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História Sacrifice - Por dentro;


Escrita por: Mari_Lim

Notas do Autor


45??????????

Olha, Olha, Olha eu aqui com mais o que?

Isso mesmo, palavras.
Mentira, é atualização.

Com esse titulo por que?

Porque viso deixar vocês mais "Por dentro" das coisas ( ͡° ͜ʖ ͡°)
Hmmmmm


9k parecer ser a nova dominância dos capítulos, me desculpem, não é porque eu quero, é simplesmente assim, grande, extenso e com muitas coisas, ressalto que quando e dou conta já está assim e não sobra quase nada que eu possa tirar, sabe? ¯\_(ツ)_/¯

Espero que gostem do capítulo abaixo e se sintam realmente por dentro dele.
Porque ele é mais um marco e que antecede muita coisa importante que vocês iram entender nos próximos capítulos - to nervosa - mas as próximas atts vão ser tao recheadas quanto essa então se preparem e não digam que eu não avisei e claro, tentem me entender e aproveitar. Estou oficialmente nervosa.
Acho que irão gostar, mas não sei, então vou cruzar os dedos aqui.

E a att ia ser amanha, mas vou viajar então quis garantir e vim hoje.
Tenham uma ótima noite e aproveitem o capitulo.

Ai ai, jogo a bomba e corro novamente.
Amo vocês.

Capítulo 45 - Por dentro;


Fanfic / Fanfiction Sacrifice - Por dentro;

 

 

 

 

 

 

 

____

3008

____

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

22.09.08, Sábado.

(22,1)

 

 

 

 

 

Desde a hora que abriu os olhos pela primeira vez ele sentiu que seria um daqueles dias em que ele se sentiria mal, mas porque, pensava naquilo com tanta convicção?

Pelo simples fato de que era um dia em que se sentia desconfortável, por vários pequenos motivos, por incômodos sutis, vários, que se uniam e que o fazia se sentir um pouco desconfortável.

 

Ten estava jogado no sofá da sala – e não somente deitado – no sofá da sala, enquanto insistia em assistir à algo – Que ele sequer entendia do que realmente se tratava – numa péssima posição.  Mas o fato era que não prestava atenção e que via tudo de lado, e aquilo dava ânsia de vomito, mas não queria se mexer, sabe? Só queria ficar paradinho.

Enfim, estava bem, queria estar confortável, mas estava mal.

Mas havia muito mais, muito mais mesmo. Convenceu-se de que haveria muito mais, ainda, quando uma lanterninha acendeu em sua mente quando Ricey remexeu, o fazendo cócegas em meio a todo aquele desconforto de assistir numa péssima posição e estar enjoado. Foi ainda impossível não sorrir ao confirmar aquilo. Não se enganaria, era estranho, e muito, e era também novo, principalmente a aceitação que veio junto, afinal, não tinha o que se fazer contra aquilo.

Era algo que o deixou inconformado, mas ciente o bastante para ficar legal com aquilo, afinal agora era como se alcançasse finalmente a pulga atrás de sua orelha, já que já vinha desconfiando daquilo alguns poucos dias, mas não tinha tido uma confirmação ainda, até aquele momento, afinal, aquela informação era clara e verídica, e bebê até dentro do ventre escutava os sons externos.

Ele dava agora pitaco em seu gosto musical, mexendo-se a favor ou contra. Ficava animado, muito animado mesmo – ou chateado –, quando ele começava a tagarelar, sem hora para parar e claro, não queria parar – o bebê – quando tudo que ele mais queria era se desligar do mundo dentro de um sono que faz esquecer-se até do próprio nome.

Como naquele momento, tudo que ele queria era dormir e iria, porém Johnny que tinha saído desde manhã cedo chegou.

Mas ali estava o ponto, ele chegou e falou algo, Ten não ligou, não parecia falar consigo e estava quase dormindo, afinal, Ricey dormia até ele chegar, com sua voz, da qual Ricey pareceu reconhecer Ten não ligou, Ricey sim, matando a pulga atrás de sua orelha.

 

 

— Então você ouve bem, não é? – Indagou, baixinho, sorrindo de lado, dando adeus para seu momento de sossego.

E era claro que ouvia.

Mas tudo ficou silencioso e ele se arrumou ali, encolhendo as pernas até onde conseguia, pousando a mão sobre a própria barriga, sentindo Ricey remexer abaixo dela.

Já Johnny veio e jogou-se ali no sofá, calado, parado, e eram os dois, Ricey não, parecia mexer por eles.

Ten que olhava a TV de lado olhou para a direção do alfa, no fim daquele mesmo sofá. Ele estava com a cabeça recostada no sofá, que o permitia usa-lo de travesseiro, parecia que estava dormindo, mas os olhos voltaram a se abrir e a fechar, estava então com sono, assim como ele.

 Ten desviou, mas logo voltou a olhar novamente, quando o outro suspirou profundamente, tão profundamente que deu agonia. Foi inquietante para ele que não entendia o por que.

Mas nada disse, o alfa então abriu os olhos e olhou, em sua direção, a expressão era de paisagem, igualmente a sua e então Ten pensou que iriam ficar somente naquela e ele não seria quem desviaria, então esperaria o outro falar ou desviar.

 

E ele falou, afinal a bola estava com ele.

 

 

— Quando vai refazer os exames? – Perguntou Johnny, acabando com o desafio de quem passa mais tempo sem piscar e sem falar, fazendo perder a graça do silencio e querer desviar e não responder a pergunta.

 

E talvez, só talvez fosse uma pura impressão sua, mas ele parecia chateado, estava sério demais, ou estava simplesmente sério, ou os dois juntos com a influencia do cansaço ou qualquer coisa que não fazia sentido como sua curiosidade.

Ten olhou novamente, não iria responder, mas ele parecia querer a resposta, então suspirou, minimamente.

 

— Nessa semana – Respondeu.

 

Ele concordou, como se dissesse Hm, certo. Mas Ten sentiu que tinha mais e quando ele sentia aquilo era muito difícil estar errado. Porém, voltaram a ficar calados e ele começou a agir como se quisesse falar.

Ten respirou fundo, se endireitando no sofá, deixando que suas costas ficassem retas contra o braço do sofá, porque aquela posição estava fazendo suas costas doerem e sua barriga ter algo como câimbra.

 

 

— Por quê? – Indagou, o outro só deu de ombros.

— Só pra saber – Disse ele, voltando a fechar os olhos.

— Não parece, Johnny.

 

Não parecia mesmo, não mentiria e disse mesmo e apesar do alfa ter fingido que não o ouviu ele sabia, que ele tinha ouvido muito bem e que talvez estivesse pensando, em algo, coisa que Ten estava começando a achar improvável, por um breve instante, novamente.

 

— Eu estava lendo – Disse ele, lento, como se estivesse prestes a dormir, parecia cansado, com sono, ou muito cansado e com sono.

— Você estava lendo, certo...  – Falou, como um murmúrio, recapitulando, mas era desnecessário e ele só queria que ele falasse, mas parecia ter estagnado – sobre?

— É um dos livros requisitos desse semestre e eu estava lendo – Disse e aquilo Ten já tinha entendido, Johnny estava lendo,ele queria o quê? Uma medalhinha?  – Sabe que o seu sangue é essencial para o bebê, não sabe?

— Claro – Disse Ten, o encarando.

— Mas está com anemia, o que causa deficiência dos glóbulos vermelhos, sangue – Disse, sem o olhar, ainda – o que significa que não há sangue o suficiente sendo enviado até a placenta para que o bebê se desenvolva corretamente.

— Tá... – Falou Ten, tentando digerir tudo, era muita informação – eu estou me cuidando, estou tomando meus remédios direitinhos e irei repetir os exames na sexta – Disse, sentando-se, puxando as pernas, as deixando cair para o lado, afim de dar um conforto as costas, o outro concordou, mas parecia algo que não se resolvia, a conversa então ele perguntou – Porque está dizendo isso assim do nada?

