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História Sacrifice - Revelar.


Escrita por: Mari_Lim

Notas do Autor


O que dizer desse capítulo?

Não sei, realmente não sei.
Não sei o que irão pensar, o que vão sentir, ou o que vão imaginar que pode acontecer daqui para frente.

Não sei se atenderei as expectativas, mas eu só posso esperar que gostem do que é sacrifice e do que ela tem para "revelar" hoje.

Boa leitura e até a proxima atualização.

Capítulo 68 - Revelar.


Fanfic / Fanfiction Sacrifice - Revelar.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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3008

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10.12.08, Segunda-feira.

(33,3)

 

 

 

 

 

(...)

 

 

 

 

 

O estomago revirava e a vontade de ter aquilo era uma ideia constante que não o deixava se concentrar em nada além daquilo que parecia virar aos poucos um pequeno monstro que o fazia se sentir ansioso e Johnny que estava ali, sentado no banco ao lado, rindo ora ou outra enquanto dizia que ele estava estranho e ele estava mesmo, poderia estar, mas era tudo por conta daquilo, daquele desejo que fez um pobre entregador sair de seu local de trabalho – que funcionava naquele horário justamente para atender públicos daquele horário, mas que nem por isso deixava Ten menos culpado – em plenas duas horas da manha para fazer uma entrega que ficava a mais ou menos meia hora de distancia dali para lhe entregar tacos que ele ainda esperava estar quentinhos e por no processo de espera estar mantendo Johnny ali, que levantou quando a companhia tocou.

 

 

Depois daquilo Johnny não voltou a demorar por estar se sentando ali novamente, logo o entregando seu pedido, que era quase como o seu, mas diferente e um pouco apimentado.

Ou muito.

Já que na primeira mordida ele teve que soprar o ar para fora da boca, quando a boca queimou e o estomago adorou, ou fora Ricey que rodopiou ali dentro como se ainda tivesse todo o espaço do mundo.

 

 

— Deixa eu provar isso – Johnny disse aquilo depois de assistir por tempo até demais a sua reação ao comer aquele taco apimentado, enquanto o seu esfriava em sua mão com apenas uma mordida dada.

— Você não vai gostar – e fora aquilo que ele disse como um conselho de amigo, mas ele apenas negou, achando talvez que ele só não queria dividir.

 

 

 

Mas longe daquilo, já que tinha mais um como aquele e um simples muito ansiosos por sua chegada bem a sua frente, então ele que viu que Johnny realmente queria provar de seu taco não demorou ao encaminha-lo até sua boca, o tendo ainda obtendo suporte ao segurar sua mão, logo mordendo de seu petisco apimentado que não demorou ao fazer resposta química e explosiva em sua boca.

 

 

— Isso... – e ele falou aquilo abrindo a boca como se tivesse ali uma brasa e seria insensibilidade de sua parte se não risse – queima!

— Eu avisei.

— Uau... – e então Johnny que não estava exagerando, porque era realmente apimentado, mas seu gosto, principalmente de grávido, viu Johnny se apressar para abrir a latinha de coca-cola da qual fora talvez a grande salvadora – isso não faz mal ao estomago?

— Pode até fazer, mas eu estou realmente com vontade de comer mais uns três desses.

— Meu Deus – Johnny disse aquilo, depois de mais dois goles dado daquela bebida gaseificada que fazia sua boca queimar mais ainda, mas que a refrescava de alguma forma – como consegue?

— Pra mim parece delicioso.

— Quer suco... água?

— Não pr-

 

E ele diria que não precisava e que estava bem, mas ali estava Johnny de pé.

 

— Água – respondeu, o tendo andando até a geladeira, não demorando ao lhe entregar uma garrafinha geladinha de água – obrigado Johnny.

— Você conversou com o Doulo? – e então Johnny disse aquilo depois de negar ao seu agradecimento, por talvez não achar que não fizera nada demais.

— Conversei e eu fui na primeira aula.

— Quando?

— Na sexta – Ten informou, o olhando – eu disse, você estava estranho.

— Não estava... Só estava...

— É sério, eu posso até parecer mal humorado e não te dá espaço para falar, mas você fala mesmo assim e não liga muito para minha personalidade, mas você realmente agiu de uma forma que eu não conseguia puxar um assunto com você e agora eu sei que era um teste.

— Está chateado agora?

— Não – Ten respondeu rindo, negando ainda ao acenar em negativo – Só estou expondo os fatos.

— Primeiro de tudo, não era um teste – Johnny avisou, depois de engolir o que mastigava – só quis realmente te dá um tempo e foi bom, porque enfim parece que nos entendemos um pouco e tivemos conversas importantes e agora eu sei que, eu não posso parar de puxar assunto, porque você pensa demais e demora demais a si decidir falar comigo por conta própria, porque sei lá, pensa errado de mim.

— Está chateado agora?

— Só estou expondo os fatos.

— Tá, que seja – Ten disse, voltando a comer de sua bomba de pimenta enquanto obviamente sofria por aquilo, mas amava, mantendo então uma relação masoquista com aquela comida que realmente machucava a boca – ele é ótimo.

— Ótimo tipo... Ótimo?

— Ótimo tipo... Confiável, amigável e ótimo.

— Ótimo – Johnny disse aquilo, voltando a olhar para frente, enquanto ouvia Ten chiar, tomando da água – seu desejo não acabou ainda? Porque sério, parece que irei te assistir cair a qualquer momento com uma dor no estomago.

— Vou comer só este.

 

 

 

Johnny só o olhou por mais uns dois segundos, desviando para sua comida logo depois, enquanto levava a latinha de coca-cola até a boca, e então, Ten percebeu naquele momento – melhor, percebeu mais ainda  naquele momento – ao olhar para Johnny, que ele realmente se importava e não era daquela forma em que ele tinha que clicar numa tecla de atualização, para ver se não havia nenhuma nova notificação e sim de uma preocupação em tempo real, que se atualizava sozinha a cada segundo, era nato.

E agora mastigavam tudo que era preciso, tudo que tinham vontade e remoíam e remoeriam tudo que tivessem que remoer, até conseguir engolir, porque era aquilo que os seres humanos faziam.

Pegavam algo, mastigava até ficar em pequenos pedacinhos para enfim conseguir engolir tudo, aceitando, com o objetivo de não se prejudicar, porque estava fazendo o melhor que podia e continuaria fazendo.

Então por pensar assim, Ten terminou seu de comer sua comida e tomou belos três goles de água, se sentindo mais que satisfeito, depois de ter engolido aquilo. Porém, Johnny ainda estava ali e talvez, não tivesse engolido tudo ainda, porque seria mais do quê compreensível se por acaso não tivesse, afinal, era ele, Ten, que apoiou uma das mãos na bancada e girou o banco, ficando de frente para Johnny que o olhou, sem entender, talvez.

 

 

— Vou me deitar agora – Ten disse, tendo Johnny concordando logo em seguida – obrigado por ter pedido os tacos, eu realmente estava com vontade de comer isso.

— Eu percebi – comentou ele, logo rindo – Ten.

— Eu não vou fazer isso de novo, Johnny.

— Sobre o qu-

— Eu não vou estar estranho amanhã, e embora eu não ache que eu fazia isso por intenção eu não vou desviar de você, não vou passar o dia com Jungwoo só para não ter que encarar você com toda a minha insegurança... não era sobre isso, que falaria algo?

—Se eu dissesse que não, iria acreditar?

— Não – Ten fora sincero, embora pudesse estar errado.

 

Possibilidade que se espalhou por toda a cozinha, sumindo como fumaça logo após o alfa rir, assentindo.

 

— Estou cansado disso também, Johnny.

— Isso é bom?

— Deve ser – Ten disse, apoiando o rosto na palma da mão – embora eu não possa garantir nada, deve ser.

— Isso parece bom – Johnny que terminou de comer seu taco disse aquilo, logo virando-se de frente para si, enquanto o imitava, até nas expressões e eram todas tão confusas, com aquele ar de riso, como se o impossível estivesse se fazendo ali entre eles, desencadeando aquele sarcasmo no ar, porque no fim era engraçado, tudo – vamos ser sinceros, sempre.

— Isso parece bom – Ten disse, logo sendo tomado pelo silencio que se instalou ali – o que foi?

— Seja sincero comigo, porque eu sinto como se estivéssemos nos entendo, mas parece que tem muita coisa a dizer, ainda, então seja sincero e eu também serei.

— Tá.

— Estou ouvindo.

— Não gosto de pensar que é isto, mas eu não vou negar que eu tenho medo disso tudo, até porque você.

— Agora, nesse momento, depois de toda a nossa conversa, do quê exatamente tem medo?

— Da mesma coisa.

— Que é?

— De estarmos cometendo um erro e disso você tem que saber, mas sei lá, eu não sei, não sei se estou certo ou errado, em pensar assim principalmente e isso me deixa tão confuso...

— Eu sei.

— E estar nisso, falar disso e aceitar isso me faz entrar numa espécie de paralelo que me contradiz por inteiro – e então, ao dizer aquilo ele pensou ter falado demais, quando Johnny ficou sério, o analisando, mas já tinha dito, não tinha como retirar – Mas eu não quero estragar as coisas por agir estranho com você, por te tratar de forma estranha... até porque somos amigos e continuaremos sendo, e estamos nessa agora e talvez der certo e pode ser bom, se isso acontecer, e se não der – e Johnny assentiu, o entendo mesmo naquele silencio –  se não der certo para ficarmos junto acredito que ainda seremos amigos e daremos um jeito de dar o melhor ao nosso filho – e havia dúvida e talvez fosse aquela duvida que o fizesse sofrer antecipadamente – eu posso pensar assim?

— Você deve pensar assim – e de fato Johnny tentou dizer aquilo e expressar com toda a sua sinceridade aquilo.

 

Porque sim, ele podia pensar assim e deveria, porque bons pensamentos atraem bons acontecimentos e o futuro já é tão incerto para adicionarmos tantos más intenções a ele e ele poderia estar caindo num abismo, poderia estar tomando grandes decisões, dando grandes passos, mas eram todos necessário e ele tinha certeza, que seria recompensado no futuro por cada vez que não duvidou de que ele seria bom.

 

— Até que foi bom falar sobre isso.

— Achou mesmo, Ten?

— Sim – Respondeu ele, sorrindo – eu estou tão confuso que eu poderia simplesmente pirar e eu sou negativo, porque não quero que as coisas sejam ruim para nenhum de nós três no futuro, porque me importo de verdade, só não quero pegar a estrada mais complicada, entende?

— Entendo.

— Mas estou me sentindo mais leve, agora.

— Então vamos continuar sendo sinceros.

— Combinado.

— Vamos devagar com tudo.

— Ótimo.

— Só não faça tudo de novo.

— Eu realmente estou cansado – Ten disse, falando sério sobre aquilo e quando Johnny pensou, por um breve segundo que se chatearia ele assentiu – só não vamos discutir sobre sentimentos, nem fazer cobranças um ao outro  e muito menos culpar o outro por qualquer erro que possamos cometer no futuro, se der errado, a culpa é dos dois.

— De mindinho?

— Você é bobo.

— Você é mais ainda, já que aceitou – Johnny disse, agarrando forte seu dedo – começamos por um trato feito por terceiros e demos errado, muito errado, mas se talvez nós mesmos fizermos um trato poderemos dar muito certo.

— Você quer realmente que dê certo?

— Eu quero.

— Trato feito, então.

 

E pegando a deixa do mindinho eles selaram aquele trato, enquanto se olhavam enquanto davam a entender que tinham muito a falar.

 

— Algo a dizer?

— Johnny, eu não sou doce.

— Não se preocupe, eu não gosto de doce.

 

 

E se fazia sentido, se era a resposta ou o comentário ideal a se fazer Ten realmente não soube, apenas riu, não tendo nenhuma duvida a cessar naquele momento ou informação a acrescentar.

 

— Tá.

— Tá – Johnny o copiou, logo levantando, antes de parar a sua frente – eu posso fazer isso, então? – Questionou ele, levantando as duas mãos até seu rosto, o prendendo em seu olhar, que não vacilava por um segundo – quando o momento parece bom, quando de alguma forma precisamos, para nos entender e principalmente quando... – e então, num desviar Johnny olhou para seus lábios, retornando aos seus olhos, quando o questionou aquilo:

— Quando o quê?

— Quando você parece querer, também.

— Também? – questionou ele.

— Eu quero.

 

E quando Ten por um momento achou que ambos ainda tinham muito a falar ele deu um passo.

E então sem definitivamente mais nada a acrescentar, ou informação alguma a dar, Johnny selou seus lábios, somente, e demoradamente, não passando daquilo, não passando daqueles três ou quatro selares que não os levaram a sentir nada além da pele macia e umedecida dos lábios se tocando superficialmente, sem mais nada a acrescentar, além dos dois naquilo, naquele breve momento.

 

 

 

 

 

 

 

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Naquela manhã, quando o sol já tinha saído, Johnny acordou. Bem em cima da hora, mas acordou e não perdeu aula, porque fora rápido e tomar banho; se arrumar e sair. E era um dia cheio, desde que começara quando no relógio marcou meia noite e ainda era cedo, então tudo era possível, até as onze e cinquenta e nove.

Teve também uma multa de transito colada no para-brisa de seu carro, quando por algum centímetro seu carro ficou fora da faixa na rua de um café muito bem frequentado a quase três quarteirões de sua universidade onde ele parou para comprar um café já que o café do restaurante de sua universidade não era o seu preferido e, o faria perder tempo, e ele precisava de um café para se manter acordado e por isso, apenas recolheu sua multa, a colocando dentro do porta-luvas gentilmente, anotando um lembrete em sua cabeça para quita-la depois para não ter nenhum problema com sua carteira posteriormente.

Atrasou-se para aula e além daquilo pisou com o pé esquerdo na sala de aula, quando o professor fazia um teste oral e relâmpago, para testar o conhecimento básico dos futuros médicos daquela geração.

 

E tudo, absolutamente tudo, fora envolto por uma camada de tensão e pressão naquele dia, e ele tinha uma multa para pagar e uma duvida rondando a sua cabeça sobre seus conhecimentos, já que o professor os lançava as perguntas como se fosse o cajado que consagraria o futuro de todos e após ouvir as respostas ele apenas sorria, para todas, podendo estar satisfeito, ou sendo sarcástico, enquanto já pensava em outra pergunta andando de um lado para o outro, observando aos próprios pés sobre o piso da sala onde mais ou menos cinquenta alunos presentes se perguntavam a mesma coisa.

 

“Eu fui mal? Ou muito mal?”

