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História Safira - Noite Perfeita


Escrita por: Poliamas

Notas do Autor


Oi gentee!! im o mais rápido possível, obrigada por tantos favoritos e comentário maravilhosos!!

ps. Feliz Aniversário @Parkeson! Esse capítulo é meu presente pra vc!


Boa leitura ღ

Capítulo 17 - Noite Perfeita


Fanfic / Fanfiction Safira - Noite Perfeita


Safira
Anel Superior

Por mais que não quisesse acordar deste maravilhoso sonho, uma hora precisamos voltar à respirar, não é mesmo?

Assim que nos separamos, Zuko fechou a casa de chá e depois de uma enrolação ou outra—e quando falo em enrolações não quero dizer uma outra seção de deliciosos beijos e carinhos, se é que me entendem—combinei de ir até seu apartamento à noite.

Agora, chegando em casa, a mesma casa em que Joo Dee hospedou meus amigos um mês atrástal casa que por algum motivo que eu não sei e nem quero saber, está em construção pois foi praticamente massacrada do lado direito, e quando eu perguntei o que aconteceu, Toph apenas deu de ombros e falou algo sobre quebrar as regras? Enfim, adentrei o quarto onde Katara estava e assim, finalmente, pude relaxar os ombros.

Suspirei com o ar da doce e velha alegria.

—Puxa, alguém está de bom humor. —disse Katara, ajeitando seu cabelo em frente ao espelho.

Nem havia percebido o quanto devia estar transparente em minha face aquela maravilhosa sensação, era como se estivesse nos ares, no alto do céu.

Ignorando o comentário de Katara, andei até a cama e me jogando em cima dela, respirei fundo.

Precisava descansar, precisava dormir, mas a questão era... eu não conseguiria. Não conseguiria dormir, não conseguia tirar aquele intenso e mágico beijo da cabeça. Ainda podia sentir a sensação agradável de seus lábios contra os meus e seu delicioso cheiro. Podia ainda sentir seus fortes braços ao meu redor, enquanto me abraçava e ainda ouvia suas palavras carinhosas em meus ouvidos.

Sentia-me boba, tonta e aérea, o que de certa forma, era ruim. Tornava-me fraca. Por um momento, aquilo pareceu péssimo, mas era bom demais para simplesmente ser estragado dessa forma. Superava qualquer negatividade que sentisse.

Katara por outro lado, nada inocente e tampouco imbecil, na verdade, muito esperta, deixou seu cabelo de lado e levantou-se da penteadeira onde estava, vindo até mim.

—Não vai me contar? —perguntou ela, sentando-se ao meu lado. —Encontrou seu namorado?

No instante que meus ouvidos captaram aquilo, não pude deixar de franzir o cenho.

—Ele não é meu namorado. —retruquei, assentando-me como ela. —E sim, eu o encontrei.

—Sobre o que conversaram?

—Sobre tuuudo... —suspirei, jogando-me para trás, deitei-me novamente. —E...

Ah, senti minhas bochechas queimarem outra vez. Meu coração acelerava e minhas pernas tornavam-se bambas. Uma mistura de tudo e nada ao mesmo tempo contagiava meu peito, enquanto encarava aquele simples teto.

—E? —questionou, curiosa. —Alguma coisa aconteceu, você parece estar nas nuvens.

Mordendo o lábio inferior, desviei o distraído olhar da cobertura e tornei-os para Katara.

—Ele me beijou.

A garota piscou algumas vezes, tentando organizar e formular seus surpresos pensamentos. Pareceu impressionada nos segundos seguintes, ficou perplexa, mas logo, sua perplexidade transformou-se em um sorriso entusiasmado.

—Aahh!

Katara gritou e jogou-se em cima de mim, meigamente gargalhando, abraçou-me fortemente. Nós não conseguíamos parar de rir e rir e rir. Nos minutos que se passaram ela fazia perguntas e eu respondia com simplicidade, cada pergunta com uma resposta acompanhada de uma memória doce e curta.

—Foi incrível... —falei em um suspiro. —Me convidaram para jantar esta noite.

Ah, claro. Finalmente a parte que eu deveras precisava discutir com ela. O jantar da noite e a inauguração amanhã. Também precisava encontrar uma desculpa rápida para a estreia da Casa de Chá.

De início, permaneci encarando-a, receosa.

—Acha que eu devo ir?