— Você se sente melhor? – Perguntou Johnny, o olhando – Porque você não parece bem ou nem melhor, há vários dias.

— Não estou entendendo aonde quer chegar ou o que quer dizer com tudo isso – Disse Ten, realmente não entendendo o fundamento – E eu estou bem, como deveria estar.

— Não parece – Disse ele, voltando a se recostar no sofá – Meu tempo está corrido ultimamente – Disse Johnny e Ten não queria acreditar que estavam mesmo prestes a entrar em uma discussão, porque parecia com uma, na sua cabeça parecia – e já tem vários dias que sua mãe pede para voltar ao medico, por não ter feito a consulta naquele dia e embora nós dois estejamos envolvidos numa bagunça total eu me sinto responsável por você e eu mal paro aqui, por conta das aulas e você está assim e –

Ten riu, o fazendo se calar, o interrompeu.

 

— Está sugerindo que eu estou sendo irresponsável? – Indagou, Johnny voltou a olhar em sua direção, calado, ele definitivamente estava sugerindo aquilo e Ten realmente não quis, não quis ceder aquela pilha.

— Não Ten, não estou sugerindo isso e muito menos pensei nisso, acredite  – Disse o alfa, mas parecia, parecia muito que ele tinha pensado exatamente aqui e só estivesse a tentar consertar, por talvez não quisesse comprar briga com um gestante, mas não importava, ele não o convenceu, e Ricey começou a se remexer, talvez fosse pelo sentimento de discórdia que não sentia há muito tempo ou talvez fosse o tom do Johnny – mas você está estranho esses dias, e está topando nas coisas, se machucando, seus enjoos voltaram, não está bem.

— Eu não posso escolher como devo me sentir Johnny – Avisou, o alfa desviou e voltou a olhar.

— E você não está bem e é disso que eu estou falando.

— Como eu estaria bem? – Perguntou, cruzando os braços, tentando manter o olhar no do outro, mas não conseguiu, dava raiva, ou algo assim  – Falou com minha mãe?

— Falei com sua mãe.

— Porque falou com minha mãe?

— Na verdade ela falou comigo.

 

Ten suspirou, escorando-se no sofá, olhando para o lado contrario do alfa, olhando a TV que nada o distraia, ele negou, balançando a cabeça.

 

— Você não entenderia tudo que está se passando na minha cabeça, então não me julgue, só me deixe assim, sem questionar – Falou, tudo que teve vontade, nem tudo, mas falou o que achou necessário.

— Como se isso fosse algo ignorável.

— Você poderia ignorar, totalmente – Disse Ten, Johnny riu, mas não era aquele riso, por algo legal, ou por algo feliz, era mais como, sarcástico – Poderia me ignorar como antes, fingir que eu não estou aqui, sair quando aos finais de semana, sei lá!

 — Ainda tem alguns dias até sua consulta, você não poderia marcar para mais cedo?

 

Ten encarou o alfa, desacreditado, a boca aberta devia traduzir bem a sua confusão, ele o ignorou, completamente? Não era para ignorar aquilo, não era para ignorar o que tinha falado, mas ele ignorou e mudou de assunto?

Ten se calou, melhor, permaneceu calado.

Mas estava inquieta, uma mão alisava a barriga, num pedido mudo de que Ricey parasse só um pouquinho, só para ele pensar por si mesmo e não por ele ou todos aqueles hormônios que o mandavam chorar e gritar e claro, brigar.

Suspirou, profundamente.

 

— Estou dando um tempo Johnny, preciso de um tempo e é por isso que eu não voltei lá, ok? – Indagou, mas o outro nada disse, não tinha como o entender – eu não quero prejudicar o meu bebê... e você... de certa forma... não, de certa forma nada, completamente – repensou, Johnny fora quem suspirou daquela vez, a espera do que diria – você está colocando a culpa em mim... como se previne uma anemia? Ou como arranca ela assim? O que quer que eu faça?

— Está levando para o lado errado Ten, não estou te culpando – Disse ele, sério, Ten negou.

— Não, está sim – Disse ele – E eu não estou levando para o lado errado, eu entendi – Respondeu – Você já tentou ter uma vida controlada por qualquer pessoa, menos por você mesmo? – Indagou, olhando o outro, estava calado, pensativo, mas negando – Já tentou casar aos quinze anos, para gerar um bebê que teria como objetivo salvar pessoas? Eu sei, eu sei que estamos quase na mesma situação, pra você é difícil, assim como pra mim, mas para você tudo é diferente, sempre foi – Disse, perdendo-se em suas palavras, em seus pensamentos  – você foi forçado a se casar comigo, mas é diferente, você é um alfa, faz faculdade, já tem dezoito anos... sabe... –  Ele tinha razão, sim, era diferente, ele vinha claramente, mas do que antes, era bem diferente, Johnny era diferente.

— Ten – Disse o alfa, se endireitando no sofá, se pondo a encarar o outro atrás de um espaço para se pronunciar, mas ela não parecia querer ceder espaço algum.

— Não Johnny, não – Interrompeu Ten, desviando, não queria chorar, não por aquilo – Meus pais me amam, eu sei, mas... mas eles não estão do meu lado, como eu preciso, eles são ocupado e tem essa bagunça toda, tem as crianças, deve está mal, tudo, eles não me falam mais nada – Disse, dando uma pausa. Respirou profundamente, para pensar melhor  – Mas tem eu, e então, eu vou para uma consulta de pré-natal, e lá, o medico responsável pela minha gestação diz que queria conversar sobre a decisão que já tinham tomado, por mim.

— Escuta...

— Não... não quero escutar, só quero um tempo, pra processar tudo – Informou ele, para não prolongarem assunto – eu sinto que eu não processei ainda, eu não processei... – Falou, tendo sua ficha caindo, aos poucos. Johnny se remexeu no sofá, Ricey se remexeu na barriga, o fez recuperar o ar e olhar o alfa, por alguns segundos – não acha que eu tenho esse direito... pelo menos? Ou sei lá... não posso sequer...

Johnny negou, mas porque ele negaria? Ele não achava?

 

— Me desculpa, tá? Eu realmente não quis insinuar que estava sendo irresponsável, ou que não tem direito de estar assim...eu só... – Disse, encarando o outro, não queria que a conversa tivesse ido parar ali – eu só estou preocupado, tá?

— E eu com medo Johnny – Disse, sentindo o ar faltar por breves segundos, mas respirou, fundo – Estou com muito medo –  Repetiu, por algum motivo, os olhos marejaram, com todos os motivos.

Suspirou, Ten, que olhou as próprias mãos e negou, não queria chorar, então lutou contra.

Ficou estático, Johnny, que se sentiu horrível, se sentiu estranho, não sabia o que fazer.

 

— Pelo menos você... – Disse ele, a voz quase embargada, mas limpa, ainda –  Pode tentar, só tentar – Disse, a fim de deixar bem claro – Só tentar entender isso? – Perguntou a ele, que ficou apenas o encarando, arrependido.

 

E ele perguntou, Ten realmente perguntou aquilo, quis perguntar, precisou perguntar. Porque tirando os pais de ambos, quem mais poderia apoia-lo com aquilo? Ou pelo menos tentar ver seu lado, se não pudesse apoiar?

Um silencio pairou, os olhos desviaram-se, as mentes se bagunçaram, ou voltaram apenas a se bagunçar um pouco mais, era delicado, o assunto todo.

 

— Eu entendo e eu posso tentar – Disse, a única coisa que poderia dizer, a única que queria e precisava dizer – eu te entendo, Ten – Repetiu ele e ali Ten já não conseguia mais segurar o choro. E era a mesma coisa, na visão do alfa, parecia choro de dias, acumulado e não duvidava que fosse, novamente.

 

O outro concordou, baixando a cabeça, virou o rosto para o outro lado e tentou, se recompor, precisava recompor, mas para Johnny não tinha problema, se mostrar assim, ele tinha direito.

 

— Eu tenho essa coisa... agora – Disse ele, Johnny não entendeu.

