1. Spirit Fanfics >
  2. Rude Boy (livro 1.0, Em revisão) >
  3. Entender

História Rude Boy (livro 1.0, Em revisão) - Entender


Escrita por: jeontaste e callistos

Notas do Autor


Glória, aleluia irmãos, finalmente eu terminei de escrever esse capítulo que não ficou do jeito que eu queria, mas fazer o quê?

Tudo bem meus amores?
Como vocês estão? Beberam água? Comeram bem?

Eu tô bem, ainda me acostumando com a faculdade e os estágios.

E como sempre totalmente agradecida por todo o suporte que vocês me dão. Sério, isso não tem preço.
Obrigada por tudo <3333

Boa leitura e perdoem qualquer erro.

Capítulo 35 - Entender


Fanfic / Fanfiction Rude Boy (livro 1.0, Em revisão) - Entender

"Como se não houvesse amanhã, como se não houvesse uma próxima vez. Na minha visão se você não está aqui é uma escuridão enorme. Digo isso como hábito, não podemos fazer isso. Mesmo assim, tenho esperança, porque no final se eu estiver com você, eu estarei bem." - House Of Cards (BTS) 

                              SOLAR

Sozinha em meu quarto tendo como companhia apenas meu gato, Neji, que está esparramado em cima da cama, eu me sinto solitária em meio a solidão que o silêncio trás. 

Não é mais confortável como antes, não me vejo mais a vontade com a mudez que se estende através das paredes e me sufocam. 

E é incrível como as coisas mudam, quando você vivencia novas experiências. Seus conceitos, aqueles que você julgava únicos e corretos, parecem não fazer tanto sentido assim.

Muitos deles deixaram de ter coerência pra mim. 

Sentada na minha janela, eu vislumbro o céu estrelado e suspiro porque meu coração grita.

Sinto falta dele.

Do som da sua voz, de cada timbre que muda de acordo com suas emoções, do cheiro do seu perfume que fica impregnado na minha roupa e entorpece meus sentidos, do gosto da boca, a textura macia, dos seus toques, olhos... Tudo que o compõe. 

Mas então, a cena na boate se repete, o que eu senti, a dor, o sentimento de traição ainda é vívido. Se mescla com a saudade que me sufoca, e o choro trava na garganta.

Por que amar é tão complicado?

Suspiro outra vez, bem no momento em que escuto duas batidinhas na porta.

Gabbe atravessa-a, a expressão quase tão cansada quanto a minha. Não tivemos oportunidade de nos falarmos hoje, então, essa era a primeira vez desde ontem.

- Você ficou quieta o dia todo. - Comenta baixo até porque já é madrugada. Senta-se do outro lado da janela, a brisa balança um pouco o cabelo azulado. - Tudo bem?

Não há razão para mentir, pra ela não.

- Não. Eu tô me sentindo horrível. - Abraço meus próprios joelhos, me escondendo de mim mesma.

- Eu não devia ter te levado lá.

- Não foi sua culpa. - Mesmo que eu diga isso, seu semblante culpado não desaparece. - Sério, Gabbe você só queria que eu me divertisse. O que aconteceu lá foi o resultado de que toda mentira uma hora ou outra vai ser descoberta. - Ela também mira o céu por alguns instantes, carregada de sentimentos que parecem a sufocar. 

- Vocês dois conversaram?

- Mais ou menos. Ele meio que me disse que tava sendo pressionado por aquela garota.

- E o que você acha disso? Acredita? - É apenas um questionamento verdadeiro, sem julgamentos, Gabbe só quer saber minha resposta, mas o peso dela ainda é tão grande pra mim.

- Não sei. - Admito com um sorriso fraco. - Meu coração acredita, mas minha cabeça não.

- Faça o que você achar melhor, ok? - Assinto. - Mas não deixe de conversar com ele, de qualquer modo, sendo mentira ou verdade, você merece ouvir uma explicação. 

- Eu só espero estar preparada pra ela.

- Você vai estar, e se não estiver, tudo bem, você vai aprender lidar, e eu vou estar aqui com você pra te ajudar.

- Obrigada. - Sorrio dessa vez mais sincera. - Dorme aqui hoje? Eu tô carente.

- Claro, sua mimadinha. - Me abraça pelos ombros. - Vamos dormir, o dia amanhã vai ser longo.
                    

                                         §

- Você tá me ouvindo? - Yeri indaga quase impaciente, passando a mão diante de meus olhos. Só assim eu pisco confusa, saindo de um transe que nem percebi ter entrado.

- Oi?

- O que você tá pensando, hein?

- Nada, nada. - Desconverso, parando de morder a caneta e a descansado na carteira.

- Sério, Sol, não vai cair no papinho furado dele de novo. - Me adverte sobre "meu encontro" com Jungkook após a aula, motivo pelo qual ando me distraindo a toa. - Não era nem pra você ter aceitado esse tal encontro.

- Eu preciso de respostas, Yeri. - Retruco com um suspiro. Porque era verdade. Jungkook escondia muitas coisas, e se ele estava disposto a falar, eu queria ouvir.

Massageio as têmporas, me sentindo mais do que nunca agoniada.