 

E então as aulas daquela manhã chegaram ao fim e ele enfim pode sair da universidade fazendo seu caminho para casa, mas desviando quando chegou ao centro e decidiu ir logo se livrar da multa dirigindo assim até a central de segurança de transito de Bukhan, para quitar seu pequeno deslize de ter estacionado fora da faixa por no máximo dois centímetros.

 

E se tinha ido mal ou não no teste oral naquela manhã ele não sabia e realmente não queria sequer pensar, então por aquilo, quando ele entrou no apartamento, que atravessou o hall de entrada e antes de entrar no corredor que o levaria até seu quarto resolveu seguir aqueles barulhos, parando assim na porta do quarto do ômega (nota: e de seu filho) ele, de uma forma bem simples e rápida agradeceu, por não ter pensado mais se tinha ido bem ou mau, quando sorriu inevitavelmente sendo arrastado para outra realidade, como se quando entrasse ali, quando visse o andar da carruagem seu óculos o mostrava uma realidade virtual magnifica e sem preocupações.

E dali, pensando agora em nada ele olhou por algum tempo o omega olhar para a parede tão distraído que não o via ali, o olhando mesmo sem saber o que ele estava olhando, até que com um lápis ele delineou marcações, o fazendo ficar curioso o bastante para ir até lá saber do que se tratava, enfim parando do seu lado, enquanto olhava para o que ele parou de fazer, antes de olhar para ele, ao ouvi-lo dizer aquilo:

 

 

— É pra decoração – e então ele apontou para uma caixa ainda lacrada e a outra aberta, em cima da cama, da qual ele andou até e pegou a caixa que já estava aberta, descobrindo então se tratar de vários adesivos, dos mais variados formas e tamanhos.

 

 

E então ele olhou para Ten que se aproximou e revirou a caixa que estava em suas mãos a procura de algum adesivo especifico até que o achou, voltando ao lugar em que estava antes, retirando a pequena película que cobria a parte adesiva do desenho que ele pretendia colar a parede e colou, olhando para si, até que sorriu de volta, já que Johnny sentiu que sorria antes dele, enquanto olhava.

 

 

 

— Ficou legal – Comentou ele, passando a olhar de frente, quando Ten terminou a colagem.

— Ficou?

 

 

O resultado lhe pareceu bom e Ten estava ali, delineando uma nova forma, obviamente de caso pensado, antes de de fato voltar até perto de si e pegar mais um dos adesivos, voltando ao lugar de onde pretendia cola-lo enquanto sussurrava palavras, provavelmente como um pensamento alto e natural, não se incomodando com sua presença, nem agindo estranho, nem sequer recuando a qualquer coisa, como se fugisse.

O resultou lhe pareceu bom e Ten estava ali, o fazendo pensar que um trato poderia até não ser uma solução, mas ajudava. Principalmente quando se podia conversar e tinha conversado. Mas principalmente quando acreditou que tentar se resolver e acreditar que quando chegasse Ten não teria retrocedido em tudo que disse durante a madrugada tinha sido importante. Essencial, na verdade, porque agora, tudo que Johnny acreditava que Ten poderia fazer e precisava fazer agora era acreditar em si, como ele acreditava nele e acreditar que se permitissem os dois, tudo se encaixaria e seria bom no futuro.

 

Talvez tivessem começado com o pé esquerdo desde o inicio e talvez Johnny tivesse começado com o pé esquerdo o seu dia naquele dia. Mas nem sempre aquilo poderia ser excepcionalmente ser atribuído a uma coisa ruim, não é?

Porque o primeiro passo poderia ter sido errado, mas o segundo poderia ser o certo, da mesma forma que o terceiro passo seguinte a este seria errado e o quarto certo, até que um dia pudessem pensar que andar pulando em um pé só, o pé direito, poderia ser a solução, descobrindo não tão distante que seria impossível acertar sempre na vida, porque ora ou outra o pé errado séria necessário. 

Porque é errando e acertando que todos evoluem, é errando e acertando, caindo e levantando que todos aprendem a andar.

Errar é inevitável, porque errar é necessário para se dar um passo de cada vez, aprendendo o que tiver que aprender no processo.

 

Ou Johnny estava errado, em pensar assim?

 

— Eu acho que isso está bem torto, Johnny.

— Está?

— Definitivamente sim.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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11.12.08, Terça-feira.

(33,4)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Não era ouvir atrás da porta, não era também invadir a privacidade de alguém e muito menos querer ouvir, era simplesmente ouvir, porque moravam juntos. Era simplesmente dividir os problemas, por mais que preferisse, muitas vezes, não dividir.

 

 

— Não.

 

 

 

Johnny ouviu a voz cansada dizendo aquilo, antes de ainda ouvi-lo repetindo, quando chegou ali no primeiro dos degraus, sendo enfim notado.

 

 

— Depois nos falamos.

 

 

 E então Johnny que se sentou no sofá a pouco mais de três centímetros de Ten que jogou o celular para o lado do corpo e o olhou da mesma forma que era olhado até então, esperou, que de fato Ten dissesse algo, pois não parecia uma simples conversa, não parecia também que estava invadindo sua privacidade ao querer ouvir a respeito e sim, querer que ele quisesse dividir, por meio que se achar no direito de ouvir a respeito.

 

 

— Quem era? – Questionou, quando Ten se mostrou indisposto a dizer qualquer coisa quando pegou o controle em cima da mesinha de centro.

— Meu pai – Respondeu ele, dando de ombros ao seu olhar, que obviamente expressava curiosidade – Ele quer que eu vá lá.

— Porque ele não vem aqui?

— Porque eu disse que não quero vê-los até ter tomado uma decisão – Ten disse, o olhando, logo começando aquela sequencia de suspiros – e isso ainda vai demorar alguns dias.

— Eu gostaria de entender o que se passa na cabeça deles.

— Não mais do que eu.

— Eu não sei se eu tenho o direito de dizer isso, mas é obvio que eles se importam e é por isso que eu não entendo porque estão fazendo isso.

— Eles sabem que eu estou magoado com eles e eu estou e embora seja estranho e me faça me sentir estranho na maior parte do tempo é bom que eles respeitam meu espaço.

— Sua balança está equilibrada, pelo menos?

— Balança?

— Sobre a decisão que temos que tomar.

— Não, está longe de estar equilibrada.

— Temos tempo até sexta e eu creio que Minah irá nos esclarecer muitas coisas, então não pensa muito até lá.

— É o que eu menos faço esses dias.

— O quê?

— Pensar.

— E você consegue?

— Eu tento – Ten informou.

— Conseguiu dormir?

— Consegui.

— Até?

— Umas sete horas.

— Já almoçou?

— Não.

— E você?

— Também não – Johnny respondeu, vendo Ten assentindo, enquanto voltava a olhar para a televisão – Podemos almoçar fora, se não estiver cansado? – Johnny chamou, tendo Ten o olhando novamente.

— Tudo bem.

 

 

 

 

 

 

 

 

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Eles poderiam assumir e dizer que era o lugar preferido de ambos, aquele restaurante, pois ali estavam novamente, só que daquela vez subindo as escadas, pois em plena uma e meia da tarde o local estava cheio, possivelmente por ser o horário de almoço de muitos que trabalhavam por perto e o restaurante de massas de Bukhan era sem duvidas um lugar esplêndido para se comer.

E ter das mais variadas lembranças, no seu caso.

 

 

— Do que está rindo, Ten?

— Nada, é só que... – e então, quando se sentou na cadeira que se sentou há muitas semanas atrás e teve Johnny ocupando a cadeira ao lado ele achou inviável dizer qualquer coisa – Nada.

— É sério que não vai me dizer?

— Aquela mesa ali embaixo – disse ele, a apontando, tendo Johnny assentindo quando a viu – eu não queria te ligar, mas eu estava quase pirando por vontade de comer aquela pizza, então liguei – e quando disse aquilo Johnny que estava sério até então ganhou o ar de riso que Ten pensou que ele perderia em breve – então eu te liguei e estava disposto a pedir, embora ferisse meu orgulho, mas você estava ocupado e apressado e você deixou isso bem claro e eu me arrependi de ter ligado e resolvi pegar um taxi e vir até aqui pensando porque diabos eu tinha te ligado, então quando eu estava sentado aqui vi você chegando mais o Jaehyun e outros amigos.

— Você disse que nem sabia que eu estava aqui.

— Eu menti – Ten assumiu  – e fiquei aqui, me escondendo atrás de um cardápio.

— Bobo.

— Então eu pensei em ver até onde você ia e te mandei mensagem, lembra?

— Uau... isso...

— Então eu te mandei mensagem e olhei, para ver o que faria e então você me respondeu e eu nem lembro o que exatamente falamos, mas então você começou a ignorar minhas mensagem e eu vi e não aceitou me comprar uma pizza.

— Eu não me lembro de ter você dizendo que queria comer pizza.

— Você colocou três pontinhos e antes disso eu lembro que disse que estava ocupado, ou sei lá, depois de eu ter dito que eles não estavam fazendo entrega.

 

 

Sem argumentos, pareceu até pensar profundamente, não demorando a dar um gole na aula que o garçom tinha vindo servir a eles a poucos segundos.

 

 

 — Mas eu já estava aqui comendo ela e então eu fui ter vontade de comer Tiramisu e na primeiro colherada sai correndo pra colocar tudo para fora e o resto você já sabe.

— Tudo era diferente naquele tempo.

— Realmente.

 

Era um contraste gritante, Johnny e Ten naquele tempo.

 

— Se eu soubesse que ia ficar com essa cara eu não tinha nem falado.

— Você estava rindo, pensei que era algo engraçado.

— Pra mim é, a parte até antes do banheiro e poder lembrar e rir da grande diferença entre nós agora.

— Acho que aquele dia foi o primeiro dia de muitas coisas.

— O primeiro dia de muitas coisas?

— Foi a primeira vez que eu senti algo que eu realmente entendo como medo de perder ele, mas claro que eu não pensava assim, talvez eu achasse que era uma preocupação nata, como instinto e eu odiei ver aquilo... eu acho que seria até capaz de reconhecer eles.

— Sem essa.

— É sério.

— E se reconhecesse, faria algo?

— Se acontecesse algo que me fizesse achar que tinha o direito de fazer algo, sim.

— Hm – Ten murmurou – enfim, foi engraçado me lembrar disso, porque parece tudo tão contraditório agora.

— Porque é – Johnny disse – Vai pedir o mesmo de sempre?

— Carbonara, acho que vou pedir Carbonara dessa vez e nada de Tiramisu.

— Carbonara é bom.

— Vai pedir o mesmo? – Ten questionou, tendo Johnny ainda olhando para o cardápio, mas assentindo – e uma pizza pequena de marguerita, porque para mim não faz sentido estar aqui e não comer minha pizza preferida.

 

E para Ten não fazia sentido sentir vontade de comê-la sempre que sentia o cheiro ou via a cara boa que Ricey fazia para ele ela ter. Enquanto sentia a boca salivar por causa do desejo, porque quando ele passava era apenas uma massa, com um recheio que não lhe prendia a atenção e não surpreendia seu paladar.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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12.12.08, Quarta-feira.

(33,5)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

— Você pode me dizer o que está acontecendo? – Johnny que se sentiu travando enquanto olhava para Ten naquela situação não soube fazer nada, até conseguir andar e se sentar ao seu lado, sobre sua cama.

 

O assistia ali, soprando o ar para fora, enquanto obviamente sentia dor, ou algum incomodo, já que sua expressão não o fazia pensar diferente, ainda mais quando buscava concentração em alguma lugar ao fechar os olhos e erguer o indicador no ar, pedindo um segundo, minuto ou uma hora enquanto que franzia o cenho e não dizia nada, ainda alisando a barriga na lateral com a mão livre.

 

 

 

— Se não me disser o que está sentindo vou pegar você e te levar até Minah nesse exato momento – e ele iria mesmo e não era a toa que uma mão fora parar atrás de suas costas e a outra já se preparava para suspendê-lo dali.

— Não precisa, é só... – e então ele o olhou, respirando profundamente – uma falsa contração... realmente diferente.

— Se é diferente você deveria estar com o celular na mão me ligando.

— Mas você já está aqui, não está?

— Porque por algo como sorte eu estou chegando e não parando em algum lugar ou resolvendo algum problema na rua – Johnny disse, o vendo sequer parecer considerar  – e se eu não tivesse chegado?

— Se você não tivesse chegado e eu não tivesse tudo sobre controle eu te ligaria.

— Você...

— Eu estou bem – Ten disse, voltando a endireitar as costas, o fazendo não ter opção alguma a não se sentar de vez sobre o colchão, o olhando o reprender – Kibum me ensinou isso.

— Kibum? Quem é Kibum – Johnny disse, negando, não era a pergunta que deveria fazer – aguentar a dor? Essa pessoa te ensinou a sentir a dor, sem chamar alguém.

— Johnny – e então Johnny o olhou desentendido, enquanto ele parava de rir, pensando em como explicar aquilo – Kibum é meu Doulo – e avisou, já que não tinha – e ele não me disse para aguentar a dor, porque não é exatamente dor que eu sinto a essa altura, ainda.

— Então me explique, porque eu não estou entendendo nada.

— Ricey fica agitado sempre que isso acontece, muito agitado e agora ele fica ainda mais e eu sempre encolho as pernas, ou fico em pé andando em círculos, ou deitado e ele disse que nenhum dos três o ajuda tanto a se acalmar quanto ficar assim, nessa posição.

— Sentar de pernas cruzadas?

— Essa é a famosa posição de borboleta e...

— Você parece engraçado.

— Agora está rindo? – Ten questionou, logo ficando sério.

— Não, só me explica, por favor.

— Eu te disse, que ele fica atravessado, não disse? Até conseguir sentar.

— Sim.

— É errado.

— Porque?

— É como se eu o incentivasse a ficar assim sempre que esses espasmos tomar de conta do espaço que ele tem.

— Qual o problema?

— Quando as verdadeiras contrações começarem ele irá querer ficar assim, sentado, porque tem mais espaço, já que meu útero está empurrando ele para baixo, ao meio que... fecha-lo entre paredes, entendeu?

— Entendi.

— Então ele não estará em posição para um parto normal e terão que fazer uma cesariana de ultima, ou uma manobra nada conveniente para ele virar, caso ele esteja esteja em posição de nascer mas consiga se sentar e não consiga voltar a virar de cabeça para baixo hora e eu não quero isso, então.

— Seria menos doloroso, uma cesariana.

— Eu não quero uma cesariana – Ten disse – e se eu fizer isso por ele eu me sentirei recompensado, de alguma forma.