— Que coisa? – Indagou.

— Essa sensibilidade toda, que vem e vai embora, mas que esses dias ficaram.

— É compreensível, é normal.

— Eu odeio isso – Disse ele – Não é normal, não pra mim – Disse, certo daquilo – Eu estou triste, tenho medo de encarar minha mãe, estou com medo de encarar meu medico, e tem você, que eu pensava que... – Disse, soluçando. Ainda tentou enxugar, com a manga da blusa, mas eram persistentes.

— O que pensava?

— Que não... que não poderia nunca ser compreensível comigo... em nada, mas é, mais do que eu pensava que poderia.

— Isso é bom, não é?– Disse Johnny, se aproximando um pouco, mas nem tanto, só queria mostrar que estava ali, do jeito dele – mas porque está chorando?

— Porque você continua falando.

— Não queria que eu falasse? – Perguntou Johnny, rindo – seu humor está uma bagunça.

— Gravidez tem disso, estou descobrindo – Disse o ômega, suspirando – Sabe...

— Hm?

— Ricey ouve a minha voz – Disse, tocando a barriga, não estava firme e talvez por isso quisesse dizer aquilo, porque fazia parte, de tudo  – e é estranho, é como se ele respondesse, ele mostra que está aqui, quando eu falo.

— Isso é bom Ten, é ótimo, não é?

— É – Respondeu, concordando – e isso me deixa emotivo,  demais – Intensificou, rindo – e eu nunca imaginei que estaria falando com você sobre o que eu sinto, principalmente nesse estado – brincou ele, apontando para a barriga – e eu devo protege-lo, meu bebê...  – Murmurou, voltando a puxar o ar, inconformado por muito – e Johnny – Disse, ou chamou, não soube dizer, mas ele olhou para o alfa e ele o olhou e então Ten soube, que devia dizer aquilo, por algum motivo – e ele te ouve, também, ele ouve a nós dois e eu estou com medo... de tudo... do futuro.

 

E se ele pudesse escolher, escolheria muito, escolheria ser forte, como antes, escolheria sim, mas não podia escolher aquilo, não agora.

 

— Ei... – Johnny chamou, mas o outro não lhe atendeu –  Cade aquele ômega, marrento... que encarava tudo?

— Não me chame assim, pelo menos não quando eu estiver chorando.

— Por quê?

— Porque não pareço com o Ten que eu geralmente sou, ou geralmente era... quando estou quase afogando em lagrimas, que caem... sem eu deixar... – e falava, cortadamente, era engraçado, a sensibilidade, não os motivos, mas era tudo muito novo, Ten era muito novo.

— Talvez esse seja você – Disse o alfa e parecia absurdo, mas fazia sentido – Talvez você seja sensível, se importe muito, com tudo e que seja medroso, que não sabe comprar uma briga sem chorar – Disse, devagueando ao olhar para a TV ligada enquanto falava.  Ten o olhou, ele viu de canto de olho, mas continuaria  – talvez quando nos conhecemos você estivesse passando por sua fase rebelde, ou você sempre foi daquele jeito?

 — Cala a boca... – Disse ele, desviando –  Eu não quero mais chorar, mas sua voz parece um filme triste, que ativa minhas lagrimas, me faz querer chorar e rir e isso é divergência demais, me deixa com mais vontade... vontade de...

— De chorar – Disse Johnny, por ele, ele agradeceria, por dentro, depois daquele soluço – talvez devesse receber apoio psicológico.

— Espero que isso seja mais uma de suas piadas Johnny.

— Felizmente é – Disse Johnny.

— Obrigado.

— Por?

— Só obrigado... por ser um idiota, mas não um completo idiota, como antes.

— Uau, obrigado pela parte positiva, eu acho – Disse Johnny, rindo pra ele.

Ficaram em silêncio.

— Mas isso é verdade?

— O quê?

— Ele... – Disse Johnny, brincando com as mãos, não sabendo se estava sorrindo ou sério.

 

Não sabendo também como estava, só sabia que aquilo se repetiu em sua cabeça, até ele findar com uma pergunta:

 

— Ele, o bebê, me escuta?

 

Ten desviou, enxugando as lagrimas e soprando o ar para fora, como se tentasse parar de chorar e então ele voltou a olhar.

 

— Escuta sim, Johnny – Respondeu, o alfa sorriu, olhando para frente, concordando, com algo.

 

Silencio, um silencio extremamente preciso.

 

— O bebê gosta da minha voz?

— Não sei – Respondeu sério,tentando se situar, mas acabou rindo com a cara do outro, que o olhava de uma forma, engraçada, preocupada talvez, com aquilo.

— O que isso quer dizer? – Perguntou ele.

— Ele quase sempre acorda, quando você chega , às vezes balança de um lado para o outro quando você fala, principalmente quando fala alto, ou mais sério...  – Disse e Johnny estava realmente surpreso – hm... o que isso quer dizer?

— Eu espero que isso signifique que ele gosta.

— Não sei não – Disse Ten, realmente sério, pensativo, perante Johnny – Você gosta Ricey? – Perguntou, alisando a barriga – ele brigou comigo varias vezes por sua causa, me mandou em-

— Ei

— Me mandou embora – Cochichou, calando-se, Johnny se inquietou no sofá.

— Ei – Chamou, mais sério daquela vez – O que pensa que está falando? Não pode falar essas coisas.

— Ele falou alto de novo, Ricey – Disse Ten, encarando o alfa, que não sabia se ria ou se ria.

— Você tem febre? Ou bateu a cabeça? – Perguntou, rindo – esses hormônios da gravidez é alguma espécie de... soro da verdade, ou droga, sei lá, álcool?

— Na verdade eu não faço ideia, mas é uma droga, sem duvidas – Disse Ten, se levantando – Você acha que eu engordei muito?

— Que pergunta é essa agora, do nada?

— É que... não sei não, sinceramente não sei por quê diabos perguntei isso – Disse ele.

— Sim, talvez tenha pirado de vez – Respondeu o alfa, por ele – Ou talvez você seja assim, meio pirado.

 

Ten começou a rir, chega ficou vermelho, os olhos lacrimejaram e ele apoiou as duas mãos nas costas e Johnny riu junto, se sentindo um pouco aliviado, mas então as lagrimas começaram a escorrer novamente e Ten negou.

 

— Você... você está chorando de novo? – Perguntou, Johnny muito confuso, olhando a peça.

— Eu to ficando louco... – Disse o ômega, se pondo a caminhar – talvez eu precise – Disse ele, soluçando – de apoio psicológico... é.

— Você quer conversar?

— Não... eu só – Disse ele, parando no segundo degrau – preciso de um chocolate... é – Chocolate era cura para tristeza agora, pensou Johnny que só voltou a afundar em meio a confusão, convencendo-se que talvez lá fosse seu lugar – Chocolate – Repetiu, andando até a cozinha.

 

 

 

Não tinha que entende-lo, mas tinha que aceitar, que ele precisa de tempo, um quarto calmo, um filme que não o fizesse chorar e chocolate, bastante chocolate. E claro, sem julgamentos. E sem observações, ele não queria ser observado, queria apenas ficar na dele, paradinho, enquanto Ricey ficava na dele, agitado, muito agitado, a ponto de não deixa-lo dormir.

 

 

 

 

 

 

______

 

 

 

 

 

 

26.09.08, Quarta-feira.

(22,5)

 

 

 

 

O tic tac do relógio estava lá, as vezes mais alto, as vezes mais baixo, as vezes gritava, como o despertador de sua escrivaninha. De qualquer forma estava lá, presente, tic tac, tic tac, marcando o tempo, dando o tempo, mostrando o tempo e o tempo passava voando e ia na velocidade da luz, praticamente. Anunciava e prescindiam muitas coisas, o tempo, e Ten estava realmente assustado com aquela coisa, que o controlava, em todos os sentidos.

