1. Spirit Fanfics >
  2. Rude Boy (livro 1.0, Em revisão) >
  3. Insoluto

História Rude Boy (livro 1.0, Em revisão) - Insoluto


Escrita por: jeontaste e callistos

Notas do Autor


oi galerooo!!! cheguei com mais uma atualização dessa vez no prazo, perdoe de já qualquer erro, terminei esse capítulo agora a pouco.
capítulo mais longo já aviso ksksksk
boa leitura!
obs: os erros nas mensagens que o Jungkook manda pra Sol, são propositais.

Capítulo 11 - Insoluto


Fanfic / Fanfiction Rude Boy (livro 1.0, Em revisão) - Insoluto

"Porque meu coração bate só por você, me pergunto se você ao menos me conhece, contando cada momento que eu espero por você." - Savior ( Iggy Azalea ft. Quavo) 

                             SOLAR

Eu sinceramente não sabia que rumo estava tomando a minha vida. Sempre me falavam que o último ano do colegial era de longe o melhor e que eu devia aproveitar muito, pois, mais tarde eu sentiria falta dessa época da minha vida. No auge dos meus 17 anos, eu tinha a plena certeza de que: Eu não via a hora de sair da escola. Realmente esperava que quando engajasse numa faculdade as pessoas fossem mais maduras e sensatas. Eu não aguentava mais o ensino médio e isso era um fato.

Sentada no banquinho do corredor de saída, com um copo nas mãos e Jimin agachado a minha frente estava a triste e desolada Solar. Okay, não vamos dramatizar tanto, eu só estava bem triste e com raiva porque nem minha mãe me batia, e de repente eu tinha levado dois bofetões na cara por uma desconhecida e ainda pela pior razão possível: Homem.

A que nível decadente eu tinha chegado?

— Está melhor? — Jimin perguntou, eu provavelmente tinha o assustado depois da minha crise de choro e pânico nada discreta. 

Eu odiava que soubessem da minha ansiedade, e tentei ao máximo não evidenciar os sintomas tão conhecidos dela. Comprimi os dedos ao redor do copo de vidro quase vazio e assenti, fungando um pouco ainda. Na verdade, meu nariz tinha congestionado.

— Sim, obrigada por isso. — Sussurro, me referindo a ele ter me ajudado. — Sério.

— Tudo bem. — Sorri leve. — Não precisa agradecer. Você vai pra casa agora?

— Sim. —  Passo uma das mãos no rosto, psicologicamente cansada depois de tudo aquilo. — Eu realmente não estou bem pra lidar com tudo isso hoje. — Confesso. O ardor em minhas bochechas ainda persiste e as sinto dormentes. A desgraçada tinha batido com ódio mesmo.

— Não quer que eu te leve?

— Não precisa, obrigada. Você já ajudou demais, não quero que ganhe falta por minha causa também.

— Não é isso...

— SOL! — O grito de Yeri repercutiu por todo o corredor, ela vinha praticamente junto com Chae que carregava sacolas de gelo nas mãos. — Ai meu Deus, você tá bem? — Jimin ergueu-se quando minha amiga sentou do meu lado e Chae colocou a mão na minha testa checando minha temperatura.

— Eu tô. — Tentei o meu melhor sorriso, mas acho que acabei as assustadando. Toda vez que eu chorava meu rosto se tornava um pimentão vermelho e inchado.

— Não me engana que eu te conheço. Aquela garota é uma dissimulada.

— Pior se tudo é o pessoal acreditando nela.— Chae comentou.

— Vadia. — Yeri xingou e escutei Jimin sorrir.

— Bom, eu já vou indo então. Se cuida Sol.

— Você também. — Aceno no máximo de ânimo que meu estado permite.

— Tchau meninas.

— Tchau. — As duas respondem e então, ele se vai.

— Ele é tão bonitinho. — Chae faz biquinho e eu acabo sorrindo. — Vamos colocar um gelo nisso Sol, daqui a pouco você está novinha em folha.

— A gente devia era pegar aquela desgraçada na porrada.

— Yeri!

                                      §

Eu cheguei em casa quase 2 da tarde, Yeri e Chae acabaram faltando a aula comigo, sendo que essa última tinha um simulado pra fazer, e nós fomos para o shopping simplesmente comer e passar o tempo para que eu me distraisse, idéia de Chae e porque também Yeri estava realmente determinada a bater em Jieun. Eu também estava.

Mas não tinha psicológico pra isso no momento, eu só queria realmente aproveitar aquela saída com minha melhor amiga e a minha nova amiga.

Então nós compramos um combo enorme de hambúrgueres, milkshakes e enchemos a barriga. Depois Chae nos arrastou para a sessão de roupas porque queria nossa opinião pra comprar uma, pois teria um encontro a noite com uma tal de Irene, e foi ai que acabei descobrindo que ela era bi.

Pra minha sorte o inchaço em meu rosto tinha diminuído bastante por causa do gelo e apenas Gabbe estava jogada no sofá com Neji esparramado do seu lado quando cheguei. Assim que me viu, minha prima soltou um grito e se levantou vindo correndo me segurar pelas bochechas.