Minha barriga estava com um frio estranho e um certo nervosismo me fazia tremer um dedo ou outro de vez em quando. Não era brincandeira quando eu disse que não estava preparada pra ouvir tudo de si.

Eu queria saber? Sim, mais que tudo.

Mas eu tinha medo, e isso estava definitivamente me tirando do sério.

- Certo. Depois você me fala o que ele disse.

- Ok, eu vou precisar mesmo desabafar. - Ela sorri complacente, no mesmo momento que o professor entra na sala de aula, e de novo, lá se vai uma aula não produtiva por causa de homem. 

Se eu pudesse me dar um soco, já teria o feito.

E justo naquele dia os ponteiros parecem passarem com extrema vagareza, meus olhos inquietos fitam o relógio de minuto a minuto. Batuco a caneta na capa do caderno, quebro uma unha sem querer por causa de uma mordida, o que me deixa 10 vezes com mais raiva porque vou ter que cortar todas.

Demora, mas quando o sinal bate a coragem que eu tinha some, e já não desejo é sair daquela sala.

Yeri se despede com um tchauzinho e eu inspiro e expiro devagar.

Calma.

Meu celular vibra e eu quase deixo cair no chão no ápice do meu nervosismo.

É uma mensagem.

Kook <3: Estou te esperando aqui fora. [12:27]

E mais nada, só isso mesmo.

Mas o que eu esperava não é? Eu nem devia estar esperando por alguma coisa.

É isso.

Jogo os livros dentro da mochila e início a minha caminhada até a saída da escola.

Tenho que encarar isso.

Não há outra maneira, mesmo que minha vontade seja de correr e me esconder longe de tudo e todos, o que eu devo fazer é saber de tudo de uma vez por todas. Mesmo que me machuque ainda mais.

E é em meio ao aglomerado de alunos que se dispersam aos poucos é que o vejo.

Fazem apenas horas que ele fora em minha casa, mas o sentimento que me abate é como se eu não o visse há um bom tempo.

O cabelo castanho e liso quase cobre os olhos da mesma cor, olhos estes que esperam minha chegada antes mesmo que eu irrompa os portões e quando encontram... Fixam-se de maneira que me sinto despida da cabeça aos pés.

Meu fôlego rareia e eu tento me manter firme a medida que me aproximo de sua figura marcante encostada em seu próprio carro.

Meu Deus, se for pecado ser trouxa, o meu lugar no inferno está garantido.

Todo o meu interior se agita em uma euforia quase incomum, já nos tocamos, nos beijamos, conversamos antes, mas é como se não tivéssemos. Como se fosse novo.

Atravesso a rua até sua imagem emponderada, sentindo o peito ferver quando chego até si.

- Oi. - Digo um pouco afobada pelo nervosismo, e seus olhos miram meu colo. Já sei até o por quê.

Noite passada, retirei o colar que ele me dera de presente e o guardei.

Olhar pra ele me fazia sentir pior, me fazia lembrar de coisas que eu não desejava lembrar no momento.

E isso parece o deixar inseguro.

- Oi. - Respira profundamente. - Você tem o dia livre hoje? Eu preciso te levar em dois lugares. - É direto. 

- Hm, acho que sim, mas preciso avisar a minha mãe.

- Certo. - Assente, coçando a nuca.

- Pra onde vai me levar? - Questiono curiosa.

- Não posso falar agora, mas, acho que vai te fazer entender melhor. - Sua resposta é ambígua demais pra cessar as perguntas dentro de mim, mesmo assim, tudo que faço é consentir. Ao menos por hora.

- Ok. - Ele assente mais uma vez e abre a porta do carona pra mim, o que me deixa um pouco constrangida por alguma razão que não conheço.

Sua presença como sempre me esmaga, e a estranheza que nos cerca é dolorosa.

Percorremos ruas em total silêncio, palavras na ponta da língua, coragem no entanto...

É perceptível que temos muito o que dizer, eu mesma me sinto frustrada, ainda confusa sobre meus sentimentos.

Entre a raiva, e o orgulho existe a atração infindável e a paixão que mergulha por minhas veias.

Vê- lo me causa uma mescla de querer batê-lo pela raiva e agarrá-lo pela saudade daqueles três dias distantes.

Seus dedos estão brancos de apertar o volante e sua respiração pesada.

Somos nesses momentos estranhos que se conhecem demais.

E isso dói.

Quando ele para em frente ao pequeno restaurante de aparência reconfortante, eu reconheço que já viemos aqui antes.

É o restaurante da ajumma Yoona, e o fato de termos nos beijado naquele mesmo dia debaixo da lona de uma loja qualquer parece ter acontecido há um século, ainda assim as memórias são vívidas e se eu fechar os olhos consigo sentir a pressão de seus dedos em minha pele.

Eu não sei se foi de propósito me trazer aqui de novo, mas não podia negar o quanto mexera comigo de qualquer modo. 

- Espero que você não tenha feito de propósito. - Digo séria, quando já estamos dentro do local.

Ele pisca os olhos quase inocente.

- Eu não ousaria. - Reviro os olhos pra si e a ajumma aparece com um sorriso adorável.