Aquele dia o arrastou, o fez ficar calado, consigo mesmo, por longas horas, o fez querer fugir de seus pensamentos, o fez se concentrar num filme, enquanto brincava com Ricey, mas assistindo. O fez querer ficar desligado, da hora, do tempo em si.

Ele não queria deixar ninguém preocupado, não queria que alguém se importasse, ou cobrasse seus pensamentos, ou um motivo, ou uma explicação, ele só queria estar caladinho, no seu canto, descansando.

Era realmente uma boa para ficar em casa sozinho a maior parte do tempo. Johnny vinha e voltava para a universidade quando era hora, mas o tempo se arrastava, ele não tinha tempo de pensar em conversar, talvez o entendesse um pouco, principalmente que ele precisava não ser questionado.

Pelo menos isso.

Mas a noite chegou e com ela um tédio, que o fez querer barulhos, mas não tinha a mínima vontade de sair.

Johnny tinha saído a uma hora e ele enfim saiu do quarto, indo ficar na sala, abrindo a janela da mesma e perdendo pouco mais que dois minutos ali. Voltou para o centro, deitando-se no sofá para assistir a um filme.

 

Até o celular tocar, perto das oito horas, o fazendo perceber que era terrível olhar para o celular e ver aquele contando ligando e sentir receio de atender. Era ruim.

Olha o que a vida faz, o tempo, as coisas. Tenta destruir as coisas, em um piscar de olhos. Mas Ten piscou três vezes e suspirou, atendendo ao contato que lhe ligava, Dra.Omma. Indo contra a todas as verdades e a toda a bagunça.

 

 

 

E já fazia o quê? Uma meia hora, ou uma hora?

Isso o fez olhar a tela e já era quase duas horas que falava com sua querida mãe?

 A mãe, que o fazia se sentir o pior filho do mundo – e uma pessoa cheia de rancor – mas que o fazia reconhecer que amor, era amor, e pronto. O receio, a magoa, não atrapalhava por muito tempo.

E de repente seu dia de desconforto se tornou mais confortável, tinha sido uma boa noite, tinha falado até com seu pai, por uns quinze minutos e agora falava com sua mãe, a quase meia hora ou bem mais que isso.

 

— Não acha que deveria estar aproveitando a sua noite sem plantão, sem centro, sem nada, para curtir, sei lá, um sono maravilhoso ou sei lá, conversar com o appa?

— Converso com seu pai todos os dias, todas as horas, todos os minutos, não ter plantão é bom, algumas vezes, o centro me distrai e faz parte de mim e eu prefiro mil vezes falar com meu filho, do quê dormir, ou falar com seu pai, sobre você, sempre iniciamos nossa conversa com você e terminamos com você, então, ele me mandou ligar logo para você – E riu, a mulher, parando de rir – Eu vou sair do quarto, não quero acordar o Sr. Taeoh.

— Omma... – Falou Ten, rindo, a mãe era um caso perdido.

— Filho, eu sinto sua falta, não posso falar com você? – Perguntou.

— Claro que pode omma, mas você não desliga de tudo, precisa descansar – Opinou o filho – eu amo falar com você, sinto sua falta também.

— Então – Disse ela – nos falemos – Avisou e riu.

— Tá, me convenceu – Disse ele – mas precisa acordar pelo menos nove horas amanhã... eu sei que não trabalhará no centro amanha, senhor Taeoh me disse.

— Ele disse muito, ainda – Disse ela, Ten sorriu – Cadê o Johnny?

— Você parece gostar dele – Falou, analisando-a, ela volta e meia trazia Johnny as conversas, não era pura impressão –  Sempre tem que falar nele – Disse ele, sua mãe riu – ele não chegou ainda.

— Ele está gostando?

— De quê?

— Faculdade – Disse ela, rindo – Ou tem outra coisa que ele possa estar gostando ultimamente?

— Isso eu não posso te responder, omma, sabe, eu não me meto em sua vida pessoa, então  – Disse ele – E sim, ele parece estar gostando da faculdade.

— O tempo passa – Disse ela – Vi Johnny pequeno, vi ele crescer, praticamente – Contou para Tem que sequer imaginava isso – Vocês nunca tiveram a chance de conviver, talvez tivesse sido bom – E talvez ela tivesse razão, mas tudo aconteceu assim – vida de médicos é corrida, vida de cirurgiões é ainda mais corrida, não há tempo... – Disse ela, o tempo parou, Ten ficou paradinho nele, apreciando a visita de seu pequeno que já não era assim tão pequeno, mas a ouvia – Acordado? – Indagou ela, após uns segundos, o trazendo até ali.

Ten riu, antes de tudo.

— Acordadíssimo – Respondeu – O bebê mexe muito, nos últimos dias... – A mãe riu, ao fim daquilo, era como se tivesse orgulhosa e feliz, Ten se sentiu bem – Sinto que hoje será uma daquelas noites que não irei dormir.

— Estou ausente, não estou participando da fase mais louca e maravilhosa de sua vida– Disse ela, Ten tentou não ficar triste, afinal, ele sabia, realmente sabia que não se tinha tempo e que o tempo corria, a culpa não era de ninguém  – Filho?

— Omma, não se sinta culpada, você não tem culpa e eu entendo, acredite.

— Eu vou achar tempo, prometo.

— Tá, eu esperarei – disse, o dando animo.

— Sabe... – Murmurou ela, o fazendo se sentir receoso de repente, então murmurou um Hm, para que continuasse – Tenho algo para dizer.

— É coisa... é algo sério – Afirmou, não tendo duvidas.

— Um pouco – Murmurou ela, suspirando.

— Eu sabia que estava mantendo algo – Disse ele – então é isso que tem adiado?

— Hm – Murmurou ela – você quer ouvir? Já deve imaginar do que se trata.

— Manda bala... – Disse, num excesso de coragem, ou burrice – não posso ignorar para sempre.

— Irei viajar amanhã – Começou  ela, Ten suspirou, sentindo-se nervoso, se arrumando ali no sofá, deitando-se de lado, apoiando o celular melhor contra a orelha, enquanto tentava descansar a cabeça.

— Pra Jeju-san?

— É – Confirmou a mãe – Eu disse ao líder que eu tinha uma solução possível, complicada, mas possível – Informou e estava nervosa – ele terá tempo, me liberaram do centro e dos plantões e eu estou indo sozinha, quero falar com eles e dizer, tudo que temos até agora.

Ten suspirou, o ar ficou pesado, bem pesado.

— Uh... mm – Murmurou, mas a cabeça era um branco só – Então vai... apresentar... uh, é... acho que pode ser chamada de apresentação, vai dizer, o plano, a solução amanha?

— É sim – respondeu, Ten tremeu um pouco, Ricey balançou, talvez incomodado por conta de seu coração – Será uma apresentação horrível, onde irei tremer e querer voltar atrás, do começo ao fim... eu não sei nem... eu-

— Ok – Enfim falou, algo, dando um tempo, na linha – Ira falar com o líder, certo omma? Depois disso, é só esperar, ele dirá a resposta... logo, é só esperar...

— Não... – Disse ela, Ten engoliu em seco – É complicado, será complicado, é uma decisão enorme, que só ele tem aval, é sobre a sociedade, todos os seres e ele tem que aceitar e proceder com papeladas, contratos, tratos, sigilosos ou não, não sei... sabe? Envolve muito, muito menos.

— Envolve – Murmurou, concordando – É complicado... – Disse ele, como se estivesse no piloto automático – mais do quê ninguém eu sei que é complicado.

— Sim – Concordou a mãe.

— E se ele não aceitar, o que acontece?

— Esperamos.

— Pelo quê?

— Por meu neto... pela sua felicidade e pelas noticias... sobre o povo. Aceitaremos o que vier e seguiremos em frente, assumirei todas as minhas responsabilidades e alguma hora tudo irá se resolver, não é?

 

Ten riu, não era a hora, mas se odiou, por vários motivos. Tudo aquilo era algo e envolvia coisas que o desestabilizavam, como sua família, seu filho, um futuro.

