História S W E E T - Fillie - C. Quarenta e três : Ursinho.

W O L F H A R D

Brooklynn estava no quarto, abraçada com seu ursinho de pelúcia verde velho, a mochila estava jogada no chão do quarto, em cima do tapete e os tênis também estavam ali perto

Me sentei na ponta da cama e ela se encolheu, abraçando o ursinho mais forte e escondendo o rosto.

— Como foi a aula? — perguntei tentando distraí-la.

Brooklynn não respondeu.

— Eu tô pensando em pedir um sanduíche pra jantar, sabe… do Mcdonald 's, o que você acha?

Continuou quieta.

— Bom, me avisa quando quiser…  comer. — me levantei pronto para sair, mas a mão dela segurou a minha, ela me olhou e eu entendi o que ela queria.

Seus olhinhos estavam marejados, sua testa suada e até seu ursinho estava meio molhado.

Me deitei ao lado dela e a abracei sentindo as lágrimas molharem minha camisa, comecei a acariciar o cabelo dela, Brooklynn apertou mais o ursinho.

— As meninas da turma de teatro disseram que eu era feia. — ela disse entre lágrimas. — Quando a aula acabou elas me derrubaram no chão do corredor e disseram que meu canto não era ali… elas estão fazendo isso há dias, Finn…

— E porque você não me disse? 

— Eu não quis te preocupar, já teve a confusão do papai no final de semana, eu pensei que ia parar, mas não para Finn… elas dizem coisas horríveis de mim, dizem que eu fui abandonada, que eu nunca vou ser atriz porque ninguém vai me contratar…

— Brooke… você ainda é nova pra se importar com sua carreira, mas elas não podem falar isso de você. Vou na sua escola amanhã, posso atrasar alguns minutos pra aula, quero falar pessoalmente com a mãe das meninas, não vou aceitar elas praticarem bullying com você.

— Não! Por favor, pode ser pior, e se elas começarem a fazer coisas piores? — ela se levantou nervosa.

— Eu vou lá e peço pra diretora uma detenção delas, isso é errado Brooke. Você tá sofrendo bullying e não pode deixar isso passar em branco. Me prometa que nunca mais vai esconder alguma coisa dessas de mim. 

Ela respirou fundo antes de responder.

— Prometo.

**

Brooklynn pegou no sono depois que dei um banho nela, Millie estava na cozinha, fazendo sanduíches para nós, minha mãe estava trabalhando com Dalila e não dormiria aqui hoje, dormiria na casa dela.

— Ela dormiu, não é? — Millie perguntou e eu assenti. — Bom, ao menos ela descansa.

— Vou na escola da Brooklynn antes de ir pro colégio, preciso falar com a mãe dessas meninas, se não isso não vai parar. — me sentei na mesa com a mão na cabeça. — Pode ir comigo? Nunca fiz isso antes.

— Passa pra me buscar? — assenti. — Então eu vou. Zach me mandou mensagem, Noah está bem melhor, os curativos começaram a parar de doer e agora ele só precisa de mais alguns dias no hospital, antes do final da semana ele tá em casa.

— Noah é forte, sabia que ele ia sair dessa… — o meu celular apitou. — É o Jack. — falei ao tirá-lo do bolso.

Jack me enviou uma mensagem pedindo um conselho sobre Cylia, ele queria saber como pedi-la em namoro.

— Jack quer pedir a garota em namoro. — falei sorrindo. — Alguma dica?

— Seja você mesmo. — ela disse sem rodeios. — Jack tem que fazer algo que o agrade e ao mesmo tempo agrade a garota. Não é tão difícil. Um pedido extravagante às vezes é legal.

— Ei, eu não fiz um pedido extravagante! — protestei rindo.

— Eu amei seu pedido, meu amor… — ela deu um beijo na minha testa e voltou para perto da sanduicheira. — Mas é como te falei, tem que agradar ambas as partes.

— Então… tá entendi. — falei.

Seja você mesmo.

Enviei a resposta e voltei a me concentrar no problema da minha irmã.

↬ dia seguinte ↫

Acordei com minha mãe me chamando chorando, Brooklynn acordou com febre.

Fui até o quarto da minha irmã e a vi deitada com seu ursinho verde, a camisola azul com estampa espacial estava amarrotada, o lençol branco estava longe da garotinha e o abajur apagado.

— Você? Com febre? Mas você tava bem ontem. — cruzei os braços.

— Talvez foi o jantar… — ela tossiu.

— Mãe, pode preparar o café antes da senhora trabalhar? Vou ter uma conversinha com a Brooke. 

Minha mãe não disse nada, apenas deu as costas e saiu do quarto alegando que prepararia panquecas.

Me sentei na cama da minha irmã e olhei para ela.

— Brooke, você tá com febre mesmo?

Ela exitou.

— Por que você não quer ir à escola hoje?

— E se as meninas me zoarem mais se você for lá?

— As erradas são elas, não você. — falei.

— E se elas me baterem?

— Você se defende, não precisa de medo, se você não quiser, eu não vou à sua escola.

— E se eu quiser? — ela se levantou.

— Aí eu vou.

**

— Preparada? — Millie perguntou.

Brooklynn assentiu relutante, descemos do carro indo em direção a entrada da escola, enquanto eu segurava a mão esquerda de Brooklynn e Millie segurava a direita.

Entramos na escola e os olhares das mães e dos pais que estavam ali caíram sobre nós, alguns cochichos e olhares de reprovação fizeram com Brooklynn apertasse nossas mãos.

— Senhor Wolfhard, que bom que veio. — disse a diretora.

— Senhora Burn. — a cumprimentei. 

A diretora nos levou para dentro da sala dela, Millie e eu nos sentamos em duas cadeiras na frente da mesa, enquanto Brooklynn se sentou em uma poltrona ali perto.

— A que devo o prazer da visita do senhor e sua amiga?

— Namorada. — corrigi rapidamente. — Senhora Burn, minha irmã mais nova, Brooklynn, estuda aqui há anos, desde que se formou no jardim de infância, durante muito tempo ela nunca relatara nada sobre sofrer bullying na escola. Porém, quando cheguei da escola ontem, ela me disse que as colegas estavam falando coisas para ela e derrubam ela na saída da escola. 

— Senhor Wolfhard, eu não fazia ideia…

— E, sei quem são as garotas, gostaria de falar com elas, ou melhor com os pais. Situações assim são resolvidas no diálogo, mas preciso que a senhora tome providências, provavelmente a Brooklynn não é a única aluna a sofrer bullying, então espero que você e sua equipe prestem mais atenção nisso. A escola sempre teve uma boa conduta, sem contar as ótimas críticas, então por favor, não deixem que os alunos sofram com isso. 

Millie apertou a minha mão. 

Eu estava tremendo.

— Senhor Wolfhard, peço desculpas pelo transtorno, vou providenciar uma conversa com os pais das crianças, garanto-lhe que isso não acontecerá novamente.

continua...