- Vocês dois aqui de novo, são muitos lindos juntos. - Jungkook fica sem jeito e a mim cabe sorrir constrangida.

- Obrigada. - Ela abraça a Jungkook que, tem que se curvar por ela ser bem baixinha, e depois me abraça.

- Sejam muito bem vindos novamente. A mesa de vocês está livre. O de sempre? 

- Sim, e obrigado, ajumma. - O moreno agradece e nos dirigimos até a mesma mesinha, quase nos fundos e com vista pra a janela.

- Você planejou isso também? - Deixo minha mochila na cadeira ao lado, ficando frente a frente para si.

- Isso não. - Sorri enviesado. E por fim descansa os braços sobre a mesa com um suspiro, dessa vez mais sério e tenso. - Eu te trouxe aqui pra que a gente pudesse conversar sem interferência de outras pessoas ou platéias. Confesso ter adiado essa conversa por muito tempo, quis evitar, mas acabou que você acabou descobrindo do jeito errado.

Meu peito se comprime para logo disparar e eu assinto. Pensei que ele enrolaria mais um pouco, meu psicológico contava com isso. 

Ele está decidido e sério, e isso é novo pra mim. Me faz temer o que vem por aí. 

- Não vou pedir que acredite, e não vou insistir se você me disser que não me quer mais. Eu sei que eu te magoei, sei que por minha culpa estamos do jeito que estamos agora. - Minha garganta fecha e eu aperto minhas duas mãos sobre minhas pernas. Suas palavras me desestabilizam visivelmente e não há como mascarar isso. - Mas, ______ mesmo que você não acredite, quero que saiba que eu nunca trairia você. Tudo que eu pude pensar nesses dias que estávamos separados, era que se eu tivesse te dito tudo antes, você não acharia que eu destruí o nosso amor por capricho. - Ok, eu vou chorar.

Respiro fundo, me sentindo fraca demais para me contrapor.

Seus olhos caídos me suplicam que eu fique, acredite, mas sua boca me dá escolhas, partir, se assim eu desejar.

- S-se... - Pigarreio a garganta para recuperar a voz. - Se você não me traiu com aquela garota, por que deixou ela te apresentar como namorado dela? Por que veio com ela? Por que mentiu pra mim que ia trabalhar? - Eram tantos questionamentos. 

- Eu não menti pra você. - Se apoia nos próprios cotovelos a medida que inclina o corpo em minha direção. - Eu estava lá a trabalho.

Franzo o cenho não entendendo mais nada.

- Como assim Jungkook?

- Eu trabalho na Hades pelos fins de semana pra não me prejudicar na escola. Mas depois do meu acidente na quadra eu não pude ir, e eu precisava ir. Então eu tive que repor naquele dia, no dia do seu aniversário, de um jeito... Diferente.

Minha mente iniciou um trabalho rápido de paranóias que se formavam a cada palavra dita.

- No que você trabalha? - Eu pergunto, as mãos geladas, o coração se despedaçando mais um pouco.

Ele se cala por alguns instantes, as orbes castanhas não deixam de um minuto sequer me encararem, mas estão vacilantes. Jungkook tem medo.

 - No que você trabalha, Jungkook? - Repito a pergunta, mais firme, mais nervosa.

- Oficialmente eu trabalho como dançarino. - Ok, não surta Sol, deixa as paranóias pra depois, foco!

- Certo. E o quê mais?

 Seu pomo de adão sobe e desce devagar.

- Eu já fui acompanhante de luxo e... Um pouco antes... - Seu olhar cai pra mesa, e minha respiração tranca. - Eu já me... Vendi.

Por um momento uma névoa branca invade minha visão, e eu tenho uma vertigem que me faz ter que segurar na mesa.

A Yeri estava certa, meu Deus. 

Penso que desmaiarei ali, naquele instante, diante de si. 

Penso que viajei para uma realidade paralela e estou vivenciando outra vida, uma que não me pertence. 

Porque eu não consigo acreditar, céus, eu não quero acreditar.

Antes que eu tenha ao menos a capacidade de abrir a boca, a ajumma vem deixar os pratos já prontos.

Jungkook agradece, acho eu, mas não consigo dizer nada.

O cheiro não me apetece.

Minhas mãos estão geladas sobre a mesa e meu peito batia tão forte que parecia uma britadeira. Não sei quanto tempo fiquei em silêncio, poderiam ser segundos, minutos, ou horas, não sabia dizer, mas pareceu ser suficiente para agonizar Jungkook. 

- Diz alguma coisa, por favor. - Fala quase num sopro, tão dolorosamente que sua dor escorre sobre mim.

Fito o vapor que sobe pela comida, e tento colocar a mente no lugar.

Não surta. 

Eu tinha ideia de o que eu iria ouvir de si seria difícil, mas não tanto.

- Por que? - É tudo que sai de mim. É tudo que eu tenho capacidade de raciocinar naquele momento.

Tem que ter uma razão pra ele ter feito todas essas coisas.

E tomo a coragem de olhá- lo. Ele parece magoado consigo mesmo, cerra o maxilar e as mãos ficam em punhos. É difícil pra ele falar e pra mim ouvir. Mesmo assim eu assinto.

