História Running With The Devil (RWTD) Yoonmin - Chapter One - Maybe he needed some changes

Em uma família de militares, não foi surpresa para ninguém que Min Yoongi procurasse seguir os passos dos seus pais, mesmo que o rapaz no fundo não quisesse de fato aquela vida para si.

Durante muito tempo de sua infância e adolescência, Yoongi foi negligenciado pelos pais, sua mãe era Tenente da Marinha e seu pai era Investigador da polícia de Daegu. O rapaz quase não tinha contato com sua mãe, ela precisava ficar em Gyeryong — onde ficava a sede da Marinha sul-coreana — e seu pai trabalhava em longos plantões exatamente por não ter a esposa durante todos os dias consigo.

Por isso Yoongi passou toda sua adolescência se questionando se ele deveria ou não seguir o mesmo caminho que seus familiares, mas diferente do que o rapaz imaginava, ele não teve tanta escolha assim, pois quando saiu do ensino alto — momento da escola, onde se estuda mais de 18 horas por dia — seu pai já estava comemorando que o filho seguiria seus passos e entraria na academia de polícia.

Min Yoongi realmente não havia decidido o que queria da vida até aquele momento, porém quando chegou em casa e encontrou seu pai o esperando com uma cerveja na mão e outra aberta para si, ele teve pela primeira vez na vida seu momento pai e filho tão esperado por ele.

Yoongi não poderia decepcionar seu progenitor, por esse motivo, ele desistiu de cursar a faculdade que pensava que queria, para poder ingressar na academia de polícia de Daegu, infelizmente ou não, o Min mais novo não achou tão ruim quanto pensou que seria.

Durante os primeiros anos, ele sofreu com algumas piadinhas idiotas, além disso, seu pai esperava demais dele e com isso seus superiores na academia também, afinal ser filho de Min Kangdae, lhe dava responsabilidades e as pessoas sempre queriam que ele se superasse, que ele fosse o melhor, Yoongi usou todo seu ódio para ser realmente o melhor.

Com o tempo, ele foi gostando do que faziam, claro que ele odiava ter que buscar cafezinho enquanto outros detetives trabalhavam em casos importantes, mas em uma dessas, ele realmente pôde mostrar seu potencial e claro mostrar realmente que havia estudado durante todo aquele tempo e se preparado para aquele momento.

Yoongi logo ficou conhecido dentro do departamento, seu pai havia saído do distrito para ir trabalhar dentro de um dos melhores centros, a UOE — Unidade de Operações Especiais — e desde então o Min mais novo havia — finalmente — feito a faculdade de direito — ele queria virar detetive e parar de usar o uniforme que ele tanto odiava — e também tinha subido de cargo.

O Min estava vivendo um dos seus melhores momentos na vida, mas ele não estava nenhum pouco satisfeito, ele sentia que faltava algo, não sabia bem o que era, ele realmente acreditava que se chegasse onde queria profissionalmente, ele ficaria satisfeito com a vida que estava levando, e ele agarraria a primeira oportunidade que surgisse para que realizasse seu sonho.

Só que ele não esperava que tivesse 29 anos quando algo bom finalmente acontecesse, afinal Yoongi sabia que quanto mais próximos dos 30, era mais difícil para si, então ele quase tinha desistido, quase, só que ele não queria desistir de verdade.

Seu pai era um ótimo homem, trabalhava agora em escritórios e não ficava mais em campo, por isso estranhou quando recebeu a ligação do seu progenitor, Yoongi não esperava nem tão cedo que seu pai aparecesse, não depois que o Min mais velho havia pego o filho com um rapaz quando chegou para o visitar sem aviso prévio.

Por isso Yoongi achou que algo havia acontecido com a mãe — que mesmo na idade de estar aposentada, ainda trabalhava, pois era a melhor no que fazia e agora treinava os novatos da base —, então ele atendeu a ligação o mais rápido possível, todo seu nervosismo falando mais alto, mas mesmo com seu pai dizendo que ele deveria se arrumar e ir para Seul ainda naquele dia, e que nada havia acontecido com sua mãe e que estava tudo bem, o rapaz ainda assim estava nervoso.

