- Você não acha estranho que nestes jogos teve mais menores de 16 anos sorteados do que nos anos anteriores? - Disse Orquídea, a garota do 12
- Não sei. Eu cheguei aqui em Kanem esse ano. Ninguém fora daqui sabe o que acontece. - Rye respondeu
Ele percebeu que provavelmente cortariam aquela conversa.
- Há, eu tinha esquecido.
- Na maioria das vezes são sorteados de 16 pra cima?
- Sempre a maioria dos tributos tem 14, 16, 17 e 1918.
- Os de 15 são os excluídos? - Rye sorriu - Que bom.
- Os de 12 e os de 13 também.
- Que bom.
- Quantos anos você tem? - Ela perguntou.
- Doze, e você?
- Treze.
- Acho que manipularam o sorteio por causa de Willow e eu.
- Há é, eu tinha esquecido, a história dos seus pais. Então eu devo te matar como vingança, por quê provavelmente é culpa de vocês eu estar aqui.
Rye soube que era apenas ironia, mas continuou de olho nela. Andaram mais alguns segundos em busca de qualquer tipo de suprimentos que o ajudassem.
- Não acredito que sua mãe causou toda uma revolução e ainda conseguiu ficar viva. - Orquídea disse.
- Graças a Deus ela ficou, e se casou com meu pai, se não eu não estaria aqui, bom, aqui no mundo.
- Claro. Acho melhor nós pararmos agora.
- Sim, e torcer para que achemos algo amanhã, se não podemos ter problemas.
Havia escurecido.
- O que a gente faz? - Disse Rye - Ficamos acordados até o amanhecer? - Você não confia em mim, não é?
- Claro que não.
- Bom, eu confio em você, e acho que você não vai me matar enquanto eu estiver dormindo.
- Há tá, então você vai dormir e eu vou ficar acordado á noite inteira?
- Se você não confia em mim não posso fazer nada.
- Um pão? A gente se mata pra remover essa pedra gigante e tudo o que a gente consegue é um pão de forma?
- Os idealizadores sabem como tirar a felicidade de alguém. - Respondeu Dale - Pelo menos é de um tamanho generoso.
- Espero que o Rye não esteja passando fome. - Willow disse.
- Tomara que achemos ele antes mesmo do hino. - Disse Dale - Vamos continuar procurando, há não ser que você queira fazer uma palsa.
- Não, que bom que você está disposto, vamos continuar procurando. E continuaram, por pelo menos 3 horas. Até que avistaram algo.
- São pessoas, com certeza! - Disse Dale
- Tomara que seja o Rye. - Willow pegou uma flecha e colocou o arco a postos.
- Um tá acordado e o outro, acho, que está dormindo. - Dale observou - Vamos devagar e sem chamar a atenção.
Rye estava atento, e ele sempre foi atento, de uma formiga passando, à um aerodeslizador dos silenciosos voando pelo céu de sua casa no Distrito 12 em Panem. Ele percebeu a movimentação um pouco a frente. Apertou os olhos para ver melhor, e o medo cresceu em seu corpo. O que faria? Devia acordar Orquídea? Achava que sim. Ficou com tanto medo que demorou a perceber o movimento atrás de si próprio. Estaria morto se não fosse uma flecha disparada mais ou menos em sua direção acertando Orquídea que, ele percebeu quando se virou, estava com uma faca em mãos, pronta para matá-lo.
Rye ficou imóvel por alguns segundos, assustado demais pelo o que aconteceu de uma hora para outra. Viu uma flecha ser mandada quase em sua direção, ele percebeu como a morte poderia vir rapidamente e sem dor. Uma hora você poderia estar de vigia e em outra no julgamento final. Seu coração havia sofrido uma pontada de dor com o susto.
- Rye! - Ele ouviu uma voz o chamar. Ele viu a sua "aliada" caída no chão, a flecha em sua garganta, sangue sujava a neve, Rye com medo de uma aproximação que sentia. Seria os carreiristas? Chegara a sua hora? Devia tentar fugir? Ele tentou prestar mais atenção na voz.
- Rye!
Era Willow! Ela chegou até ele e o abraçou, ele retribuiu.
- Willow. - Ele disse entre o abraço
- Que bom que está bem Rye. - Disse Dale
- É. - Disse Willow
- Que bom que vocês também estão bem. - Rye respondeu - E juntos. - Finalmente podemos ficar os três juntos. - Falou Willow - Você está realmente bem?
- Sim, e vocês?
- Estamos bem. - Respondeu Dale.
E só então se ouviu o som do canhão.
- Quem era ela? - Willow perguntou. Rye pensou em qual seria a melhor resposta á se dar, então disse: - A garota do Distrito 12.
- E o que você estava fazendo com ela?
Ele respirou fundo.
- Vendo se ela poderia ser uma aliada, mas eu já desconfiava que ela me trairia.
- Você estava com ela desde o começo? - Dale pergunta.
- Não, estava com o Luttias.
- Há, ele era confiável? - Willow perguntou.
- Sim, como eu já havia dito antes. - Esteve com mais alguém? - Perguntou Dale.
- Não, e vocês?
- Vocês sabem, não sabem? - Começou Rye.
- O quê?
- Agora com esse arco eu posso matar todos os carreiristas, um por um. - Respondeu.
Dale e Willow se entre-olharam. A qualquer momento o hino iria tocar.
