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História Ruídos de Saturno - Aquarela


Escrita por: souhamucek e Jeleninhaz

Notas do Autor


Boa noite, gente! Essa é minha vez de postar (Jéss) e devo dizer que estamos ansiosas para atualizar desde que o capítulo ficou pronto. Alguns imprevistos aconteceram, e ele acabou ficando sem revisão, mas não poderíamos atrasar mais. Em algumas horas provavelmente o editaremos e o problema com errinhos será resolvido.
Sorry por isso.
Esperamos que gostem dos acontecimentos tanto quanto nós gostamos!
Tenham uma boa leitura ;)

Capítulo 15 - Aquarela


Fanfic / Fanfiction Ruídos de Saturno - Aquarela

Azul. Amarelo. Vermelho. As três cores primárias são as que tenho na paleta de madeira. Dr.ª Patricia disse que, todas as cores que eu quiser, consigo a partir destas.

Com o vermelho e azul chego ao meu roxo, este usado para colorir todo o céu estrelado que escolhi pintar. O amarelo com o azul resulta no belo tom da Terra que observa os planetas seguintes ao longe. O laranja, oriundo da mistura despretensiosa do amarelo com o vermelho, ilustra o calor do sol que aquece todo o espaço solitário.

Grande parte do chão do consultório está tomada pelo papel branco enorme. Consigo enxergar os tacos de madeira próximos às portas de onde presumo que sejam o banheiro e alguma copa ou cozinha estreita. Pensei que levaria mais de uma consulta para preencher todos os espaços vazios, mas, antes que desse por mim, meus olhos mal conseguem notar um espaço sem cor.

A ideia da psicóloga de diluir um pouco para mudar as tonalidades me fascina. Saturno, o meu preferido, está em degrade. Uma belíssima aquarela de azul. Deixei, sem querer, um escorrer um pouco da tinta embebida na água, porém o rastro falho de cor me traz a sensação de lágrima de saudade, como a que vi Iris libertar há quase uma semana.

O borrado é o choro da arte, a expressão silenciosa do sentimento na pintura.

— Shawn, você está se revelando um belíssimo artista. — comenta a doutora, enquanto encaixa a trinche usada em um copo pequeno com água.

— Está torto. Torto. — reprovo os traços imperfeitos. — Tremi a Terra, o anel de saturno escorreu, ..., mas ficou bonito.

— Quer me dizer o que você quis representar na pintura?

Engulo em seco. Eu não sei exatamente. Deixei que o coração segurasse o pincel, fechei os olhos e fiz esse espaço. Não imaginei alguma coisa e desenhei-a, só me permiti.

Sem uma resposta digna em mente, apenas chacoalho a cabeça em negação.

— Aqui, nas minhas estrelas pequenas, tentei colocar um lugar tranquilo. A estrela cadente é você, como se estivesse se descobrindo em uma viagem, sou a pequena lua a observar o passeio. — diz ela, apontando para as partes pintadas por si.

— Uau! Que bonito. Gostei. — pela primeira vez, noto as bochechas da psicóloga ganharem cor. — Você gosta de pintar? — tento ser mais claro. — Como gosto do espaço... ama?

— Amo a arte, por isso os meus atendimentos são mais subjetivos. O que me conforta é passar os sentimentos para algum tipo de arte, seja como música, poesia, desenhos, ..., ou pintura.

— Gosto das suas consultas, a senhora me fez gostar de arte. — os olhos dela brilham bastante com o sorriso que carrega no rosto, chegam a lembrar os de Iris.

— Fico feliz que você tenha gostado de como foi representado. — explica o motivo de ter corado. — Não costumam gostar dos desenhos porque são tremidos. — desabafa.

Parece que mudamos de lugar, sou o psicólogo e Dr.ª Patricia confidencia seus incômodos. É boa a sensação de tê-la a me contar como se sente. Significa que ela confia em mim. Não sou inútil, não para ela.