— O que fizeram com o meu bebê? — Eu ri porque embaixo daquela pose de durona existia a pessoa mais doce desse mundo. E eu detestava uma parte da minha familia por não perceber isso, e julgá-la apenas pela cor do seu cabelo.

— Eu tô bem, calma. Fala baixo, minha mãe pode escutar. — Pedi, quando cansada me sentei no sofá e ela fez o mesmo ainda me encarando preocupada.

— A tia saiu pra fazer compras, não se preocupa. — Franziu o cenho, passeando as orbes pelo meu rosto obviamente ainda abatido.  — O que aconteceu?

— Não conta pra mamãe, tá? — Ela assentiu. — Eu odeio ver ela preocupada comigo por coisas desnecessárias.

— Não se preocupa, eu não vou falar.

Então, eu contei. Contei que estava "saindo" com um garoto que antes não me dava muito bem — omitindo a parte do meu plano e o fato de que eu e Jungkook ainda continuamos nos alfinetando. Porque se ela soubesse nunca me deixaria fazer aquilo —  que ele era popular e tinha essa maldita ficante fixa e que a mesma havia ido tirar satisfações comigo e bem... Fez o que fez. E eu realmente tive que segurar Gabbe pelo braço pra que ela não saísse a procura de Jieun. E ela faria um belo estrago, isso eu não tinha dúvidas.

Mas eu não queria mais intriga pra o meu lado, e piorar a situação.

—  Gabbe, é sério. Eu tô com muita raiva dela também, mas eu conheço muito bem o que elas são capazes de fazer quando cismam com alguém, e eu definitivamente não quero que fiquem pegando no meu pé.

— Mas isso tem que parar Solar! — Seus olhos se arregalavam quando ela estava brava ou agitada, como naquele momento. — Se eu pego essa magricela, eu amasso ela de soco eu não tô mentindo.

— Eu sei que você é capaz disso. — Ri, porque havia presenciado uma briga de Gabbe e uma vez e ela realmente não se reserva quando quer acabar com alguém. — Mas não faz isso, por favor. Eu juro que se ela mexer comigo de novo eu falo pra você, tudo bem?

— Olha, é melhor você não me esconder, hein?! É sério, Sol, se essa garota disser um "a" pra você de novo trate de me avisar que eu esfrego a cara dela no asfalto. Ninguém toca na minha bebê. — Cruzou os braços transtornada.

— Awn, que fofa! — Afinei minha voz como se falasse com um bebê, era ridículo. — Eu juro juradinho que falo tudinho pra você, tá bom?

— É melhor mesmo. — Falou ainda naquela pose de ameaçadora, e em seguida fez um biquinho triste mudando totalmente de feições. — Ah mas vem cá, meu bebê. — E ficamos abraçadas que nem duas idiotas até mamãe chegar com as compras.

Eu a ajudei a guardar tudo em seu devido lugar, e ficamos conversando durante toda a tarde.  Simplesmente amava ficar um tempo com a minha mãe, ela sempre me dava ótimos conselhos sem sequer imaginar e eu podia matar a saudade das horas que seu trabalho consumia. Ela era extremamente profissional, e mesmo depois de tudo, não se deixou abalar e continuou lutando por nós duas. O período mais difícil pra ela com certeza havia sido a minha isolação, que futuramente me geraria sequelas como a ansiedade que eu carregava até hoje.

Nós jantamos apenas as três, a casa ficando mais iluminada e animada com as risadas escandalosas de Gabbe e por fim, decidimos maratonar filmes. Mamãe disse que ia escolher pois, de acordo com ela nós jovens temos gostos muito ruins, a mim e a Gabbe coube fazermos a pipoca. Foi então, que o tal assunto veio.

— Mas e aí... — Minha prima pigarreou, estávamos na cozinha, comigo tentando não me queimar com a gordura fervente. — Como é o seu peguete?

Minha mão tremeu, e eu quase engasguei com minha própria saliva.

— Q-que? — Gaguejei, me virando para si exasperada. — Como você muda de assunto tão rápido?

— É um dom. — Deu de ombros, enrolando a ponta do dedo no cabelo, e então arqueando as sobrancelhas sugestiva. — Me conta vai. Vocês já se beijaram?

Coro.

E inevitavelmente minha mente viaja aos últimos acontecimentos, não quero pensar nele, nem falar sobre, mas Gabbe me olha com uma expectativa quase infantil. Ela adorava essas coisas. 

— Já. — Confesso baixo. — Mas eu não lembro. — Suspiro, me reencostando a pia ao lado do fogão.

Ainda não consigo me decidir se queria relembrar da tal noite, tudo bem que parecia que eu tinha esquecido que eu e Jeon tínhamos nos beijado, mas a verdade é que não. Eu não lembrava especificamente do acontecimento que virara minha vida de cabeça para baixo, mas a idéia de nós dois juntos era... Irrealística. Isso. Ele tinha todo aquele jeito prepotente e mesmo que eu retrucasse muitas vezes, o maldito ainda conseguia sair por cima em todas as situações. Então, eu me mantinha neutra, e por fim, preferia apagar de vez a noite de sexta da minha cabeça. Não valia a pena, ainda mais depois de hoje.

— Como assim não se lembra?

— Eu estava bêbada, e ele também. — Murmuro, cruzando os braços.

— Ih, já não gostei desse cara. — Torceu o rosto. — Ele pelo menos é gostoso?

