História Rye e Willow : Jogos Vorazes - Toque de Pássaro

    Com a faca que achou junto à mochila dourada, Willow cortou uma parte das costas da jaqueta de Marlow e fez um curativo para a perna dele, agora já havia parado de sangrar. Os dois andavam em uma direção que os levava para mais longe ainda da cornucópia, em busca de comida e água, ou qualquer coisa que os pudesse ajudar. Haviam perdido as frutinhas da plantação de árvores quando saíram correndo de lá. 
   Marlow conseguia andar sozinho, só que o fazia mais devagar pois mancava, os dois estavam atentos, depois dos bestantes eles achavam que qualquer coisa poderia aparecer de repente. Enquanto caminhavam, Marlow contou:
   - Eu não gostava da Marta. Não confiava nela, acho que ela não.. 
   - Não o quê? 
   - Não nos via como aliados. 
   - Como assim? 
   - Acho que por exemplo, se nós três ficássemos até o final, ela não tentaria viver mais, acho que ela tentaria te matar para que nós dois ganhássemos logo. 
  Willow pensou por um instante, a garota havia dito algo assim quando eles estavam a caminho da casa dos bestantes.
  - Agora você me deixou desconfiada. - Willow disse - Vocês também haviam dito que a outra garota do deu Distrito não era confiável. Que ela tentaria me matar quando eu estivesse dormindo. 
  - É. 
  - Como posso ter certeza que você não é igual a elas?
  Marlow olhou para ela. 
  - Não sei, só posso dizer que pode confiar em mim. A garota do meu Distrito, a que morreu na cornucópia, nós tínhamos certeza que ela faria isso, mas a Marta eu só desconfiava, acho que talvez ela seria capaz. 
  Os dois pareceram pensar por um instante enquanto caminhavam.
   - Você não confia mais em mim? 
   - Confio. Não sei porque, mas confio, a gente se conheceu a pouco tempo, mas eu sempre confiei mais em você do que na Marta. 
  Então se calaram por um tempo. Não havia lugar para se ir, não tinham vista de nada. Até aquele momento. 
   - Você também está vendo - perguntou Marlow
   - O quê? 
   - Aquela coisinha cinza. - Ele apontou para frente 
  Willow forçou à vista, mesmo não precisando. 
  - Sim estou vendo. Será que estamos voltando para a cornucópia? 
   - Não sei, será? Então eu tinha perdido a noção da direção. 
   - Na verdade eu tenho certeza que nós estamos indo para mais longe da cornucópia. - disse Willow - Acho melhor nós irmos com atenção. 
   - O que será? - perguntou Marlow - Talvez seja perigoso, pode ter tributos lá. 
   - Bom, é, mas temos que dar uma olhada. 
  Eles continuaram andando, não demorou tanto e o ponto manchado virou um quadrado, eles começavam a achar que aquilo era uma casa no meio do nada. 
   Enquanto caminhavam naquela direção Marlow criou coragem para fazer uma pergunta que poderia ser meio pessoal. 
   - Então, Willow, posso te fazer uma pergunta? 
   Willow sorriu e respondeu:
   - Já fez. 
   - Todos sempre respondem isso. - Ele riu - Sempre mesmo. 
   - Sim, pode.
   - Não precisa responder se não quiser. - Ele começou 
   - O que foi? Fala logo. 
   - Então, Dale no dia da entrevista disse que... Você sabe, gostava de você. 
   Willow baixou o olhar, já começava a pensar aonde aquela conversa poderia parar. 
   Marlow havia percebido que ela não falaria nada e continuou. 
  - Eu gostaria de saber se você.. Você também gosta dele? 
   Aquela pergunta envolveu a mente de Willow, não teve tempo de pensar naquilo, estava muito abalada quando Dale deixou aquilo em público. Várias coisas vieram em sua mente, será que o garoto realmente gostava dela? Será que realmente existia amor à primeira vista? E se ele gostasse dela de verdade, o que ela poderia fazer? Ela já havia admitido para si mesma que gostava de Érick. E agora ela percebia que também sentia algo pelo ruivo de olhos verdes."O que está havendo com você Willow?" ela se perguntou "Não pode sentir "algo" por dois garotos ao mesmo tempo."