—Tá brincando!? —exclamou, esbaforida. —É claro que deve!

—Você não se importa?

—A reunião com o conselho é amanhã de tarde. —explicou, dando de ombros. —De qualquer forma, se você não puder ir, Momo e eu vamos, não tem problema, Safira.

Aos poucos, um sorriso começou a formar-se em meus lábios. Era tão grata por Katara puramente ser a Katara, uma amiga gentil e compreensiva. Então, foi a minha vez de jogar-me em cima dela, abraçando-a com força.

—O Sokka tinha razão! —afirmei, emanando alegria. —Você é a melhor!

—É, eu sei. —responde, assim que separamos o abraço. —Mas e aí, já sabe o que vai vestir?

O que vou vestir? Ah, droga! O que eu vou vestir?

Franzi o cenho, aborrecida.

A verdade é que todos esses meses longe do Polo Norte transformaram-me de certa forma, em uma selvagem.

Quando viajava de cidade para cidade, meu objetivo não tinha nada a ver com aparência física, logo não teria porquê querer cuidar com o aspecto da roupa que vestiria ou com qualquer tipo de maquiagem, contanto que estivesse limpa e saudável, para mim, estava bom. Mas hoje, sinceramente? Queria ficar bonita. Queria usar um vestido elegante, queria usar maquiagem e queria me sentir renovada.

—Eu queria te perguntar sobre isso na verdade. —falei, cabisbaixa. —Katara, quando se trata de beleza, eu sou um caso perdido, por favor, me ensina!

Achei que Katara fosse ficar séria e me responder de forma madura, mas ela começou a gargalhar e gargalhou bastante, tanto que chorava. Até Momo chegou a zombar da situação, acompanhando Katara em sua diversão.

—Você é uma figura. —disse ela, limpando suas lágrimas. —Vamos logo, princesa.

[...]  

—Wow!

Foi minha única reação.

Meus olhos arregalaram-se quando vi meu cabelo preso em uma trança lateral muito bem feita e até que... bonita? Fiquei ainda mais surpresa quando Katara insistiu que usasse um vestido verde claro com detalhes brancos que estava no guarda roupas da casa junto de outas peças.

—Que bom que te serviu, Toph e eu usamos um desses pra entrar na festa do rei à algumas semanas.

Ah, sim. Sokka me contou sobre tal festa da última vez em que nos encontramos. Foi nesta festa, inclusive, que descobriram sobre a conspiração de Long Feng contra o rei.

—Esse é o melhor que temos. —disse ela, pensativa. —Queria que tivéssemos um azul.

—É-é perfeito Katara, obrigada! —exclamo, com certa pressa. —Nem precisava de tudo isso.

—É claro que precisava, Safira, afinal é um encontro.

Um encontro? Zuko e eu em um encontro? A palavra não soou nada mal e definitivamente encaixava-se bem, apesar de toda a confusão e grande bola de neve que apenas aumentava cada dia mais em nossas vidas—ou melhor, em minha vida. Esta noite, no entanto, queria que esses problemas simplesmente desaparecessem.

—Está ficando tarde. —disse Katara, olhando através da janela. —Quer que eu peça uma carroça pra te levar?

—Não precisa, vou à pé.

Minha amiga assentiu, sorrindo.

—Tome cuidado, não volte tão tarde. —alertou, cautelosa. —E se precisar de qualquer coisa, vou estar aqui, e se fizer frio...

—Katara, eu vou ficar bem.

Indo até ela, abracei-a fortemente.

—Obrigada por tudo.

—Tá bem, agora vai.

Assim sendo, obedecendo sua ordem, dirigi-me até a porta da casa. Estava quase saindo quando ainda ouvi...

—Divirta-se!

E enfim, depois de retribuir a exclamação de Katara com um meigo sorriso, comecei a caminhar.

O Sol já estava a se pôr quando cheguei perto do local.

Bem, era hora de finalmente encarar aquelas borboletas em meu estômago. Era hora do jantar.


Zuko
Apartamento

Meu tio preparava o jantar. O Sol já estava terminando de se pôr. A noite caía.

Quer perguntar como me sentia agora?

Nervoso, ansioso. 

Desde que acordei essa manhã, sinto-me diferente, animado. Mas quando vi Safira parada, perdida no meio daquela rua, foi como ver o Sol nascer bem na minha frente. Foi como ver a pedra mais preciosa.