 

— Eu te conheço como a palma das minhas duas mãos – Falou ela, o fazendo se sentir exposto, nervoso, irritado, triste, o fazendo suspirar – sei o quanto a possibilidade  de ele não aceitar a proposta te deixa animado, afinal, é seu filho ou filha que está no meio disso tudo... mas sei que sente.

— Por não poder ajudar – Disse, por que sua mãe sabia.

— E sente por poder – Disse ela – e se por acaso ele não aceitar eu quero que me prometa que não irá se culpar por nada e que irá ser feliz, com seu filho, com ou sem Johnny, entendeu?

— Omma.

— Você tem o sobrenome dele, mas para mim será sempre meu Chin Ten, meu filho e eu quero que prometa para mim.

— Eu irei pensar, preciso pensar.

— Irei te dar um tempo – Disse ela –  É muito confuso – Disse a mãe – mas eu já disse o que precisava e você sabe o que irei estar fazendo amanhã e eu sinceramente acho que é melhor trocarmos de assunto, ou eu não sei, sabe? Se eu conseguirei...

— Concordo... vamos... vamos falar de outra coisa, por favor.. é, obrigado omma.

Ela riu, de forma estranha, assim como ele, realmente pareciam-se muito.

— Já comeu? – Perguntou ela, a voz era embargada por algo, assim como a sua, que pigarreou a fim de se sentir melhor.

— Até demais – Disse o ômega, tentando recobrar a si, o controle – Eu sinto fome, as vezes não consigo comer nada, mas como, e tenho umas vontades meias loucas – Disse ele, partilhando de uma gargalhada com a mãe.

—É incrível, não é? E sua barriga, foi atingida pela semana 21?

— Eu vejo ela mais que atingida.

— Eu quero muito tocar sua barriga, farei isso assim que voltar, é a primeira coisa que farei – Disse ela, animada.

— A casa é sua – Disse ele – se não vir vou ficar triste.

— Eu irei – Disse ele, convicta, Ten acreditou.

— Ah omma! – Disse ele, lembrando-se de um bom assunto –  O que vai comprar de presente para a tia esse ano?

— Ah meu Deus, a sua tia – Disse ela, Ten soube imediatamente que ela tinha esquecido-se, como quase todos os anos – Se eu não mandar pelo menos um presente ela me mata.

— Mas você só a visita uma vez no ano, em seu aniversario.

— Eu não irei poder esse ano... a minha agenda está lotada.

— Sabe que ela vai te matar, não sabe? – Indagou ele, sério, a mãe riu de nervoso do outro lado da linha.

— Eu acredito, bem lá no fundo, que ela me perdoara, dessa vez.

— Ela já te perdoa por todos os outros dias do ano.

— Não tenho culpa filho, não me deixa pior – Pediu ela, Ten riu, sem intenção de fazê-la lembrar que não tinha tempo para as pessoas de sua família.

— Desculpe omma, sério – Disse ele, rindo – Eu estava pensando aqui... agora... – Disse ele, rindo – eu posso ir no seu lugar.

— O quê? Viajar até Busan?

— Qual o problema? – Indagou, grilado com a surpresa da mãe.

— Não sei... Minsung disse que não ficasse sozinho e se cuidasse e tem os exames, sua consulta.

— Minha consulta foi antecipada, será  sexta-feira, porque Minsung tem que viajar na segunda, irei fazer meus exames amanhã e tudo estará ok – Disse ele com tudo solucionado – E já tem o quê? Uns dois anos que não visito a tia Juna, depois que meu bebê nascer eu não terei tempo, eu estava pensando em passar pelo menos um mês com ela e meus primos depois que eu terminasse meu estagio, mas o que aconteceu? Isso mesmo, me casei e terei um bebê em breve.

— Uau – Murmurou ela – Estamos mesmo vivendo isso?

— Omma! – Disse ele, ela riu – eu quem deveria estar me perguntando isso – disse, rindo – mas voltando o assunto, eu acho que será uma boa ideia, eu ir.

 — Você ira sozinho? – Perguntou ela, não mudando de assunto, felizmente.

— Com quem eu iria? – Indagou.

— Não sei... chama o Jungwoo, ou um outro amigo, ou Johnny, vocês vão de carro, sua tia conhece ele, vocês passam um dia ou dois e voltam, simples e fácil.

— Omma, eu não vou com Johnny pra casa da minha tia e eu não sou criança, sei me cuidar – Disse Ten, como um super argumento – Eu vou, ok? E sozinho.

— Tá? – Indagou ela, como se estivesse pensando, para o liberar, ou sei lá – Claro, você pode se decidir... – Disse ela, mas era receosa, como se estivesse sendo obrigada – Eu irei comprar o presente dela, amanhã, eu peço o seu pai para ir te deixar, ele não trabalha amanhã, pela primeira vez no ano, ele realmente está ocupado.

— Então ele irá enfim me fazer aquela visita? Hm, interessante.

— Seja bonzinho.

— Eu sou, Senhor Taeoh não.

 

 

 

 

 

 

______

 

 

 

 

 

 

E já era tarde assim, quando sua mãe enfim se despediu e foi dormir, porque tinha que resolver muita coisa pela manhã, inclusive comprar o presente da irmã que vê uma vez ao ano. Seu voo saia ao meio dia e aquilo o assustava.

A mãe disse tchau, ele disse o mesmo.

Ficou uns quinze segundos, em silencio total e as únicas coisas que sentia era o coração acelerar e Ricey mexer, enquanto ele nem sequer respirava, pensando em tudo que deixou de pensar enquanto se distraia com a mae.

A porta abriu, e ele enfim se deu conta que não respirava então respirou, seu estomago embrulhou e Ricey se remexeu mais ainda.

Tentou permanecer firme, a cabeça permaneceu sobre o travesseiro no sofá e ele finalmente chegou até ali, sentando-se no sofá, obviamente cansado.

Ten o ignorou e Johnny olhou, Ten acabou olhando também.

 

— O que foi? – Perguntou Johnny, Ten riu, meio chateado, ou completamente, mas acima de tudo triste, mas não diria, não tinha sequer intenção de demonstrar.

Suspirou, não muito, seria pior, já estava sendo.

— Eu já estava quase, só quase – Disse, encarando o alfa – Estava quase acostumado com seu outro perfume – Disse ele um tanto sério, Johnny riu, coçando a nuca.

— Enjoo?

Era retórico, totalmente.

— Esquece – Respondeu, sentando-se – É normal sentir enjoo – Disse, procurando as pantufas.

 

Iria levantar, tomar água e ir no banheiro, era somente isso que planejava fazer, mas demorou demais a dar com a primeira pantufa e consequentemente a segunda o que deu tempo suficiente para demonstrar, o que foi algo errado e Johnny percebeu, ele perceberia, era obvio que sim.

 

— Esse sorriso que está mantendo é sarcástico – Disse ele – Você sabe?

— Não estou sorrindo – Negou, olhando para o alfa, endireitando as costas, achando as pantufas finalmente, mas já era u pouco tarde.

— Está e pensando algo – Afirmou o alfa  – É melhor compartilhar.

— Está querendo me obrigar? Ou é impressão minha? – Indagou, enquanto ria, só para não ser o culpado de tornar as coisas sérias.

— Não, não é impressão – Disse o alfa, sorrindo, não sarcástico, nem irônico.

— Hm – Murmurou  Ten que via um pé de briga, mas faltava muito, para realente ser um pé de briga real – Você não entenderia, Johnny  – Falou, dando uma pausa – mas sinto que irei colocar tudo pra fora, se eu continuar perto de você – Disse, sério, dando o primeiro indicio de que não queria contribuir para aquilo. Johnny o olhou e Ten suspirou, apertando os olhos, o estomago realmente revirava, estava sendo realmente difícil permanecer perto dele – então – Acrescentou, para não sobrar duvidas se levantando enfim do sofá.

— Está usando o enjoo pra me ignorar, sabia?