— Então – Johnny disse, sentando-se mais próximo, imitando sua posição – ficar assim vai fazê-lo virar de cabeça para baixo.

— Ele está tão acostumado a ficar sentado.

— Há quanto tempo faz isso?

— Fiz segunda, quando teve mais um dos  encontro e acabei tendo uma e hoje durante mais um encontro e agora.

— São quantos encontros? 

— Três por semana.

— E quantas vezes fazer isso funcionou?

— Nenhuma – Ten avisou, não parecendo desanimado – mas ele vai virar, porque, se eu ficar assim terá bastante espaço e uma hora ele entendera que a cabeça dele, tem que se encaixar aqui – e foi até engraçado, quando ele com as mãos sinalizou para entre as pernas, quando provavelmente explicava aquilo para o bebê que ouvia a tudo e não para si que olhava a cena e nem ria, por estar centrado demais –  e não aqui – e então ele tocou as costelas, do lado direito, fazendo cara de dor – eu quero ter um parto normal.

— Vai conseguir, então continue fazendo isso e me ligue, quando sentir uma contração diferente.

— Eu ia ligar.

— Se não passasse.

— Não quero te fazer correr de um lado para o outro por conta de um alarme falso... e já passou.

— Hm – Johnny murmurou, ainda olhando para Ten que ainda permanecia naquela posição – você foi?

— Não fui.

— Você me fez pensar que ia.

— Eu disse que ia pensar e eu pensei melhor e achei melhor não ir.

— Ten...

— Se eu for agora iremos brigar, todos, eu tenho certeza, porque esse assunto será arrastado para a conversa e eu não quero falar sobre isso com eles.

— Não é isso.

— O que é?

— Se sua mãe por acaso dissesse ao seu pai sobre a nossa situação, o que acha que ele faria?

— Ele não sabe da nossa situação – Ten o respondeu, não captando ainda suas suposições.

— Justamente.

— Ah – e então ele o deixou ainda mais receoso – está pensando isso desde quando?

— Desde ontem, quando disse que estava falando com seu pai.

— Não é um assunto relevante, não agora.

— Não? Se seu pai acha que depois de todos esses meses nós estávamos nos entendendo, porque nos casamos, geramos um bebê e moramos juntos e do nada por alguma razão sua mãe diz a ele que não é isso que está acontecendo e que nunca aconteceu e que na verdade planejamos nos separar desde os primeiros dias por trás de suas costas, quando todos sabiam, menos ele, o que acha que ele vai pensar?

— Ele não tem que pensar nada, porque é minha vida.

— E você é seu único filho, um ômega de quinze anos que casou comigo, um alfa de dezoito anos, que te usou e jogou fora.

— Quê? Porque está falando assim?

— Porque é isso que ele vai pensar, Ten – Johnny disse, o olhando sério.

— Está com medo de ele vir até aqui?

— Não, só acho que talvez a gente deva sei lá, esclarecer as coisas, antes que algo desnecessário venha a acontecer.

— Não, não vamos esclarecer nada, sabe porque?

— Não – Johnny disse, cruzando os braços enquanto se voltava para si disposto a ouvir.

— Eles me obrigaram a casar com um alfa de dezessete anos, que compromisso algum devia ter comigo e me expulsaram de casa, mais ou menos uma semana depois? Nos casamos uns dez dias depois, não foi? – e então aquela pergunta ficou no ar e não importava – enfim, eles praticamente me expulsaram e me deixaram num apartamento para fazer Deus sabe o quê, porque eu não sabia, como era, mas sabia que era isso que eu faria, para gerar um bebê que os ajudariam a curar pessoas, então eu, Ten, não tenho nada a dizer para eles e se ele vier, eu resolvo, vou adorar resolver isso.

 — Você está realmente chateado.

— Ainda duvidava?

— Não, é que...

— Eu não quero contar para eles, não quero também ter que explicar para meu pai que vai me julgar, vai me achar fútil, vai fazer o mesmo com você, quando ele sequer tem direito, e é minha vida, e dela cuido eu – recado dado, Ten voltou a se acalmar, antes de olhar para Johnny que o olhava quase petrificado e aquilo tudo voltar – poderia ser bem simples e direto e me dizer porque está olhando para mim assim?

— Achei que nunca mais ia ver esse Ten novamente.

— Johnny... – e então Ten riu – sou eu, de qualquer forma.

— Seja você, sempre, então – Johnny disse – e, sério, fiquei surpreso agora.

— Você é besta.

— Não, é sério, eu não te via falar assim há muito tempo.

— Tá... entendi...

— Por um momento achei que ia me bater.

— Johnny, cala a boca.

— Você não é doce, realmente.

— Ataque?

— Não, só estou dizendo – e então Johnny deu de ombros, rindo – acho que seria estranho, se você fosse todo doce.

— Não se preocupe.

— Então não vai dizer?

— Não.

— Tudo bem.

E então Johnny assistiu Ten estirar as pernas, o olhando em seguida.

— O que foi?

— Nem para sua mãe, para ele não dizer a ele?

— Não.

— Você quer resolver com ele, quer ter o momento em que estará em suas razões, em seus direitos, para dizer tudo que vem guardado.

— Na verdade eu sequer tinha pensado nisso, sabe? Mas agora que você falou isso, de que ele poderia querer vir aqui depois de saber de tudo...porque não esperar?

— Ten...

— Eu estou ótimo e irei ficar ótimo – Avisou – e eu não quero confrontar nenhum dos dois, só quero que eles aceitem que me deram asas, e agora eu sou por mim e pelo meu filho, e perante as leis você é meu guardião legal e não eles, e perante as leis, eles serão os segundos da lista para resolver qualquer coisa pra mim enquanto eu não chego a maioridade, porque você é o primeiro e se eu me emancipar, serei totalmente independente, então é isso que eu desejo que eles entendam.

— Se ele for como você será um pouco assustador.

— Johnny?

— Nosso filho.

— Como assim? – e ele riu, querendo pensar por um lado positivo – está mesmo me dizendo que se ele for igual a mim será ruim?

— Não, seria ótimo na verdade, mas assustador.

— Eu sou assustador?

— Você é decidido, sempre foi – Johnny disse – e isso, em algumas situações é assustador, e, em relação a mim, quando você não é assim, é assustador, então pode acreditar, hoje você me deixou surpreso.

— Eu não sou decidido com você, porque eu não posso simplesmente querer ser decidido por pensar ser o certo, sabe? Não posso, porque eu ainda tenho muitas dúvidas e eu não quero ter, eu também não quero fique falhas pelo meio do caminho, não quero que façamos nada sem pensar dez vezes, porque quando algo parecer dar errado eu não quero simplesmente começar a brigar, não quero me desentender com você e não quero te entender mal e não quero ter aquela relação horrível com você novamente.

— Eu sei, Ten.

— Então você entende?

— Como eu não iria entender?

 

 

 

 

 

 

 

 

 

__________

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

13.12.08, Quinta-feira.

(33,6)

 

 

 

 

 

 

 

Seria errado não tentar entender, independentemente do caso ou do acaso. Seria errado nem ao tentar compreender os caminhos que os trouxeram até ali. Caminhos extensos, cansativos, desesperançosos, embaraçados e complicados ou trouxeram até o momento e talvez no futuro compreendessem melhor, mas seria errado não tentar entender.

Independentemente do caso ou do acaso.

Porque tudo; tudo que regia aqueles anos, tudo que regia aquele universo e tudo que o universo regia era inesperado, e seu amigo era e sempre foi assim.

 

E quando o Kim abriu a porta e o ouviu ali, parado em frente a sua porta, tocando a sua  companhia como se o mundo fosse acabar em três segundos ele pensava, dizia, afirmava e reafirmava por mil vezes se fosse preciso, de que Ten era inesperado, totalmente inesperado.

Como uma estrela cadente, que simplesmente se desprende do céu e cai sobre a terra, Ten era, totalmente inesperado.

 

 

 

 

— Sua sorte é que minha mãe não esta em casa – O Kim disse, segurando seu braço e o puxando para dentro de casa – ela arrancaria suas orelhas fora.

— Eu vi ela saindo, melhor, esperei ela sair – Ten que parou ali disse aquilo e logo depois ficou olhando para Doyoung que parecia julgar cada centímetro de seu corpo enquanto se perguntava o que diabos estava acontecendo – eu preciso muito conversar com você.

— Está me assustando – Doyoung disse, só como um comentário que serviria de aviso e estratégia para não se ocupar com suposições que sua mente criava – quer água, comer, doce, ou sei lá, um ensinamento básico de como tratar pessoas que são como melhores amigos? aqueles tipos de melhores amigos que será sempre isso, não importando em quantas pessoas ocupe esse cargo, ou se surge outras pessoas importantes em sua vida?

— Por favor não vamos falar no quanto eu sou um péssimo amigo e  uma pessoa estranha que se afasta sem dar sequer um motivo, porque não existe um motivo, tá? Então não vamos falar disso, por favor, não hoje.

— Vamos subir – Doyoung disse, sendo o primeiro a dar um passo em direção as escadas da casa – e não vamos discutir, não agora,  e talvez nunca, até porque eu te conheço há a minha vida toda praticamente e eu te conheço o bastante para saber que isso não muda nada... e não somos de discutir... só sinto necessidade de falar isso, as vezes, quando posso e eu não tenho conseguido muito nos últimos meses, então – e então ao dizer aquilo Doyoung parou na escada e Ten alcançou seu passo – até porque, eu não imaginava que você lembrava o caminho até aqui.

— Se continuar agindo como se estivesse magoado comigo eu dou meia volta e nunca volto a querer falar com você sobre o que eu quero falar com você.

— Eu disse alguma coisa? – Doyoung perguntou encenando como o bom ator que deveria ser.

— Disse? – indagou Ten e então Doyoung deu de ombros, rindo quando abriu a porta de seu quarto e eles ali entraram.

— Seu quarto é tão diferente... agora – e então, com um suspiro ele contou mentalmente quase oito anos que ele não vinha ali.

 

 

Porque, na cabeça de seus pais, seus amigos poderiam ir o visitar, mas ele não poderia vir vê-los.

E não era só aquilo, havia ainda outras coisas, como o  tempo  que era corridos, os horários da escola que ocupava a semana inteira e era mais fácil ir para as sorveterias, shopping, cinemas e biblioteca e de todas as vezes que saiu com Doyoung e com outros colegas que se resumiam em mais ou menos, mais dois? Eles foram para algum desses lugares.

Melhor, acabavam sempre indo, e o fim era sempre igual. Eles colocavam as conversas em dias, falavam de tudo que não falavam na sala, falavam do passado, as vezes um pouco do futuro e sempre iam para casa de bicicleta, até pegarem estradas opostas na avenida do Park de Bukhansan e irem cada um para suas casa.

 

Isso durante quase todos os dias da semana. Porque o final de semana passou a ser o preferido de Ten para ficar jogado em casa como um bom aluno nerd, que devora livros como uma legião de traças e não paquera com nada além de personagens fictícios, animais fofinhos na rua e bebês alheios no metro, e que claro, não tem uma vida chamada “social”.

 

Bem, aquele era Ten.

O Ten dos últimos cinco anos.

 

Totalmente diferente do Ten que ia quase todos os finais de semana passar com Doyoung e Hendery, quando faziam ainda os estudos fundamentais e eram crianças alegres, saltitantes, sem problemas e com muita energia para gastar.

Totalmente diferente do Ten que por aventura participou de algumas aulas de karate experimentais no período de recriação.

Totalmente diferente do Ten que por ajuda de seus amigos, melhor,, que por ajuda de seus dois melhores amigos Doyoung e Hendery, começou a frequentar as aulas, as escondidas, até que seu pai descobriu e o tirou de lá, porque ele era delicado demais e poderia quebrar, possivelmente.

Isso alegava ele, não com aquelas palavras, claro, e não importava de nada, porque Ten não duvidava que era pelo simples fato de ele não conseguir aceitar que ele era bom daquilo e que podia e conseguia bater em pessoas, no processo de aprendizado e claro, no de ensinamento, quando algum coleguinha ia lá e passava dos limites, não o deixando com alternativa alguma a não ser praticar neles, seus golpes.

E fora por isso, por ser chamado para a diretoria com um olho roxo, mas deixando dois olhos roxos no outro, porque infelizmente ele não tinha três, porque se tivesse, tinha Sido os três. Então seu pai descobriu isso, teve uma pequena confusão, ele o tirou do karate e aos poucos o tirou do ele, que era uma criança alegre, saltitante e sem problemas e a ultima vez que Ten esteve ali, dentro daquele quarto, fora por volta dos oito anos.

Depois daquilo Doyoung passou a ir para lá, e Hendery também, já que seus pais naquele momento não tinham tanto tempo de o deixar na casa de seus amigos, principalmente aos finais de semana, que era quando o hospital mais necessitava deles e não o permitiam ter uma bicicleta para ir e vir quando quisesse porque era perigoso, e os pais de seus amigos não estavam em casa, porque eram pessoas ocupadas, também e não era nada indicado deixar crianças juntas, sozinhas, porque era perigoso.

Então não fora a toa que tudo foi mudando aos poucos, lentamente, a ponto de ninguém sequer se dar conta, até ver tudo totalmente diferente.

 

Exteriormente, porque interiormente eram os mesmo. Porque por fora, poderiam até o pintar até que o transformassem da maneira que mais achasse bonito e conveniente, mas por dentro, por dentro eram eles, eles que mandavam, eles pintavam, eles modificavam.

E Doyoung era o mesmo, ele também, só que um pouco mais mudado, principalmente por ter em seu interior uma outra vida, que o pintava e o fazia crescer, interiormente, mas não mudar sua essência.

Então ali, sentado de frente para Doyoung ele se perguntava como tinha deixado as coisas chegarem naquele estado, onde Doyoung, que sempre esteve presente em sua vida não sabia como realmente andava sua vida, como havia sido modificada e o por que.

 

 

 

— Como assim?

— O quê Ten? – Doyoung questionou, o vendo negar, enquanto abaixava a cabeça da qual Doyoung tocou, como se tentasse o confortar – Está chorando?

— Não.

— Eu só tinha te visto chorar de verdade três vezes nesses quase doze anos que a gente se conhece.

— Três?

— Quando aquele gatinho que alimentávamos foi atropelado – e então mesmo que fosse uma lembrança triste ele riu, porque foi nostálgico se lembrar daquilo como um flash de memória fresco – quando seu pai te tirou do karaté e quando Hendery foi embora e nos despedimos dele no aeroporto.

— Nossa...

— E agora – Doyoung murmurou, meio tristonho – porque está chorando? não gosto de te ver chorando, prefiro mil vezes te ver vermelho de raiva.