Seus olhos azuis, seus cabelos brancos, sua expressão que emanava a inocência e pureza, quando na verdade, sob a luz da Lua Cheia, tornava-se a guerreira mais perigosa. Definitivamente, Safira é a pessoa mais complicada e de certa forma, a mais impressionante que já conheci. Ela me deixava confuso e me fazia querer protegê-la mesmo sabendo que não precisaria de proteção alguma e que nunca iria precisar. Ela me faz querer abraçá-la, agradá-la.

São muitas emoções simultâneas, toda vez que escutava sua voz.

E aquele sorriso? Ah, aquele sorrio...

Seu sorriso fazia-me entrar em transe, em uma realidade alternativa, só nossa. Em uma realidade em que desejo ficar infinitamente vendo-a sorrir. Me faz querer fazer comentários ridiculamente ruins ou extraordinariamente maduros apenas para vê-la sorrir. Ela é teimosa e cabeça quente, irritada, mas até sua teimosia chegava a ser linda.

Toda aquela mistura complexa que formava sua personalidade, tornava-a única, perfeita. Tornava-a a mais bonita e indescritivelmente misteriosa. Tornava-a a Safira.

—Você devia sentar e esperar. —disse meu tio, preparando a mesa. —Ela não vai demorar, mas ficar na janela esperando não vai fazê-la vir mais rápido, príncipe Zuko.

—Eu sei, tio... —respondi, respirando fundo. —Queria que ela chegasse logo.

—Zuko...

Meu tio foi interrompido por uma batida na porta.

No mesmo instante, aquele nervosismo tomou conta de mim e já não sabia mais como contar até dez ou como se quer, escrever meu nome. Senti o coração bater rápido e a cada batida, mais o desespero aumentava e mais ainda, minhas mãos suavam frio.

—Zuko? —meu tio chamou. —Vai ficar aí parado ou vai atender?

—O-o que eu faço tio?! —pergunto, com certa pressa, perdido. —O que eu digo, o quê...

Meu tio poderia ter começado um grande discurso expressando seus provérbios, poderia ter dito qualquer coisa que me acalmasse ou que desse qualquer pequena orientação neste momento confuso e agitado. Mas ao invés, ele apenas sorriu, divertindo-se com a minha desgraça.

—Pode começar abrindo a porta.

Abrir a porta. Sempre foi um ato comum, seja qual for a pessoa faria isso sem dificuldade alguma, sem pensar duas vezes, talvez faria automaticamente.

Mas não era tão simples puxar o trinco. Safira poderia estar do outro lado—eis mais um motivo pelo qual não deveria demorar tanto, não queria deixá-la esperando.

Respirei fundo. Caminhei até a porta.

Com as mãos tremendo, ansioso, esperando ansiosamente que fosse ela, engoli em seco. Fechando os olhos, apertando-os e suspirando em seguida, abri a porta.


Safira
Apartamento

Meu estômago revirava-se todas as formas possíveis. O ar parecia escasso para a rapidez com que meus pulmões o processava, a respiração estava descompassada. E já não conseguia controlar seja lá o que fosse aquela coisa que ardia dentro de mim, desejando ansiosamente por estar com ele sozinha outra vez.

Por fim, Zuko abriu a porta com aquele sorriso confiante que chegava a me irritar—admito, está bem, não foi irritante, só nesta ocasião.

Como adorava e admirava a forma como ele me olhava e a forma como, assim como eu tentei, vestia-se bem, trajado nas cores típicas do Reino da Terra. Mas, o que instantaneamente veio à minha cabeça assim que coloquei meus olhos naquela face angelical e perfeita, foram as memórias de mais cedo. As imagens e o sentir de seus lábios contra os meus tomaram conta de minha mente, ao mesmo tempo, não pude evitar sorrir também.

—Oi, Fira. —disse ele. —Você veio.

—É, eu prometi. —respondi, olhando em seus brilhantes olhos. —Promessa cumprida.

Zuko fez questão de responder com um suspiro satisfeito, e após, apenas silenciou-se e ficou a me encarar—da mesma forma como eu não conseguia tirar a atenção de seus belos olhos. Foram longos talvez os minutos que estivemos fixos naquela intensa troca de olhares, mas de verdade? Não queria que aqueles minutos acabassem.

—Você tá linda.