Anh... 

Engulo a bile, e coço a bochecha com a ponta do mindinho, numa mania que havia pegado quando estava nervosa. Tentei não corar, mas foi impossível. Eu senti o rubor se espalhando por minhas bochechas e nariz, o ardor conhecido da vergonha contaminava-me. Não sabia porque aquela pergunta tinha me deixado daquele jeito.

Era só... Constrangedor.

— Pelo jeito que você reagiu deve ser mesmo.

— Ah! — Solto um gritinho baixo e cubro meu rosto. — Para com isso, eu não f-fico reparando nessas coisas.

— Ah tá, você é própria pomba branca. — Zombou.  — Agora sai dai que essa pipoca deve já estar fazendo parte do alumínio. —  Só aí percebi o cheiro de queimado infestando toda a casa, e me virei exasperada pra panela que já soltava fumaça pelas bordas. Resultado: Minha pipoca tinha se tornado um monte de cinza preta e irreconhecível. —Vai tomar seu banho logo, e deixa que eu termino isso antes que você incendeie a casa inteira. — Me empurrou pra o lado,  a mim coube apenas assentir em vergonha.

— Não assistam o filme sem mim!

Corri para meu quarto, fechando a porta e tirando a roupa, jogando na cama mesmo, organização não era o meu forte. Massageei minha nuca dolorida e por fim suspirei. Era o primeiro momento que eu ficava sozinha depois da confusão de hoje de manhã. Queria não pensar sobre, ignorar como sempre faço, pois a raiva de mim mesma apenas crescia. Eu ficava pensando que devia ter revidado pra honrar nem que fosse um pouco o meu orgulho quebrado. Pensei nas mil respostas que eu poderia ter dado, ou simplesmente ter fugido enquanto dava tempo. Mas quem poderia adivinhar que Jieun seria uma mocréia covarde? Pior que ela, só mesmo Jeon.

E só de pensar nele, uma indignação me subia a mente. Eu nem sei pelo o que esperava, mas eu esperava por algo menos hipócrita que aquilo. Mas vindo dele eu não me surpreendo de mais nada. Então, eu suspirei mais uma vez e me dirigi até o banheiro. Prendi o cabelo em um coque para não molhar por ser tarde e entrei debaixo do chuveiro, onde enfim pude relaxar um pouco da tensão que afetava meus ombros. A água morna pareceu levar metade do peso que carregava, e a vontade de chorar veio. Mesmo assim não me deixei levar.

Acontecia.

Um dia todos eles iriam me pagar. Demorasse o quanto custasse, eu não desistiria.

Após mais 15 minutos bem gastos em hidratar a pele, sai enrolada numa toalha, pisando com cuidado no chão pra não cair. Percebi que tinha deixado a janela aberta, o que não era do meu feitio.

 Morria de medo de algum psicopata entrar dentro do meu quarto por a janela por as bordas de madeira serem grandes e espaçosas, por isso eu sempre deixava elas fechadas quando saia do quarto, e por elas serem de vidro, bastava que eu deixasse as cortinas abertas pra a luz natural entrar. 

Porém, estranhamente eu havia me esquecido de fechar apesar de jurar que tinha as deixado encostadas. Dando de ombros com a minha memória falha e a passos rápidos eu fui até a mesma com o intuito de fechá-las. A brisa da noite estava gostosa e era até um pecado não aproveitar aquilo, mas o medo ainda era maior, por isso espalmei a mão no vidro e deslizei-o até que se fechasse quase por completo, entretanto a minha ação nunca pôde ter êxito quando senti uma mão gelada em meu ombro direito.

Nem deu tempo da minha vida passar diante dos meus olhos. Eu só gritei mesmo, com o coração na garganta e as pernas já tremendo em fraqueza. Rapidamente o desconhecido psicopata cobriu minha boca e eu me virei exasperada quando minhas costas colidiram com a parede e o corpo visivelmente mais alto e robusto me prensou nesta.

— Shhhhh! Fica quieta. — Sussurrou desesperado quando em instinto puro eu tentava dar socos em seu torso. Mas o dom do conhecimento é uma dádiva, e breve minha mente ainda em estado de pânico entrou em estado de alerta porque eu conhecia aquela voz.

Abri os olhos espremidos que sequer notei ter fechado e encarei com os mesmos arregalados os negros e felinos a minha frente, e para ser mais específica, centímetros a minha frente. Não havia o mínimo espaço entre nós dois, eu estava simplesmente encarcerada por a parede e ele. Jungkook.

Meus seios esmagados contra seu peitoral,  ainda subiam e desciam intensamente numa respiração densa e entrecortada e eu sentia claramente uma de suas coxas enormes, não dava pra não notar, quase entre minhas pernas, pressionada em meus joelhos juntos. 

Ele respirava pela boca parecendo tão afoito quanto eu, e suas orbes escuras estavam tão certeiras quanto nunca, com uma vivacidade desconcertante. Jeon respirou fundo e cerrou os lábios em uma linha fina como se para recuperar-se também e para meu total desespero sua testa encontrou a minha, a franja fazendo cócegas em minha testa. 