— Kim.

— É sério!

— Depois que eu engravidei eu choro tanto que nem me reconheço.

— Eu sei que muita coisa mudou e que não temos culpa de ter nos afastado tanto, mas eu não acredito que eu não posso mais ser  a pessoa para quem contava quase tudo.

— Tudo.

— Isso, você me contava tudo – Doyoung disse, quase como uma lamentação – Mesmo não tendo tanto assim para contar, você me contava tudo.

— Engraçadinho.

— Ten

— Hm?

— Lembra da noite em que você apareceu aqui com Jungwoo? No meu aniversario...

— Como esquecer daquele dia?

— Você parecia tão diferente e não era porque tinha casado... não era porque estava com Johnny, também não era porque estava esperando um bebê e eu demorei muitos dias para entender  e aceitar isso e eu me senti péssimo.

— Doyoung.

— É sério – Voltou ele a dizer – a ultima vez que tínhamos nos visto foi naquele chamado, lembra? Você chegou e estavamos todos preocupados, já se iam uns bons anos que não tinhamos nenhum chamado e você chegou e eu perguntei se sabia o que era e você disse que não sabia, então ouvimos aquilo e depois nos sentamos naquele banquinho, lembra? e ficamos esperando seus pais virem te chamar para irem embora e a gente combinou de se ver na semana e você não disse mais nada, não falou, não apareceu na biblioteca e eu queria te ver porque ia sair e ia passar uns dias com meus avós, mas você não foi e do nada numa manhã, minha mãe diz que você vai casar e me entregou o convite... e você não me disse nada, não falou nada, e eu não pretendia falar disso, mas estou falando.

— Kim.

— Eu me perguntei o que tinha acontecido com a gente, mas não soube me responder, então eu apenas fui ver meus avós, eu tinha pensado em ir lá na sua casa, mas não fui, eu não, eu não me senti como se fosse ou tivesse sido alguém importante na sua vida e segure o choro, estou só falando.

— Não queria que fosse assim, ou que pensasse assim...

— E eu sei... você não teve culpa... eu eu te entendo e te entendia e  teve os estágios, os últimos anos de estudos não foram fáceis, mas éramos amigos de verdade e você era uma pessoa estranha que andava para cima e para baixo com um livro na mão, mas era o Ten que eu conhecia... que ria, brincava, se irritava fácil, brigava com qualquer um e não pensava duas vezes ao arremessar seu livro preferido na cabeça de alguém caso esse alguém te chateasse e eu senti o poder daquele seu livro milhares de vezes, e foi barra, não te ver como essa pessoa de uma noite para a outra, entende? – e então ele concordou – mas então naquela noite do meu aniversário você estava aqui, e com Jungwoo, eu conhecia Jungwoo, sou amigo dele e não sabia que vocês se conhecia e você estava em um mundo totalmente diferente, nem parecia você, mas ao mesmo tempo era apenas você, se resguardando de mim e eu tinha bebido um pouco naquele dia e eu deixei passar e no outro dia as memórias eram bagunçadas, você sabe que minha memória se bagunça um pouco.

— Eu sei – e então Ten que se sentiu sendo tomado por medo suspirou.

— Então quando nos vimos de novo você já parecia bem e em todas as vezes que nos vimos e saímos juntos você era o Ten que eu conheço e a festa de Halloween foi incrível, foi tipo... como no passado e eu me senti tão bem que acabei deixando as impressões que eu tive naquele dia... porque... onde estava você que não reconheceu a frente da minha casa? Que não reconheceu o jardim que brincávamos e estragávamos a grama? E que se esquece do meu aniversário? Porque eu não fiz muitas festinhas depois da de oito anos, mas nem que fosse um cartão no dia seguinte ao meu aniversário você me entregava – Doyoung então deu uma pausa, sendo o que suspirava pesadamente e profundamente enquanto continuava olhando para Ten que já tinha olhos vermelhos – então, como está aqui conversando comigo, triste desse jeito, eu não posso ignorar aquele dia, porque tem algo errado, muito errado e eu não faço ideia do que aconteceu com você, não faço ideia do que te apagou.

— Eu sinto tanto...

— Pelo quê?                    

— Você era o único que tinha restado.

— Hã?

— Pra lembrar de mim como eu era, para pensar em mim como eu era e eu deixei tudo se arrastar.

— O quê?

— Eu não pude te contar tudo e eu sinto que ainda não posso, mas eu preciso e você precisa saber, porque você nunca deixou de ser alguém importante na minha vida.. eu só me perdi dela e tudo que estava nela ficou lá, por um tempo e agora que eu me sinto voltando para mim, eu vejo no quanto eu deixei acontecer e está errado.

— Eu não estou entendo absolutamente nada.

— Kim Doyoung, eu, o Chin Ten que você conhece se meteu num problema tão grande, mas tão grande que eu não sei nem por onde começa... eu que odeio mentiras já mentiu tanto que eu não sei o que eu estou fazendo aqui, mesmo sabendo que eu vim aqui porque eu quero resolver tudo que eu tenho para resolver e falar com você está na lista, mas eu não sei se eu devo, eu não quero estragar a nossa amizade, não quero que pense errado de mim, não quero ser... outra pessoa na sua memória.

— Você pode me contar tudo.

— Você vai se magoar.

— Deixe eu me magoar então, somos amigos ainda, porque se não fossemos você não estaria chorando com medo de me magoar. Ten, somos amigos de longas datas e eu posso me magoar, você pode me magoar, mas você deve me contar tudo e aceitar, eu decido me magoar ou não e você... você só  fala.

— Eu não conhecia o Johnny.

— Quê?

— Eu não conhecia ele até conhecer ele.

— Esse papo de novo?

— Eu o conheci – e então, Ten que limpava as lagrimas, enquanto olhava para o teto dizia aquilo, tentando se recordar – em abril desde ano, o dia exato eu não lembro agora, porque minha memória está danificada desde o inicio da gravidez, mas eu o conheci em abril.

— E então você e ele tiveram um pequeno acidente envolvendo sexo desprevenido – e então ele negou, como se julgasse, mas longe daquilo – e engravidou e não tinha nada a fazer a respeito disso e conhecendo você como eu conheço e seus pais, você não abortaria.

— Não – Ten respondeu – Doyoung.

— O que está acontecendo?

— Eu conheci o Johnny numa noite onde – e então ele tateou as mãos do amigo, da qual segurou as suas, antes de entrelaçarem os dedos – onde minha mãe me disse para ir lá em cima e colocar uma roupa formal.

— Uma roupa formal?

— Isso, uma branca, que demonstra respeito e formalidade e então quando eu desci tinham seis pratos na mesa de jantar e eles estavam estranhos, tipo muito estranhos e a companhia da minha casa tocou e meus pais me disseram para ser gentil e então eu que não estava entendo nada cumprimentei Sora, Jungun e Johnny, que entraram, sentaram na mesa e assistiram ao meus pais me dando a noticia de que eu me casaria com Johnny.

— Como assim? – Doyoung questionou, rindo.

— Eu conheci Johnny assim, Doyoung.

— Isso é... eu não entendo... o que está querendo dizer com seus pais te deram a noticia de que se casaria com Johnny e o acidente da classificação?

— Nossa sociedade tem algo no DNA chamado genoma Z e isso pode enfraquecer todos a ponto de leva-los para a cova.

— Me diz o que tudo isso significa, seja direto, você não enrola, você joga a bomba e não é cuidadoso com as palavras.

— Eu naquela noite recebi a sentença de que eu casaria com um alfa, para aguardar minha classificação, para então junto dele gerar um bebê que traria uma cura para essa sociedade, Doyoung, porque segundo a aqueles exames que fizemos, lembra? Antes das aulas terminarem... eu sou um sangue puro e não tenho o Genoma Z no meu sangue.

 

E então, Doyoung negou, totalmente aturdido com sua estória, a ponto de deixar as mãos caírem das suas, até que por um impulso ele se levantou.

 

— Eu não acredito que... você e o Johnny são eles?

— Somos eles.

— Eu não sabia que... pudesse existir mesmo esses tais sangue puro e agora... você vem me dizer que é você? porque diabos eu não sabia disso?

— Doyoung.

— Jaehyun sabe disso?

— Johnny o contou.

— Ten... Jungwoo sabe? – e então Doyoung voltou a sentar a sua frente e ele parecia tão chateado – Jungwoo sabe?

— Sabe...

— Hendery?

— Eu tentei fugir... mas eu não consegui.

— Até Hendery sabe?

— Ele sabe, droga, eu disse, eu disse para ele e ele parou de falar comigo e eu... eu não consegui te contar... eu não.

— Droga, Ten!

— Eu sabia que ia reagir assim.

— Claro! Como esperava que eu reagisse? – Doyoung o questionou – como pode aceitar isso?

— Não me pergunta isso... eu não quero me arrepender mais, e eu me arrependo, sempre que me pergunto isso, então não, não pergunte isso de novo, não me faça me contradizer, é tudo tão...

Complicado, era tudo como o inferno e seu paraíso era não se arrepender, de tudo aquilo.

 

— Porque não me disse? como pôde não me dizer isso?

— Eu não consegui, eu não pude fazer nada, eu não consegui fazer nada... é como se eu tivesse fugido por um tempo, de mim mesmo, eu, eu sequer lembro do dia do meu casamento, eu só deixei o tempo passar e quando eu te vi, quando eu entrei aqui igual um idiota e não reconheci  a sua casa e te vi já era tarde, eu já estava com doze semanas de gravidez, minha vida estava um inferno e eu estava tentando dar um jeito em tudo... Hendery não falava comigo, porque eu aceitei e eu e Johnny brigávamos a cada vez que nos olhava... e foi tão bom, sabe? Permanecer igual, para alguém, foi bom te ver e não ter aqueles olhos que sabiam do quão idiota eu estava sendo, do quão burro eu fui por aceitar isso.

— Você não sabe mentir, e você mentiu naquele dia e nos dias seguintes a ele e eu soube naquele dia que tinha algo, mas eu deixei passar, eu falhei também.

— Eu devia ter dito, mas não disse e agora eu infelizmente não posso mudar isso.

— Eu pensei que tinha sido um acidente, mas que Johnny tinha... te assumido... eu não sei, não sei o que pensar e nem o que dizer, mas por favor, para de chorar, eu estou aqui, não vou sair, sou seu amigo... Hendery saiu, mas eu fiquei e eu não irei parar de falar com você por causa disso, você não tem culpa... seus pais... – e então ele voltou a o olhar – como assim, Ten? Dar seu bebê para salvar essa gente?

— Eu não darei ele, eu não faria isso, nunca, por nada nessa vida.

— Eu não quis dizer que daria... eu só não entendo.

— Isso é segredo.

— Não precisa nem dizer.

— No inicio, minha mãe tinha como algo certo, era algo que, eles achavam que eu faria, só porque eles queriam e eu nem sei se era por minha causa que eles pensavam isso, eu não sei, mas agora, eu farei de tudo para a decisão ser a minha e eu vou pensar na melhor saída, porque eu não quero prejudicar meu bebê, é um menino, sabia? – e então Doyoung negou, sorrindo-o – eu não quero fazê-lo sofrer, porque ele é a pessoa que eu mais amo e mais amarei nesse mundo e isso é assustador e eu só quero protegê-lo, mas há tantos outros bebês... alguns já nascidos, alguns para nascer e eles podem morrer, Doyoung.

— Ten.

— Eu precisava de contar... Porque amanhã eu irei para uma consulta e minha medica está disposta a me dar os melhores conselhos, ela contará com os melhores pediátricos e eles me dirão se é seguro, me dirão se há riscos e eu, depois de saber de tudo irei decidir o que devo fazer, mas eu tinha que te contar, eu queria te contar a mais tempo, mas eu só... eu só consegui agora.

— Obrigado por ter me dito.

— Me desculpa, por ter demorado tanto, eu só não sabia o que fazer, eu realmente não sabia.

— Olha pra mim, eu estou puto, por não saber disso, por não ter confiado que eu ficaria do seu lado e não te julgaria, mas eu não estou com raiva de você e não vou ficar, então respira e não chora mais.

— Eu não estou chorando.

— Não, que bom, eu só achei que isso – E então Doyoung enxugou as bochechas do amigo com as palmas – fossem lágrimas, mas vejo que é suor.

— Você não existe.

— Existo e estou aqui.

— Eu queria ter dito antes, eu juro.

— Você já disse, é isso que importa – Doyoung disse, tendo Ten assentindo, enquanto se livrava de vez das lágrimas que pesavam em seus cílios – Johnny te faz sofrer?

— Não, ele não faz.

— Não? – Doyoung questionou, surpreso – mas...

— Meus pais me deixaram de lado, eles não conseguem nem me olhar, sabe? Eles devem ter consciência de que estão sendo horríveis comigo.

— Menos mal.

— Sim.

— Então Johnny não te faz sofrer? Vocês não brigam sempre que se olham e ele te ajuda nisso tudo?

— Johnny me sustenta, Doyoung.

— O que devo pensar dessa declaração?

— Nada além de que seu amigo está bem na medida do possível e que ele terá um filho daqui a sete semanas e que ele tem uma decisão grande para tomar – e então ele assentiu, apertando suas mãos, ao segura-las novamente.

— Vocês são amigos, agora?

— Somos amigos, seremos pais, moramos juntos, não brigamos mais, embora tenhamos brigamos muito e nos desentendemos a ponto de achar que nos odiaríamos até a morte.

— Não se odeiam mais até a morte, não é? porque se assim for, vocês sabem fingir bem.

 — Mudamos, do nada, tudo começou a mudar.

— A mudar como?

— Johnny mudou muito, ele chega a ser chato de tanto que faz por mim e tem horas que eu penso em amarrar ele, porque ele realmente pega no meu pé e ele é louco pelo bebê, e ele...

— Você gosta dele?

— Não assim, mas ele me pediu em namoro, Doyoung... nosso combinado desde sempre era terminar tudo e se divorciar quando o bebê nascesse.

— Como assim?

— Depois de quase seis meses convivendo juntos e aprendendo a viver sem querer matar um ao outro nós começamos a nos entender e viramos amigos e então a bomba da cura explodiu e nós viajamos para Jeju e lá... foi horrível, todos os lideres estavam lá, eu estava péssimo e Johnny me ajudou a passar por isso, mas não deixou de ser horrível, então, fomos dormir, e na madrugada Johnny entrou no rut.

— Ele te forçou a algo? – Doyoung questionou e Ten não hesitou em negar, principalmente quando Johnny o olhava daquela forma.