Deveria ter ficado vermelha, deveria ter ficado com vergonha como fiquei antes em outras ocasiões, mas a maneira como ele o disse pareceu tão natural. Não encontrei-me vermelha, por algum motivo. Ao invés de corar, abri um singelo sorriso, revelando meus dentes.

—Obrigada.

Silêncio.

Aquele velho ditado, ‘um olhar vale mais que mil palavras’ é o que melhor encaixaria no momento. Não era preciso que disséssemos nada para que a mensagem fosse captada, só o encarar dizia tudo o que estávamos sentindo naqueles míseros segundos.

—Mas ora essa, quanta falta de educação, sobrinho! —gritou Iroh, vindo até nós, parou ao lado de Zuko na porta. —Não vai convidá-la pra entrar?!

Não pude evitar soltar uma risada baixa e não ousei dizer mais nada. Ver a cena de Iroh gritando com seu sobrinho era mais do que engraçado, chegava a ser fofo.

—Vamos, Safira! —exclamou o tio, abrindo espaço para que eu entrasse. —Entre, vamos.

Fiz como ele mandou, adentrando a casa.

Uma mesa estava preparada no centro do lugar, sobre a tábua, uma tigela com saladas e outros petiscos. O cheiro era ótimo e a aparência também estava incrível. No centro da mesa estava um vaso com flores amarelas e no chão, ao redor dela, três almofadas, isso sem contar é claro, nos pratos que nos aguardavam.

Precisava admitir, fiquei com água na boca.

Enquanto em pé, admirava a imagem que prepararam, Zuko passou por mim, colocando uma de suas mãos delicada e firmemente em minha cintura e com a outra fez um sinal para frente, pedindo para que me assentasse.

Fiz o meu melhor para tentar ignorar o calafrio que percorreu minha espinha logo que senti seu consistente toque, pior ainda era o calor que persistia em subir a cada cinco segundos, ou então a agonia que emergia em minha garganta, ao passo que borboletas rondavam minha barriga.

E como vocês devem ter imaginado, não consegui fazer mais do que apenas seguir seu comando. Obedecendo, tomei meu assento.

—Chá?

Encarando tio Iroh, reparei que fazia menção de ir até a cozinha.

—Pode ser.

—Qua...

—Dois de Jasmim, tio. —disse Zuko, interrompendo-o. —Por favor.

Antes que tio Iroh pudesse terminar seu questionamento, Zuko tomou sua vez, enquanto se sentava em uma das almofadas ao meu lado. Tio Iroh sorriu e deu as costas, deixando-nos a sós.


Zuko
Apartamento

Nos primeiros minutos, não consegui dizer nada e ela não pareceu se importar muito com isso.

Só o que consegui e realmente quis ficar fazendo naquele instante, foi admirar sua beleza, seu contorno belíssimo, seus olhos azuis, seu cabelo trançado e como estava delicada como uma rosa. Pequenos detalhes que a faziam dela a Safira, eram os detalhes que eu nunca havia enxergado em ninguém antes.

—Vou tentar estar na inauguração amanhã. —disse ela, remexendo as pontas de seus cabelos, nervosa. —Mas não posso te dar certeza.

Assinto, deixando aqueles devaneios um pouco de lado.

—Tem compromisso?

Vi que a face dela demonstrou estar desconfortável. Nunca havia visto ela desconfortável ou incomodada com alguma coisa da maneira distante como estava antes.

—Tenho. —respondeu, evitando encarar-me. —Mas prefiro não falar disso.

Safira sempre foi cheia de segredos e mistérios. Mesmo que dissesse algumas coisas sobre si mesma, não era grande coisa, não comparado ao seu ato de quase não falar de seu passado ou o fato de afinal, o que ela está fazendo em Ba Sing-Se sendo princesa da Tribo da Água do Norte e única herdeira do trono? Apesar de ter fugido, ela não deveria estar correndo de volta pra casa agora mesmo?

Sei muito pouco da relação dela com seu pai ou pelo menos, gostaria de saber mais do que já sei. Gostaria de saber o suficiente para poder responder qualquer pergunta sobre ela sem hesitar. Queria conhecê-la por inteiro.

Mas pelo que tenho notado, essas perguntas não serão respondidas, ao menos por enquanto.

O silêncio no cômodo foi quebrado quando meu tio voltou, trazendo consigo um bule, e o cheiro de Jasmim logo impregnou-se por toda a sala.