- Tudo bem, eu não vou julgar você. - Jungkook se surpreende com o que digo, provavelmente acostumado com julgamentos e olhares feios sobre si. O que me deixa triste, pois me faz pensar em quantas pessoas o apontaram os dedos. 

E apesar de ser chocante, nenhum jovem faz o que ele já fez se não for por pura necessidade.

Eu nunca o julgaria nesse quesito.

Seu lábio inferior treme ligeiramente e ele pisca ainda surpreso com o que eu disse, e quando ele suspira e me olha com cuidado.

- Acho que você só vai acreditar vendo.

Não pensei que Jungkook fosse me dizer mais nada depois daquilo, pois, evitou meus olhares até que terminasse sua própria refeição em um silêncio mais doloroso que quaisquer berros. 

Eu não consegui comer muita coisa. Em minha garganta parecia haver uma barreira que me impedia até de engolir a própria saliva.

Um dos sintomas do meu nervosismo iminente.

Mas do contrário que pensei inicialmente, Jungkook pagou a conta depois de comermos e poucos minutos depois estávamos de volta a estrada, dessa vez em uma direção diferente.

Eu não reconheci de primeira, até a estética de Gangnam tomar conta dos meus olhos.

Era a parte mais brilhante e cara de Seoul, e eu não sabia o que estávamos fazendo ali, especialmente quando Jungkook estacionou em frente a um hospital.

Encarei-o sem entender coisa alguma.

- Vem. - Foi a única coisa que ele disse.

Eu o segui fielmente, desde a higienização, até receber os crachás de visitas.

Íamos visitar alguém, essa parte eu havia entendido, mas a razão e o que isso tinha a ver com sua explicação eu não fazia ideia.

O que parecia ainda mais estranho era o fato de todos os funcionários conhecerem Jungkook. 

- Olá, Jungkook- ssi! - Uma enfermeira cumprimentou, era baixinha e tinha o cabelo curto e escuro, parecia simpática. - Olá moça. - Até meio que sem jeito, fiz uma mensura educada. - Ela comeu bem hoje e está de bom humor. Já estava procurando por você.

- Obrigada por cuidar sempre bem dela, Sayuri-sii.

- Não precisa agradecer, querido. - Dá uma piscadinha e se vai pelo corredor branco.

Eu permaneço em meu total estado de zero entendimento por alguns segundos.

- Jungkook. - Chamo baixo, quando pegamos o elevador juntamente com uma equipe médica. - O que a gente tá fazendo aqui? - Não que eu não fosse acostumada com o ambiente hospitalar, até por quê minha mãe trabalhava em um. Mas era um lugar o qual não me sentia confortável. 

- Você vai entender logo. - Diz baixinho.

Eu achava que não, mas quando o elevador abre no andar superior, uma fileira de portas brancas nos recepciona.

É Jungkook quem abre uma em específico, como se já houvesse ido centenas de vezes ali.

Eu o sigo, curiosa e temerosa. 

O quarto é ernome, mas só há uma cama ali, ocupada por um corpo feminino frágil que sorri genuinamente assim que vê Jungkook.

A falta de cabelos, os braços fininhos, o aparelho respiratório. Arfo, como se todas as fichas fossem jogadas em cima de mim.

Eu compreendo. Eu entendo Jungkook.

                               JUNGKOOK 

Nunca contei com a sorte, porque ela nunca esteve a meu favor. 

Eu buscava resolver os meus problemas do meu jeito e se desse errado, tudo bem, eu tentaria de novo.

Mas eu sabia que com Solar, eu precisava mais do que força de vontade, eu precisava que a sorte estivesse do meu lado, precisava que a cada palavra que eu dissesse, ela ficasse, por mais absurda que elas fossem.

E sei que às vezes palavras não bastam, eu a mostraria meu mundo, e se ela então permitisse, eu desejava que ela fizesse parte dele. 

Eu me considerava sortudo por mesmo depois de eu dizer uma das coisas que mais me assombravam, ela não ter levantado e ido embora.

Foram o que todas as pessoas a qual eu contei isso fizeram.

E doeu todas as vezes, mas se ela também fizesse isso doeria muito mais.

Eu poderia ser qualquer coisa, qualquer coisa, mas eu não seria o cara que mentiria pra si. Não quando ela significa tudo pra mim e viver sem o seu amor me parecia impossível. 

Solar estava nervosa, eu sinto isso em seus detalhes. A postura ereta, os olhos desconfiados e pensantes, as mãos que não param quietas, o jeito com o qual seu peito sobe e desce em um ritmo tenso. Aprendi a conhecer suas pequenas nuances que, fazem total diferença quando somadas.

Ela me faz sentir completo, como se nada mais importasse além de nós dois, e ninguém nunca me fez e nem faria me sentir assim.

Eu precisava contar tudo, para que não houvessem mais sombras entre nós. E sabia do risco ao fazer isso, sabia que ela poderia não me perdoar, ou não se envolver mais profundamente com alguém tão problemático como eu. As pessoas costumam fugir disso.

Por isso decido ser o mais sincero possível.