— Mas aconteceu – Ten disse – e eu não envolvi sentimento algum... me senti até estranho, porque foi pura atração física, naquele momento e se aconteceu foi porque eu quis, não é? Porque não foi forçado e eu poderia ter negado, mas aconteceu.

— É estranho ouvir sobre a sua vida sexual.

— Não tem essa de vida sexual...

— Não? Você com esse barrigão e essas aventuras na gravidez?

— Enfim... só aconteceu e fomos claros, conversamos e eu disse que eu não queria nada além, não queria absolutamente nada, mas Johnny mudou depois desse dia e na noite do Halloween, ele me veio com essa proposta, dizendo que poderíamos tentar ficar juntos.

— Você disse sim.

— Não...

— Não?

— Desde então estávamos nisso, e eu acabei aceitando, mas não aceitei de verdade a possibilidade de tentar até...

— Até?

— Até esse final de semana.

— Então está me dizendo que casou com Johnny num casamento arranjado por seus pais para que ele te engravidasse e vocês pudessem gerar o bebê que curaria essa gente, os livrando da morte e então, nesse meio tempo sua vida virou um inferno, você e Johnny brigavam e eu até presenciei uma cena onde eu só achava que você e Johnny, que eu não acreditava que estavam juntos, estavam passando por dificuldades de recém casados e futuros pais e eu já devia ter suspeitado... porque você tinha um quarto só para você e eu nunca tinha te visto agindo como alguém que era casado, ou tivesse um compromisso e embora Johnny tenha ciúmes e...

— Ciúmes? – Ten questionou rindo – não.

— Não viu como ele ficou quando Jungwoo disse que alguém tinha te beijado? Ou quando estávamos você, Jungwoo e eu juntos no Halloween? Eu achava que ele ia me pegar pela gola da capa do Drácula e me mandar se afastar.

— Isso é coisa da sua cabeça.

— É?

— Até ali não tinhamos nada.

— E Jeju? Esta se contradizendo, Ten.

— Aquilo não foi nada.

— Não, como assim? você e ele fazendo... enfim, não foi nada?

— Não foi nada demais.

— Uau.

— Enfim.

— Estão juntos, então?

— Estamos – Ten respondeu – De um jeito estranho, que é conveniente para mim, estamos.

— Estão ou não estão? Você parece meio em dúvida.

— Não é isso... é que... é estranho pra mim.

— Porque?

— Eu nunca namorei, nunca fui como você, que se apaixonava a cada esquina... eu nunca tive uma queda por ninguém.

— Ten.

— É sério – Ten voltou a dizer – e agora, é estranho pra mim, entende? Mas eu vou ter um bebê, tenho apenas quinze anos e Johnny não quer se afastar do bebê e acha que podemos dar certo, que podemos dar uma família completa pra ele e se é possível, não quero ser eu a impedir.

— Mas vocês se gostam?

— Não estamos apaixonados, disso eu tenho certeza.

— Como pode?

— Não estamos – Ten voltou a dizer – mas somos bons amigos, ele se importa e cuida de mim e eu me importo com ele... eu diria que é mais carinho e amizade, sabe? Mas, não sei... pode funcionar.

— Mas você tem medo?

— Tenho.

— Não tenha – Doyoung disse – se você pensar assim, e tiver medo, nunca vai conseguir ver além disso e sentir além... e eu não sei se você quer ouvir isso, mas sua vida está uma bagunça e disso você já sabe e eu estou em choque, mas Johnny, esse Johnny de agora e o do Halloween, diferente do da minha festa de aniversário parece que se preocupa e se importa, e ele tem culpa nisso tudo, também, e ele te engravidou, então ele tem que te ajudar.

— Então está dizendo o mesmo que o Jungwoo?

— O mesmo que Jungwoo?

— Para seguir em frente com ele?

— Jungwoo disse isso? – questionou Doyoung, tendo o amigo assentindo – sim, estou dizendo o mesmo então, mas se ele fizer algo que não queira, me diga, porque... Johnny... bem...

— O quê?

— Ele sempre foi alguém diferente de você, e ele é bem mais velho que você e pra ele as coisas funcionam diferente e você é seu namorado agora.

— O que está querendo dizer?

— Que ele pode ter... – e então Doyoung tentou pensar no que exatamente dizer, melhor, em como exatamente dizer – interesses extras?

— Não por mim, não... – e então Ten riu – não vamos falar disso, não quero nem pensar nisso.

— Só estou dizendo – Doyoung disse, dando de ombros – O que importa é, você vai ficar bem?

— Eu vou ficar bem.

— Você ainda é bom de briga?

— Eu ainda sou bom de briga – Ten disse – está decepcionado comigo?

— Porque eu estaria?

— Eu menti.

— Eu soube que tinha algo estranho, você não sabe menti e eu sei disso e eu deixei passar, então vamos pensar que eu não sabia de nada até agora porque nós dois temos culpa, porque se eu tivesse te perguntando ao menos uma vez o que tinha de errado, você teria me dito, porque você confia em mim e sabe que pode confiar em mim.

— Tudo só mudou, eu não posso pensar que tem qualquer culpa, eu devia ter falado.

— Devia, mas não falou e eu não te culpo por nada, só quero que fique bem, independentemente do que já aconteceu.

— Obrigado Dongyoung.

— Você não me chama assim há tanto tempo.

— Claro, você modificou seu nome... que criança faz birra para trocar de nome?

— Kim Dongyoung.

— Eu senti sua falta.

— Eu também, Chin Ten – Doyoung disse, não se demorando para abraçar Ten, um abraço demorado, de reencontro e desculpas, por todos os desentendidos – Digo, Seo Ten.

— Isso é tão estranho.

— Eu que o diga – Doyoung disse – porque agora sinto que posso enfim exercer meu papel de irmão mais velho e eu gostaria de te proteger dele, porque eu conheço ele, mas ele é meu amigo e ele não é ruim, e ele mudou, nossa,como Johnny mudou.

— Eu o conheci na versão alfa idiota, então é, ele mudou, é até estranho pensar em como ele era antes.

— O cara mal sai – Doyoung disse – Johnny saia todo dia, não parava quieto.

— Não me olhe assim, nunca o impedi de sair e não é agora que vou.

— O que você fez com ele? – Doyoung questionou, cruzando os braços, com seus olhos julgadores, que não julgava nada, só encenava.

— Eu nada, não venha – Ten disse – ele só, mudou e ele sai, ok, e eu não o peço para ficar, olhe pra minha cara e me diga que eu diria: Johnny, por favor, não vá, fique aqui comigo.

 

Um sinal da cruz, fora aquilo que Doyoung fez.

 

— Você definitivamente não faria isso, pelo menos eu não consigo imaginar você fazendo isso, de jeito algum.

— Bom garoto.

— Isso é loucura.

— Vamos mudar de assunto.

— Não, falar de você está sendo interessante.

— Não quero mais falar de mim.

— E quer falar de quê?

— De você, vamos, me fale de você.

— Que tal a gente descer para comer algo, ou sei lá, ir à sorveteria?

— Podemos fazer isso, também.

 

 

 

Por um momento, o momento do qual atravessava a rua logo depois de ver a senhora Kim sair de casa, Ten pensou que tinha perdido aquela amizade, uma amizade que para ele era quase como sua sombra, mesmo no silencio, estava sempre lá, Kim Doyoung, estava lá, como uma sombra e quem não tinha sombra era vazio, não tinha nada.

Dongyoung era uma parte de sua vida, uma parte que fazia parte dos melhores momentos e agora estava por dentro de um dos piores, mas estava, e ali, o fazia se sentir como o velho Ten, enquanto andavam por ali, parecendo até um casal de recém casados com seus braços dado enquanto andavam e riam. Enquanto andavam e se sentiam nostalgicos, por olharem para aqueles telhados, que quebraram tantas telhas.

 

— Se lembra daquela tarde, estavamos correndo por aqui, deviamos ter um sete anos, então Hendery pegou uma pedra e disse " quem alcançar a antena da senhora Lee vai ter sorvete de graça por um mês."

— Mas aí o bom de mira acertou a janela e nós ganhamos um mês de castigo.

— Aquele tempo era bom.

— Ser criança é bom.

— Ser criança é mundo bom.

 

Independentemente do caso ou do acaso, ser criança era bom.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

____________

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

14.12.08, Sexta-feira

(33,7)

 

 

 

 

 

 

Ten mal dormiu durante a noite e pela primeira vez em muito tempo conseguiu ler um de seus livros favoritos, um pequeno, contendo exatamente 103 paginas, da qual ele leu até as três da manhã, mais ou menos, quando estava lotado e transbordando por palavras alheias, sentimentos alheios, que de nada eram parecidos com os seus, mas que faziam os seus se camuflar e se esconder abaixo deles, a ponto de nem serem notados por si que apenas levantou, apagou a luz do quarto que estava acesa até então, voltando para a cama num escuro quase total, pois as janelas estavam fechadas e as cortinas agora num azul marinho, quase preto, não permitia que luz nenhuma entrasse, mas não o impedindo de tatear o chão com os pés até encontrar a cama, que por costume pensou ainda está ali, onde era o closet agora.

 

Mas depois de um erro geográfico pequeno daqueles ele encontrou enfim a sua cama, da qual deitou, se arrumou em sinta e quase instantaneamente dormiu, logo depois de se aconchegar aos seus travesseiros e edredom.

 

 

 

 

 

— Você não vai pra aula agora de manhã? – Ten que saiu do banheiro e viu Johnny desligando o despertador para voltar a dormir quando já eram seis e quinze perguntou aquilo.

— Não – Johnny respondeu, não demorando por ter Ten se sentando ali na ponta da cama, enquanto por mania ou precisão mexia nos dedos, como se fosse se sentir mais calmo, ou precisasse antes de o olhar.

— Eu não sei se eu estou preparado para ouvir uma opinião medica Johnny.

— Não pensa assim, não vai ajudar – Johnny que se sentou, ali, escorando-se a grade disse aquilo, enquanto ainda tentava espantar o sono para longe do corpo – e qualquer coisa que ela disser vai te ajudar a pensar melhor no assunto.

— Quando estou sozinho eu penso demais.

— Então não quer ficar sozinho hoje? – Questionou Johnny não demorando ter Ten a confirmar, do seu jeito, quase não querendo assumir.

 

Mas Ten era um delinear simples, para entendê-lo era fácil.

 

— Então não saia do meu lado hoje.

— Você está com sono? – Ten questionou, o olhando enquanto ainda tinha duvida sobre aquilo – Porque eu estou.

— Então se deite aqui – e então Johnny bateu duas vezes no espaço ao seu lado – e dorme mais um pouco comigo.

 

Hesitou por quase um minuto, enquanto pensava em alguma coisa e Johnny já voltava a se deitar ali, até que o teve trazendo os pés para cima da cama, sendo ainda jeitoso ao engatinhar, pois se arrastar não seria nada confortável e fácil. E quando já estava ali, o olhando como se tivesse algo a dizer Johnny o questionou:

 

— Que foi?

— Me deixa ficar desse lado.

 

Era só aquilo?

 

Sim, aparentemente, pois ali estava Ten, deitando-se do lado direito da cama, enquanto ele deitava-se do esquerdo, não tendo preferência por lado e sim desejando comodidade o bastante para fechar os olhos e dormir.

 

 

— É bom poder me sentir confortável perto de você – Ten disse aquilo, virando-se para si – que foi?

— É novo te ver falando... das coisas.

— Você fala tudo e eu acabo não conseguindo falar nada e eu não gosto disso, então irei falar, sempre que dê na telha.

— Isso é bom.

— O que é ruim, pra você?

— No momento, hoje – e então ao dizer aquilo ele voltou a olhar para Ten, que riu não podendo segurar ou impedir aquilo – é bom poder rirmos de assuntos sérios, alivia a tensão.

— E como.

— Então dorme.

— Shh – Chiou Ten, levando a mão para a frente de seu rosto, quando ele a pegou e a tirou do meio do caminho – Vai acordar ele... se ele acordar eu não durmo – e então, ao dizer aquilo quem não pode segurar o riso fora Johnny.

 

Um riso de satisfação, pois ele era capaz de acordar Ricey dentro da barriga de Ten?

 

 

— Se você não estivesse com sono – e então Johnny sussurrou aquilo, o mais baixo que conseguia e o mais alto possível, para que Ten ouvisse – eu acordaria ele.

— Você acorda ele, sempre, então só dorme.

 

Johnny ainda riu, mas não demorou mais do quê dez minutos para ceder ao sono quando tudo estava tão silencioso e Ten já dormia ao lado, ainda o fazendo se perguntar – talvez sendo aquela a milésima vez – como ele conseguia dormir tão rápido.

 

 

O telefone vibrou abaixo das costelas e num lapso de ação ele virou-se de barriga para cima, logo o pegando abaixo de si e o atendendo.

 

 

 

— Alo?

— Johnny? Aqui é a Minah.

— Oi, bom dia, Minah – e então, olhando para o relógio Johnny confirmou que ainda poderia dizer bom dia – aconteceu algo?

— Eu terei que fazer uma pequena viagem hoje para uma cidadezinha do interior onde tenho uma paciente...

— Quer adiar a consulta?

— Só por algumas horas – falou ela, não o fazendo se sentir como se estivesse aliviado, embora no primeiro momento fosse isto que tivesse sentido – a consulta estava agendada para as duas horas, como sempre, mas eu gostaria de saber se ela poderia ser hoje às cinco horas, eu não queria adia-la para semana que vem.

— Ótimo – Johnny respondeu – pode ser sim.

— Então até as cinco e me desculpa por fazê-los esperar.

— Não tem problema algum, Minah.

— Então até mais tarde.

— Até – E então Johnny desligou a chamada e virou-se de frente para Ten, que tinha o olhado enquanto falava com Minah, mas que tinha voltado a posição anterior para provavelmente dormir novamente, mas acabou voltando a se virar e agora o olhava – era Minah.

— Ela cancelou?

— Adiou para as cinco horas.

— Então você não vai, não é?

— Por quê?

— Você tem aula e já perdeu agora de manhã.

— Porque está se preocupando com isso quando nem eu estou? – e então ele deu de ombros – eu vou com você.

— Você o acordou – Ten disse, levantando a mão a barriga por baixo do lençol.

— Será que os boatos são verdadeiros?

— Quais?

— Dos indícios que alguns alfas dão desde quando ainda estão na barriga.

— Vamos confirmar em poucos anos – Ten disse, nem negando, nem aceitando.

— Não acha estranho pensar que você terá ele e vamos o ver bem pequeninho e depois engatinhando, depois andando dando os primeiros passos até que será normal o ter andando pela casa enquanto bagunça as coisas... e então ele vai começar falar e a crescer, até que anos terá se passado.