Eu tinha certeza que meus olhos deviam estar praticamente saltando dos globos oculares tamanha intensidade eu os arregalava, e mesmo depois de ter o reconhecido meu peito continuava batendo frenético, numa adrenalina atípica.

— Não grita. Por favor, eu só quero falar com você. — Tão perto que seu respirar se misturava ao meu em uma bagunça desordenada, tão perto que eu podia sentir o calor do seu hálito me atingir a pele e o cheiro do seu perfume adocicado preencher-me as narinas. Acho que eu tinha perdido a habilidade da fala assim que o reconheci, e ele notou isso, tirando aos poucos sua mão que cobria minha boca.

Encarou meus olhos e então minha boca por breves instantes, para retornar a me fitar e então, se afastou dois passos para trás, me deixando sem qualquer estrutura me assemelhando mais a uma lagartixa jogada na parede. Ainda não haviam forças em minhas pernas, mas por algum milagre divino eu ainda conseguia me manter de pé, claro que depois de espalmar uma das mãos na parede e me assegurar de que realmente não viria ao chão. 

Umedeço meus lábios secos em estado quase letárgico quando vou recobrando meus sentidos aéreos, e demoro no mínimo mais 10 segundos para acalmar-me mais um pouco.

— O que... O que você está fazendo no meu quarto? — Indago ainda falha, e o vejo coçar a nuca e encher uma das bochechas de ar.

— Você pode hm... trocar de roupa antes? — Franzo o cenho aturdita e vagamente abaixo o olhar pra as minhas vestes, ou a falta delas, já que tudo que cobre meu corpo totalmente desprovido de roupas é uma toalha branca.

Ai meu Deus!

Minhas bochechas ardem fortemente e eu corro até a cama pra pegar um travesseiro e tentar me cobrir.

— Seu pervertido, tarado, safado, dá o fora daqui!

— Fala baixo! — Ergue o indicador entre os lábios, os olhos voando rapidamente até minha porta. — Eu só quero conversar com você sem brigas, será se podemos? — Seu sussurro sai numa mescla de desespero com ironia.

— Olha aqui garoto... — Começo, estreitando os olhos em linha reta. — Invasão domiciliar é crime, seu delinquente.

Jeon revirou os olhos, cruzando os braços.

— Eu tô falando sério _______.

— Eu também tô, Jeon. — Cuspo irritada e envergonhada.

— Tá. — Descruza os braços e abaixa os ombros derrotado. — Eu sei que é errado. Mas você não respondia minhas mensagens e eu... Bem, eu queria falar com você. —  Dá de ombros.

— Hm. Meu celular está descarregado. —Respondo ainda respirando fortemente pelo nariz. — Custava você ter entrado pela porta da frente como uma pessoa normal?

Seu torso coberto pelo grande casaco que chega a cobrir suas mãos e o peito subindo e descendo numa respiração tensa e afoita revelam sua afobação. Ele vislumbra os próprios tênis parecendo até mesmo envergonhado e por fim, volta a mirar-me.

— Você não me deixaria entrar. Estou certo? — Seu retrucar é certeiro, atinge minha consciência como uma flecha. — Principalmente depois de hoje. — Esconde as mãos nos bolsos do casaco, e eu me encolho, ainda com o travesseiro como meu escudo protetor. Pretendia me manter incólume, distante dos seus gracejos ao menos por um tempo, ao menos até conseguir erguer a cabeça. Mas cá estava ele, a alguns passos de distância e parecendo extremamente inofensivo.

— Não errou. — Seu semblante naquele instante é diferente, não há resquícios de seus sorrisos pernósticos, nem das piadas pérfidas.  — O que você quer, Jungkook?

Na penumbra do meu quarto, observo-o morder o próprio lábio no que percebi ser hábito e seu pomo de adão se move rapidamente quando engole a própria saliva. Contrariando toda a minha idéia de si, e todas as coisas ruins que passavam na minha mente, ele suspira lento, e decidido fala:

— Eu vim pedir desculpas. — O arquear de sobrancelhas é inevitável, sua frase é tão peculiar que levo quase um minuto inteiro para digerir.

Busco em suas feições qualquer resquício de brincadeira, ele costuma ser mendacioso, me diz coisas que normalmente não falaria e faz coisas que normalmente não faria para depois zombar de mim e me fazer mais uma vez de boba. A situação é crítica e um sorriso cínico perdura em meus lábios.

— Você tá brincando comigo de novo? É isso? — Indago, incrédula e cínica. Prestes a cometer um assassinato. 

— Eu sei... —  Começa, aparentando cansaço. — Eu sei que a minha credibilidade com você é quase nula. — Admite para meu total espanto.  — Sei disso. — Umedece a boca avermelhada com a ponta da língua. — Mas eu não estou brincando dessa vez. — Afirma.

Continuo o encarando ainda sem conseguir pensar coerente, não era todo dia que Jeon Jungkook me pedia desculpas. Aliás, ele nunca havia pedido. Mais uma vez o moreno me pegava de surpresa, era algo novo acontecendo.

— Eu... Realmente não sei a razão de eu esperar algo de você quando Jieun fez aquilo. Você me diz pra acreditar que existe um lado bom em você, mas quando eu decido te dar o mínimo de confiança, você me prova apenas o contrário. Eu tenho certeza que sabia que eu não tinha procurado confusão nenhuma com a sua namoradinha e ela que veio me encher com a insegurança dela, mesmo assim, mesmo olhando nos meus olhos você não fez nada. Suas desculpas não valem de nada pra mim. 