—Aqui está. —disse ele, colocando chá para Safira.

A garota sorriu docemente, agradecendo com gentileza.

—Obrigada, tio...

A seguir, o jantar e conversas paralelas entre nós não parou. As piadas que costumavam ser sem graça quando meu tio contava, agora fluíam e Safira não cansava, talvez já não aguentasse mais de tanto rir e gargalhar. Tudo bem, muitas vezes divertia-se às minhas custas, uma vez que meu tio também não importou-se em contar certas histórias ou fases desnecessárias pelo qual passamos, mas neste caso, por algum motivo, não me importei.

E falando em suas piadas...

—Chá de louro cura bico de papagaio!

E outra vez, quando tio Iroh finalizou aquela constante história ao qual definitivamente não tinha prestado muita atenção—estava ocupado demais contemplando a garota ao meu lado—Safira soltou altas gargalhadas, assim como o Dragão do Oeste.

Era divertido tê-la por perto. Era bom e aconchegante. Safira trazia um ar de diversão que supria todos os vazios. Gostaria que fosse assim pra sempre.


Safira
Anel Superior

Depois do jantar, ajudei-os a limpar a bagunça enquanto ainda ouvia as incríveis histórias e contos de tio Iroh, além de seus sábios provérbios que tinham muito a ensinar, mesmo que às vezes, eu não entendesse nada do que dizia. Realmente achei que fosse acabar por desmaiar de tanto que ri e me diverti esta noite.

Enfim, após ajudá-los na limpeza, tio Iron resolveu ir dormir, agradeceu pela minha vinda e se retirou. Por um minuto, pensei ter sentido algo como uma retirada proposital de sua parte, a fim de deixar ambos Zuko e eu sós. Bobagem, não é? Provavelmente deveria estar apenas cansado.

Assim que o tio recolheu-se, desatenta, lembro-me de inclinar a coluna, com o intuito de ajeitar distraidamente o vaso de flores sobre a mesa, foi quando, ao levantar-me, naquele breve instante silencioso, meus olhos encontraram-se com os dele.

Ainda tenho vivo em minha memória o olhar mais belo e encantador que já vi através de Zuko. Ele permaneceu a fitar-me por um tempo e depois, sugeriu uma caminhada antes de eu voltar pra casa.

Não pensei duas vezes antes de concordar.

As coisas andam tão boas, tão perfeitas. Pensar que muito em breve toda essa fantasia maravilhosa poderia, ou melhor, certamente iria passar e acabar, partia meu coração.

—Desculpe pela inconveniência do meu tio. —disse Zuko, enquanto caminhávamos. —Não consigo controlar na maioria das vezes.

—Não se preocupe, Zu, tudo foi perfeito hoje.

Zuko segurou minha mão, parou de andar e foi quase que praticamente impossível deixar de virar-me para ele.

Em meio à única luz presente que tínhamos, a luz da Lua cheia, pude notar um calmo olhar cintilante formular-se em seus olhos, um olhar obviamente retribuído. Com aquele profundo clima, simultaneamente aproximamo-nos e eu o senti apertar minha mão ainda mais forte, como se não quisesse me deixar ir. Gradualmente, conforme a música, íamos dançando. Podia sentir sua mão livre sobre minha face, acariciando as maçãs com o polegar, enquanto isso, automaticamente e de certa forma, involuntariamente, sem perceber já colocava as minhas próprias mãos sobre seu atlético peito, pouco a pouco, mais perto.

Como foi que Katara disse? Ah, sim.

Era como estar nas nuvens—por mais que ainda permanecesse apenas encarando-o.

Por fim, fechei os olhos. Segundos depois, sem demora pude sentir a macia pressão contra meus lábios. E repentinamente, não é como se o ar tivesse tamanha importância para meus pulmões. Não naquele momento.

A cada salto que meu coração dava, era como se estivesse dançando. A cada vez que sentia-o aprofundar cada vez aquele magnífico e, devo acentuar, delicioso beijo, enquanto acariciava minha bochecha, poderia jurar que até mesmo os Buffalos Yaks nos celeiros da Tribo do Norte conseguiriam ouvir os sons das altas palpitações em meu peito.

E ainda assim, por mais prazeroso que fosse, por mais feliz que estivesse, minha teimosa cabeça continuava a matutar e matutar, gritando dentro de mim mesma...