— Talvez tremer seja a sua... — procuro a palavra certa — essência.

A senhora com cabelos aloirados solta uma risadinha.

Acho que falei algo de errado.

Sem saber o que fazer, eu sorrio.

— Talvez seja.

Ela concorda, o que me conforta. Ao menos, um pouco.

— A minha pintura é a minha vida. Não sei exatamente como quis representá-la, mas é.

De repente, uma sequência de murros sutis na porta rouba a nossa atenção. Uma fresta se abre e, pelo espaço apertado, vejo o rosto de Iris surgir.

— Mãe, desculpe interromper, mas o síndico está querendo falar com você. — seus olhos estacionam em mim. — Oi, Shawn!

Aceno.

Assim que a loira adentra, em um ato costumeiro, meus olhos passeiam por seu corpo, a gravar todos os detalhes possíveis: desde a roupa que usa ao perfume que agora toca minhas narinas.

Não importa quantas vezes eu a encontre nos finais de semana, nunca será o suficiente. 

— Oi! — cumprimento-a, timidamente.

— Iris, sabe qual é o assunto com o síndico? 

— Ele não deu muitos detalhes, acho melhor a senhora ir até lá. — acompanho as expressões insatisfeitas, provavelmente expondo uma confusa.

— Isto é realmente necessário? — Dr.ª Patricia indaga, desgostosa por ter que interromper a sessão. Bufa, antes de se dirigir à porta.

Conhecendo a situação, Iris balança a cabeça positivamente. A mais velha, após dar o aval para a filha me fazer companhia, retira-se da sala.

Fico satisfeito em estar sozinho com ela novamente. Para minha completa sorte, o sorriso amplo que recebo indica que ela talvez sinta a mesma satisfação. 

Deixando a bolsa, outrora estendida sobre os ombros, na cadeira, Iris se concentra em avaliar as pinturas. 

— Nossa! Vejo que estão trabalhando com desenhos. — curiosa, ela apanha uma das folhas, a imagem de um céu estrelado preenche cada centímetro do papel. — Este ficou lindo!

— Eu... fiz e-enquanto pensava na cor dos seus olhos. Sempre achei eles muito bonitos. — revelo, provocando uma evidente surpresa.

Sem que eu me dê conta, meu corpo está próximo ao dela; o cheiro doce me contamina, sem aviso prévio. Estar nesta posição me lembra uma ocasião especial, quando deixei meus receios de lado pela primeira vez.

Seus lábios ainda possuem a mesma coloração de rosa que observei naquele dia. Meu corpo é invadido por uma curiosidade súbita e feroz, a qual me devora silenciosamente.

— Iris... quero tentar uma coisa. — sussurro, abrindo, desta forma, meu coração sucumbido.

— O quê? — devolve no mesmo tom, embora eu acredite que já tenha concluído uma resposta.

Receoso, levanto o braço e toco levemente a mão em seu rosto. As pontas de meus dedos contornam o tecido macio de seus lábios, Iris não se mostra desgostosa pelo carinho quieto; pelo contrário, seus olhos se fecham no momento certo, a aproveitar a carícia.

Tomado por uma súbita coragem, que mal sei de onde veio, substituo os dedos pela minha boca, colando-a na da filha da psicóloga. Mais uma vez, nós estamos juntos da forma extraordinária, e, novamente, eu não sei o que fazer ou onde colocar minhas mãos.

Como se tivesse o poder de adivinhar meus pensamentos, Iris toma a frente, a pousar uma mão em minha nuca, quase no caminho para os cabelos. Meus lábios se entreabrem naturalmente, puxando uma curta corrente de ar para dentro. Aproveitando-se deste ato, sua língua, surpreendentemente, ocupa minha boca e inicia uma espécie de exploração.