Ele aspira, afetado no mesmo instante, os lábios entre abertos em surpresa. Eu precisava dizer aquilo, precisava tirar de mim o peso de todas aquelas palavras que antes pareciam me sufocar a garganta.

— Eu já admiti que o que fiz foi errado, eu sabia sim, mas foi tudo tão de repente, e você estava lá com o Jimin e eu me irritei muito...

— Espera. — Ergo a mão pedindo por uma pausa. — Por que você se irritaria com o Jimin? — Ele empertiga-se, arfa pela boca.

— Isso não vem ao caso. — Retoma sua postura defensiva. — Eu venho aqui te pedir desculpas e olha só, você sequer me escuta.

— Se estava tão incomodado com o fato do Jimin ter me ajudado tivesse feito algo você, mas não, você é todo orgulhoso e metido. Claro que essa bondade não viria de graça, não é?

— Você realmente esperava que eu tivesse reagido. — Fala numa confirmação mais pra si mesmo que pra mim, e sorri presunçoso, quase como uma criança que acaba de receber seu doce.

— O-o que? Eu não disse isso. — Nego com as mãos, ainda abraçando o travesseiro. Minhas bochechas teimam em corar porque o jeito que ele me olhava era todo sorridente.

— Claro que disse.

— Não disse e pronto. Agora vaza! — Aponto pra janela. — Você já veio aqui me atazanar agora pode ir embora.

— Você ainda não me desculpou. — Diz baixo, seu sorriso agora era pequeno e meu corpo inteiro entrou em estado de tensão quando Jungkook começou a dar pequenos passos em minha direção. Não havia pra onde eu correr em vista de que, a cama estava do meu lado, minha escrivaninha de outro, e por último a parede atrás de mim.

— E nem vou. — Minha respiração falha quando o moreno para diante de mim, seus centímetros a mais me fazem ter que erguer o rosto para encará-lo. E eu temo por meu coração disparado abraçando o travesseiro com mais força em meu colo.

— Não? — Retorque rouco, o timbre se moldando totalmente a atmosfera enternecida.

 A fraca luz que provém do abajur ao lado, ilumina apenas metade do seu rosto e realça os traços bem talhados, deixa ainda mais animalesca a aura que o rodeia. 

Seu perfume singular me atinge outra vez o olfato e inevitavelmente aspiro-o mais longamente. A sedução e vivacidade que suas duas esferas negras carregam é inexorável, voraz, é um convite aberto ao irresistível. Seu indicador e polegar se encaixam em meu queixo com delicadeza, o firmando. 

— O que eu posso fazer pra me redimir? — Pisco três vezes seguidas afetada porque meu corpo obviamente levado pela carência fica dormente aprovando inconscientemente aquele mínimo contato. Minha mente se esvazia em um branco profundo e eu abro a boca para falar, vendo seus olhos a fitarem sem a mínima descrição.

— Eu...

— Solar, por que você está falando... — Me afasto no susto, acordando do transe que fui prendida e quase batendo as costas contra a parede, enquanto Jungkook também se afastava num rompante, cruzando os braços atrás do corpo como um bom moço que sei que ele não é. — Sozinha... — A voz de Gabbe morre no fim da frase.

Ela encara de mim a Jeon com uma semblante engraçado, e eu até riria se não estivesse morrendo de vergonha por ela ter me olhando de cima a baixo e então olhasse para Jungkook e sorrisse maliciosa.

Eita, eu não esperava por essa.

— Y-yah! Não é i-isso que você tá pensando.— Meu timbre falho sai um fracasso, é vergonhoso até pra mim.

— Desculpe. — Jungkook se curva duas vezes em respeito. — Eu sou amigo da Solar, Jeon Jungkook.

— Ah, é aquele seu amigo? — Deu ênfase no aquele, sua entonação tênue dando claramente a entender que havia um significado implícito ali, e eu morro de vergonha e constrangimento porque Jungkook me olha com uma sobrancelha arqueada.

— Gabbe! — Repreendo-a. Ela não liga.

— Oi, eu sou a Gabrielle, prima da Sol, mas você pode me chamar de Gabbe, lindinho.

Ai meu Deus.

— Oi, tudo bem Gabbe, é um prazer te conhecer. — Até mesmo o moreno parece se constranger com o descaramento da minha prima, provavelmente nenhum pouco acostumado com o relaxamento ocidental.

— O prazer é todo meu. — Sorri largamente pra mim e ele, e eu desejo apenas afundar naquele chão e sumir do planeta. — Vou deixar vocês sozinhos, mas Sol, não demora tá? A tia já, já, vai colocar o filme.

— Claro. — Sorrio sem graça. — Jungkook já estava de saída, não é?  — Já lanço a indireta.

— Ah, sim. — Assente, e o que me parece mais impossível no mundo acontece. Ele estava tímido.

— Não se preocupem, volte sempre tá Jungkook?! — O moreno assente, os braços bem comportados na frente do corpo e as mãos cruzadas como um garoto disciplinado. Eu até riria se não tivesse sido pega de toalha muito próxima de um garoto no meu quarto. Eu ia ser tão zoada por isso. Gabbe se vai, e novamente somos só eu e o garoto na penumbra. Suspiro.