- Filho. - A voz frágil que tanto conheço e motivo de eu ter tentado tantas vezes faz com que um sorriso involuntário cresça em meus lábios. - Você veio, e trouxe uma garota! - Mamãe exclama maravilhada, provavelmente por nunca ter me visto trazer uma garota pra casa.

Eu nunca havia encontrado uma importante para tal.

- Sim, é claro que eu viria. - Me inclino para que possa receber o costumeiro beijo na testa. - Essa é a ________.

- Sua namorada? Oi filha, se aproxime, quero ver de perto quem roubou o coração do meu bebê.

Sol ainda está na porta, os olhos vagueiam de mim até mamãe e fazem o mesmo percurso de volta. 

Sei que a peguei de surpresa, mas eu nunca fui bom de palavras, achei melhor mostrar. No entanto, não sabia se havia sido uma boa idéia porque ela hesita.

Porém, contrariando a linha pessimista dos meus pensamentos, sua figura delicada se aproxima com graça, um sorriso sutil na boca rosada.

- Olá, eu sou a ________ mas pode me chamar de Sol. É um prazer conhecê-la.

- Ai que linda, sou Jeon Joohyun, mãe desse bebezão aqui.

- Mãe...

- Aigoo, eu sempre quis fazer isso. - Belisca minha bochecha, o que dói um pouco, mas nem me incomoda. Ver as minhas duas mulheres favoritas no mundo se darem tão bem, ainda parece fazer parte de um sonho distante. - Estão juntos a quanto tempo?

Eu não sei o que responder, pois penso que qualquer resposta que eu diga possa ferir ainda mais Solar, e eu não quero vê-la chorar de novo, especialmente se eu for o motivo e não for de felicidade.

Por essa razão, abro a boca incerto, mas Sol me irrompe ao falar com uma naturalidade que me surpreende.

- Há mais ou menos uns dois meses. Ainda é recente.

- Aigoo, Jungkook -ah por que não me contou? - É aí onde mora todas as indagações que me pegam desprevenido.

- Não achei que iria conseguir conquistar a Sol. Ela é incrível demais pra mim. - Sou verdadeiro. Sempre soube do seu altruísmo e personalidade brilhante, mas a cada dia eu descobria um ponto mais magnifico em si, e isso me fazia admirá-la ainda mais.

Ela poderia ter o mundo nas mãos, bastava ela saber disso.

Não tenho coragem de erguer os olhos até os seus naquele instante, a culpa deixa minha boca com um gosto amargo.

As noites em claro não foram suficientes para me fazer entender que nosso castelo havia ido ao chão porque eu não dei base suficientemente forte pra que ele passasse por todos as tempestades que viriam.

Porque havia sido minha culpa e de mais ninguém.

- Não diga isso. - Ouço sua voz soar como uma repreensão e acabo sorrindo sem graça.

Mamãe nos olha com atenção, seu instinto materno provavelmente avisa nesse momento que há algo errado.

- Jungkook-ah tem essa mania de auto se depreciar, mas ele é incrível, espero que um dia possa ver isso também. - Minha mãe diz, os olhos brilhando. - Desde que eu descobri o câncer ele tem me ajudado tanto. Eu não sei o eu seria sem ele. - A mão frágil e ossuda toca a minha. Seu aperto é tão leve que parece uma pluma. 

E isso me machuca todos os dias. 

- Jungkook teve uma infância difícil, um pai negligente e ausente. - Tosse um pouco, e sua figura é tão delicada que penso que pode se quebrad a qualquer momento. 

- Não se esforce. - Peço. 

- T-tudo bem, eu estou bem. - Sorri pra mim. - Como eu estava dizendo... - Pausa, a respiração mais desrelugar. - Ele sempre teve de cuidar de tudo sozinho... Arranjou até um... Trabalho em uma boate, como dançarino. E eu odeio ter de dar esse trabalho... Eu só quero que ele estude pra ser alguém na vida. E ele sempre foi tão sozinho... E eu fico tão feliz. - Tosse novamente. - E-em saber que agora ele tem alguém. 

Seus olhos marejam. Mesmo depois de anos lutando entre quimioterapias e crises que, me faziam chorar por dias, ela tem sido forte. Mais forte do que eu, mais forte do que qualquer pessoa que eu já havia conhecido. 

E se pra que ela continuasse lutando, eu precisasse me esforçar o dobro, eu faria. 

- Eu vejo o q-quanto você é maravilhosa só de te olhar Sol... S-sei exatamente a razão s-de meu filho ter se apaixonado. - Uma lágrima escorre. - Aigoo... Fiquei tão chorona depois da doença. 

- Não se preocupe. - Solar segura a outra mão que leva o soro. Os olhos brilhando com lágrimas acumuladas. 

Uma das enfermeiras entra com o carrinho de remédios, provavelmente por já ser hora de um. 

Aproveito o momento para me recuperar, cerrando os dentes. 

- Hora do remédio! - Taeyeon exclama com um sorriso. - Nada de conversas longas dona Joohyun pra não se cansar. 

- Aigoo... E-estou conhecendo a minha nora. Me dê um d-desconto. 