Porém ele não tardou a se levantar, mudar sua roupa e arrumar seus cabelos pretos, dirigiria até Seul, não gostava tanto assim de andar de avião e ele amava de verdade a sensação de ter seus cabelos ao vento enquanto ele estava dirigindo e na realidade, ele sentia falta de poder correr, e sabia que poderia fazer isso tranquilamente nas estradas que pegaria.

Quando estava no ensino médio, Yoongi cometeu alguns erros, leves erros, mas ainda sim era algo que seu pai nunca aceitaria, algumas amizades o fez conhecer um pouco do que era a sensação de correr, não a pé — claramente —, mas sim de carro e Yoongi se apaixonou por tudo que envolvia carros desde aquela época.

Sempre procurando saber mais, pesquisando sobre, conhecendo mais sobre os diversos tipos de carro e descobrindo o que exatamente precisavam modificar para que eles virassem carros excepcionalmente velozes, mas Yoongi sabia nem tudo ficava guardado para sempre e por isso, seu pai descobriu seus passeios noturnos quando ele estava numa ronda e claro o Min foi castigado por isso.

Diferente do que imaginava, seu pai apenas o castigou e não falou mais nada, e eles superaram aquilo, claro que Yoongi sabia que seu pai também havia aprontado quando mais novo e pensou que por isso o mais velho havia sido um pouco mais maleável consigo, porém ele descobriu depois que seu progenitor só foi flexível, pois já pretendia fazer Yoongi ingressar na academia de polícia e poderia usar desse artifício para que ele aceitasse sem questionar.

Yoongi realmente tinha mais medo da mãe do que do pai — definitivamente —, então o Min mais velho conseguiria com toda certeza convencer o filho de que se ele não entrasse, contaria todos seus erros para sua mãe e ele estava certo, Yoongi não suportaria decepcionar sua mãe.

E era isso que ele pensava enquanto dirigia para Seul, se ele parasse para analisar como o bom policial que era, seu pai parecia um pouco eufórico na ligação, então não poderia ser nada demais, Yoongi realmente queria acreditar nessa hipótese, por isso enquanto corria e sentia a sensação de adrenalina correr pelas suas veias, ele decidiu que descobriria apenas quando chegasse, sofrer por antecipação nunca foi seu forte e sinceramente, se ele começasse a fazer isso agora, ele teria cabelos brancos e ele não estava nenhum pouco à vontade com essa possibilidade.

Um percurso de mais de três horas, virou menos de três horas pela velocidade que Yoongi usava na sua querida e amada Lamborghini, ou Charlotte, como o mais velho a chamava.

Seu carro, era um modelo que nem era fabricado mais, especificamente o modelo Aventador S que ia de 0 a 100km/h em menos de 3 segundos, o carro havia sido quase destruído num acidente há alguns meses e como o envolvido era filhinho de papai, ele entregou o carro de quase 4 milhões para um ferro velho e Yoongi correu para conseguir comprar o carro por um valor muito abaixo e reformou a Charlotte, que agora era seu bem mais precioso.

Quando chegou a Seul, Yoongi precisou — obviamente — reduzir a velocidade e focar no GPS do carro que indicava o caminho que ele precisava fazer até a UOE, o Min até lembrou que não havia tomado café direito e pensou em parar antes de ir até seu pai, mas a ansiedade que havia deixado para trás, voltou com força quando o GPS avisou que ele estava quase chegando, então ele decidiu que poderia comer outra hora.

Seu pai o esperava na porta — depois que Yoongi avisou que estava próximo do local de encontro — e ele parecia animado, assim que o Min mais novo desceu do carro, foi recebido por um sorriso e um abraço caloroso demais para a opinião de Yoongi, porém ele tentou ignorar essa parte e retribuiu o abraço do pai.

— Você veio correndo, né? — seu pai questionou, assim que o soltou e o Min mais novo apenas deu de ombros, não tinha mais idade de mentir.

— Por que me chamou, papai? — Yoongi decidiu perguntar, ele estava curioso demais, principalmente porque seu pai fez questão de avisar que seu capitão já sabia que ele não iria ao distrito.

— Direto ao ponto, como sempre — reclamou o mais velho e começou a caminhar para dentro do prédio, depois de mostrar a credencial, e claro Yoongi o seguiu um pouco impressionado.