— Bom, eu já vou. — Fala, e como se não estivesse envergonhado segundos atrás, me lança um sorrisinho pretensioso.  — Pensa no que eu te disse.

— O seu pedido de desculpas foi muito raso. — Deixo explícito que ele precisaria de bem mais esforços se quisesse que eu esquecesse sua atitude.

— Você é muito difícil, Sol. — Ao contrário do que parece, não é uma reclamação, ele comenta divertido, empedernido. — Mas eu gosto disso.

Minhas bochechas coram levemente com seu elogio, porém não me deixo vencer.

— Você não perde a chance de ser um galanteador. — Nego com a cabeça, e ele sorri maior, quase inocente, se não houvesse o brilho sagaz em meio as suas pupilas. — Agora dá o fora.

— Eu já vou. — Levanta as mãos em sinal de rendição e dá comedidos passos para trás até a janela, de onde provavelmente entrou. Saber como ai já é outro caso, porque era bastante alto, além do muro lá fora. — Depois falo com você, Solzinha.

E passando as pernas longas pelo batente da janela, o moreno me lançou uma piscadela e simplesmente pulou. Eu corri até a janela no susto, espalmando as mãos na madeira lisa e colocando a cabeça para fora, e por fim, entreabi os lábios incrédula. 

A altura da minha janela até o chão gramado, era suficientemente razoável para machucar qualquer um que ousasse pular dali, mas o impressionante, chegava a ser chocante pois, Jungkook havia pousado de pé, normal, como se fizesse aquilo todos os dias. Eu o acompanhei chocada escalar o muro como um gato habilidoso e antes de também pular deste, acenar alegremente pra mim.

Acho que paralisei um tempo ali, sentindo a brisa fresca atingir meu rosto, até por fim cair a ficha de que ele esteve ali e fez aquilo.

— Maluco. — Acabei sorrindo porque aquilo chegava a ser surreal. — Jeon Jungkook é definitivamente maluco.

Eu ainda estava incrédula que ele tinha feito aquilo apenas para falar comigo, mas seu perfume impregnado na minha pele era a prova concreta para que eu acreditasse nisso.

                                      §

Jungkook não apareceu no dia seguinte na escola e infelizmente, havia uma importante reunião do grêmio estudantil para organizarem as salas de ensaios pra o pessoal da dança, pois a sala maior que caberia todos os alunos que iam participar ainda estava em reforma. 

Como vice, eu tive que assumir temporariamente a presidência e tentar achar uma solução coerente, até segunda que, começavam os benditos ensaios. Jungkook não tinha me deixado muito informada da situação, então tive que pedir a chave extra da sua sala com a inspetora Shin — que diga-se de passagem fez o maior drama pra me dar —  para que eu pudesse pegar sua caderneta com as anotações.

Eu não me demorei em sua sala, até porque Shin estava de plantão lá na frente e só tinha me dado o tempo de pegar a caderneta, claro eu queria dar uma espiadinha, nunca se sabe quando se pode descobrir algo útil, não é mesmo? Mas não deu, então eu apenas voltei pra sala de reuniões depois de ler o essencial, e a melhor solução encontrada foi, os alunos de dança revezarem os dias pra ajudarem no fim da reforma para que acabasse mais rápido. E eu pedi para Gowon - membro do grêmio, e a que eu mais fui com a cara ali - para organizar as equipes no decorrer da semana pra não ficar desorganizado.

Mas eu fui totalmente pega de supresa quando ela disse O MEU NOME, no meio dos participantes.

— Espera, eu não me inscrevi pra dança, me inscrevi para teatro.

— Tem certeza? — Gowon me perguntou. E eu assenti convicta, eu tinha certeza. — Nas fichas que o Jungkook me deu você estava selecionada pra dança, assim como ele.

O quê?

— C-como? — Nervosa e em estado de choque, me definiriam bem.

— Eu sinto muito Solar-ssi, mas não tem como mudar de campo agora, você vai ter que fazer dança.

                                   §

Impossível. Era absolutamente impossível Jungkook ter feito aquilo comigo sem meu consentimento. Não havia possibilidade nenhuma de eu fazer dança de novo, tinha parado há muito tempo, eu não praticava há anos, desde... Desde que ele deixou a mim e minha mãe. Desde que aquele que um dia chamei de pai fora embora e me fizera martirizar-me todos os dias por minha existência, ele nunca gostara de mim, sempre me desprezara, e quando foi embora, eu me culpei por minha mãe ter que lidar com tudo sozinha, eu parei de fazer tudo que gostava, e dançar estava incluso. Eu tinha me tornado apagada e queria continuar assim, o fato de me expor demais para as pessoas me causava pânico, ansiedade, nervosismo, eu não ia conseguir.

Para: Garoto chato

Precisamos conversar URGENTE, você me deve explicacões. [12:32] 

Mandei a mensagem, sentindo o sangue correr nas veias energizado pelo o meu nervosismo, mas Jungkook não respondeu naquele dia, nem no seguinte, assim como também não fora pra escola de novo.