- 5 minutinhos. - Taeyeon termina de aplica o remédio no soro. - Nem mais um segundinho. - Anota algumas coisas em uma prancheta e enfim sai de volta com o carrinho. 

- O-Odeio as enfermeiras. - Rimos. - F-filho, posso falar com a Sol um pouco antes que eu caia no sono? 

- Claro. - Beijo sua testa, enquanto ela leva minha mão até seus lábios e sela. - Eu volto amanhã. - Ela assente com um sorriso. - Te espero lá fora. - Digo para Solar que consente. 

E saio, para deixá-las a sós. 

                           §

Reconheço cada detalhe minucioso da Hades como a palma de minha mão. O visual luxuoso, o palco, os quartos...

Tudo faz parte das minhas memórias, muitas que eu desejaria apagar se houvesse um modo.

A noite sempre explendorosa, brilhante e animada, mas de dia somente alguns funcionários autorizados transitavam por ali.

Sol ainda se mantém quieta desde a conversa particular que teve com mamãe, e mesmo que eu quisesse perguntar sobre o conteúdo da conversa, acho que não cabia a mim.

Desacelero os passos e ponho as mãos nos bolsos da calça do uniforme que, no momento me incomoda por apertar demais.

- Está vendo aquele cara sentado atrás da recepção? - Pergunto discretamente e seu braço esbarra no meu assim que ela para. 

- O loiro com mechas rosas? - Indaga ao mesmo tom quase ao pé do meu ouvido.

- Sim. - Assinto. - Ele é o meu chefe, quem comanda tudo aqui e o dever de cada um. Na época eu fui contratado aos 15. - Me viro para si, reencostando as costas na parede gélida. Somos só nós ali. 

- Mas isso não é ilegal?

- Sim. - Dou de ombros. - Na época mamãe tinha descobrindo a doença, e meu pai estava apostando alto, acabou ficando devendo agiotas. Junghyun estava terminando o ensino médio e já planejava sair de casa na primeira oportunidade. Não tinha mais ninguém pra cuidar de tudo isso se não fosse eu. - Encaro meu próprio sapato, porque o fardo ainda é grande, e as lembranças me atolam. - Nenhum trabalho de meio período poderia ajudar com contas tão grandes. - Suspiro. - Eu precisava de dinheiro urgente, não importasse de onde.

- Mas... Ninguém poderia emprestar?

- Amigos de confiança se afastaram da nossa família após saber no que meu pai estava metido. - Nossos olhos se encontram. - Ninguém quer se envolver com esse tipo de gente porque é perigoso. - Passo a mão nos cabelos. - Não sobrou ninguém Sol. Então... Mais um dia procurando trabalho, um cara me recomendou a Hades. Eu nem sabia do que se tratava, mas quando cheguei aqui Hoseok me explicou tudo, e pra minha "sorte" eles estavam procurando alguém pra dançar. O salário era bom, e eu só precisava perder a vergonha de dançar pra outras pessoas. - Engulo a pouca saliva que desce amarga. - E foi bom no começo, eu me sentia bem, as pessoas amavam me ver dançar e eu amava dançar pra elas. Mas... - Meneio a cabeça. - Junghyun foi embora depois de uma confusão comigo e meu pai ficou revoltado, porque pra ele a razão havia sido eu, o que de fato, contribuiu.

- Jungkook...

- Por favor me deixe terminar de uma vez... - Fecho os olhos, tentando não invocar os sentimentos ruins que moram ali dentro de mim, eu só desejava contar tudo. - Se não eu vou perder a coragem. - Os abro novamente, reconhecendo minha incapacidade. Ela assente, a expressão dolorida. - Junghyun foi embora e as coisas ficaram mais difíceis pra mim. - Recomeço, o peso de cada palavra fere-me. - Meu pai não suportava me ver, quase não ficava em casa sempre em cassinos e devendo agiotas que, chegaram a nos ameaçar caso não pagássemos. Então, eu pedi um adiantamento do meu salário pra pagar, e o Hoseok me deu. Mas não era suficiente. Minha mãe começou a piorar, a quimioterapia era cara, os remédios eram caros, os exames eram caros. Chegou um momento em que ela não conseguiu ficar mais em casa de tanto passar mal e foi internada no hospital. Meu pai fazia apostas mais altas, e ainda tinham as despesas da casa porque ele tinha sido demitido há muito tempo. - Trinco o maxilar, me sentindo doente. Tudo aquilo me machuca de um jeito que eu ainda custo a admitir. - Eu não tive escolhas. - O imbróglio que povoa minha mente é indescritível, pesa em minhas costas, em minha moral, em quem eu sou.

Quero dizer para mim mesmo que não me importo se tive de lidar com tudo sozinho. Que não me importo se eu nunca tive alguém para chamar de pai, que não tive uma adolescência normal, que muitas vezes pensei em desistir.

Queria que esse inferno que me perseguia fosse embora, mas fazia parte de mim, porque eu carregava mágoas antigas.