Era errado.

Era tão errado.

O correto a fazer seria parar com tudo na mesma hora.

Queria gritar, mas ao mesmo tempo, não queria que parasse de me beijar.

Convenientemente, chegamos em um ponto que já não importava mais se queria continuar ou parar, pois mesmo que tivesse dito antes que o ar não importava... bem, na verdade importava, e nossos pulmões não aguentaram muito mais tempo.

Depois de nos separamos, Zuko depositou um carinhoso beijo sobre minha testa e então, segurando firmemente minha mão, voltamos a caminhar.

Estávamos chegando perto de uma ponte, que ficava sobre um estreito rio.

E ainda, aquelas inseguranças e incertezas ecoavam em minha cabeça sem parar. Torturando-me passo a passo. Era errado, arriscado, perigoso, a razão argumentava. Era traição. Valeria à pena colocar em jogo a amizade de Sokka, Katara, Toph e Aang, por esses curtos momentos ao lado do Zuko?

Não tinha certeza de mais nada.

Entretanto, uma coisa eu soube. Não deveria ter dado abertura para que essas dúvidas invadissem minha cabeça, pelo menos não naquela noite.

—Tudo bem, Fira? —perguntou ele, chamando minha atenção. —Você parece triste, o que aconteceu?

Queria que aquelas perturbações não ficassem tão visíveis quanto estavam.

—Eu só... eu estava... pensando.

Zuko calou-se, desviou o olhar do meu e desta vez, ele é quem parecia triste, e se fosse um pouquinho mais fundo, diria que desapontado. O garoto suspirou, antes de elevar o olhar para o caminho novamente, parando de andar outra vez, assim como eu.

—Foi alguma coisa que eu fiz?

—O quê? Não! —exclamei, um tanto desesperada. —Zuko, foi tudo perfeito, é que eu...

É que não vamos dar certo. É que eu já não sabia mais se realmente merecia estar em um dos lados. Eu poderia ser muito orgulhosa e admitiria isso com facilidade, porém, não vinha sentindo-me tão forte e valente como uma dia fui.

E para melhorar a situação, claro, ainda tinha que fazer algo para estragar tudo esta noite, do contrário, não seria eu. Apesar disso, Zuko encarou-me, preocupado.

—É que você?

—É só que eu, eu não, e-eu... ah...

Após um bom e longo suspiro, afastando-me dele, abracei meu próprio corpo e fui até a beirada da ponte. Permaneci encarando meu reflexo na água, perguntando-me quem seria aquela imagem bem diante de meus olhos. Uma estranha.

Não demorou muito para ver o reflexo de Zuko ao lado do meu.

—Antes de vir pra cá, eu sabia exatamente o que eu queria. —expliquei, evitando olhá-lo diretamente. —Mas já não tenho mais certeza do que isso significa.

Sim, estava sendo sincera.

Não estava contando toda a verdade, mas não é como se contar tudo a ele fosse fazer diferença. Ao contrário, só iria piorar tudo.

Antes de conhece-lo em Ba Sing Se, tinha certeza de uma única coisa—vingança. A Nação do Fogo iria pagar, tinha que pagar. E aí, o que aconteceu? O Zuko aconteceu.

Era tudo tão confuso. Era confuso estar com ele e com o Avatar ao mesmo tempo. Era muito confuso.

—Não tem nada a ver com você, sou eu. —pausei, fechando os olhos. —Sou eu que não sei mais que rumo seguir.

—Eu não entendo.

Deveras, ele não entendia. Mas honestamente não esperava que entendesse, somente o fato de se demonstrar preocupação e me ouvir fez toda a diferença.

Desde que Zuko apareceu tudo ficou bagunçado demais, mesmo quando ainda era o Lee, o garoto chato e irritante da Casa de Chá—não que a mudança de nomes ou identidade fosse mudar isso também. Dizer isso pra ele pode fazê-lo se sentir mal e não, não era ruim, juntar-me à equipe Avatar e conhecê-lo foi a melhor coisa que já me aconteceu em anos. Só queria que tivesse um jeito de poder estar dos dois lados ao mesmo tempo.

Abrindo um sereno sorriso a fim de tranquilizá-lo, virei-me para encará-lo.

—Eu sei que não entende, mas não precisa se preocupar, eu vou ficar bem.

Zuko arqueou a sobrancelha, um tanto duvidoso, mas não protestou.