 O time dos populares estava esquisito e silencioso, o que era atípico, especialmente para Jackson e Taehyung que viviam gritando e galanteando por ai. 

Não se via eles com frequência nos corredores como se era acostumado, eu observei silenciosa. 

Minha mensagem sequer havia sido entregue e seu visto por último era do dia que tinha invadido minha janela, às 23:40. Não se ouvia nenhuma notícia de Jungkook, e os comentários das garotas curiosas rolavam pelos corredores. "Onde está o Jungkook oppa?" "Será se ele tá bem?" "Ouvi falar que o Jimin oppa disse pra o time de basquete que o Jungkook oppa teve que viajar de última hora por problemas de família, espero que tudo fique bem com ele."

Nos últimos dias eu tive paz, claro que, ainda haviam aqueles me olhando torto pela briga de terça feira, mas eu ignorava tudo, Yeri e Chae também não desgrudavam de mim agora, e a dupla, havia se tornado trio. 

A turminha de Jieun não veio mais mexer comigo o que foi ótimo, e para ser sincera não tinha mais as visto, o que era bem esquisito também, mas eu que não ia reclamar, estava ótimo inclusive. 

A única parte ruim é que eu tinha sido obrigada a ajudar na reforma da sala de dança, Yeri surtou quando contei, enquanto Chae apenas sorriu como se já esperasse aquilo vindo do Jeon. Jimin tinha caído no meu time de limpeza e não nego a ninguém que vê-lo de regata enquanto carregava todas aquelas caixas para fora, era maravilhoso. 

Qual é? Eu ainda tenho olhos, e apesar de saber que ele era um galinha de primeira, não anulava o fato de que ele era bonito e legal.

Ok, eu tinha me enganado quando pensava que ele tinha o gênio tão peculiar de Jungkook também, conversar com o mais baixo era fácil, não haviam duplos sentidos, nem palavras nas entrelinhas, muito menos o mistério que Jeon carregava.

— Me dá essa caixa, Sol. Você é muito fraquinha pra segurar isso. — Tomou a caixa de som das minhas mãos com facilidade, realmente admito que estava quase morrendo porque aquilo era pesado mesmo.

Seu cabelo laranja parecia se destacar ainda mais quando suado e de tempos em tempos, ele os jogava para trás em um ato charmoso.

— Garoto, eu não sou fraquinha, tá? Isso só estava um pouquinho pesado. — Meus músculos pediam por descanso, mas felizmente estava quase tudo pronto, só faltava a instalação de som e uma parede pra pintar, porém isso ficaria com a turma de amanhã.

— Sei. — Ele ri.

Eu e Jimin conversamos muito na verdade, ele quase não havia me deixado segurar as malditas caixas, por ter medo que eu machucasse. Não sabia se agradecia por sua preocupação ou se corava.

Quando as coisas tinham mudado tanto assim? Corar por Park Jimin, em que mundo eu estava? Bom, no fim de tudo ele foi embora me deixando um beijo estalado e molhado na bochecha apesar de rápido. A ação me pegara tão desprevinida que sequer consegui responder o seu tchau Sol, o que esse garoto está querendo?

Ok, eu não era tão ingênua assim, mas pensar que ele queria me pegar era bastante utópico.

 Estamos falando de um dos populares afinal. Não que eu me menosprezasse assim, não, claro que não. De jeito nenhum eu me colocaria abaixo de homem algum, mas os estereótipos de garotas que os populares pegavam eram bem detalhados. 

Garotas extremamente magras, pálidas, altas, cabelo longo. Enquanto eu estava ali contrariando isso tudo com minha baixa estatura, cabelo médio, e apesar de eu não ter o específico padrão corpo ocidental que, consiste em peito, bunda, coxas, eu tinha sim as minhas curvas, minha pele também não era tão pálida quanto a daquelas garotas que pareciam se esconder do sol. E eu gostava de como eu era, assim sendo só eu.

O dia seguinte veio frio, tão frio que sair fora sem no mínimo dois agasalhos, além do essencial como luvas e touca, era pedir para ganhar resfriado. 

O céu estava cinza, sem cor, como se prevesse alguma desgraça, o meu lado sensitiva sempre falava mais alto nesses dias, e eu cuidaria para ter cuidado redobrado. Mas naquele dia também Jungkook não veio. Assim como nenhum dos populares.

Não era como se eu estivesse contando esses 3 dias, ok? Era só... Estranho. Não dava simplesmente pra não notar a sua ausência.

O fluxo de alunos era lento pelos corredores, o sinal claro de que todo mundo queria estar em casa naquela sexta feira. A aula decorreu-se lenta, estendida, e quase agoniante, e eu suspirei pesado. Tentando ser otimista ao espantar aquele sentimento ruim de mim, característica adquirida pela minha ansiedade. Era só isso... Só a minha ansiedade de novo.

— Tudo bem? — Yeri indagou ao meu lado, tinha as bochechas coradas pelo frio e seu cachecol cobria-lhe até os lábios. Ela estava fofa.

— Uhum. — Murmuro. — É só o frio me deixando mais preguiçosa que o normal.

Não falei o exato motivo, admitir que eu estava nervosa sem motivo algum era como dar a vitória a ansiedade, e eu não permitiria isso de novo. De jeito nenhum.