 - Então, eu comecei a ser namorado de mentira de algumas garotas solitárias, além de dançar todos os fins de semanas. E passar a noite com pessoas porque elas pagavam caro por mim. Fazia coisas que eu detestava, eu me sentia sujo o tempo todo. Passei a beber e usar coisas ilícitas pra esquecer, ou até mesmo pra poder fazer isso. Mas eu precisava, era tudo pela minha mãe e eu faria qualquer coisa por ela, qualquer coisa. - Fungo. - Ela sempre me defendeu do meu pai quando ele queria me espancar, apanhava por mim, e no outro dia estava lá sorrindo como se não estivesse acontecendo nada. Ela me deu educação sozinha, me deu amor, ela foi mãe e pai e agora só tinha a mim. - Massageio a própria nuca dolorida pelo estresse acumulado. - Quando meu pai sumiu as coisas melhoraram, e eu sequer consigo me sentir culpado por falar assim. - Rio amargo. - Eu não tinha as contas dele pra pagar. Eram só as dívidas da casa que, eram poucas porque só eu morava nela, e o tratamento da minha mãe. Minha vida se estabilizou um pouco, comprei o meu carro, pagava a mensalidade da escola e pronto, só o meu salário de dançarino e alguns bicos como acompanhante de luxo e estava tudo bem. Aí você apareceu. - Seu peito sobe com lentidão. - Mudou toda a minha vida, mexeu com a minha cabeça inteira, me fez apaixonar por cada detalhe seu. Eu queria estar perto de você de algum jeito, mesmo que fosse te irritando. E isso foi a segunda coisa mais estúpida que eu já fiz, porque a primeira não foi ter te contado tudo isso e te deixado descobrir do jeito errado. - O coração que retumba no peito, bate com tanta força que dói. - A Soojin, é irmã do Hoseok. Desagradá-la negando seu convite pra se passar um noite como seu namorado, era a mesma coisa que desagradar o Hoseok. E eu não podia fazer isso quando minha mãe depende disso pra viver. Mas eu só quero deixar claro que depois que estávamos juntos eu não fiquei com outra pessoa, nem a trabalho. Em momento algum Soojin me tocou de maneira mais íntima. Meu erro foi não te falar a verdade, omitir por medo. Você pode perguntar ao Hoseok sobre a Soojin, eu não vou ficar chateado. Nem eu mesmo acreditaria em mim depois do que te fiz. - Não é como se eu pudesse esquecer, seu choro se repete em um looping doloroso nos cofins da minha mente.

Nos últimos dias não consegui dormir direito, a falta que sinto de si somada ao modo como as coisas aconteceram me perturbam. Meu desejo egoísta grita pra não deixá-la ir, porque eu não seria nada sem ela. Mas se Sol não estiver disposta a ficar, o que adiantaria? 

Meu peito ansioso estava comprimido e medroso, falar tudo aquilo que aconteceu na minha vida não era só difícil mas como também doloroso.

- Eu acredito em você. - Suas sobrancelhas se unem em consternação e agonia, algo além de meu entendimento a aflige, e me corrói. - Acho que sempre acreditei. Acredito na sua dor porque a sinto a cada palavra que você diz. Sei que é sincero.

- Mas?

- Mas ainda estou magoada. Reconheço seus motivos, mas meu coração tem medo.

- Confie em mim. - Me aproximo exasperado, sequer me policiando de tocar seu rosto com minhas duas mãos. Minha pele chama pela sua, sentí-la me faz respirar bem. - Eu prometo te contar qualquer coisa que acontecer daqui em diante, aquilo não vai se repetir outra vez. Eu te dou a minha palavra. - Enxergo a hesitação juntamente ao anseio que brilha em suas íris. Suas mãos delicadas tocam meus braços que se arrepiam com o toque conhecido, seus lábios tocam a palma da minha mão direita e ela respira longamente e então, me abraça.

É como estar em casa novamente depois de um longo tempo, ainda que a falta de resposta me deixe agoniado, sentir seu calor, seus braços que enlaçam meu pescoço, seu cheiro doce e suave não tem preço. 

A aperto em meu peito, e sinto suas próprias batidas desenfreadas refletirem em mim.

Não quero soltá-la e ter de lidar com o preço que a sua ausência me trás.

- Você é a pessoa mais forte que eu conheço. - Murmura, os lábios roçando na pele sensível do meu pescoço. - E eu tenho tanto orgulho do homem que você se tornou.

- Por favor, não faça isso. - Firmo meus braços em seu corpo esguio temendo seu tom. 

- Você não merecia passar por nenhuma dessas coisas, nenhuma! Você é incrível, é bom, e foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida.

- Sol, não... - Seu corpo se desprende aos poucos do meu, e suas mãos repousam nas laterais do meu pescoço, geladas. 

Não tenho coragem de abrir os olhos e vê-la partir. Me sinto pequeno. 

Sua testa se encosta na minha e Sol respira descompassadamente.

E em murmúrio baixo, íntimo, que só cabe a nós dois, ela diz o que eu tanto quis ouvir, mas que agora trás uma sensação pesarosa em mescla com a euforia que acomete-me e um penso que não sei ser capaz de segurar. 

Por favor, fique comigo. 

- Eu amo você.

E então vai.

Abro os olhos atormentando, mas sua figura se distancia rapidamente.