— Sei sim – Respondeu Ten, tomando o lugar do Johnny, que o encarou, surpreso, mas deixou passar. O alfa riu, abismado, pelo menos.

 

E era bom que ele estivesse no mínimo abismado porque ele acabara de tomar o seu lugar que o tornava mais irônico. Nada mais disseram e Ten enfim saiu, indo até o banheiro, era realmente tarde, e foi quase tarde quando ele entrou no banheiro.

Se agachar não era a maneira mais confortável de ficar por muito tempo,  principalmente depois de um dia cansativo, apesar de não ter feito quase nada, mas se viu sem tempo e obrigado a fazer aquilo.

O enjoo o desestabilizava, o deixava tonto, mas com o estomago vazio, que era por sinal o motivo de alivio. E estava aliviado, e com as pernas cansadas. Saiu de lá, do vaso e depois de escovar os dentes saiu dali, daquele quarto, passando longe da cozinha, não queria correr o risco de voltar a colocar mais nada para fora e nem podia, estava oficialmente em Jejum desde as sete da noite, não poderia colocar nada para fora, já não tinha nada ali no estomago.

 

 

— Vamos dormir Ricey, preciso dormir a noite inteira, não podemos ficar com fome – Falava ele, alisando a barriga, enquanto caminhava até o closet, tirando a blusa “apertada” que usava e a trocando por uma que era quase um vestido – Isso, não podemos ficar com mais fome – Corrigiu, parecia o certo.

Queria se sentir o mais confortável possível, para que dormisse, para que Ricey dormisse, então se livrou da calça e caminhou até a cama, se deitando e se cobrindo até o queixo, pronto para dormir.

Se aproveitando de que Ricey estava quietinho, bem quietinho,  parecia que tinha o ouvido, então ele se deitou de lado, colocando um travesseiro entre as pernas, e as duas mãos abaixo do rosto para não correr o risco de tocar a barriga inconscientemente resultando em acordar Ricey.

Dormiu, sem nem perceber.

 

 

 

 

 

 

 

_______

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

27.09.08, Quinta-feira.

(22,6)

 

 

 

 

 

E acordou se nem perceber, também.

 

Os olhos abriram-se e fecharam-se, num susto, não estava sozinho.

Os olhos voaram pelo quarto, encontrando o despertador sobre a escrivaninha, onde marcava exatamente três da manhã.

Mexeu de um lado para o outro, Ricey que parecia querer o mostrar que estava ali, até se esticar, em pé, ele estava em pé e ele sem dúvidas alguma se esticou todo, e ele poderia ter se esticado todo, empurrando sua bexiga para baixo, numa pressão só e doeu, ou incomodou a ponto de parecer dor.

Sentou-se, saindo da cama rapidamente, a bexiga estava mais que apertada e ele tinha pressa, muita pressa.

A porta estava aberta, a alfa dormia e não acordou e ele passou direto para o banheiro, fechando a porta, indo até o vaso e foi engraçado, realmente engraçado quando ele tentou fazer aquilo de pé quando Ricey o empurrava para baixo.

Desistiu, sentando-se antes que sua bexiga explodisse.

Alisou a barriga, Ricey pareceu se distrair com ele e não sozinho, ele se arrumou, o bebê, e Ten agradeceu, suspirando, mas se arrependendo, o cheiro do perfume do alfa que estava lhe enjoando ainda rondava por ali.

 

 

— Faltam poucas horas – Murmurou, tentando não respirar profundamente – É... vamos tentar voltar a dormir.

 

 

E saiu, do banheiro na ponta dos pés e andou, pelo corredor, mas ao entrar no quarto, o enjoo voltou, mas ele não ligou e se deitou, tentando voltar a dormir e por mais que Ricey mexesse hora ou outra e por mais que estivesse enjoado a ponto de ter a cabeça rodando ele conseguiu dormiu, pequeno cochilos, mas dormiu.

 

 

 

 

_____

 

 

 

Era manhã, acordou-se, espreguiçando-se.

Johnny estava se situando, e acordando na hora que era para acordar, as seis horas. Tinha sentindo na pele como era ruim chegar atrasado, então preferiria mil vezes está morto de sono de quê chegar atrasado em qualquer uma das aulas.

Eram seis e quinze da manhã quando ele estava na cozinha, quase vestido e quase terminando seu café.

Os cabelos castanhos secavam ao natural e a blusa só esperava que ele a abotoasse a calça já estava muito bem alinhada ao seu corpo. Saiu da cozinha com seu café de todas as manhãs e se sentou no sofá da sala, ouvindo o despertador do quarto do outro gritar antes de tê-lo desligando-o, tinha compromissos, o que saiu do quarto como se tivesse corrido uma maratona enquanto arrumava as roupas no lugar, sem ao menos notar sua presença ali.

Xingou algo, ele, tão baixo que nem Johnny conseguiu ouvir, subindo o olhar em seguida e o vendo ali, assistir a sua guerra naquela manhã, e a cara do ômega não era a das melhores, naquela manhã, Johnny não quis nem questionar, acreditou naquilo com força maior quando o outro o ignorou e saiu, andando, até entrar no corredor.

Johnny tinha que estar na universidade as 07h30min, as suas manhãs estavam sendo bem aproveitadas e ele estava agora, as seis e vinte e cindo – pelo menos esse era o horário que o relógio da cozinha marcava quando ele olhou -, ele estava lá, tomando café da manhã, o café puro era apenas um ritual de todas as manhãs.

Ten chegou ali, um pouco melhor, parecia estar – pelos menos –  E como Johnny estava olhando, ou olhou, até ele o encarar o fazendo desviar ele percebeu que o omega  estava pronto para ir a algum lugar, as roupas que usava não era as roupas que ele costumava usar dentro de casa.

O ômega sentou-se no banco da bancada da cozinha e ele estava ali, na mesa, não sabendo se perguntava algo ou se permanecia alado, mas perante a uma duvida daquelas era melhor falar e ver o que acontecia.

 

 

— Tem algum lugar pra ir hoje?

— Tenho – Respondeu ele, após uns segundos, abrindo uma garrafinha de água e olhava para o nada a sua frente, ou para os moveis do outro lado da bancada.

— Tem algo de errado com você?

Ele o encarou, emburrado, mas Johnny via que ele tentava não transparecer. E ele nada disse.

— Está estranho desde ontem – Johnny voltou a falar enquanto mordiscava sua torrada quentinha.

— Estou enjoado, apenas.

— É por causa do perfume? – Perguntou, Ten enfim o encarou.

— Sim, é por causa do perfume que estou enjoado – Respondeu, já que o alfa parecia que não pararia de falar até saber do que queria –  Satisfeito? Estou enjoado por causa que me fez vomitar duas vezes, e que não me deixou dormir na noite que eu mais precisava.

— Porque está tao chateado Ten?

— Porque eu estou enjoado, morrendo de sono e com fome, e fome me deixa chateado, e estou sem poder comer porque tenho uma bateria de exames pra fazer hoje – Disse, parando, mas a língua coçava – e você parece que não liga, e chega e sai com perfumes sendo que eu não uso perfume desde meus dois meses de gravidez porque eu enjoo perfume, principalmente os doces, e os seus.

— Escuta – Disse ele.

— Não me importo com quem saia, então não, não fale nada, porque o ponto não é esse e sim que estou irritado, mas nunca será por isso, entendeu?

— O que eu entendi foi que...

— Foi que eu estou chateado e que não deve ligar pra isso, só isso.

— Estamos brigando? – Perguntou Johnny.

— Não – Respondeu o ômega e não foi irônico, foi sincero, o que deixou Johnny bastante confuso, mas não o fez duvidar que ele estava sendo sincero ao dizer aquilo – Eu não estou, pelo menos, só disse o que queria saber.

— É serio que isso não é uma discussão? Porque parece, muito e eu fiquei chateado agora.