— Nem me fala. Eu só queria estar em casa, longe de gente, enrolada no meu edredom da Peppa.

Ri baixo do seu comentário, um pouco aliviada por ele ter me distraído.

Mamãe me mandou mensagem assim que sai da escola, passaria a noite no hospital em plantão, eu a desejei boa sorte e pedi para que se cuidasse bem por causa do frio. 

Gabbe tinha saído para visitar uma faculdade, ela ainda estava em processo de escolher qual a mais qualificada para o curso que queria fazer e uma que não ficasse tão longe de casa pra ela não pegar muita condução.

 Então, aquele restante do dia eu fiquei sozinha, fiz as atividades da escola para me distrair, ouvi minhas músicas, vi funny moments do Taemin no youtube e por fim tomei um banho quente pra relaxar e reclamei no twitter de como aquele dia estava sendo tedioso.

Gabbe chegou às sete, cansada e reclamando de como odiava o frio, e sentia falta do calor brasileiro. Eu super entendia já que, assim que mudei ficava todos os dias doente por conta da mudança de clima drástica, vivia gripada e com o nariz entupido, até me acostumar.

Pedimos pizza de catupiri por preguiça de fazer janta e comemos assistindo mais um episódio de TVD. Melhor série, é assim que eu penso. 

Eu lavei a pouca louça suja e desliguei as luzes quando terminamos. O frio tinha aumentado drasticamente, pois, começara a chover e eu como boa preguiçosa apenas fui pra meu quarto me enrolar debaixo das cobertas quentes.

 Não percebi o quanto estava cansada até colocar a cabeça no travesseiro e pôr meu fone baixinho na playlist de dormir. Estava a beira da inconciência dos sonhos quando meu celular vibrara duas vezes seguidas em cima da minha barriga.

Bocejando, abri os olhos letárgica, e desbloqueei o aparelho, verificando pela barra de notificação se era alguma coisa importante antes de ignorar caso apenas fosse mais um grupo, mas não tinha nada, em vista de que até o wifi estava desligado. Franzindo as sobrancelhas, deslizei a barra para cima novamente e percebi que o aplicativo de mensagens normal tinha notificação.

Se fosse a minha operadora de novo...

Curiosa cliquei, e sentei na cama com brusquidão quando vi o contato Garoto Chato ali.

Abte a prta pra min [12:47]

Pro favor [12:48]

Encarei aquelas duas mensagens com a maior interrogação na cabeça. E fiz o mais lógico o que qualquer pessoa faria naquele momento.

O que? [12:49]

Esperei uma resposta que não veio por pelo menos cinco minutos, e  culparia meu coração disparado por estar com sono, apenas isso.

 Não tinha a possibilidade de ele estar ali na frente da minha casa, não é? Estava chovendo horrores, o mundo desabava lá fora. Ninguém em seu juízo perfeito sairia de sua casa naquele temporal. 

Mas contrariando todos os meus pensamentos, me vi jogando o lençol de lado e calçando minhas pantufas. Vesti um grosso casaco por cima do pijama e suspirei fundo.

Se Jungkook estivesse brincando comigo de novo, eu o mandaria para a puta que pariu, sem brincadeiras. No breu, dei passos pequenos para não acordar minha prima, ela provavelmente me chamaria de maluca sonâmbula se me visse daquele jeito.

Primeiro fiquei na ponta dos pés pra olhar através do olho mágico, mas não tinha nada, e então, tomando uma dose de coragem, girei a chave, segurei o trinco gelado com a mão direita e abri a porta. O vento frio provindo da chuva me fez encolher automaticamente, arrepiada, mas nada me arrepiou mais do que o corpo encolhido e inerte na soleira da porta.

Dei um salto tão grande pra trás que quase perdi o equilíbrio, me segurando nas costas do sofá com uma mão e prendendo o grito que quis me irromper a garganta com a outra. Meu coração estava tão disparado que meu corpo inteiro começou a tremer no mesmo segundo descarregando adrenalina e medo para meus nervos. Senti que iria cair dura no chão a qualquer momento, mas levada por uma curiosidade inconveniente, dei passos hesitantes e trêmulos até a pessoa estendida. 

Meu pulso disparado denunciava todo o meu eriçamento e vontade de correr, mas mesmo assim eu fui até o indivíduo, como o corpo estava virado para o outro lado tive de tocá-lo mesmo que minimamente para checar o estado, e com a ponta dos dedos puxei pelo casaco e debilmente ele se esparramou no chão. 

Arfei, e por algum motivo meus olhos instantaneamente marejaram quando reconheci Jungkook. Engatinhei até si, notando só agora o celular caído ao seu lado, toquei seu rosto gelado com minhas mãos ainda mais trêmulas, meu coração se apertando com toda a situação em si.

Totalmente molhado, com os lábios cortados, roxos, entreabertos e o rosto todo machucado estava o inabalável Jeon Jungkook, tão frágil como nunca antes. Marcas de violência manchavam sua face de feições delicadas, e o sangue se mesclava com a água da chuva numa combinação feia. Eu sequer percebi quando chorei.

— Meu Deus Jungkook, o que fizeram com você?


Notas Finais


O que aconteceu com o Jungkook????
façam suas teorias, e até a próxima.
obrigada pelo carinho 💕


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...