— É estranho – Ten que respondeu aquilo disse – é muito estranho pensar assim, porque estaremos vendo tudo e envelhecendo, então um dia ele terá dez anos e eu terei vinte e cinco e você terá...

— Vinte e oito anos – Johnny disse totalmente pasmo até gargalhar, ainda mais pasmo – isso é loucura.

— Isso dá uma sensação estranha.

— Ruim? – Johnny questionou, olhando Ten que pareceu pensar aquilo, antes de o olhar e negar.

— É estranho, mas bom, é bom...

— Então teremos um filho, cuidaremos dele, até vê-lo fazendo o que estamos fazendo hoje.

— Mas ele vai conseguir fazer da forma tradicional.

— Tradicional?

— Vai conhecer alguém, vai se apaixonar perdidamente e vai sem duvidas ir contra nós dois pelo menos uma vez e nós vamos pirar, sem dúvidas, mas vamos aceitar, porque diferentemente de nós ele fará a escolha dele.

— Ten...

— Oi? – Indagou, olhando para Johnny quando voltou a pisar em terra firme ao fugir de seus pensamentos.

— É nossa escolha, agora.

— Não foi isso que eu quis dizer.

— Não? – Johnny indagou.

— Não.

 

 

Era como uma linha imaginaria que separa os dois, uma linha imaginaria que eles próprio havia criado e delimitado seus limites, traçado suas coordenadas e reforçado, com algum matéria que os faziam enxergar e ela sempre existiria, porque eles a tinham criado e já não podia ser considerado algo que não existia, já que um dia já tinha existido e sendo assim nunca deixaria de existir, mas, mesmo com essa linha, com as coordenadas traçadas e os limites, eles tinham escolhas e Johnny poderia não ter acreditado, continuando assim, no seu lado daquela linha imaginária.

Mas ele deu um passo à frente e ficou acima dela, enquanto Ten o olhava, estático no mesmo lugar, o vendo brincar sobre a linha imaginaria.

 

 

— Você parece diferente, Ten – Johnny disse.

— Talvez eu esteja – alegou Ten sorrindo logo depois, como se finalmente pudesses suspirar aliviado.

 

 

Talvez ele estivesse mesmo, talvez ele fosse diferente e talvez não exista o talvez, quando Johnny ultrapassou a linha imaginaria, mas não destruindo as coordenadas, permanecendo apenas a frente de Ten.

 

 

 

— Isso é tão estranho, Johnny – falou Ten e seus olhos, o analisando, analisando a cena, analisando o presente só esperava tudo como era.

 

E era realmente estranho e se era, quem era Johnny para ir contra?

 

— Realmente... é estranho.

— E engraçado.

— Agora é engraçado? – Johnny questionou já rindo.

— É.

 

 

 

Era estranho, era engraçado e era diferente, Johnny seria o primeiro a reconhecer e ele reconhecia, era diferente estar com Ten, daquele jeito e de qualquer outro jeito, porque era como ser livre, mesmo dentro daquele conceito de estar se prendendo a ele, porque ele o deixava livre, o fazia rir e não o fazia ter aquela necessidade de precisar provar, de todo e qualquer modo, que precisavam se abraçar, se tocar, se beijar, ou qualquer outra coisa, para sentir, mostrar e fazê-los entender que estavam naquilo.

Porque simplesmente estavam e aquilo passou e passaria a ser algo inquestionável, a cada segundo que dividissem, enquanto não precisavam falar de sentimentos, nem cobrar nada, sem julgar e sem culpar, apenas seguir, num caminho que seria sem dúvidas difícil, mas confortável e normal.

 

Pra quê melhor?

 

 

E então, depois daquela pequena conversa, depois daquelas pequenas certezas, depois de todos aqueles risos, que era até engraçado como poderiam dividir juntos, e depois de um momento sentindo Ricey chutar depois que acordou chutando Ten a torto e a direita depois que eles começaram a rir, resolveram os dois se levantarem, pois já era quase dez da manhã e não poderiam simplesmente ignorar o dia, a vida, a barriga roncando, a possibilidade de um bom banho antes de encarar tudo, para se preparar e relaxar o corpo.

 

Vontade essa que levou Ten naquela manhã a entrar na banheira logo depois que Johnny saiu do banho, dizendo que ia ao café da esquina comprar algo para comer, perguntando se ele queria algo de lá.

 

 E já ali, enquanto criava espumas em sua água, as fazendo sumir, ao brincar com elas enquanto se divertia com seu barrigão submerso a água, enquanto Ricey estava tão agitado enquanto se divertia ali, naquele banho morno, Ten ria, com tudo.

Porque tudo, mesmo que aos poucos e a passos curtos e lentos, parecia finalmente estar se encaixando em seu devido lugar, de alguma forma.

Porque quando saiu dali realmente sentiu e teve aquela sensação lhe tomando o peito, corrigindo ainda seu corpo inteiro como uma onda de calor, que se alastrava por sua em sua pele, enquanto ele sorria, pensando naquilo, de que tudo parecia se encaixar numa certeza mais do quê perceptível para ele, quando viu ali na sala uma entrega, sendo ela a primeira de todas que ainda receberia, sendo ela a primeira dos moveis a chegar para ocupar um pequeno espaço do futuro quarto de Ricey.

 

 

— O que é isso? – Johnny que olhava a grande caixa o perguntou aquilo, quando ele se aproximou, tentando puxar as fitas que lacravam a caixa, não conseguindo com suas unhas curtas, tendo que ir buscar o suporte de uma faquinha de mesa.

— Eu estava num site na internet, o site virtual de uma loja e eu vi isso e era uma coisa simples e eu não precisava – e então ele deu uma pausa, quando enfim a faca ao meio da fita que lacrava a caixa e arrastou, o cortando ao meio – comprovar a segurança disso, então comprei.

— E o que é?

 

E então Johnny o ajudou a abrir a caixa.

 

— Uma poltrona?

— Uma poltrona, que vira cama – Ten disse, sentindo o aconchegando estofado da poltrona com as mãos, antes de resolver sentar nela, ali mesmo – que eu vou colocar do lado do berço.

— Está planejando dormir ao lado do berço?

— Não, mas se for preciso, será ao mesmo confortável – Explicou ele, olhando para cima, para Johnny o audacioso que se enfiou ali do seu lado – Joh-

— Que foi?

— Você... você me faz querer rir.

— Que bom – Johnny disse, não demorando a de fato comprovar de era mesmo uma poltrona que ficava cama – e cabe duas pessoas, não que vá ficar nós dois dormindo em frente a um berço, só estou... testando.

— Não precisa se explicar e – e Ten, sentindo o braço da poltrona não pensou que seria tão violento ao pular aquela pequena alavanca para cima, da qual jogou o apoio de suas cabeças para baixo, os fazendo dar um solavanco para trás, caindo no riso – minha cabeça!

— Você poderia ter avisado! – Johnny que ria esfregando a sua própria se sentou ali – está legal?

— Estou... é só que... – e então ele se sentou.

— Parece uma cama, minúscula e perigosa.

— De a próxima vez eu abaixarei sem estar escorado.

— Ótima ideia.

— Depois me ajuda a levar até o quarto?

— Claro – Johnny disse, se levantando dali, logo estirando sua mão para ajuda-lo – tinha a torta de chocolate e eu trouxe croissant.

 

 

 

O croissant era bom, muito bom, mas Ten estava interessado mesmo era na torta de chocolate da qual ele tirou da geladeira e levou para cima da mesa abandonada, da qual usou somente como um apoio, para cortar uma fatia daquela torta.

 

— Quer? – Perguntou ele para Johnny que estava perto do fogão, preparando seu café.

— Agora não.

 

Ele não curtia muito doce, mas Ten sim, que tentou diminuir o impacto da cafeína ao numa xícara de leite, de mais ou menos duzentas ml, ele colocou mais ou menos cinquenta ml de café, quando Johnny saiu dali e já estava sentando em seu banco, rindo de sua inocência ao achar que café “destilado” em leite não o faria enjoar.

 

 

— Se bem que parece uma boa ideia – Johnny disse, logo que ele se se sentou ali do lado.

— Eu ainda sinto o sabor do café – Ten disse, depois do primeiro gole – não parece que irá causar enjoo.

— Que bom, porque se...

 

 

Johnny falou, falou algo e riu, calando-se por um tempo, mas logo voltando a falar novamente. Mas Ten, ele não ouviu, não conseguiu entender, na verdade. Porque sentiu aquilo revirar em seu estomago e foi tão nojento que ele só quis colocar tudo para fora e não foi por sorte, fora com rapidez que ele traçou aquele plano, que o fez colocar a xícara em cima da bancada e levantar, como se nada estivesse sentindo, andando lentamente até entrar no corredor, porque o resto fora como se estivesse descendo uma ladeira da qual o colocou de cabeça para baixo, o fazendo colocar tudo que se resumia em quase nada para fora, não se demorando, pois ficar sozinho era pensar demais, então ele escovou os dentes, novamente, só para se livrar daquele gosto e voltou para cozinha, olhando para Johnny que já o olhava antes de entrar de vez ali.

 

— O que foi isso?

— Café com leite não foi uma boa ideia – e fora aquilo que ele disse, pegando a xícara da qual ele levou até a pia e derramou o liquido na pia, a lavando e pendurando ali para escorrer.

— Diz a verdade – Johnny disse aquilo, chamando sua atenção, ainda parado ali.

— Isso... – Ten disse, levando a mão ao peito, do qual massageou com a palma aberta, voltando a pegar a xícara da qual deixou encher lentamente na pia – isso não é sequer trezentas ml.

 

Ali estava.

Ali estava o problema e a mão tremia, enquanto equilibrava aquela xícara cheia de água até a borda, enquanto o mostrava e esperava que ele o dissesse talvez para parar de pensar naquilo, ou não pensar naquilo, mas não fora aqui que Johnny fez, pois ele levantou e seguiu até Ten, de quem tomou a xícara e derramou a água dentro da pia, logo o segurando pelos ombros.

 

— Não precisamos aceitar isso, você sabe disso – Disse ele, para Ten que o olhou – mas não vamos tomar uma decisão definitiva nesse exato momento, porque vamos encontrar Minah mais tarde e ele e outros médicos de confiança irão reunir opiniões e nos dizer tudo e então, depois disso iremos nos sentar nós dois para discutir sobre isso e só ai tomar uma decisão, para que você, e muitos eu se arrependa disso no futuro, então fique calmo e não se maltrate assim.

— Eu não quis pensar... eu não pensei porque quis... só...

— Não era o café?

— Foi um pensamento vago... eu não sei o que aconteceu, eu só pensei do nada.

— Tudo bem, ok?

— Tá...

— Precisa comer alguma coisa.

— Eu vou.

 

 

Assentiu, voltando para seu lugar enquanto o via pegar na geladeira um suco de caixinha, voltando a se sentar no seu lugar e começar a comer de sua torna, apenas metade dela, achando que os croissants talvez fossem melhores do quê uma bomba de açúcar em forma de torta de chocolate.

 

 

— Estou bem, foi só um pensamento que eu não pude impedir.

— Eu sei – Johnny disse – não vamos pensar nisso, certo?

— Ta bom.

— Tem algo que queira fazer no resto do dia até a hora da consulta de hoje?

— Quer ir assistir um filme? – Ten questionou, olhando para si.

— Está me chamando pra ir assistir um filme?

— Estou, não quer?

— Porque eu não iria querer?

— Sei lá, dormir poderia ser seus planos, ou sair com Jaehyun.

— Meus planos para hoje é me distrair ao ir assistir um filme e descansar ao não comparecer a faculdade e ir numa consulta onde eu poderei ver meu filho.

— Parece um bom plano.

— Porque é.

 

 

 

 

 

 

 

___________

 

 

 

 

 

 

 

 

Era um ótimo plano.

 

 

 

— Terror? – Johnny questionou quando Ten parou a frente da sessão daquele filme – tem certeza?

— Eu gosto e, pra quê algo melhor do quê terror para te fazer esquecer-se do momento e é terror de espíritos, eu odeio terror de sangue.

— É nova classificação agora.

— Tenho certeza que quase todo mundo classifica como terror de sangue e terror de espírito, fantasma, alma, tanto faz e você entendeu ou não estaria rindo.

— Vamos assistir ao terror de espíritos, então – Johnny disse, pegando de vez a fila, que era até grande.

— Ótimo.

 

 

 

 

Tem tinha razão, terror era definitivamente a categoria de filme capaz de tirar qualquer do momento e leva-lo a outros abismos.

Dos quais envolviam sustos, palpitações, mãos frias, receios, suspense, ansiedade e claro, mais sustos.

 

 

— A cada susto que leva seu coração e o do bebê dão um salto, Ten.

— Ele salta, também – Ten comentou, com os olhos vidrados na tela – bem abaixo da minha costela, ele salta.

 

Uma hora de puro susto. Não era medo, ou melhor, não era totalmente medo que sentiam, mas os sustos, aqueles desencadeados pelas pequenas surpresas que aconteciam durante o filme todo, era impossível de não reagir a ele, fechar os olhos, desviar e até mesmo gritar.

E claro, perder os óculos.

Os óculos de Ten, os de grau que pouco usava, mas precisava em ocasiões como aquela fora parar longe e Johnny ao invés de procura-lo começou a rir, como que ele afastou o rosto de seu braço e claro, que todos que fugiam do momento, ao ouvirem as risadas de Johnny que agora usava agora a lanterna do celular para procurar seus óculos recolheu reclamações.

 

 

— Achei – murmurou ele, antes de desligar a lanterna, logo trazendo os óculos para seu rosto, do qual o colocou, quase furando seus olhos, mas acertando ali, a frente de sua visão.

— Obrigado – agradeceu Ten, voltando a olhar para a tela – Esse filme é bom.

—É bom – Johnny concordou, voltando a olhar para a tela, se afundando ali em sua poltrona, enquanto via Ten esticar as pernas, para alcançar a poltrona a frente, que por sorte estava vazia.

— Mas essa sala não está muito fria?

— Não estou achando – Johnny disse.

— Percebe-se, já que seu casaco está sem serventia alguma em cima do braço da sua poltrona – falou Ten, olhando para Johnny que demorou um pouco a entender.

— Tenho certeza que ele terá alguma serventia se ficar aqui – e então Johnny colocou o casado sobre as pernas de Ten, o tendo rindo enquanto arrumava aquela peça ali, voltando a olhar para o filme.

 

Era questão de simplicidade, Ten.