Ele nunca havia ido a UOE, seu pai nunca o chamara e Yoongi também nunca se ofereceu para fazer uma visita, estar fora da vista do seu pai era definitivamente algo que o agradava bem mais, do que sua curiosidade de conhecer aquele prédio. O Min mais novo olhava cada pedacinho boquiaberto, o elevador de vidro lhe dava visão de algumas salas e Yoongi conseguia olhar os enormes computadores que possivelmente tinham as melhores configurações e mesmo que não fosse tão ligado nessa parte, ele se imaginou mexendo em cada pedacinho ali.

O Min mais velho riu baixinho ao ver o rosto surpreso do filho, também se sentiu assim quando entrou no local pela primeira vez e gostava de ver que um pouco da criança que existia dentro de Yoongi, dava as caras próximo a ele ainda, isso significava que acima de tudo, o seu pequeno ainda confiava em si, mesmo que a relação não fosse perfeita, eles tinham ainda a confiança entre eles e Kangdae prezava isso demais.

— Venha — Kangdae disse, abrindo a porta de uma sala, onde se encontrava mais dois homens engravatados.

— Min Yoongi — um deles disse. — Finalmente posso dizer que é um prazer conhecê-lo, seu pai fala muito bem de você — comentou, notando as sobrancelhas de Yoongi franzirem, porém nada disse.

— Filho, esses são Yejun e Hajoon — apresentou seus companheiros ao seu filho e esse apenas assentiu, fazendo uma reverência. — Eu acho que vou direto ao ponto, eles te querem aqui filho.

— Mais especificamente, soubemos que você já fez algumas provas tentando subir de cargo e conseguir uma promoção, podemos te dar isso ou podemos te trazer para cá, basta você dizer sim — Yejun falou, fazendo sinal de que Yoongi deveria se sentar, assim que o rapaz, ele se levantou, e ligou o aparelho no grande telão que havia ali.

— E o que eu preciso fazer? — Yoongi quis saber, ele havia se interessado nas duas hipóteses, porém ainda ficava meio receoso de trabalhar com seu pai novamente, uma promoção parecia bem mais atraente para o Min mais novo.

— Temos um rapaz, bom achamos ser um rapaz, tudo começou com vendas de entorpecentes, dos mais variados tipos, sinceramente essa pessoa vendia até o que não sabíamos que podia ser vendido, mas isso passou a não ser o suficiente, e virou roubo de carros, roubo de caminhões, e foi evoluindo, hoje eles roubam mercadorias até mesmo em aeroportos. Nunca conseguimos nada, trabalhamos em conjunto com a Polícia de Busan, mas eles são uma equipe, e essa equipe é bem maior do que sabemos ou podemos lidar — respondeu Yejun apontando para as fotos de vários arquivos do departamento de polícia de Busan. — Nós acreditamos ser um cara porque todo mundo se refere a ele como o Ghost, mas também pode ser que seja uma forma de nos driblar, como tudo que ele faz, sinceramente nós temos pouquíssimas informações.

— E o que exatamente vocês possuem? — Yoongi perguntou, sendo respondido com uma pasta jogada na sua frente por Hajoon, que até então estava calado.

— Tudo que possuímos está nessa pasta que você pode notar, é minúscula. — Hajoon deu de ombros e Yoongi apenas concordou, não pareciam ter muita coisa mesmo, Yoongi abriu a pasta e notou uma foto. — Jung Hoseok, nós sabemos que ele está envolvido e talvez seja o próprio Ghost, mas não temos como provar, só sabemos que ele é mecânico e todos os carros roubados chegam na oficina dele e ele cuida para que não sejam reconhecidos — explicou. — Vira a página — pediu e Yoongi o fez. — Yoo Kihyun, policial infiltrado, ele que nos passou a informação de que Hoseok tem ligação com tudo isso, não sabemos bem como funciona, mas sabemos que a equipe é enorme e eles nunca conhecem ninguém.

— E ele continua do lado certo ou mudou de lado? — o Min mais novo questionou e Hajoon riu baixinho.

— Essa definitivamente é uma boa pergunta, infiltrado há dois anos, nunca consegue tanta informação assim, ele nunca conseguiu chegar perto do Ghost, mas nos deu seu braço direito, Park Jihyun — disse, vendo Yoongi mudar de folha. — Não temos muito contra ele, somente algumas prisões por racha e infrações de trânsito, sinceramente, só sabemos que ele tá dentro porque Kihyun nos garantiu, mas nunca conseguimos de verdade ter algo que fizesse ele ao menos falar algo, ele realmente é leal.