— Normal – Disse ele, o olhando e voltando a tomar de sua água – fui ignorante, reconheço, mas estou realmente uma pilha e não, não é pelo perfume impregnado em você, porque se fosse por isso eu definitivamente estava de saída, porque eu realmente não quero nunca me importar com quem você sai – Disse, Johnny piscou umas trinta vezes pelo menos – mas por favor, se livre dele antes de chegar em casa, realmente enjoo perfume.

— Tempo pra processar? – Perguntou Johnny, rindo.

— Todo o tempo que quiser.

— Tem mais – Disse o alfa – não é só o perfume, ou os exames, ou a fome.

— Quer saber? – Indagou Ten.

— Quero.

— Minha mãe, está indo hoje ao meio dia para Jeju-san – Disse, num fôlego só, Johnny se virou pra ele – e você sabe o que isso significa?

Johnny ficou calado, parecia processar, lentamente.

— Ela está indo propor?

— Sim Johnny, ela está indo hoje, colocar o plano em pratica – Disse, suspirando, tentando não ceder a pilha – E pra mim, agora, é mais difícil do quê antes e eu estou uma pilha, e então estou enjoado, preocupado e me sentindo uma montanha russa e isso chega e eu estou uma pilha – Disse, suspirando, arrumando os cabelos ou bagunçando-os.

— Primeiro fica calmo – Disse o alfa, mas nem ele parecia, como ele queria ajudar daquele jeito?

— Fique você então, eu... eu realmente queria manter isso pra mim, mas já disse e agora está com essa cara e eu me sinto numa cilada e você parece estar nela também, então sai – Disse, e foi infantil.

— Eu estou nessa Ten – Disse ele e riu, o alfa, Ten se debruçou, sobre a bancada.

— Fala alguma coisa – Disse Ten, como se pedisse, mas não estava chorando, felizmente.

— Vai ficar tudo bem... – Disse e Ten o olhou, ainda com o rosto sobre a bancada.

— Então me olha como se eu que pudesse acreditar nisso ou como se realmente acreditasse nisso.

— Vai ficar tudo bem Ten, vai sim.

 

Ele concordou o ômega.

 

— Obrigado – Disse.

Johnny sorriu e então ficaram em silencio, por um tempo.

— Vamos, eu te levo – Disse o alfa, quando ele desceu do banco, o olhando como se pensava se aceitava ou não.

— Eu pego um taxi, vai chegar atrasado na aula.

— Tem tempo – Disse ele – não acho que deva sair assim sozinho.

 

 

E não era uma opção e ele poderia chegar atrasado, naquele dia ele poderia chegar atrasado, porque mesmo que não chegasse, ele estaria atrasado, em tudo. Não teria como se concentrar em nada com aquele tanto de preocupação na cabeça.

O Omega concordou e ele terminou de se arrumar, enquanto o outro fora em seu quarto pegar algo.

Depois disso eles foram, primeiro para fora do apartamento e depois para o elevador que os levariam diretamente para o estacionamento do prédio em que moravam.

O caminho fora silencioso,  e curto, fora como se o hospital central ficasse a cinco minutos dali, mas não, era a mais de meia hora de distancia, bem afastado do centro em si.

Mas chegaram rápido, estavam no lucro. Saíram do carro, as portas bateram e eles entraram no hospital como se fossem robôs, Ten só percebeu de fato que Johnny pretendia o acompanhar  e que estava o acompanhando a todo aquele tempo quando já estava indo para a área em que recolheriam seu sangue, que foi quando notou ele o seguindo, a um passo atrás.

Ele entrou com ele, o olhava, e acompanhou cada movimento dentro da sala, estático, pensativo, ele não devia ter dito nada, Johnny daquele jeito não o aliviava em nada.

Mas Ten fez aquela cara, de que doía muito e doía, sem duvidas doía, mas Johnny não acreditou um só segundo que era por aquilo – ou só por aquilo –  e então os olhos do omega marejaram, e ele abaixou o rosto e se segurou, segurou bastante, até a enfermeira sair da sala pelo menos.

Depois da saída dela ele respirou, profundamente, se segurando, e o ar saiu cortado e não importava se ele não queria chorar na sua frente, ele não conseguiu segurar mais e foi aí que ele enfim desabou e lagrimas, já não se segurando e Johnny que via aquilo ficou paralisado.

Mas ficou calado, por um tempo, tentando pensar.

 

— Ten, porque está chorando exatamente?

— Isso dói – Disse ele, apertando o local – isso dói até pra mim, como eu posso deixar...

— Ei – Disse ele.

Mas o Omega só continuou chorando, enquanto tentava inutilmente parar. Se viu sem saídas, acabou indo até ele, parando a sua frente na poltrona em que estava e ele tentava, realente tentava parar e Johnny realmente tentava pensar em algo que pudesse fazer mas não tinha então acabou apenas se agachando no chão, se apoiando com uma Mao acima de seu joelho enquanto olhava para cima

— Não pensa nisso, não é legal – Disse ele, mas como ele não pensaria, apesar de querer simplesmente esquecer?

— Como eu pude deixar chegar a esse ponto Johnny?

— Não é sua culpa – Disse e Ten realmente tentava parar, puxando o ar e buscando por ar – E eu sei que é impossível e pode até parecer que não me importar ao dizer isso, mas tente não pensar nisso, pelo menos não hoje ou não até termos uma resposta definitiva de la.

Ele concordou, limpando umas lagrimas e se acalmando, mesmo que muito pouco.

— Se eu não tivesse anemia eu não estaria fazendo esse exame idiota – Disse ele fazendo Johnny se perder um pouco e o fazendo perceber que ele estava apenas mudando o contexto, era uma mascara boba, muito boba, mas Johnny sorriu, aquele sorriso amargo, mas concordou.

— Não vai estar mais com anemia, então não terá que fazer esse exame idiota, ok? Não vai fazer, tem que ter um jeito de não fazer – Disse, impulsionando o contexto fantasma, Ten agradeceu por dentro.

— É... tem razão – Disse, fungando – Vamos sair daqui Johnny.

— Vamos – Disse ele, se levantando.

 O esperando, o dando um tempo  e então saíram dali, lentamente.

E os dois estavam tentando entrar num outro contexto quando saíram do hospital e quando pararam perto do carro, estacionado a frente do hospital.

— Você não precisa me deixar em casa – Disse o ômega, o fazendo olhar para ele.

— Aonde quer ir? – Perguntou o alfa.

— A casa do Jungwoo é no caminho da universidade, você pode me deixar lá.

— Tá, eu te deixo lá então.

 

 

 

 

 

 

______

 

 

 

 

 

 

Jungwoo quase fechou a porta na sua cara quando o viu ali parado em frente a sua porta e foi engraçado apesar de toda a aura que sua pessoa demonstrava e apesar de tudo que sentia por dentro, mas ele nunca que faria aquilo, principalmente quando via sua dor, afinal, era seu amigo.

O abraçou, ou ele o abraçou primeiro, não saberia dizer, mas chorou, chorou bastante e o amigo o levou para dentro, dizendo que estava sozinho como quase sempre, entraram em seu quarto.

 

 

— O que houve? – Perguntou Jungwoo, segurando suas mãos e as segurando com firmeza e não seria Jungwoo se não estivesse com o nariz entupido por chorar e não por estar resfriado.

— Minha omma... ela foi hoje Jungwoo, falar com eles – Disse – falar sobre aquilo que eu te contei... sobre aquilo que eu te contei sobre o que eles tem que fazer quando meu bebê nascer... – Informou, tendo Jungwoo o abraçando enquanto afagava sua cabeça –  eu to me sentindo mal, há vários dias e agora estou pior e nem eu estou me entendo sabe? Meu humor anda péssimo e então, eu falei grosso com Johnny hoje, porque eu estava triste, e chateado, por ter passado a noite enjoado, mas eu só estava triste e ele entendeu... e eu não quero Jungwoo, não quero que façam isso... e nada que eu faço ou falo faz sentindo, é só uma misturas de coisas – Jungwoo riu e chorou, o abraçando mais forte – O que eu faço?