 

 

Coisas simples o ajudavam, coisas simples o faziam pirar, coisas simples melhoravam seu dia e coisas simples o arruinavam e quando, ao fim daquele lanche, por volta das três e cinquenta da tarde, quando já saiu do shopping central para irem pegar o carro e depois estrada, para voltarem para o apartamento e pegar tudo que era preciso para irem para Minah Ten murchou, ao se calar e entrar naquele pequeno mundo de pensamentos onde convidado nenhum seria convidado.

 

 

— Vamos por um fim nisso logo.

— O quê? – Johnny questionou, quando entrou no carro.

— Estou pronto para ouvir o que Minah tem a dizer ou terá, para dizer, e nós estaremos prontos para por um fim nisso.

— E então, podemos nos concentrar em terminar o quarto do Ricey e o esperar.

— Pensar que está tão perto me deixa como se eu pudesse voar.

— Está com medo?

— Não.

— Ficará com medo no dia?

— Eu acho que não.

— Será bom se for assim.

— Você vai mesmo querer estar lá?

— Eu quero estar lá.

 

 

E ele iria e não era porque estava dizendo isso agora ou porque tinha prometido para Ten que estaria, era simplesmente porque ele sentia que deveria estar lá e que precisava estar lá, para ver tudo de perto, mas principalmente para ver seu filho nascer.

 

 

 

— Pegou tudo que precisava?

— Peguei.

— Então vamos – Johnny disse.

— Vamos.

 

E então eles saíram os dois e seguiram firme até o ultimo minuto, mas era obvio que Ten ficaria nervoso ou receoso quando estivessem realmente próximos, então, quando eles entraram no elevador Ten o olhou como se quisesse apenas apertar o botão que o levaria para o térreo novamente.

 

 

— Não terá nada demais, você só vai contar tudo para ela e ela vai repassar para quem ela estiver pedindo ajuda e então eles irão repassar para nós.

— Eu nem sei por que eu estou nervoso.

— Você não pretende mais adiar uma decisão e é por isso que está nervoso.

 

 

E não era mentira, porque Minah estava a sua espera e não demorou sequer um minuto para que tivessem de frente para ela, sendo cumprimentados e atendidos tão bem, como sempre eram e questionados daquela forma que os faziam perceber que realmente poderiam confiar que ela estava fazendo o melhor que podia pelo bebê.

 

— Vamos conversar sobre aquilo depois de nossa consulta, pode ser? Para não deixarmos passar nada, nem nos distrair.

 

 

E problema algum havia naquilo e Ten não pensou duas vezes ao atender ao seu pedido de ir se trocar enquanto ela descia para resolver um probleminha que havia surgido em sua agenda.

Porque Ten teve tempo o bastante para se preparar emocionalmente para o que viria em breve, enquanto permaneceu em silencio  junto de Johnny que se sentava no mesmo banco que sempre sentava até a chegada de Minah, que o pediu para levantar da mesa de exames para ela medir a altura de seu útero.

 

 

— Sua altura uterina é de 34,4 centímetros.

— Não mudou muito, desde a última – Ten reparou.

— A ultima medida foi de – e Minah, com sua ficha de acompanhamento em mãos olhou a procura – 34 centímetros.

— Isso é ruim?

— Claro que não e iremos confirmar que não durante o ultrassom.

— Até que altura cresce, mais ou menos até 41 centímetros, no maximo 42 centímetros e se o bebê for realmente muito grande, uns 42,3 centímetros e depende muito de gestante para gestante, mas isso não é algo para se assustar, porque as vezes é queima de gordura nessa região do abdômen, diminuição normal do liquido amniótico, e entre vários outros favores que não oferecem riscos nenhum, então não se preocupe.

— Ok – Ten disse.

— Vamos ver o peso.

— Peso – e então Ten se dirigiu até a balança.

— Isso pode explicar alguma queima de gordura abdominal – Minah disse, quando viu ali dois quilos a menos do quê na ultima consulta – é normal.

— Eu passei alguns dias sem conseguir dormir bem.

— Corrigindo – Johnny que estava quietinho até então disse aquilo – sem dormir.

— Perca de sono, Ten?

— Andei tendo uns sonhos esquisitos e não conseguia dormir.

— Nem com os calmantes naturais?

— Nem com eles... eles só me deixavam relaxado.

— Mas já está conseguindo dormir melhor?

— Estou, quando o bebê me deixa dormir.

— Ele é dos que acorda na madrugada.

— Como de noite é bastante silencioso no apartamento ele sempre parece dormir por volta das oito horas, então quando é duas horas, ou uma ele acorda e então eu já não consigo dormir quase nada.

— As últimas semanas é um período bem chatinho e sensível para dormir.

— Sim.

— E quanto mais se aproxima, mas esses pequenos ficam hiperativos, como se quisessem correr e rasgar nossa pele – e então Minah que se sentia a vontade para alisar sua barriga quando abriu a região que deixava descoberta a sua barriga, logo cobrindo suas pernas que quase congelavam, sentiu Ricey chutar forte, a fazendo olhar para si – podem esperar um pouco? Eu já volto.

— Sem problema Minah – Ten disse, a acompanhando sair até entrar no corredor.

— Viu o sorriso dela? – Johnny questionou.

— Pareceu que ela pensou algo, não pareceu?

— Pareceu.

 

 

 

E se pareceu realmente ou não Johnny e muitos menos Ten não poderia jurar por aquilo. Afinal, supor não é e nunca seria ter certeza sobre algo.

 

E se alguém no mundo dissesse que a vida não era a coisa mais complicada, mais exorbitante e mais extraordinária do universo todo Johnny daria um jeito neste alguém com as próprias mãos, porque ali, enquanto esperava Minah voltar, enquanto mais próximo de Ten Johnny estava sentado enquanto prestigiava a vista que tinha de sua barriga dali, enquanto ele próprio nunca se cansava de fazer aquilo, sorrindo bobo a cada chute que Ricey o dava, os deixando ver aquilo tão facilmente.

 

 

— É engraçado como tudo muda, não é Johnny? – Ten que virou o rosto para seu lado o questionou aquilo, o deixando até sem ar, sem voz para responder aquilo, o fazendo rir, somente na primeira instancia – porque eu não me sinto como antes e tudo vai ser diferente agora.

— Parece que se passaram anos, e os anteriores a eles nem parece existir – murmurou Johnny, não tão baixo, enquanto levava a mão até a barriga de Ten – antes poderíamos ser qualquer coisa, mas agora seremos pais, para sempre e nada vai mudar isso, então sim, é engraçado como as coisas mudam.

— Espero que a gente consiga ser bons pais.

— Eu também.

 

E então, Sora enfim entrou empurrando uma nova maquinaria, que tinha nela um monitor que se assemelhava muito a aquele que ela usava para visualizar seus ultrassons.

 

— O que é?

— Hoje eu permitirei que vejam o filho de vocês em 4D.

— 4D?

— Evoluímos tecnologicamente e toda a maquinaria do passado fora levemente moldada e melhorada, então eu não costumo usar muito, sabe? Mas não se preocupem, não é prejudicial, mas eu geralmente dou a opção nas ultimas consultas e ainda teremos algumas até a ultima, mas sinto que será bom, deixar que vejam hoje e quem sabe, na ultima semana?

 

 

Os dois sorriram e não souberam o que dizer, porque não tinham e nem precisavam e não tardou para que Minah estivesse ali, o preparando depois de preparar a nova maquina, que primeiramente seria usado para um ultrassom e depois no modo que poderiam ver o lindo menino Seo em 4D.

 

E agora, quando o Tum, Tum, Tum, Tum, ritmado e forte os tomaram os ouvidos o mundo exterior se esvaiu e o interior entrou em colapso, os batimentos se alteraram, aquela ânsia que cortava o peito em pura ansiedade se fez presente e eram sentimentos demais, muitos sentimentos, sentimentos que transformavam e poderiam transformar os piores momentos nos melhores.

Dos dois, aquilo era nos dois, e poderiam não pensar exatamente da mesma forma, com as mesmas palavras, e na mesma ordem, mas era aquilo, no fim o que sentiram.

E  agora Johnny olhava para aquela tela como se estivesse olhando para o oceano, tão estupefato com toda aquela beleza imensurável, sem limites, sem uma linha que pudesse determinar o fim, ou o tamanho, ou a intensidade e profundidade.

Era exatamente assim que ele se sentia, ao olhar para aquela ultrassonografia, enquanto ainda não acreditava que aquele bebê enorme, aquelas mãozinhas, os pés, a cabeça, o rosto, ele por completo, estivesse ali dentro da barriga daquele ômega que se afundava em pensamentos, todos relacionados ao filho e ao futuro do filho, enquanto sorria até olhar para si que olhava melhor para aquela telinha enquanto gostaria de poder rir.

 

 

— Que foi Johnny? – Ten questionou, o chamando a sua atenção.

 

E então, Johnny que olhava para a telinha, olhando-a de lado, enquanto de braços cruzados tentava ser racional olhou enfim para Ten, que o fez piscar, pigarrear e rir.

— Só...

 

Só não sabia o que dizer, estava de boca aberta, queixo caído e coração acelerado, as mãos ainda gelavam e então olhando para Ten e depois para Minah ele pensou melhor em quais palavras usaria naquela ocasião.

— Só é bom, assistir isso.

 

E então os dois riram voltando a olhar para o bebê na telinha, enquanto ele também voltava a olhar.

 

E então, eles perceberam que não tinham visto nada da grande imensurável dádiva que teriam em seus braços em poucas semanas quando o mundo pareceu ganhar uma cor nova, quando Minah sorriu e mudou a cor de fundo da telinha que se tornou laranja e mirava agora, aproximadamente sobre os dedinhos do bebê, que se mexia, sobre o peito, que sumia e descia lentamente mesmo dentro daquele liquido todo, porque já ali, naquelas condições a vida era explêndida e o bebê treinava a respiração, todos os dias, todos os momentos, respirando como eles que estavam ali, a espera, mas muito melhor, sem dúvidas, mesmo que estivesse submerso ao seu liquido da vida, porque eles que estavam ali fora, inalando o ar da vida, não conseguiam respirar assim tão bem e conseguiram menos ainda quando o dedinho, que na verdade era o dedão, um dedão muito menor, fora para na boca.

Não, aquilo não estava acontecendo para eles que viam aquilo, que se olhavam, tentando comprovar de que viam aquilo.

 

 

— O que estão vendo agora é que, esse bebê provavelmente não vai aceitar chupeta – Minah disse e os que hiperventilavam até então riram.

 

Riram e sorriram, porque era a única coisa que os restavam fazer para ainda expressar o que parecia comer os corações por dentro, aquela felicidade que chegava a pinicar, que era ainda inexplicável, de tão grande que era.

Perderam noção do tempo, babando aquelas imagens, aquele movimento e o rosto, que embora não pudesse ser contemplado e todos os detalhes, na cor real, na maciez da pele, ficou ali, marcou na verdade, um momento lindo, foi lindo e Ten estava ainda tão animado e feliz por dentro que embora tentasse não conseguia parar de sorrir feito um bobo, enquanto já se sentava ali e encarava os pés, indo de um lado para o outro, enquanto limpava a barriga de todo aquele gel.

 

 

 

— Eu vou esperar vocês dois na sala do consultório.

— Eu vou me trocar e já chego lá – Ten falou, vendo a mulher entrar no corredor – você viu aquilo, Johnny? – questionou ele, sorrindo quando o alfa sorriu, negando enquanto andou ao se levantar do banco, parando a sua frente – não parece que foi real – comentou, quando o alfa tocou sua barriga ainda descoberta.

— Eu acho que eu nunca irei sentir nada parecido com o que eu estou sentindo hoje, depois de tudo isso, depois de assistir ele chupando o dedão – e então ele riu, voltando a olhar para seu rosto – Estou ansioso, Ten.

— Eu também, Johnny.

— Vamos acabar logo com isso? – Johnny o questionou, o estirando a mão.

— Vamos.

 

E então ele aceitou sua ajuda para descer dali e ali mesmo ele se sentou, quando Ten seguiu pelo pequeno corredor do lado contrario, onde tinha uma porta da qual ele entraria e teria uma sala lotada de armários, sendo um deles o que tinha sua roupa dentro.

 

E ele não demorou a se vestir e eles não demoraram a voltar a ver Minah e a se sentar do lado dela, enquanto ouvia o quanto o bebê deles estavam bem, e no quanto ele seria grande. Já agendando também a sua próxima consulta e o enchendo de perguntas das quais ele respondeu todas, pois não queria deixar passar nada e Johnny não deixava que ele passasse nada, e era de grande ajuda.

Porque lembrou graças a ele de mencionar que estava enfim sendo acompanhada pelo Doulo que já tinha o ensinado bastante e o tirado muitas dúvidas e o feito ter mais algumas, da qual ele cessou também e ele era ótimo, ele era realmente bom e Minah estava certa sobre ele e Ten sem dúvidas o queria para seu parto, porque ele era daqueles que criavam um laço antes de tudo para poder o passar confiança e ele passava.

 

— A partir de agora nos veremos em num espaço de tempo de quinze e quinze dias, porque a partir do terceiro semestre é assim que deve ser a assistência e eu irei te assistir até o ultimo dia e farei o que puder para te ajudar e estar preparada para qualquer imprevisto, então sendo assim sua próxima consulta será marcada para o dia 28 de dezembro, ok?

— Tudo bem, estarei aqui – Ten disse, a sorrindo.

— Fará esses exames e me trará no dia e me terá que me passar depois seus horários com Kibum, para que eu possa tirar um dia para comparecer e conversamos, sobre o parto.

— As minhas aulas solos são na quarta-feira.

— Ótimo – Minah disse – tirarei um tempo para comparecer a sua próxima aula e eu aviso, caso não consiga, ok? É pela manhã?

— É sim – Ten afirmou.

— Pra mim é mais vago pela manhã, então provavelmente estarei lá.

— Então nos veremos na próxima semana.

 

 

E então Minah o entregou todas as requisições e o explicou o porque de precisarem se ver a cada quinze dias e era meio que algo que tinha se passado por sua cabeça, afinal, o bebê poderia vir a qualquer momento, quando o terceiro semestre chegava, era questão de timing.

 

— Você esta ótimo, está dentro do peso e seus exames serão entregues a mim daqui a três semanas, mas acredito que não tenha nada fora do normal e não se preocupe, sua barriga ainda tem pouco mais de um mês para crescer, seu bebê vai ganhar peso e eu indicaria que voltasse para o Yoga, você me disse que fazia antes, então seria bom retomar, para as costas e para conseguir dormir melhor à noite e sem contar que treinar a respiração é essencial.