— Park Jihyun, família simples, um irmão mais novo e sem pai, sem mãe, ele só tem o irmão, o irmão dele…? — Yoongi olhou para os dois e eles negaram com a cabeça.

— Park Jimin, não temos nada sobre ele, definitivamente, ele é apenas um garoto dono de uma confeitaria, formado em gastronomia pela faculdade pública, dono das melhores notas e a única culpa que ele tem, é que aparentemente toda a gangue frequenta sua confeitaria? Ele chama o lugar assim, mas ele não vende apenas doces, ele aparentemente faz de tudo lá dentro e alimenta todos, já que a oficina do Hoseok é bem próxima a sua confeitaria.

— Ou seja, o garoto tá limpo, mas o estabelecimento dele é um ponto importante, porque pode ser um ponto de encontro, entendido. Mas eu não entendi bem porque exatamente eu estou aqui.

— Você adora correr Yoongi, seu pai nos disse e toda semana a gangue inteira se junta para isso, praticam rachas e há grandes chances do Ghost estar lá e ninguém saber disso, você é um rosto novo e não é daqui, vamos te dar identidade nova, uma ficha criminal, você vai mudar esse seu cabelo e virar o tipo de pessoa que Ghost gostaria na equipe dele, quero que você cole em Park Jihyun, quero que você seja o responsável pela prisão do Ghost, Yoongi.

— Você tá me dizendo que…. — Yoongi fez uma pausa, olhando pros papéis que tinha em mãos e para os três homens da sala. — Pegar um tal de Ghost me garantirá uma promoção?

— Sim, mas saiba que alguns já tentaram… — o seu pai disse. — A prova disso é Kihyun até hoje estar lá com eles, nunca conseguimos nada, mandar um segundo homem pode ser um suicídio ou uma jogada excelente, mas eu confio em você, Yoongi.

— Eu quero fazer isso — Yoongi falou depois de reler os papéis que eles tinham jogado a sua frente. — Mas como eu vou fazer para entrar de fato?

— Isso é com você. — Deu de ombros. — Kihyun vai te dar a chance de conseguir se aproximar de alguma forma, ele vai te apresentar como um primo distante e o resto é com você, quero que você cole em Kihyun também, precisamos saber se ele ainda está do nosso lado.

— E se ele não estiver, ele não vai contar que eu estou chegando? — Yoongi perguntou.

— Nós realmente acreditamos na lealdade do Kihyun, ele nos dá relatórios diários, encontra conosco, faz de tudo, mas não podemos deixar de questionar, o Yoo é um ótimo policial, sinceramente eu duvido que ele tenha trocado de lado, mas essa vai ser a prova, você é um bom policial e vai passar uma semana com ele antes de finalmente ir ao encontro da gangue pela primeira vez, ele vai te passar tudo e durante esse tempo, você vai observar, se ele trocou de lado Yoongi, você volta na mesma hora, sua vida não vai entrar em risco.

— E onde eu vou encontrar com o Kihyun? Busan? — Os rapazes assentiram e o Min encarou os dois. — Eu preciso participar das rachas, aproximar do Jihyun, participar dos crimes e pegar o Ghost? Basicamente é isso?

— Sim, identidade nova, tudo novo, você continuará como Min Yoongi, porque sabemos que se acostumar com um outro nome, é mais complicado, só precisamos que você faça o que for preciso, faça o que for necessário e não demore mais que um ano para nos dar um resultado, podemos contar com você?

— E qual carro eu vou correr? — Yoongi questionou fechando a pasta de arquivos e encarando seu pai, que sorriu levemente.

— Temos diversas opções para você, alguns parecidos até com a  Charlotte — seu pai respondeu e os olhos de Yoongi brilharam ao saber da informação. — Apreendemos alguns carros e você pode escolher o que quiser, diga o que precisa e nós arrumaremos pra você.

Aquela frase foi boa o suficiente para fazer Min Yoongi sorrir e pensar que pelo menos dentro de um ano ou menos, ele poderia fazer o que mais gostava: correr.