 

Chorar, primeiro ele tinha que chorar bastante, expulsar toda aquela tristeza e foi por isso que Jungwoo travou, calado, porque jamais diria que ele tinha que chorar e ele já chorava, então seria bobo de sua parte.

 

 

— Primeiro vamos se acalmar, ok? – Disse ele, se afastando para o olhar mas o puxando para um abraço novamente – eu sei que para todos eu não sei disso... – Falou embargado – mas eu sei e eu infelizmente não sei o que deve fazer, é difícil e eu odeio não poder te dar uma solução agora, eu realmente odeio, então você vai me desculpar e vai tentar se acalmar.

— Eu vou tentar... me acalmar – Disse ele, soluçando – eu não preciso te desculpar... eu sei que não é algo que possa ser solucionado... eu só queria te ver, e queria que me abraçasse, porque eu estou realmente triste e tá difícil e o Johnny é um idiota, ele se importa e eu acho que somos amigos agora e ele não podia se sentir como eu em relação a isso, ele devia ser o que diz que vai dar tudo certo, sabe? E não o que sente medo e fica confuso assim como eu... eu não sei...

— Ele vai ser pai Ten, ele se preocupa com você, como qualquer pessoa que tem a sorte de te ter por perto... é difícil pra ele também, não acha? e ele pode te apoiar e vocês podem ser amigos, vocês são amigos a essa altura do campeonato, sabe o quanto isso é importante agora?

— Você não vai morrer não é? – Perguntou Ten, olhando bem nos seus olhos ao se afastar.

— Que pergunta é essa seu chorão?

— Você não está com o Vírus, não é? Não está agradecendo por Johnny ser possivelmente meu amigo porque você deixara de ser meu amigo não é?

— Eu não deixarei de ser seu amigo mesmo que eu morresse, entendeu? – Perguntou, mas o outro só chorou mais ainda – eu não estou morrendo, é só um resfriado idiota.

— Que bom... é, que bom... acho bom.

— Se acalma...

— Eu vou...

— Quer comer?

— Quero.

 

Jungwoo riu, tentando parar de chorar. Mas os dois falharam feio naquele objetivo.

 

— Vou pedir nosso bolo favorito, vou te abraçar até ir embora e vou colocar minha mascara porque eu realmente não quero te passar esse resfriado!

 

 

Não tinha duvidas, nenhuma, enquanto olhava para o que sorriu para ele, entre todas aquelas lagrimas, ele merecia, Ten, merecia ser feliz e ter quem pudesse ama-lo bem perto. Um monte de gente, centenas, em fila indiana ou em círculo, ao seu redor.

 

 

 

 

 

_______

 

 

 

 

 

 

 

Chegou em casa, rindo antes de entrar por considerar aquele apartamento sua casa, por que sinceramente ele pensou que agradeceria por estar ali, depois de uma manhã cansativa e cheia.

Mas entrou, em sua casa temporária, mas casa, estranhando o silencio, Ten ainda estava com Jungwoo.  

 

Era a primeira vez, que Johnny ficava ali sozinho. Foi estranho, entrar e não ver Ten em algum lugar da casa, mas era aquele estranho de incomum e nada além disso, só foi estranho, não era como se ele sentisse falta, enfim, foi estranho.

Mas tomou banho e pediu comida, ficando indeciso sobre o quanto pedir, Ten sempre pedia o mesmo tanto, três, embora eles não comessem os três e sim meio a meio.

Pediu três, por via das duvidas. Pediu macarronada, queria algo que descesse mais fácil do quê carne, não estava a fim de engolir  mais algo difícil de descer.

Fora uma manhã nada produtiva na universidade, não conseguia focar, em nada, mas a sua sorte é que não fora nada além de aulas longas e entediantes onde eles recuperaram facilzinho o que não aprenderam ouvindo lendo o livro, eram só muitas paginas, mas nada com o que ele não tivesse que se familiarizar, afinal, estava apenas começando.

Deitou uns dez minutos no sofá e estava quase dormindo coisa que o levou a tomar uma medida drástica que seria levantar e correr para um banho.

E assim fez, porque dormir era bom, mas não tinha nada melhor do que um banho num dia de calor e pouca roupa.

Que naquela tarde provavelmente que passaria sozinho seria sua toalha fria por conta do banho recente.

Sentiu-se livre, entendo o porquê de o Omega preferir ficar em casa sozinho.

Era a liberdade.

Andou pela casa, sentindo a liberdade de vestir somente uma toalha na cintura. E não era como se não pudesse fazer aquilo com Ten em casa, mas era diferente.

Conviver tinha como pré-requisito o limite e ele e Ten, bem, precisam muito mais daquilo, limites, Ten mais do que ele mas não mudava os fatos.

Deitou no sofá, ficou um tempo assistindo, tentando não dormir e tentando mais ainda permanecer acordado, agradecendo quando a companhia tocou, porque só poderia ser o entregador. Lutou por cinco segundos antes de se levantar para atender a porta.

Foi engraçado, ou trágico, mas ele não o reconheceu nos primeiros cinco segundos do qual se manteve parado, olhando, desconhecendo até Johnny cair na realidade em que na verdade encarava o alfa pai do ômega com quem morava.

 

 

— Senhor Chin – Disse ele, um pouco sem jeito, abrindo de vez a porta.

 

Fora mais ou menos três segundos de silencio, mas foram três segundos eternos de agonia, enquanto o pai do ômega pareceu o analisar dos pés a cabeça, o fazendo se sentir como se estivesse em um daqueles sonhos onde você está pelado na escola, ou na rua, mas ele só estava de toalha.

Na casa, em que morava, com o filho do alfa que o olhava. O que só por garantia o fez segurar a toalha, para sei lá, não cair.

Era ruim, aquilo era ruim.

 

 

— Johnny – Disse ele sorrindo, o que de certa forma o fez pensar que talvez, só talvez, o pai do ômega não fosse como alguns pais de alguns ômegas, mas ele estava a pensar errado, provavelmente –  Apenas Taeoh.

— Taeoh – Disse ele, corrigindo-se, coçando a nuca – Entra, por favor – Disse, tarde demais até, estava o barrando praticamente, pelo menos era o que parecia.

 

 

 

Era diferente, totalmente diferente, encontrar-se com o pai do Ten em um jantar formal, ou numa viagem na qual mal ficaram realmente de frente um com o outro, pelo menos não sozinhos, como ali.

Sua espinha arrepiou e naquele momento Johnny realmente pensou que Ten poderia muito estar em casa.

O alfa entrou.

 

 

 

 

 

 

 

 

_______

 

 

 

 

 


Notas Finais


Foi tenso, foi um capitulo realmente tenso. Sentimentos a flor da pele os levaram a este capitulo que fora quase todo de desentendimentos, mas como temos dois protagonistas muito mais maduros teve o entendimento, a ajuda e o companheirismo, não foi? Te

Por dentro veio para deixa-los por dentro deles, de como agem e ccomo provavelmente vao agir daqui para frente.
Estou orgulhosa do Johnny, porque ele tenta, realmente tenta.
E não poderia querer mais proteger Ten. Queria abraçar ele e tirar ele dessa confusão toda.
E até agora, parecia que eu tinha deixado o inicio de tudo de lado, mas ai está ele. A solução para o vírus veio a tona e a mae dele viajou até Jeju, porque como sabem ela está a frente e o lider de Bukhan mora em Jeju-san.

Podemos dizer que as coisas começaramm a andar em todos os sentindos e o tic tac está aí marcando o tempo e Ten está hoje de 22 semanas e 6 dias, está sensivel, muito e é culpa dos hormonios e de tudo que ele está tendo que enfrentar, mas tem Johnny que se importa e que está lá e eles brigaram bastante essa semana mas é porque estão sensiveis com tudo.
Mas eles sao provavelmente amigos. E Johnny recebeu o pai do Ten só de toalha, isso vai dar certo? e pra onde Ten pretende ir mesmo?

Entao se preparem e eu espero que tenham gostado do capitulo.


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