- Vamos pensar bem antes de fazer qualquer coisa. - Falou Willow.
- Claro. - Concordou Dale.
- Bom, com o arco eu posso matar qualquer um que não estiver com uma armadura.
- Falando nisso, você poderia ajudar Willow com o arco, ela tem jeito, só precisa de mais treino.
Rye olhou para Willow.
- Sim, mas os treinamentos já passaram e não sei como podemos treinar aqui, tenho certeza que vamos sair vivos, aí eu e Willow podemos treinar juntos.
- Como você tem tanta certeza de que vocês vão vencer? - Perguntou Dale.
- Nós, vamos sobreviver, nós três, não vamos vencer, vamos sobreviver. Não há vencedores em um mundo como esse, há sobreviventes.
- Era isso o que o Haymitch dizia quando eu perguntava sobre os jogos. - Falou Willow.
- Quem é Haymitch? Esse nome me é familiar. - Disse Dale.
- Acho que você gosta de História. - Disse Willow.
- Éé.. Um pouco.
- Vamos sair daqui, é só não afrouxar o cinto. - Rye continuou.
- Provavelmente os Idealizadores já sabem o que pretendemos, - Disse Willow -mas duvido que eles transmitem a nossa conversa.
- Talvez tentem nos matar. - Disse Dale.
- Talvez o presidente Newton mande que nos matem. - Disse Willow. - Por isso devemos ficar de olhos bem abertos, e o que vier enfrentamos com todas as forças, vamos conseguir, eu sei.
Willow ficou olhando para o Irmão por um tempo, ele havia mudado muito desde a última vez em que se viram antes de entrarem nos jogos, como Dale. Ela então o abraçou. Ele não entendeu muito no início, mas retribuiu o carinho da irmã. Os jogos mudavam a quase todos, isso estava claro.
O hino gritou na arena e o logo de Kanem apareceu no "céu", o rosto da garota do 12 foi o único a aparecer e depois sumir. Ao fim do hino, logo a voz do locutor anunciou:
"Atenção tributos, atenção! Pela segunda vez na história dos jogos, uma regra será atualizada! A partir de agora, três tributos podem ser considerados vitoriosos se forem do mesmo Distrito. Boa sorte, e que você sempre tenha as melhores armas!"
Willow imediatamente entendeu a jogada da Capital.
- Entendi o objetivo deles. - Ela disse
- Como assim? Qual o objetivo deles? - Rye pergunta.
Naquele momento se ouve o canhão anunciando a morte de algum tributo.
- Acho que os carreiristas já estão matando uns aos outros. - Disse Dale.
- O presidente e os idealizadores já sabem do nosso plano. - Explicou Willow - E para não acabarem sendo desafiados por nós, fizeram isso.
- Bom, mas você me disse que aconteceu isso com nossos pais. - Lembrou Rye - E se no final eles voltarem atrás também?
- Acho que não. - Disse Dale - Devem estar com medo de vocês dois influenciarem uma rebelião, como sua mãe fez.
- Sim, - Willow concordou - sinto medo, eles podem tentar nos matar, ainda mais com o que estamos conversando aqui.
- Tudo o que nós queremos é sair daqui. - Falou Rye.
- É. - Dale concordou.
- Certo,- Willow disse - Vamos nos reversar para dormir e amanhã vamos procurar mais suprimentos em baixo das pedras.
- Em baixo das pedras? - Rye estranhou.
- É. - Dale sorriu - se empurramos as pedras, achamos algumas coisas.
- Água, comida, iscas de peixe, fósforos.
- Sério? - Rye não podia acreditar. - Sério.
A noite estava gelada, era a mais fria desde o começo do jogo, mesmo dentro de seus sacos, os três ainda sentiam um pouco o frio. Era a vez de Rye ficar de vigia, mas Willow resolveu ficar acordada com ele, já que não conseguia dormir. Os dois imaginaram se algum tributo estaria morrendo por causa do frio naquele momento.
- Eu também quase desmaiei de frio na primeira noite. - Willow afirmou. - Foi?
- Sim, com Marlow e Marta.
- Hm, e eles dois eram confiáveis?
- Segundo o Marlow, ela não, mas eu sei que ele era. Foi difícil vê-lo morrer.
Rye respirou fundo com uma lembrança.
- Ouvir o sofrimento de Luttias antes de morrer também foi difícil. Infelizmente nunca irei esquecer.
- Acho que vocês se tornaram ótimos amigos não é? Sinto muito. Mas acho que teve que acontecer, assim como com Marlow, eles precisaram morrer para que nós três possamos formar uma equipe.
Segundos de silêncio.
- Os jogos nos mudam. - Rye disse - Não todos nós, mas a grande maioria. Você percebeu como o Dale mudou? Antes ele era mais.. Quieto.
- Tímido. - Willow concordou, ela pensou se deveria continuar com o plano de amor ao Dale mesmo com a mudança de regras, decidiu parar com aquilo - Você também mudou um pouco, eu também.
- Antes só pensávamos na aventura, - Rye lembrou - sobre como seria o máximo viajar para outro país que não fosse Panem.
- Se não tivéssemos vindo não estaríamos neste horror todo.
- Peraí Willow, o que é aquilo? - Rye viu algo ao longe.
- O quê?
- Ali. - ele apontou.
- É difícil de ver, mas está mais branco que o resto do frio.
- Oh não, eu sei o que é. - Rye respondeu parecendo assustado.
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