Ainda perdido, copio seus movimentos de maneira lenta, a apreciar o gosto que se revela vagarosamente. Nesta hora, seus dedos alteram o caminho, alojando-se entre meus cabelos. Meu coração pulsa de modo atordoado entre os pulmões. É como se estivéssemos abduzidos para um universo paralelo onde só há nós dois.

Passamos tempo indeterminado nesta troca de gostos estranhamente ótima. Encerramos o beijo diferente do outro, quando fica impossível continuar barrando a respiração. Abro os olhos com cuidado, deparando-me com a dona dos olhos azuis fazer o mesmo. De repente, visualizo uma Iris quase tão assustada quanto eu.

Meu coração dá pulos irregulares; as pernas fraquejam; além disso, não entendo como suei tanto ao ponto de minhas mãos estarem molhadas. 

Nunca vou saber quais são as palavras certas para depois de um beijo. O jeito que ela me olha em conjunto às nossas respirações trôpegas faz parecer errado, exatamente enquanto sinto que jamais fiz algo tão certo.

— Esse beijo... ele foi diferente do outro. — minha voz é trêmula, entre os suspiros. — Por quê?

— Foi. — liberta um sorriso, logo prendendo os lábios sob os dentes. — Existem vários tipos de beijo, Shawn. Este foi um... diferente. — Iris responde, a me jogar mais nervosismo.

— Sim, este foi... melhor.

— Sim. — arfa, negando com a cabeça. — Foi realmente muito bom. — seu rosto sustenta um sorriso abobalhado, provavelmente igual ao meu, que, de repente, some. — Mas nós não deveríamos...

— Por que não? Prometo não contar a ninguém. Quando fazemos é bom, e-eu gosto. Acho que deveríamos fazer mais vezes, sim. — contra-argumento, vendo suas bochechas mudarem de cor quase instantaneamente. — Você não gosta. Tudo bem, peço desculpas...

— Não, você não tem do que se desculpar. Só não faça mais, pode nos causar problemas. — desabafa.

Sinto como se colocasse um peso sobre meus ombros.

— Sinto vontade de fazer isso sempre que olho nos seus olhos de perto. Sempre. E achei que fosse ruim... guardá-la.

— Também me dói dizer isso, porém, se ainda quisermos nos ver, não podemos fazer mais.

— E por quê? Eu não entendo! Quero que nossos encontros continuem, mas também quero lhe beijar mais vezes. — nervoso, arrasto os dedos pelos fios de cabelo. — Eu...

— É mais complicado do que parece. É injusto, contudo, muitas vezes, as coisas não são como queremos. — ela alerta, olhando-me com aflição.

Por que é complicado para ela? Em minha cabeça, essa situação parece tão simples de se resolver.

— E... você quer? — questiono-a, com receio e seriedade.

— Eu quero, você sabe que sim.

— Então não há problemas em continuarmos, se é bom e nos faz bem. — ela sorri perante minha conclusão, entretanto, recua-se, quando percebe que seremos interrompidos.

— Que cara chato! — resmunga a doutora, ao abrir a prova novamente. — Já resolvi a questão com o síndico, podemos continuar. Obrigada por ficar com ele, Iris! — anuncia, com animação. Meu estômago embrulha, a me roubar um riso.

— Conversaremos no sábado, Shawn. — a loira cicia, em uma despedida silenciosa. — Até logo!

Mesmo que se empenhe no disfarce, antes que deixe a sala, consigo ver com clareza a ponta de um sorriso enfeitar os seus lábios. 


Notas Finais


Agora que eu vi que a formatação também ficou ruim, chorando rios aqui.
Enfim gente, o que acharam do beijo? Digam aí!
Voltaremos o mais rápido possível.
▶ Conheça Amputado (escrita por Lali) • https://spiritfanfics.com/historia/amputado-7215366
▶ Conheça Hurdle (escrita por Jess) • https://spiritfanfics.com/historia/hurdle-8473781
▶ Teaser • EM BREVE!


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