   Então ela resolveu ser sincera com sigo mesma, pensou um pouco, e decidiu: gostava um pouco mais de Érick. Certo, havia conhecido Dale primeiro, mas ele quase não havia dito nada, parecia ser muito tímido, bom, ele é um pouco tímido, mas não tanto quanto pareceu naquela primeira vez no trem. Enquanto Érick, parecia combinar mais com ela, era o "príncipe" dos seus sonhos, o único problema era a sua idade.
  Mas ainda tinha uma possibilidade, Dale poderia fingir que gostava dela para trazer mais chances de sobrevivência dos dois, igual sua mãe, Katniss, usou a revelação de seu pai, Peeta, para vencer os Jogos e conquistar o coração de Panem. Só que o seu pai realmente amava ela, e sua mãe acabou gostando dele, porém será que Dale gostava mesmo dela ou só queria salvar os dois? Willow decidiu jogar se ele estiver jogando, mas torceu para não se apaixonar por ele. 
   - Sim, é eu gosto. - Ela então respondeu, mas pensando em Érick - Nós não nos falamos depois da entrevista mas, uma das únicas coisas que eu quero fazer antes de morrer é encontrá-lo. 
   - Sério? - Marlow disse - Não imaginava. O que mais você gostaria de fazer antes de morrer? 
   - Acima de tudo encontrar Rye e rever meus pais. Depois... Eu gostaria de um dia poder ver o planeta Terra, tipo, viajar para todos os países, todos os lugares que existem nesse planeta azul. 
  - Legal. 
  - E você? 
  - Eu? Bom, eu gostaria que um dia eu perguntasse, posso te fazer uma pergunta? E a pessoa respondesse: claro! - os dois riram - sério, todos sempre respondem: você já fez. - ele fez uma voz diferente e eles sorriram
   - E o quê mais? - perguntou Willow
   - Ver minha mãe. - ele respondeu -... Meu pai morreu, e só sobrou nós dois. Eu amo ela.
  Willow só fez um som de concordância com garganta. Depois de meio minuto ela diz:
  - Entendo, também amo meus pais claro. Você me fez lembrar do meu pai que perdeu a perna nos seus primeiros jogos, me deixou com medo é melhor darmos uma olhada. 
   - Seu pai perdeu a perna? - Marlow perguntou parando de andar e se sentando no chão - Sinto muito. - ele esticou a perna machucada - Você deixou foi eu com medo, não quero perder a perna. 
    Willow se ajoelhou ao lado de sua perna e começou a tirar o curativo feito com uma parte das costas da jaqueta de Marlow. Os dois viram a situação da carne, que havia uma pequena parte arrancada pelo bestante. 
   - Não acho que você vá perder a perna. - ela arrancou um pedaço limpo do curativo improvisado - Meu pai levou um corte feio que foi até o osso. 
   Ela pegou a garrafa com água e molhou a parte indefesa da jaqueta- parte limpa do curativo - , então começou a passar devagar e levemente na ferida que parecia um pouco melhor.
  - Onde aprendeu a fazer esse tipo de coisa? - Marlow perguntou
   - Não aprendi, uma vez eu li um livro de pessoas que ficam presas em uma floresta e... Aprendi algumas coisinhas, mas a maioria eu simplesmente faço sem perceber. 
  Depois, ela cortou uma parte de sua própria jaqueta para fazer um novo curativo, pois o outro estava sujo de sangue. Estava prestes a colocar o curativo improvisado quando disse:
   - Espero que isso sare logo, pode nos trazer pro... 
   Ouviram um toque, um toque desconhecido, se assustaram primeiramente, mas depois acharam que era um passarinho por perto, olharam para cima e viram o que eles nem lembravam que existia nos Jogos: um pequeno para-quedas que trazia algo dentro de um pote de metal prata que vinha de patrocinadores. 
   - Meu Deus! - Willow exclamou enquanto observava algo que podia ajudá-los, cair do céu. 
   - Que legal. Mas será que é pra você ou pra mim? 
    Willow não quis dizer que achava que era pra ela, não que ele não tivesse chance, mas ela tinha chamado mais a atenção de Kanem. Então ela se levantou e esperou o para-quedas chegar ao chão, então correu e o pegou, abriu e viu. Um pequeno pote transparente, com um creme amarelado e também um pouco transparente. 
   - O que é? - perguntou Marlow
   Willow pegou o pote e levou até ele. 
  - Espero que te cure, porquê eu vou passar em você. 
  Marlow pegou o pote e observou o seu conteúdo, depois tirou a tampa e cheirou a fragrância. 
   - Você tem certeza? - perguntou
   - Não se preocupe.