Ela corre para fora da Hades.

Eu a perdi.

Ela me ama.

E eu a perdi.

Depois de tudo que tivemos, de cada beijo, cada toque trocado, cada confissão, eu destruí tudo. 

-_______... - Seu nome é um sussurro perdido dentre minha garganta.

Meu nariz arde, e eu pigarreio desconcertado, desorientado.

Ela disse que me ama e partiu.

Meus pés me levam sozinhos até a saída. 

Primeiro passos confusos, então, apressados, depois correndo. Mas quando eu encontro o céu escuro lá fora, não há um sinal de sua presença.

Carros, pessoas, cachorros, uma legião de estranhos.

Sinto seu cheiro em minha pele, e meus braços ainda sabem a sensação de abraçá-la, e ter isso tirado de uma vez e definitivamente me faz pensar que o amor é uma grande e enorme merda que só fode com psicológicos e corações.

E o vazio que conheço bem, mas que havia ficado para trás há um bom tempo, faz-me sentir minúsculo e oco. 

Estou outra vez sozinho.
   

                           §

O tempo mudara de uma hora pra outra, o sol de outrora dera lugar a nuvens espessas e gotas grossas e agressivas.

Paro o carro na frente de casa e tomo respingos antes de abrir a porta.

Não há ninguém. Felizmente.

Jogo a mochila e as chaves do carro no sofá, tirando os sapatos e meias com os próprios pés.

Um gosto amargo me faz querer vomitar. Estou cansado, estou enjoado, de coração partido e com raiva do mundo.

No caminho para o quarto afrouxo a gravata, e na pressa pra tirar a camisa do uniforme arranco alguns botões junto. 

Ótimo.

Massageio o pescoço dolorido e tenso, e entro no banheiro ainda com a calça pendida nos quadris.

A frustração me faz querer rir e gritar.

Rir porque já era previsto que uma hora ou outra eu iria ferrar com tudo.

E gritar porque não quero assumir a dor de ter sido chutado.

Ligo o chuveiro e entro debaixo da água gelada mesmo. Não me incomoda, meu corpo ferve em uma consternação ridícula.

Eu não quero chorar.

Não quero tornar definitivo que a perdi quando a tive pra mim.

Não quando eu havia conseguido quebrar a barreira entre nós, quando havíamos progredido tanto.

Soco a parede e minhas juntas doem do mesmo instante, mesmo assim soco outra vez, e outra, porque a dor física me distrai da dor emocional que faz meus olhos lacrimejarem.

A cerâmica se avermelha aos poucos e eu só paro quando sinto minha mão dormente.

- Burro, idiota, mil vezes burro, Jeon Jungkook você é uma piada. - Cubro meus olhos com as próprias mãos, incapaz de lidar com meu próprio interior.

Toda a minha vida tentando e tentando, e parecia não adiantar coisa alguma.

Era como um círculo vicioso, em que eu sempre acabava do mesmo jeito: Sozinho.

Tiro o resto de roupa molhada largando em qualquer canto do banheiro, e só com esse movimento que percebo a dor excruciante na mão.

Gemo dolorido, observando as juntas machucadas. 

Deixo que a água lave o sangue, e as feridas ardem assim que entram em contato.
De certo, uma distração que me custaria dores desnecessárias.

Muito burro, Jungkook, sua cara.

Termino de tomar o banho do jeito que posso pois a mão começa a doer tanto que eu me arrependo no mesmo instante de ser idiota o suficiente pra ter socado uma parede.

Fecho o registro e enrolo a toalha na cintura.

Saio pingando, mas não estou me importando. Sigo até a cozinha vazia, e agradeço a nem sei o quê por a casa estar vazia, e eu não ter de esbarrar com Junghyun ou meu pai bancando a família feliz. Quero que os dois vão pra o inferno. 

Pego a caixa de primeiros socorros dentre algumas outras caixas sobre o armário e tiro de lá uma gase, enrolando de qualquer jeito sobre as juntas arroxeadas.

Então a campainha toca.

O som fino retumba sobre toda a casa e me faz arquear uma das sobrancelhas, em total incredulidade de quem quer que seja estar lá fora me importunando, não é um bom horário.

Meneio a cabeça e dou um nó do jeito que dá, pra prender a gase.

É o tempo do caralho da campainha tocar de novo.

Pois bem, se a pressa é tão grande então... 

Bagunço os cabelos com a mão boa para secar mais rápido, e abro a porta para que a pessoa perceba que chegou em um péssimo momento.

Mas eu não esperava encontrar Solar encharcada dos pés a cabeça abraçando o próprio corpo por causa do frio lascinante e os lábios arrocheados e trêmulos.

A surpresa é tão inesperada que me deixa paralisado. Mas ela age.

Sua boca gelada encontra a minha em choque tenso e irrupto, e a elucidação clareia minha mente como um rastro de fogo na escuridão.

Meu peito se enche.

Eu entendo. 

A agarro com força contra mim, pra que ela nunca mais fuja.

Ela finalmente voltara pra mim. 


Notas Finais


você jogou fora o amor que eu te dei, o sonho que sonheeei, isso não se faaaz


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...