O que ele não sabia é que, eu também não tinha certeza se iria acabar tudo bem quando a hora da verdade chegasse. À este ponto não sabia nem se dizer a verdade para meus amigos ajudaria minha situação. E quando é que dizer a verdade melhorou?

Mantinha-me inerte nesses devaneios, encarando a imagem da Lua Cheia estampada sobre a água. Se ao menos Yue pudesse me dizer o que fazer—tudo bem que quando estava comigo, eu não a escutava, mas dessa vez se ela pudesse falar, a escutaria. Foi quando senti braços ao redor de minha cintura e uma respiração quente em meu pescoço.

Naquele instante, não consegui pensar em mais nada, não consegui sequer continuar tentando desvendar o que seria a ‘coisa certa’ a se fazer, a única atitude que meu corpo foi capaz de desenrolar, foi o ato de continuar em silêncio, apreciando cada vez que seu ardente ar batia contra minha pele, depois recuava, deixando-a gélida e arrepiada, ia e voltava.

Suspirando, tentei ignorar aquela doce e fogosa sensação que seu fôlego causava-me.

À nossa frente, estava o rio. A paisagem que podíamos enxergar através da rasa água, ora, era cativante. Tal paisagem, era o reflexo de nós dois, estampados sobre o lago.

—É lindo...

—É, é sim.

No mesmo momento, virei-me para encará-lo, sentindo meu nariz encostado sobre o dele, fiquei encarando os lindos olhos caramelos no escuro da noite belíssima. Não foi preciso muito enrolação para que eu fechasse meus olhos enquanto sentia nossas respirações se completarem até que finalmente, ele me beijasse outra vez. E de novo, aquele intenso calor percorreu meu corpo, sem parar. Sua mão apertou ainda mais minha cintura e a que estava livre, desta vez, segurou meu pescoço. Eu o abracei, deixando-o cada vez mais perto, se possível fosse.

Não importa quantas vezes Zuko tome o simples ato de segurar minha mão, ou que seja algo mais profundo como seus deliciosos beijos e carinhos, sempre sentia como se meu coração fosse parar de bater. Toda a vez.

Para a minha sorte ou talvez, má sorte, sentindo o ar faltar, assim como minhas bochechas deveriam estar um pouco rosadas, separamo-nos.

Ainda mantive meus lumes pouco mais tempo fechados, sentindo Zuko encostar nossas testas e só aí, eu o encarei, com um leve sorriso bobo na face. Meus olhos, talvez em um devaneio através do Luar, na verdade eu não soube o porquê, mas focaram em sua cicatriz, e distraída, sem perceber, já estava tocando-a, acariciando-a, analisando-a.

—É horrível. —disse ele, desviando o olhar. —Eu sei.

Não pude evitar exibir um sorriso, carinhosamente.

A verdade é que aquela marca pouco importava, com ou sem cicatriz, ele continuava sendo lindo. Ah, se ao menos pudesse fazê-lo ver da maneira como eu o via...

Tirando minha mão de sua face, segurei seu queixo, virei seu rosto. Foi a minha vez de obrigá-lo a me encarar.

—Eu não acho. —retruquei, olhando seu lindo par de olhos caramelos.

Não estava mentindo. Sua cicatriz simplesmente tornava-o único, ela não poderia tornar o seu físico horrível quando tornava-o o meu Zuko.

Lembro de ouvir minha irmã dizer algo como ‘são nossas cicatrizes que nos tornam fortes, Safira’ não entendia nada na época, mas através dele, pude ter uma noção do que queria dizer agora.

De qualquer forma, Zuko sorriu, aproximou-se, beijou minha testa e ainda segurando minha mão, começamos a andar novamente.

Depois de mais um tempo passeando pelas redondezas, era hora de ir pra casa. Zu ficou me olhando andar até desaparecer pelas ruas do Anel Superior e só então foi embora.

Ah, como queria que houvessem mais noites perfeitas como essa.


Notas Finais


Vocês me pediram mais povs do Zuzu, então eu decidi trazer um nesse cap especial ღ o que acharam?


Gente a nossa querida leitora aruhara está escrevendo uma história Avatar também, deem uma olhada na fic dela por favor, brigadinha:
https://www.spiritfanfiction.com/historia/avatar-a-lenda-de-yura-19228136

Até a próximaa!!ღ


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