— Eu devo voltar para o Yoga, então?

— Te indico – Minah disse – então agora, se você estiver pronto, pode me contar tudo e se eu tiver algo a mais a acrescentar sobre algo que eu talvez tenha me esquecido de perguntar durante a consulta até o fim de nossa conversa eu lembrarei, ok?

— Tudo bem – Ten que se endireitou na cadeira disse aquilo.

— Só pense que está dividindo comigo como se estivesse dividindo com Johnny e então eu irei chegar a casa e irei estudar de cabo a rabo qualquer contraindicação, se existir e não esconderei nada de vocês, darei a minha opinião como a medica que quer o melhor para você e seu bebê e se houver algum perigo, eu os direi e vocês poderiam se decidir.

— Irei contar tudo que eu sei até agora e eu acho que é o suficiente para que possa me dar uma opinião medica.

— Estou aqui para isso e não fique nervoso, você não decidiu ainda, seu bebê está bem e seguro e continuara assim, então apenas me falem os dois sobre tudo que quiserem.

 

 

 

Então Ten que olhou para Johnny, que assentiu como um incentivo estava pronto para falar e ele falou, falou tudo. Tudo que podia, e tudo que não podia, sem esquecer-se de absolutamente nada, com a ajuda de Johnny, que também expôs suas dúvidas, suas questões, enquanto Minah os ouvia e concordava e não os julgava, por estar em dúvidas, ou por estar considerando, e por estarem, claro, desconsiderando, quando havia tantas pessoas em jogo, tantas vidas.

 

 

Ele disse tudo e estava agora com a boca seca, o coração aperreado e as pernas meio bambas, porque Minah se despediu com um sorriso e que estudaria o caso, para os darem a melhor opinião, como sua medica obstetra.

Porque havia tanto, para se levar em conta e não se tratava de uma quantidade exata de liquido, o peso influencia, poderia haver complicações, o bebê poderia nascer anêmico, havia mil e um fatores, que poderiam e deveriam influencia naquela decisão.

E daquela forma pensava ela de forma impessoal, porque se fosse de maneira pessoa que tivesse que julgar aquilo, ela penderia para eles e estaria confusa como eles, sem saber o que fazer, então, para ajuda-los, ela seria impessoal, pensando no bem estar deles, levando em conta a saúde do bebê deles.

 

 

 

 

 

— Uma decisão sensata, nós vamos conseguir tomar uma decisão sensata – e fora aquilo que Ten, que fechou os olhos se escorando na parede fria do elevador repetiu como um mantra, até sentir contra seu ouvido aquelas palavras, que o fizeram não ter mais a necessidade de falar:

— Vamos tomar uma decisão sensata.

 

Então ele disse aquilo, depois o abraçou forte, ao circular seus ombros com um dos braços, tendo o outro ali, alisando seus cabelos atrás da cabeça.

 

 

 

— Não é como se eu quisesse ou pudesse retribuir o que faz por mim, e não é como se você quisesse que eu que eu retribuísse, porque eu sei que você simplesmente faz por querer.

— Porque está dizendo? – Johnny o questionou, quando foram interrompidos pelo elevador que parou a três andares abaixo e pelo menos cinco pessoas entraram.

 

 E então Ten negou, saindo no térreo, quando o elevador abriu para eles.

 

— Só estou dizendo.

— Você está bem?

— Estou, não posso ficar mau agora... – Ten disse, logo olhando para Johnny que caminhava ao lado – e você?

— Creio que estejamos nos sentindo da mesma forma, ou de forma parecida.

— Posso te pedir uma coisa? – Questionou ele, quando saíram pela porta automática.

— O quê?

— Me leva pra jogar aquele jogo, Go Zumbi

— Jogo? Go Zum?

— Isso, Go Zum.

— É sério?

— É, eu quero jogar, na verdade quero me distrair, mas dá no mesmo.

— Vamos então, talvez seja bom.

 

 

Claro que seria bom mirar e atirar e matar uma legião de zumbis, porque se certa forma era aquilo que ele queria fazer.

Queria mirar na raiz de cada um de seus problemas e atirar, esperando que ele caísse resolvido ao chão, até que ele enfim resolvesse todos ele e pudesse enfim passar de nível.

Ele só queria passar de nível, passar daquela fase com a mesma força que queria como queria ter seu filho em seus braços, bem, com saúde.

 

 

— Ela poderia ter dito algo.

— Eu não acho que ele queria nos deixar confusos com comentários.

— Mesmo assim, ele poderia ao menos ter dito algo sobre a quantidade.

— Não vamos pensar nisso, Ten.

— Eu tento, mas eu não paro, então estamos perto?

— Você gostou daquele jogo?

— Gostei, mas odiei a montanha russa, então nem pense em me arrastar até lá.

— Não se preocupe, não chegaremos nem perto daquela sala.

 

Acalmou-se, depois daquilo e não fora exatamente por aquilo que ele se acalmou e parou de falar, pois ali estava, mexendo no envelope que Minah o entregou e ele revistava as fotos que Minah tinha capturado durante o ultrassom em 4D.

 

 

— Ele é incrível.

Ele era realmente incrível.

 

— Ten, se eu te disser uma coisa, promete que não vai, sei lá, ficar triste?

— Como posso prometer, se eu nem sei o que é?

— Enfim...

— Diz.

— Eu estava olhando para a tela, na verdade eu não conseguia parar de olhar, então, teve um momento que por um segundo eu pensei ter visto errado, da ultima vez.

— O quê? – Questionou Ten – O quê?

— O sexo do bebê.

— É uma menina, Johnny? – Ten questionou, não sabendo se só ria, ou se ficava sério de uma vez por todos – você se enganou ao dizer que era um menino.

— Eu não, agora eu tenho certeza.

— É um menino – Ten disse, convicto daquilo – Ricey é um menino, Johnny.

— Se fosse uma menina, não ia gostar?

— De onde tirou uma ideia absurda dessas?

— Sei lá.

— Não, nada disso, nem pense isso – e então ele riu, negando – eu só tenho certeza, é um menino.

— É um menino – Johnny disse – eu só fiquei, confuso.

 

Ten só riu, voltando a olhar para a estrada, animando-se internamente quando viu que acabam de entrar em Namsan.

 

E se tinha sido uma boa ideia ou não Johnny não saberia, e se ajudaria ou não ele também não sabia e nem podia afirmar, mas tinha esperança, de que pudessem se distrair, pois estavam tensos, pensativos e sem saber o que esperar, o que dizer e o que decidir e talvez se distrair fosse a palavra chave daquele dia.

 

A chave para o sucesso.

E ali estava, fechando a porta atrás de si, já não recebendo instruções, pois não esperaram o técnico vir e era simples e Johnny já tinha estado ali um milhão de vezes e ele só tinha vindo uma única vez, mas arrasou e esperava arrasar novamente.

 

A contagem regressiva se instalou no led a frente de seus olhos e não demorou em que chegasse a zero e eles arrastassem, derrubassem e destruíssem um por um daquela legião de zumbis que só aumentavam, quando pela primeira vez morreram ao serem atacados os dois, por dois zumbis que os fizeram cair da fase oito para a fase um novamente.

 

— Fomos longe pra primeira vez, Johnny – Ten falou, mesmo sem saber onde Johnny estava exatamente, até sentir seu braço encostar-se  no seu e ele rir.

— Você é bom, nesse jogo.

— Eu tenho boa mira.

— Você está legal?

— Estou – Respondeu ele, preparando-se quando a contagem chegou em três.

 

E ele estava, estava bem e daquela vez foram um pouquinho mas longe, até a fase quinze, até que Johnny por se afastar do campo de proteção que eles dois davam um ao outro fora pego por um zumbi que saiu de detrás de um carro velho que estava bem ali do lado.

 

E ali se foi o segundo passe.

Depois veio o terceiro e eles apenas brincaram nesse, morrendo logo, logo, na fase cinco.

E então veio o quarto passe, o quinto, o sexto e o sétimo e então no oitavo eles chegaram numa fase realmente longe, ao aguentarem ainda com hesito durante quase trinta segundos até morrerem na fase de nível 28.

 

 

— Não está cansado, Ten?

— Não – Respondeu ele – você comprou quantos passes?

— Quinze – Johnny disse logo iniciando o nono passe, quando a contagem regressiva chegou a um, os fazendo retomar as suas posições.

 

Johnny o ouvir rir, ele também riu, mas estavam ambos cansados e Johnny estava disposto a parar, mas Ten continuou ali, atirando, o forçando a voltar ao campo de batalha do qual não permaneceram em pé por muito tempo e Johnny agradeceu por aquilo, tirando seus óculos que já estavam o fazendo suar.

 

 

— Porque você desconectou?

— Estou cansado e com fome, vamos dar uma pausa.

 

 

O três virou um dois, o dois virou um e então Ten continuou atirando, derrubando os zumbis a frente.

 

— Ten.

— Só mais essa.

 

O deixou e então ele parou e continuou olhando para a tela, estático, e Johnny que estava ali sentado em um dos pequenos sofás que decoravam a sala se levantou e andou até ele.

 

 

— O que foi?

— Eu não estou me sentindo bem.

— Claro que não está – Johnny disse, o virando pelos ombros, retirando seus óculos logo depois – Até eu estou cansado, porque você não estaria?

— Eu achei que seria divertido, como na primeira vez e que eu me sentiria melhor.

— É nosso estado – Ten disse – não estamos no clima, e realmente não foi divertido como na primeira vez.

— Estou sentindo todo o peso do mundo nos meus ombros, Johnny – revelou ele olhando para Johnny por tempo até demais, já que seu pescoço começava a doer, o forçando a baixar a cabeça – eu só quero me sentir livre disso, só quero fazer algo que me ajude a esquecer isso, nem que seja por um segundo.

— Ten.

— Eu te sobrecarrego, eu sei, eu te faço correr por aí, e eu me sinto mal por isso, e eu não gosto de falar dos meus sentimentos, mas sempre acabo falando pra você, porque querendo ou não você é a única pessoa para quem eu posso falar sobre isso, porque você sabe e me entende.

— Então só fale, e não se sinta mal porque você não me sobrecarrega.

— Eu me sobrecarregado, eu exijo muito de mim, como pode dizer que eu não exijo de você quando te fiz dirigir até aqui para jogarmos isso, quando sequer estamos com cabeça?

— Ten.

— É serio, eu estou me sentindo assim e eu preciso me distrair, principalmente hoje, então te arrastei para assistir um filme de terror e agora até te fiz vir até aqui e eu estou cansado, meus pés estão doendo e eu sinto que eles estão inchando e eu nem estou me sentindo melhor, estou pior e você faz coisas por mim sem pedir que eu retribua e eu me sinto meio que em divida, por tudo e eu sei, eu sou neurótico, eu exagero, mas eu não sei retribuir e parece que eu preciso, na verdade eu sinto que preciso e isso me sufoca.

— Só cala a boca por um segundo.

— Johnny.

— Não faz sentido nada que está dizendo e eu não preciso que retribuía nada.

— Você não entende.

— Porque te sufoca?

— Porque a cada dia tudo isso só fica mais difícil e a cada dia eu exijo mais, porque eu acabo precisando mais de você, porque eu não consigo fazer isso sozinho.

— Então apenas precise.

— Eu não posso.

— Você pode e deve.

— Johnny, eu...

— Você tem medo de se apoiar em mim, porque pensa que eu vou te deixar na mão quando mais precisar e não negue – Johnny o reprendeu, descruzando os braços – O que eu preciso fazer para que você pare com isso?

— Eu não... eu faço ideia, eu não acho que você precise fazer algo, ou possa...

— Só... – Johnny disse, não sabendo se pensava em tudo aquilo da forma correta – se apoie em mim, Ten.

 

 

E então Johnny que se aproximou fora chutado para longe e fora engraçado, porque daquela vez fora Ricey e não Ten, que muito pelo contrário apenas o olhava, quando se manteve de olhos fechados até que seus lábios enfim deixaram sua testa, quando ele o olhou novamente.

 

 

— Para de se cobrar Ten, porque eu não estou te cobrando nada.

— Eu sou um desastre – Então Johnny sem sequer pensar em ser sutil riu ali mesmo, ainda desviando para o lado, tentando retomar a sua seriedade, ao voltar a olhar para Ten, que não parecia chateado, mas estava estático.

 

E sem pestanejar Johnny foi de encontro ao desastre, colidindo contra de forma que fora abraçado por sua natureza, quando ele não relutou, não por mais de três segundos, que fora tempo necessário para se dar conta de que ele estava o beijando, ou tentando iniciar um beijo. Quando ao invés se segurar na lateral de sua roupa ele subiu as mãos até parar atrás de sua nuca, aprofundando aquele beijo, que naturalmente se encaixou, quando Ten aceitou o desastre que ele era, o desastre que ele era e sempre seria e que ele esperava que ele pudesse aceitar e confiar.

Porque era aquela, a decisão mais sensata a se tomar.

 

— Ricey não para de me chutar – Johnny que se separou brevemente de seus lábios, logo voltando a se aproximar, distribuindo selares que o fazia retomar ao ritmo anterior disse aquilo, tendo Ten rindo entre seus lábios.

— Ele quer que você se afaste de mim.

— Mas eu não quero – Johnny disse, encarando Ten, que se pudesse ficar mais vermelho obviamente ficaria, ou era as luzes da sala que ficava logo atrás de si? – Você quer? Ou você não se importa que a gente continue?

 

Algumas palavras eram difíceis para ele e daquilo Johnny sabia, principalmente quando eram palavras que assumiam posições e ele o olhar daquele jeito, pensativo, como se estivesse procurando a resposta que o deixaria menos exposto só o provava que estava certo naquilo.

 

 

— Eu não quero me importar.

— Seja direto.

— Me beije e me mostre ou me faça sentir que eu não preciso me importar que você me beije Johnny, eu quero poder sentir isso.

 

 

E pareceu uma eternidade, mas ele enfim se expôs a eles, à sua maneira.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

_____________

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Notas Finais


Bom, este foi o capítulo de hoje e eu espero que tenham gostado. E eu espero que não esteja meio sem pé e nem cabeça, porque esses dias todos eu estava tentando terminar porque a atualização tinha que ser hoje, mas eu estou como se fosse gripar, mas não gripo, mas aí a cabeça doí, os olhos ardem e o corpo parece que foi atropelado como o do gatinho que Ten e Doyoung alimentavam, sério.
Mas estou bem, não se preocupem, só espero não ter trago um capítulo ruim para hoje, amo muito vocês, de verdade, por me acompanharem nessa história de particulas.

Pequenos pedacinhos de algo futuramente grande e completo.


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