uma piada sem graça, todas as lembranças dos últimos dias, dos últimos meses até, lhe voltaram em um único momento. A cabeleira loira esvoaçante, os olhos azuis perdidos e distantes, a mesma calça que ela lembrava ter visto dias atrás que ela mesma havia comprado no Shopping e que ele havia gostado, a barba por fazer que não escondia o meio sorriso tão conhecido e desejado.

Os olhares se cruzaram. Ambos vazios, ambos perdidos em pensamentos distantes. Enquanto o anjo e o demônio moreno encaravam aquele homem bem conhecido e que devia estar morto passar em frente a eles alheio a tudo tomar o caminho da recepção, o tempo pareceu tomar uma dimensão diferente. Sasuke até pensou em dizer algo, atordoado como estava, mas só teve tempo de gritar o nome do loiro, antes de amparar Hinata, que caia ao chão, desacordada.

 



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